Edição de Outubro
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31 OUT
2011
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POSTAIS
31 OUT
2011
do Conhecimento
Unidade de Penedo fortalece a relação
acadêmica entre Espanha e Brasil
Jhonathan Pino
contribuem para a publicação de artigos
científicos em revistas internacionais e
nacionais.
em junho de 2011 foi publicado a Revista
Iberoamericano de Turismo, numa
colaboração entre os professores
espanhóis e brasileiros; além da obra "Tu-
Plantação de cana do tipo RB931003
Encontro Internacional de Turismo em 2010
contribuem para a publicação de artigos
científicos em revistas internacionais e
nacionais."A parceria e cooperação com
os espanhóis, que têm muita experiência
com o cultivo de peixes marinhos, é uma
abertura da Ufal para a cooperação
internacional com Europa na área da
pesquisa em questão, como também
contribui para a formação de técnicos,
estudantes de graduação e de pósgraduação", ressalta Emerson.
Turismo cria ponte entre
Penedo e Girona
A Universidade de Girona,
também na Espanha, há alguns anos, vem
realizando uma parceria com o curso de
Turismo, da Unidade de Penedo. Esse
relacionamento entre as duas universidades já rendeu alguns eventos em
Alagoas, como as duas versões do Encontro
Internacional de Turismo, realizado nas
cidades de Maceió e Penedo, nos anos de
2009 e 2010, respectivamente.
Esse evento contou com a
parti ci pação de professores da
universidade espanhola. Além disso, por
meio da Cooperação internacional de
"Políticas Públicas de Turismo en Brasil:
planificación y desarollo de rutas
turísticas sostenibles em la región de las
Lagoas-Alagoas", os professores da Ufal
Alan Curcino e Silvana Pirillo fizeram
visitas técnicas aos espaços turísticos de
Barcelona, Figueres, Girona e da Costa
Brava, na Espanha, e de Escaldes, em
Andorra, o menor país do mundo.
Como fruto desses intercâmbios,
Postais do Conhecimento, com o tema Internacionalização:
educação sem fronteiras, é o sexto número de uma coleção
comemorativa dos 50 anos da Universidade Federal de Alagoas,
publicada em 2011. Tiragem: 10.000 exemplares
GESTÃO
Ana Dayse Rezende Dorea – REITORA
Eurico de Barros Lôbo Filho – VICE-REITOR
em junho de 2011, foi publicada a
Revista Iberoamericano de Turismo,
numa colaboração entre os professores
espanhóis e brasileiros; além da obra
"Turismo, Políticas e Desenvolvimento
Humano", publicação organizada pelos
professores Silvana Pirillo e Lluís Mundet
i Cerdan, da Universidade de Girona.
Aliança entre pesquisadores de
Arapiraca, Alemanha e Portugal
Por meio do Projeto de pesquisa
Integrado "Formação de Professores e
trabalho pedagógico das escolas:
contribuições da Educação Física para
alterar o trabalho pedagógico nas
escolas integrais e nos movimentos de
luta social em Alagoas", as professoras
Janine Albuquerque e Vannina de
Oliveira estão repensando a forma como
as contribuições da cultura corporal
podem alterar a cultura pedagógica na
cidade e no campo. Para isso as
professoras, desde maio 2010, contam
com o apoio do professor Reiner
Hildebrandt-Stramann, da Universidade
Braunschweg, na Alemanha, e da
professora Celi Nelza Zulke, da Universidade Federal da Bahia.
Em Arapiraca, Janine e Vannina,
pela Linha de Estudo e Pesquisa em
Educação Física, Esporte e Lazer,
buscam a criação de um banco de dados
sobre o trabalho pedagógico com a
Educação Física nas escolas de tempo
integral do município de Arapiraca, com
o intuito de elaborar um material
Coordenação Geral
Márcia Rejane Gonçalves Ferreira MTB 352/AL
Redatores
Jhonathan Pino
Joabson dos Santos
Rose Ferreira
Edição
Simone Cavalcante
Projeto Gráfico e Diagramação
Jailson Albuquerque
Universidade Federal de Alagoas
Endereço: Campus A. C. Simões – Av. Lourival de Melo Mota, s/n. Tabuleiro do
Martins. Cep:52072-970. Maceió-AL
Assessoria de Comunicação (Ascom): 3214-1052
Pró-Reitoria de Extensão (Proex): 3214-1134
Coordenação de Assuntos Culturais: 3221-3122
Fotografias
Manoel Mota
www.ufal.edu.br
ascomufal@gmail.com
Foto de capa
Flávio Lamenha
Revisão
Rose Ferreira
Arquivo da Pinacoteca
EXPEDIENTE
Em Penedo, o estudo da
larvicultura de Besugo, a reprodução em
cativeiro da Cherna e o cultivo da
Carapeba são os motivos do bom relacionamento entre o Brasil e a Espanha.
Essas são espécies de peixes de grande
interesse comercial entre os dois países.
O curso de Engenharia de Pesca,
da Unidade de Penedo, por meio dos
professores Themis Silva e Emerson
Soares, mantém um convênio com o
Instituto Espanhol de Oceanografia, o
Centro de Investigaciones Mariñas, e a
Universidade de Santiago de Compostela, com o objetivo de desenvolver o
cultivo de peixes marinhos em Alagoas,
Estado de grande potencial para esta
atividade.
Em conjunto com os professores
brasileiros, os pesquisadores Tito Peleteiro e Evaristo Gomez, do Centro Oceanográfico de Vigo, Espanha, conseguiram um grande feito: a primeira
reprodução sem indução hormonal em
cativeiro do peixe cherne, ameaçado de
extinção, nas instalações do Aquário
Finisterrae, em La Coruña, também na
Espanha. O Cherne (Polyprion americanus) é um peixe pertencente à
família Polyprionidae, caracterizado por
ser de grande porte e encontