Edição de Setembro
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Ascom: expansão e modernização
Márcia Rejane de Alencar*
Há 30 anos a comunicaçao da Ufal integra a
Entendendo a importância da atuação da
sociedade ao mundo da educação
assessoria como os olhos da sociedade sobre a universi-
Em Alagoas, a então Coordenadoria de
a chegada de novos profissionais jornalistas, relações
dade, agora Assessoria de Comunicação é reforçada com
Comunicação da Ufal, instalada no prédio da Reitoria, na
públicas e alunos bolsistas da área de Comunicação,
Praça Sinimbú, onde hoje funciona o Espaço Cultural
marco do início da reitora Ana Dayse Dorea no comando.
Salomão de Barros Lima, foi pioneira no mercado das
Com grande investimento em tecnologia, a assessoria
assessorias de comunicação na década de 80. Idealizada,
mantém a Folha Universitária impressa e investe na
estruturada e coordenada por Douglas José Costa, um
agilidade dos meios midiáticos digitais. Assim nasce o site
geógrafo que se mostrou um bandeirante na arte de
institucional (www.ufal.br), que passa a oferecer diversos
comunicar e com uma pequena equipe começou a informar
serviços para a comunidade acadêmica, além de reservar
a sociedade dos feitos da universidade.
espaço para as notícias de interesse da sociedade. Essa
De mãos dadas a esse desbravador, visando ao
nova fase foi marcada pela passagem dos professores
desenvolvimento da CCOM, destacaram-se Rosivan
doutores Almir Guilhermino e Magnólia Rejane, à frente
Wanderley de Almeida, professor de Letras e jornalista
da assessoria, e pelo dinâmico jornalista Ronaldo Lima.
de grande competência; Cláudio Humberto Rosa e
Silva, talentoso comunicador para o qual Alagoas ficou
A Ascom hoje
Comemoração dos aniversariantes do mês na
Coordenadoria de Comunicação, em 1986, ainda situada no
prédio da Praça Sinimbú.
pequena; Marcos da Rocha, um advogado com talento
para as artes gráficas; Ivone Santos, jornalista e
A visão diferenciada em relação à comunicação
historiadora; Manoel Mota, fotógrafo comprometido
da gestão da reitora Ana Dayse Dorea e do vice-reitor
com a imagem da universidade; Laércio Amorim,
Eurico Lôbo fomentou reforço em capacitação de seus
fotógrafo experiente e dedicado.
profissionais, na organização de eventos institucionais,
Na década de 90, a Coordenadoria de
na comunicação interna e no investimento tecnológico.
Comunicação chega ao Campus A. C. Simões e
Em face da importância das mídias digitais, a universi-
seguindo as mudanças marcantes e desenvolvi-
dade entra na era dos portais (www.ufal.edu.br),
mento desse final do século no País, inicia um novo
segmentando os assuntos por categoria (Estudante,
momento. Melhor espaço e investimento permiti-
Gestor, Servidor etc) e levando seus produtos jornalísti-
ram que a Ufal acompanhasse o crescimento e o
cos a serem quase todos digitais. O portal demonstra
desponte das assessorias de comunicação. Nesse
seu sucesso de aceitação com quase 500 mil aces-
contexto, as atividades da época eram o relaciona-
sos/mês oriundos de cerca de 80 países.
mento com a imprensa, produção de informativos
Com a expansão da Ufal para o interior, a
Ascom
inovou
com
o
projeto
Agentes
de
Folha Semanal, Folha Universitária. Outros servido-
Comunicação, colaboradores que sugerem assuntos
res passaram pelo setor fazendo a diferença: Luiz
a serem abordados pelos profissionais da assessoria.
Gonzaga, professor e relações públicas; e os
Dessa forma, consegue-se divulgar a produção dos
sempre atentos às rotinas administrativas Aluizio
que não estão tão próximos geograficamente.
Correia, Edmilson Silva e José Barbosa.
A virada do século, chegando aos anos 2000 foi
A assessoria, engajada nas comemorações dos 50
anos da Ufal, parte para projetos especiais: Jornal Postais do
o marco do desenvolvimento da comunicação instituci-
Conhecimento; Ufal Apresenta, que são folders das
onal da universidade. Destaque para a figura do
unidades acadêmicas; Folder Ufal 50 anos; e um vídeo
assessor rompendo as barreiras do setor, participando
institucional mostrando a universidade atualmente.
das reuniões de gestão, vivenciando a vida acadêmica,
Em 30 anos de história, fica claro e marcante
enfim, estreitando o relacionamento com as assessori-
como a comunicação da universidade evoluiu,
as das instituições e com o assessorado/reitor. A
acompanhando o desenvolvimento das assessorias
divulgação da ciência produzida na universidade
de comunicação e da tecnologia. Hoje a Ascom se
ganhou destaque no informativo ComuniCampus – que
encontra mais profissionalizada, interativa com a
passa a ser enviado para órgãos, empresas e imprensa
comunidade acadêmica e a sociedade, e o desenvol-
– e na mídia alagoana, mostrando como a academia
vimento não para por aí. É certo que muito ainda será
pode levar seus feitos a melhorar a vida da sociedade.
feito e esses 50 anos devem ser a mola propulsora
Destaques das coordenações de Diana Monteiro e
para muitos avanços que virão.
Simoneide Araújo, durante os oito anos da gestão de
EXPEDIENTE
Rogério Moura Pinheiro.
*Assessora de Comunicação, 28 anos de Ascom/Ufal
Postais do Conhecimento, com o tema Caminhos da
comunicação e da mobilização política, é o quinto número de
uma coleção comemorativa dos 50 anos da Universidade Federal de
Alagoas, publicada em 2011. Tiragem: 10.000 exemplares
Portal www.ufal.edu.br registra cerca
de 500 mil acessos por mês.
Coordenação Geral
Márcia Rejane Gonçalves Ferreira MTB 352/AL
GESTÃO
Ana Dayse Rezende Dorea - REITORA
Eurico de Barros Lôbo Filho - VICE-REITOR
Articulistas
Agatângelo Vasconcelos
Élcio de Gusmão Verçosa
Laura Alencar
Márcia Rejane de Alencar
Maria de Fátima Albuquerque
Ruth Vasconcelos
Simone Cavalcante
Universidade Federal de Alagoas
Endereço: Campus A. C. Simões - Av. Lourival de Melo Mota, s/n. Tabuleiro do
Martins. Cep:52072-970. Maceió-AL
Assessoria de Comunicação (Ascom): 3214-1052
Pró-Reitoria de Extensão (Proex): 3214-1134
Coordenação de Assuntos Culturais: 3221-3122
Edição
Simone Cavalcante
Projeto Gráfico
Jailson Albuquerque
Diagramação
Marseille Lessa
Revisão
Rose Ferreira
www.ufal.edu.br
ascomufal@gmail.com
Coordenadoria de Comunicação, recém instalada
no Campus A. C. Simões.
Fotografia
Manoel Mota
Acervo da artista
institucionais, tais como Agenda Universitária,
Martha Araújo
É artista visual, formada em
Pedagogia pela UFRJ, com
Mestrado em Educação pela
PUC. A obra da Série
Entrópicos ficou exposta na
Pinacoteca Universitária em
2002, dando prosseguimento
ao trabalho de experimentação
da artista.
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Esperanças e desafios de ser e viver
a universidade nos tempos atuais
Ruth Vasconcelos
A Ufal, nomeada pela magnífica reitora Ana Dayse
Dórea, como uma “jovem senhora cinquentona”, tem
cumprido seu papel político e social nesses 50 anos de
existência enfrentando, com maestria, os desafios de
se fazer existir num Estado que carrega o pior índice de
desenvolvimento humano (IDH) da federação brasileira. Evidentemente, essa cruel realidade interfere de
forma decisiva na dinâmica educacional, que envolve
milhares de estudantes, professores e técnicos,
enredados numa estrutura social marcada por uma
abissal concentração de renda, por profundas desigualdades e injustiças sociais que produzem muitas dores e
sofrimentos à maioria da população alagoana. Essa é
uma realidade que faz aumentar a responsabilidade
social dessa instituição que hoje se constitui num dos
principais vetores de desenvolvimento social e econômico do Estado de Alagoas.
A Ufal, que atravessou o período da ditadura
militar, vendo alguns de seus professores, estudantes
e técnicos serem perseguidos, mortos e desaparecidos, protagoniza hoje a construção de um novo
tempo de consolidação do regime democrático,
efetivando políticas de inclusão através de ações
afirmativas e programas de assistência estudantil,
catalisados a partir do Plano Nacional de Assistência
Estudantil (PNAES) existente desde 2008. Com este
plano, o governo federal demonstra seu compromisso
em garantir o acesso e a permanência de milhares de
estudantes que não conseguiriam manter-se estudando sem o apoio institucional através de bolsa
permanência, restaurante universitário, residência
universitária, entre outros. Nesse sentido, avaliamos
que as políticas de inclusão e assistência estudantil
têm se constituído num suporte fundamental para a
diminuição da evasão escolar, bem como para
aumentar as possibilidades de uma formação qualificada concretizando, assim, o processo de democratização da própria universidade.
Ao longo de sua trajetória a Ufal se transformou
numa instituição comprometida com os valores e os
princípios democráticos, e isso se expressa no seu
empenho em investir e fomentar pesquisas e atividades
de extensão que produzem um conhecimento implicado
e sintonizado com os problemas locais e regionais. Nesse
sentido, os temas relativos aos movimentos sociais, às
organizações não-governamentais, aos partidos políticos, enfim, aos problemas inerentes à sociedade alagoana fazem parte de uma ampla agenda de discussões
institucionais, sendo alvo de estudo de vários grupos de
pesquisa que compõe a universidade. A vocação da Ufal
para o estudo dessas temáticas se reflete nas várias
produções acadêmicas que acumulam um conhecimento
indispensável para orientar intervenções em favor das
transformações sociais que precisam acontecer no
Estado de Alagoas.
Nesse sentido, a própria sociedade tem feito
demandas à universidade, buscando respostas para os
seus problemas, valorizando, assim, os estudos
desenvolvidos nas diversas áreas de conhecimento
existentes na Ufal. Importante dizer que a produção
desse conhecimento só se torna possível a partir do
permanente diálogo da Ufal, através de seus pesquisadores, com a sociedade. Nesse sentido, ao exercer suas
atividades de pesquisa, ensino e extensão a Ufal temse feito presente na própria tessitura das relações que
compõem a sociedade alagoana. Ou seja, ao se
constituir num objeto de estudo primordial às múltiplas
áreas de conhecimento, a sociedade alagoana passa a
ser a própria razão de existir da Ufal enquanto u m a
A lua está incrível desse lado do mundo | Pedro Lucena
instituição educacional. Não precisamos dizer que esses
estudos realizados exigem aproximações e permanentes diálogos da Ufal com a sociedade, e que isso produz
efeitos práticos que se revertem positivamente na
própria realidade social do Estado.
Não são poucos os estudos desenvolvidos pela Ufal
que focalizam os mais variados movimentos sociais
(mulheres, negros, índios, homossexuais, sem terra,
sem teto, crianças e adolescentes, população em
situação de rua etc), que realçam as contradições e as
antinomias constitutivas do Estado de Alagoas, apontando para a necessidade de mudanças urgentes que
revertam o quadro de miserabilidade circunscrito em
Alagoas e na região nordestina. Nesse sentido, a Ufal
tem enfrentado o desafio de ser e viver numa conjuntura
extremamente complexa e contraditória; mas, ao
mesmo tempo, tem aprofundado a esperança de fazer
do seu conhecimento um caminho seguro de transformação da realidade em que vive.
A Ufal tem assumido a responsabilidade de formar
jovens cuidando não apenas de sua qualificação
profissional, mas também de sua formação enquanto
cidadãos, comprometidos com a vida e com os valores
humanitários. O maior legado que a Ufal pode oferecer
à sociedade alagoana é a formação de profissionais
comprometidos com valores democráticos, de respeito
ao outro e às diferenças. O respeito à dignidade
humana pressupõe o exercício de uma “ética da
responsabilidade”; e isso significa desenvolver a
capacidade de compaixão e o sentimento de responsabilidade em relação ao outro pelo simples fato de ser e
estar partilhando o mesmo espaço e tempo históricos.
Por isso, podemos afirmar que a grande missão da Ufal
é formar jovens que saibam exercer a liberdade com
responsabilidade, defender a vida incondicionalmente, fazer do exercício profissional um campo de
realização de uma ética humanitária. Esses são
valores inegociáveis! Nesse sentido, sentimo-nos
responsáveis por oferecer uma formação profissional
e humanitária aos nossos jovens, buscando responder,
minimamente, às expectativas sociais e institucionais
depositadas nessa “jovem senhora cinqüentona”. Esse
é o nosso maior desafio; mas, também, é onde depositamos nossa maior esperança!
3
OS TRÊS SEGMENTOS FORMADORES DA UFAL
Elcio Verçosa e Simone Cavalcante
As instituições que deram origem à Ufal foram, todas, resultado de uma
A organização dos servidores, por sua vez, percorre uma trajetória bastante
congregação de interesses comuns de alagoanos portadores de diplomas superiores
singular: nascida das mãos da Reitoria, na primeira metade dos anos de 1970, quando a
que criaram entidades mantenedoras das escolas por eles também fundadas para
administração superior da Ufal avançava no seu afã de tudo controlar, a Associação dos
formar profissionais de nível superior em terras alagoanas. Assim, dos anos de 1930
Servidores da Universidade Federal de Alagoas – Assufal – seria instituída como um
até fins da década de 1970, esse foi o tipo de organização política preponderante,
órgão de apoio social aos servidores, tendo um caráter mais assistencialista. Um dos
composta exclusivamente por docentes para cuidar dos interesses das IES, mesmo bem
frutos desse modo de atuação foi a criação do Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI)
depois de já criada a Universidade.
que tinha como função principal ser um espaço de ensino e lazer para os filhos de
Evidentemente que na atuação desses grupos dentro da Ufal, muitos de seus
servidores técnicos, professores e pessoas ligadas ao entorno da universidade.
integrantes agiram a partir de organizações profissionais, político-partidárias ou
Assim seguirá até que, nos anos de 1980, com o acirramento dos confrontos
mesmo de natureza semiformal, destacando-se, porém, sobretudo no período pós
entre docentes, discentes e o MEC, a associação assumiria, também, a defesa de seus
1964, a Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG), da qual
filiados e da própria sociedade, liderando mobilizações e greves, contando para isso
fizeram parte, praticamente, todos os que constituíram os primeiros grupos que vieram
com o apoio da Federação das Associações de Servidores das Universidades Brasileiras
a dirigir a Reitoria da Ufal e até muitas de suas unidades acadêmicas.
– Fasubra. Tentando, na esteira das lutas travadas no Estado, constituir-se em entidade
A organização política de caráter sindical a defender os interesses trabalhistas de
todos os docentes somente iria se originar no final dos anos de 1970, em meio às lutas
sindical mais geral, a associação terminaria por se constituir em Sindicato dos
Trabalhadores da Universidade – Sintufal.
sociais contra a Ditadura, o que daria origem a uma entidade – a Adufal -, comprometida,
Em vários momentos, a Adufal, o Sintufal e o DCE caminharam juntos em
não apenas com as questões corporativas, mas engajada também nas lutas por uma
mobilizações contra os desmantelamentos das universidades públicas. Um dos
educação democrática, cuja construção implicava uma revisão de toda a sociedade.
períodos políticos onde essas mobilizações se deram de forma mais intensa foi na
Desse modo, no que pese a legitimidade da luta por melhores condições de
chamada era FHC, quando a política neoliberal do Presidente Fernando Henrique
trabalho e por salários dignos, os docentes da Ufal, desde a criação de sua entidade até
Cardoso provocou uma onda de privatizações e de contenção de investimentos nas
os dias atuais, assumiram lutas sociais memoráveis – pontuadas de greves históricas
instituições públicas. Contra o achatamento salarial, a limitação de recursos
articuladas pela Andes, sua entidade máxima - como as que reivindicavam Anistia
orçamentários e o não lançamento de editais para contratação de novos profissionais
ampla, geral e irrestrita para os condenados pelo regime Militar; também exigiram
para seu quadro funcional, professores, técnicos e alunos deram as mãos em
Eleições Diretas, com um novo pacto social via Constituinte e um Estado democrático
caminhadas que extravasaram os muros da universidade e foram às ruas, encontrando
que garantisse uma educação pública, gratuita e de qualidade socialmente referenciada
ressonância em outros movimentos políticos e sociais. Algumas dessas manifestações
para todos em todos os níveis, sem esquecer de exigirem carreira e salários dignos.
foram emblemáticas, como a que se deu em 2001 no Centro de Maceió.
O movimento estudantil em quatro atos
Grande passeata pela Anistia, 1979, Rua da Alegria, defronte ao antigo Jornal de Alagoas. Jarede Viana, José Verres Domingues, Sérgio Barroso, Nô Pedrosa (lendo), Eduardo Bomfim,
José Gentil Malta Marques (mais atrás), Marcelino Máximo, Renan Calheiros (que décadas depois seria Ministro da Justiça), Enio Lins, presidente do DCE/UFAL, discursando)
Já em relação à história de organização e
mobilização política dos estudantes da Ufal tudo foi
bastante diferente. Por conta de uma organização já
presente entre os secundaristas, quando surge a leva
de faculdades nos anos de 1950, os estudantes dessa
década, a exemplo do que já ocorria com o curso de
Direito, que vem dos anos de 1930, logo vão criar
seus centros acadêmicos e uma entidade estadual – a
União Estadual dos Estudantes Universitários (UEEA)
para congregá-los. Se essa entidade geral não
conseguiu jamais unanimidade, por conta das
particularidades político-ideológicas – mais que
legítimas – de seus filiados, no entanto, pelo que se
pode concluir de documentos da época e dos
depoimentos dos que viveram aquela fase, lograram
unidade em torno de temas importantes para a
categoria, como a luta pela criação de uma
universidade em Alagoas.
Va l e n d o - s e d e m o b i l i z a ç õ e s , j o r n a i s ,
panfletos, expressões artísticas, trotes, e greves, o
movimento estudantil universitário entre nós
apresenta, desde sua origem, pelo menos quatro
momentos bem distintos e que merecem ser
demarcados. No primeiro momento, os estudantes
organizados assumem o encargo de lutar por uma
estrutura mínima de organização acadêmica,
enquanto agiam tenazmente pela criação de um ente
universitário que congregasse as IES em que
e s t u d ava m . A í , a s l u t a s c o n t a ra m c o m o
protagonismo dos estudantes de Medicina, de Direito
e de Engenharia, sob a liderança da UEEA e da UNE, e
o apoio de integrantes das demais faculdades, cujas
organizações tinham menor peso. Vale ressaltar dois
fatos históricos, ambos ocorridos em 1962, que
foram a Greve de um Terço e a organização do I
Seminário de Assuntos Universitários, promovido
pelo Diretório Central do Estudantes, do qual
resultou um documento intitulado Declaração de
Palmeira dos Índios.
O segundo momento, que vai coincidir com
uma forte ebulição política da sociedade e que, no
plano nacional, resultaria na imposição do Regime
autoritário de 1964 e na sua brutalização, em 1968,
representará uma fase denominada por Alberto
Saldanha de “mitológica”, tal o idealismo e o
desprendimento de muitos discentes na luta contra o
avanço do conservadorismo e a consolidação do
atraso político ainda bem vivos no país e, em
especial, em Alagoas. Nesse momento, mesmo não
integrando a Ufal, as estudantes de Serviço Social
iriam juntar-se ao conjunto dos discentes da
Universidade, cujos coletivos estudantes da área de
humanas assumiriam, também, expressão. A essa
altura, retaliação, suspensão de direitos estudantis,
sequestros, perda de liberdade e clandestinidade,
iriam culminar em assassinato, na pessoa do
estudante de Medicina Manoel Lisboa.
Neste momento, a repressão não é mais
exceção. Perdendo sua autonomia formal, por meio
do enquadramento no Decreto 477 e na submissão
das entidades à Reitoria, nem mesmo assim os
estudantes vão se dobrar. Estamos já nos primeiros
anos da década de 1970, em que o Governo da Ufal,
por ordem dos ditadores de plantão, vigiariam
d i s c e n t e s e d o c e n t e s , e n q u a n t o b u s c ava m
submeter aos ditames da instituição até as formas
de expressão artística e cultural, como o Corufal, o
TUA e tudo o mais que pudesse produzir um
discurso que fosse expressão da autonomia e do
livre pensar. Na primeira metade dos anos de 1970,
docentes e intelectuais seriam perseguidos por
apoiarem, ainda que de forma subterrânea, as
mobilizações estudantis. A ação dos docentes,
porém, seria ainda expressão de sua filiação
política ou ideológica externa à Universidade, já
que dentro dela o clima era na base do “vigiar e
punir”. Data desse período a publicação de um
periódico intitulado Boca do Estudante que reunia o
DCE, os Diretórios Acadêmicos (DAs) e as
Coordenadorias Acadêmicas (CAs).
O terceiro momento iria se expressar por
meio da reorganização livre do movimento
estudantil, no rastro das frentes de luta pelo
desmantelamento da Ditadura e que se
estenderiam até os anos que sucedem à
promulgação da Constituição de 1988. Entre os
muitos movimentos sociais que irão contribuir para
a chamada “abertura lenta e gradual”, teve
destaque, em Alagoas, a movimentação da
comunidade da Ufal, por meio, primeiro, da
reorganização livre do movimento estudantil, a
partir de 1978, e, em seguida, com a mobilização e
organização dos docentes (1979) e dos servidores
técnico-administrativos, que redirecionam a
Assufal, de uma postura meramente assistencial,
desde sua criação, em 1972, para o engajamento
em lutas de caráter mais político a partir,
sobretudo, dos movimentos de 1984 e 1987, até
sua transformação em sindicato: primeiro Sinteseal
(1990) e, depois, Sintufal (1995).
Essa será a fase em que o movimento estudantil
teve maior participação nas lutas do conjunto de toda a
sociedade alagoana, sem que fossem esquecidas
aquelas por uma universidade mais qualificada, aberta e
comprometida com a sociedade. Desde o enfrentamento
por liberdade de expressão em cerimônias de
formaturas, mobilizações e passeatas, até o uso do
teatro como instrumento de batalha, os jovens dessa
geração dariam um exemplo de cidadania para toda a
sociedade de Alagoas.
Da segunda metade dos anos de 1990 para cá, o
movimento estudantil vive sua quarta fase, que, a
exemplo da maioria dos movimentos sociais, parece
buscar uma identidade e hegemonia no interior até da
própria Ufal. Dois fatores que, talvez, contribuam para
entender esse novo momento sejam a ampliação da
população discente, que hoje forma um público de
aproximadamente 26.000 estudantes, e sua distribuição
descentralizada para o interior, por meio das unidades
acadêmicas de Viçosa, Penedo, Palmeira dos Índios e os
campus de Arapiraca e do Sertão.
Diferente dos anos 70 e 80, quando o processo
de eleição para representante do DCE era dividido pelas
três áreas do conhecimento (Exatas, Humanas e
Naturais) e se dava apenas no Campus A. C. Simões,
atualmente, existe apenas uma diretoria escolhida para
representar as reivindicações levantadas nos três campi.
O processo de escolha dessa diretoria se dá anualmente,
com a concorrência de diferentes chapas. Os 50
membros do DCE estão distribuídos da seguinte forma:
35 na Diretoria Executiva e 15 nas Diretorias Ampliadas
(cinco em cada campus). Do ano passado para cá, o fato
novo no pleito foi a incorporação proporcional na
diretoria de pessoas ligadas às chapas que não
obtiveram êxito.
Na última década, o DCE participou de algumas
mobilizações no contexto da política acadêmica, a
exemplo do programa de Reestruturação e Expansão das
Universidades Públicas (Reuni), que se deu num clima de
muita polêmica. Uma das mais recentes manifestações
foi a defesa pública, em 2011, de uma carta aberta com
50 reivindicações, numa reunião que contou com a
reitora Ana Dayse Dorea e o Ministério Público Federal.
Para tantas empreitadas com que se defronta a
Universidade Federal de Alagoas, evidentemente,
impõe-se a presença de vontades abertas ao diálogo,
ainda que acirrado e baseado no confronto, e à
colaboração para o bem comum; entendendo, como os
que lhe deram origem e a mantiveram viva e cheia de
entusiasmo, que a Ufal é uma obra coletiva que foi, é e
continuará sendo, dentre todas as instituições públicas e
privadas que temos, o maior patrimônio coletivo a
serviço da gente alagoana.
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O movimento estudantil nos primórdios da Ufal
Agatângelo Vasconcelos*
Quando a Universidade Federal de Alagoas foi
criada no dia 26 de janeiro de 1961, havia no Brasil e em
particular em nosso Estado, um intenso e
representativo Movimento Estudantil com o qual a
recém-criada instituição conviveu e interagiu. A União
Estadual dos Estudantes de Alagoas (UEEA), ligada à
União Nacional dos Estudantes (UNE), congregava as
aspirações dos estudantes universitários, enquanto a
União dos Estudantes Secundaristas de Alagoas
(UESA), vinculada à União Brasileira de Estudantes
Secundaristas (UBES), o fazia quanto aos que ainda
não haviam alcançado o Ensino Superior, mas não
existia interação significativa entre as duas entidades.
A UNE, após algumas administrações definidas como
direitistas, tinha como presidente Aldo Arantes,
integrante da Ação Popular (AP), movimento surgido
em 1962 ao definir a sua linha política e estabelecer-se
como uma dissidência da Juventude Universitária
Católica (JUC) em relação à hierarquia da Igreja
Católica, tida como demasiado conservadora pelos
líderes estudantis. [...] Entre nós, seguindo a mesma
sequência, tivemos como dirigentes da UEEA (chamada
de “Entidade Máxima dos Universitários Alagoanos”)
Adalberto Câmara, Agatângelo Vasconcelos, José
Gonçalves Sobrinho e Ogelson Gama. [...] Em Alagoas,
predominavam na política estudantil dois grupos: um
com ideologia que o aproximava do “Grupão” (assim
era designada a AP em suas fases iniciais) e outro
próximo ao Partido Comunista Brasileiro, o PCB [...].
Todos eram jovens idealistas impulsionados
pelas bandeiras libertárias do momento. Ninguém
aceitava a pecha de “direitista”, visto que, usando o
linguajar da ocasião, isso equivaleria a ser considerado
como “alienado” ou, pior ainda, como “entreguista”.
Aceitava-se a designação de militante “centroesquerdista”, até mesmo de “centrista”; se alguém de
fato era “direitista”, não assumia o seu direcionamento
ideológico para não vir a ser estigmatizado dentro do
Movimento Estudantil. Defendia-se uma ação
nacionalista, lutava-se contra o imperialismo econômico,
buscava-se a ampliação dos espaços democráticos em
todos os níveis sociais, inclusive no sistema universitário
brasileiro e na recém-fundada Ufal.
Assim, em seus primórdios, a Universidade
teve que acatar a existência e interatuar, nem sempre
de maneira fácil, com um combativo Movimento
Estudantil pleno de reivindicações, greves, congressos,
seminários e até editando pequenos, porém atuantes
periódicos, pois cada Diretório Acadêmico publicava o
seu “órgão oficial”, embora de restrita divulgação, a
exemplo de A voz do Direito, de O clínico e de O p r i s m a
Delegação alagoana no XXV Congresso Nacional dos Estudantes, em julho de 1962. Alguns estudantes presentes na comitiva:
Audálio Cândido dos Santos, Gerson Ferreira, Mac Dowel, José Alves de Oliveira, Roberto Mafra, Leopoldo Fragoso, José
Gonçalves Sobrinho, Yeda Cavalcante de Lima, Maria Heliane Barros Coelho, Walter Pitombo Laranjeira (Toroca), Mário
Humberto Lima (Betuca), Ogelson Ferreira Gama, Rinaldo Costa Lima, José Costa Lima, Maria Gavazza, Hélio de Amorim
Miranda, Agatângelo Vasconcelos, entre outros)
(Engenharia), enquanto a UEEA editava o boletim
“Atualidades que interessam aos universitários” e o
DCE, o periódico O Novo Sol. Era o Movimento
Estudantil tão sólido entre nós que nos anos que
antecederam a abril de 1964, conseguiu colocar na
disputadíssima Diretoria da UNE dois dos nossos
conterrâneos: Roberto Mafra e Jurandir Bóia [...].
Antes da greve [para a fusão das duas faculdades
de Odontologia, na luta para criação da Ufal], os
estudantes alagoanos apoiaram em março de 1960 uma
greve de caráter nacional, com sete dias de duração, em
repúdio a uma agressão que teria sido praticada contra o
presidente da UNE, na capital federal. No dia 11 de agosto
de 1960, ou seja, na data em que era comemorado o Dia
Nacional do Estudante, no salão nobre da Faculdade de
Medicina de Alagoas,teve lugar uma grande reunião
promovida pela UEEA então presidida pelo estudante de
Engenharia Adalberto Câmara (observemos que o líder
estudantil agora citado presidia a UEEA e não o DCE, pois
este ainda não fora criado, o que só ocorreria em 1962 ao
empossar o seu primeiro presidente, Rinaldo Costa Lima,
no dia 21 de fevereiro) [...].
Em julho de 1962, as lideranças estudantis
decidem deflagrar a Greve de um Terço, movimento que
paralisou as atividades discentes na Ufal por cerca de três
meses. [...] Durante tal greve chegou a haver a ocupação
da Faculdade de Filosofia após um professor tentar
quebrar a greve trazendo duas alunas para fazerem
prova. Acirraram-se os ânimos e autoridades
educacionais teriam sido impedidas de entrar no recinto,
sendo necessária a intermediação pessoal do Vicegovernador Teotônio Vilela para apaziguar a situação.
[...] Em 1962, a UEEA promoveu o I Seminário Alagoano
de Imprensa Universitária, na cidade de Santana do
Ipanema; no mesmo ano, o DCE realizou um Seminário
de Assuntos Universitários, em Palmeira dos Índios, daí
tirando a “Declaração de Palmeira dos Índios” [...].
Outro movimento que empolgou os discentes
nos primeiros tempos da Ufal diz respeito à efetivação,
sem concurso, nos quadros da Universidade, de
professores que integravam as faculdades préexistentes. Especificamente, havia um questionamento
quanto ao que seria auxiliar técnico e auxiliar de ensino,
com implicações que levavam à dispensa do concurso
público. Em consequência, foi lançado um “movimento de
descrédito” quanto à capacidade profissional dos que se
eximiriam do concurso; contudo, como lembra Audálio
Cândido dos Santos, líder estudantil de então, concordouse em arrefecer a discordância levando-se em conta o
objetivo maior a ser alcançado, qual seja, a consolidação
da novel Universidade Federal de Alagoas. Aliás, tão logo
o Magnífico Reitor A. C. Simões, empossado em Brasília
no dia 11 de outubro de 1961, regressou a Maceió, foi ele
recepcionado no dia 25 do mesmo mês na sede da UEEA
pelos reconhecidos universitários locais. Impressionado
com as carências financeiras da entidade, no ano
seguinte o Reitor saldou dívidas contraídas para a
manutenção do Restaurante Universitário.
A instalação da Ufal aconteceu no salão nobre da
Faculdade de Medicina. Estavam presentes as nossas
autoridades universitárias, um representante do Ministro
da Educação, autoridades eclesiásticas, professores e
alunos. O professor Nabuco Lopes falou pelos docentes e
Luiz Nogueira Barros pelos discentes. Em seu contundente
discurso, o estudante de Medicina analisou o Ensino
Superior no Brasil, havendo desagradado aos setores
ligados à Igreja, bem como aos conservadores em geral.
Quanto às ações assistencialistas, a UEEA, com a ajuda
de verbas públicas, mantinha a duras penas um muito frequentado
Restaurante Universitário, em sua própria sede, bem como a Casa
do Estudante Universitário (CAEU). Para abrigar as jovens
estudantes criou, em 1961, a Residência Universitária Feminina de
Alagoas, a RUFA. Quanto ao aspecto recreativo existia, ligado à
UEEA, o Clube do Estudante Universitário (CEU), que promovia
encontros dançantes semanais, inclusive carnavalescos. “Vamos
ao Céu!” era o seu lema. Vale lembrar que, somente em 1966, a
UFAL assumiu e ampliou esta rede assistencial instalando o
Restaurante Universitário e a Residência Universitária Masculina
(RUMA). O Lar da Universitária Alagoana (LUA) foi instalado
aproximadamente na mesma ocasião. Ressaltemos, tais
providências eram absolutamente necessárias, pois com o
advento do regime militar fora a UEEA desativada. Portanto, não
mais existiam os seus órgãos assistenciais, além do clube
recreativo mencionado.
Embora nem sempre tão coeso quanto fora
desejável, o Movimento Estudantil alagoano, nos primórdios
da Ufal, como vimos, era muito presente. Não desejamos
apresentar a imagem de um Movimento Estudantil triunfante:
aconteceram erros por ações e omissões, objetivos não foram
alcançados, aconteceram acomodamentos etc. Entretanto,
ele mobilizou as questões locais, participou articuladamente
das lutas no cenário nacional e esteve presente aos grandes
encontros estudantis, em diferentes Estados brasileiros.
Terá contribuído, ao seu modo, para a implantação, o
desenvolvimento e a democratização do Ensino Superior entre nós.
* Ex-estudante de Medicina da Ufal, médico-psiquiatra. Texto publicado
no livro Universidade Federal de Alagoas – o livro dos 50 anos.
Federal
d
30 SET
2011
lagoas
Universid
e
ad
eA
POSTAIS
do Conhecimento
Assufal: primeira organização
dos técnicos-administrativos
Laura Alencar*
Fundada na década de 1970, a
Em 1987, por pressão do Movimento
da
dos Servidores, do qual fazia parte a Assufal,
Universidade Federal de Alagoas, que foi o
foi implantado o Plano Único de Classificação e
embrião do Sintufal, teve como seu
Reestruturação de Cargos e Empregos
primeiro presidente o então Secretário do
(PUCRCE). A principal reivindicação era o
Departamento de Odontologia, o Técnico
Plano de Cargos e Salários, já que um número
em Administração Modesto Pereira Ribeiro,
considerável de servidores do nível médio, da
indicado
pelo
classe inicial, recebia menos do que o salário
Nabuco
Lopes,
Associação
dos
Servidores
então
reitor,
também
professor
General
mínimo. Em razão de proibição constitucional,
da
havia pelo Governo uma complementação
reserva do Exército Brasileiro.
É que a criação da associação
salarial nivelando estes salários ao salário
tinha sido idealizada pelo Reitor Nabuco
mínimo. Com isso, o estímulo pela luta fez o
Lopes, com o duplo objetivo de promover
movimento ainda mais forte.
Das muitas conquistas assistenciais
o congraçamento social dos servidores
da Assufal, destacamos a criação da Creche
técnico-administrativos da Universidade
Sementes do Amanhã, que iniciou o seu
e de preencher a função de agremiação
funcionamento em casa alugada pela Assufal,
de ajuda mútua, sob as vistas dos
localizada na Rua do Imperador, no Centro de
gestores e o controle das normas que
Maceió, nas proximidades da Reitoria, que
então regulavam a vida da Universidade.
funcionava ainda na Praça Sinimbu.
Tanto foi assim que nos estatutos que lhe
Posteriormente, a Associação conseguiu novo
deram origem constavam várias restri-
espaço para seu funcionamento, no prédio da
ções, tais como a proibição de discussão
antiga Reitoria, até seu lugar definitivo, no
dos direitos trabalhistas do servidor, o
Campus A.C. Simões, onde permanece como
debate de temas de natureza política ou
Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI). Foi
religiosa, que eram proibições da época
na gestão da professora Delza Leite Góes Gitaí
política em que a Assufal foi criada.
que a Ufal assumiu, regimentalmente, a
Somente na década de 1980,
responsabilidade administrativa e financeira
com
o
reinício
dos
enfrentamentos
pela creche que muitos serviços tem presta-
políticos no seio da sociedade brasileira e
alagoana,
deu-se
o
despertar
Na mesa, presidindo a assembleia, Marcelo Lavenère, professor da Ufal e
presidente da OAB. À esquerda, ao microfone, Amundson Portela, presidente da
Adufal, gestão 1983-1985
dos
trabalhadores, inclusive das universida-
já, em âmbito nacional, com a Federação
das
Associações
Universidades
de
Servidores
Brasileiras
das
(Fasubra),
fundada em 19 de dezembro de 1978,
que iria dar, na década seguinte, grande
força de associação e de reivindicação,
inclusive entre nós, servidores da Ufal.
Assembleia decide o fim da greve dos 84
dias, uma das mais longas da história da
Ufal. Na mesa, além da presença do reitor
Fernando Gama, acompanhado de Laura
Alencar, presidente da Assufal, vê-se, em
primeiro plano, Antônio Colatino
servidores da Ufal que necessitam de um
atendimento profissional integral e qualificado
des públicas brasileiras, em defesa dos
seus direitos trabalhistas. Contávamos
do, até hoje, aos docentes, discentes e
Era o Governo do Presidente-
reivindicações. A adesão dos servidores
aos seus filhos e filhas enquanto dão sua
a
à greve se deveu, ainda que não de forma
contribuição à Universidade para o seu
chamada abertura política, começáva-
total, inclusive em Alagoas, aos baixíssi-
permanente desenvolvimento.
mos a sair de um regime ditatorial e, com
mos salários pagos na época.
General
João
Figueiredo.
Iniciada
o despertar da luta pela democracia em
Em suas lutas próprias da categoria,
* Uma das dirigentes da Assufal e
surgiam,
a Assufal, no contexto de sua entidade
primeira técnica a assumir um cargo no
também, as primeiras greves, inclusive
nacional, avançou ainda mais, por volta de
primeiro
nas universidades.
1986, na defesa da Universidade Pública,
publicado no livro Universidade Federal
A princípio, as mobilizações se
unindo-se às outras entidades universitárias
de Alagoas – o livro dos 50 anos.
davam sem grande participação, porque
no debate empreendido pela Fasubra sobre
predominavam o medo e a insegurança,
Reforma Universitária, a manutenção e a
já que era proibido aos servidores
ampliação do Ensino Público e Gratuito. Frente
públicos fazerem greve. Finalmente, em
ao Grupo Executivo para a Reformulação do
1984, tivemos uma greve de grande
Ensino Superior (GERES), criado pelo governo
dimensão nacional, que durou 84 dias.
para promover a reforma das IFES, o movi-
Em conjunto com professores e estudan-
mento dos/as técnico-administrativos/as em
tes – sob o comando da ANDES e da UNE
educação entrou em greve, saindo vencedor
–, os servidores administrativos, com a
no embate o movimento unitário das entida-
coordenação e o incentivo nacional da
des, já que o anteprojeto governamental foi
Fasubra avançaram também nas suas
retirado de pauta para não mais voltar.
toda
a
Nação
Brasileira,
escalão
da
Reitoria.
Refeitório do NDI em 1996
Texto
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do Conhecimento
Os docentes organizados foram à luta
Maria de Fátima Machado de Albuquerque*
| Passeata no Centro da cidade realizada em 1984, uma das manifestações que contribuíriam para o movimento de abertura da Universidade
Os docentes do ensino superior, que
começaram a existir com regularidade desde os anos
de 1930, ficaram sem qualquer entidade
representativa até fins dos anos de 1970, quando as
lutas pelas liberdades democráticas e pelos direitos
passaram a se intensificar no Estado. Contando com
integrantes imersos individualmente em lutas políticas
e sociais nos campos conservador e democrático –
naqueles mais do que neste –, os docentes da Ufal
terminaram sendo protagonistas, inclusive em âmbito
nacional, da organização da categoria, contribuindo
para criar e fazer funcionar a Associação Nacional dos
Docentes da Educação Superior (ANDES), enquanto
construíam e faziam atuante a Associação dos
Docentes da Universidade Federal de Alagoas (Adufal).
A nossa organização nasce como associação porque
naquele tempo – antes da Constituição Federal de 1988
– os servidores públicos estavam proibidos, por lei, de
se unirem em sindicatos.
Assim que ingressei na Ufal, em começos dos
anos de 1980, logo testemunhei os primeiros anos da
organização dos docentes da educação superior para a
luta conjunta. Como professora, qual não foi minha
satisfação, pois, de ver se juntarem à luta nacional por
direitos e por democracia, docentes da velha e da nova
geração, como Renato Gama, Gilberto de Macedo, José
Bento, Marcelo Lavenère, aos quais se uniriam docentes
recém-ingressados na Ufal, como Lenilda Austrilino, Elcio
Verçosa, Izabel Brandão, Carlos Henrique Falcão, Antônio
Carlos, Amundson Portela, Luiz Henrique Cavalcante, eu
e tantos outros, como José de Souza Leão, Erinalva
Medeiros, Regina Lins, Leonardo Bittencourt, Verônica
Robalinho, Geraldo Faria, Eliane Aragão, Pedro Nelson
Ribeiro e assim por diante.
| O movimento unificado - Adufal, DCE e Sintufal na greve
de 1998, realizada na Rua do Comércio – Centro
Como protagonista da história de nossa entidade,
fui testemunha, por exemplo, da visita inesquecível do
docente da UFRJ, José Pinguelli Rosa – hoje físico
renomado no país e no exterior – no seu périplo de norte a
sul do país, fortalecendo as recém-criadas entidades dos
docentes das IFES, enquanto trabalhava para a
consolidação da recém-fundada Associação Nacional.
Parecia que o velho mito renascia com a colaboração de
muitos que tinham, na juventude, afrontado o arbítrio e as
políticas antinacionais e que, então, com os democratas
da velha guarda da Ufal, buscavam contribuir para a
construção de novos tempos.
A ação da Adufal, de fato, desde sua criação em
1979, a partir das lutas imediatas por respeito aos
docentes em relação às condições salariais e de trabalho e
por uma carreira digna, logo se articulou com os embates
travados pelo movimento estudantil que reconstruía sua
organização autônoma e com as entidades democráticas
da sociedade civil organizada, avançou e, a partir da
conquista da anistia, travou batalhas memoráveis como
as “Diretas Já” e pela democratização do poder no interior
da Ufal, unindo-se aos companheiros da Assufal,
enquanto fazia cair por terra a maior barreira que lhe era
imposta – o temor de muitos docentes de se integrar ao
movimento, sobretudo quando deflagradas as greves
nacionais por carreira e salário e por uma universidade
adequadamente financiada pelo Poder Público.
A existência e ação da Adufal foram fundamentais
para a construção do sentimento de pertença, tão
importante para a formação da nossa identidade de
educadores universitários.
Da história da Adufal – hoje seção sindical – nunca
esteve ausente a luta por políticas educacionais que
garantissem universidade pública e gratuita, sempre mais
ampliada para as mais diversas camadas da sociedade
brasileira. Às lutas da Adufal, que sempre atuou
pedagogicamente no campo político – ensinando aos
docentes e aos discentes de Alagoas, em todos os níveis,
novas lições – deve-se, hoje, por exemplo, a estrutura da
carreira docente que temos – tão duramente reivindicada e,
finalmente, conquistada na vitoriosa greve de 1987, de que
tive a honra de participar, em Alagoas, como membro da
entidade. À história de luta da Adufal tem que ser creditada,
igualmente, a valorização do mérito acadêmico, pelo
reconhecimento da titulação, tanto quanto a afirmação de
que o trabalho docente não pode ser precarizado, sob pena
de se aviltar a atividade acadêmica.
Por isso, quando a Ufal completa seus 50 anos,
cabe uma homenagem especial àqueles e àquelas que
dispenderam boa parte de seu precioso tempo para cuidar
dos interesses corporativos dos companheiros e das
companheiras docentes, sem descuidar dos interesses
gerais da sociedade brasileira e alagoana, até porque
sempre entenderam estarem essas dimensões
intrinsecamente articuladas. Nossos louvores, pois, a quem
liderou todas as diretorias da Adufal, como seus
presidentes, começando por Renato Gama, Marcelo
Lavenère, José Bento e avançando com Carlos Henrique
Falcão, Amundson Portela, Elcio Verçosa, Radjalma
Cavalcante, Antônio Carlos Marques, Luís Henrique de
Oliveira Cavalcante, Taís Normande, Antônio Passos, Eliézio
Amorim, Alba Correia, Edna Bertoldo e Cida Oliveira.
Hoje é possível afirmar, sem medo de incidir em
erro, que a Adufal sempre foi o paradigma de uma
organização que pode ser legitimamente corporativa,
porque jamais esqueceu de, em assim sendo, fazer-se
igualmente responsável pelos interesses de toda a
sociedade em que se encontra inserida.
* Professora de Saúde Pública e ex-Secretária da Adufal.
Texto publicado no livro Universidade Federal de Alagoas
– o livro dos 50 anos.
| Edição publicada em 1999 em homenagem aos alagoanos
perseguidos pelo regime da Ditadura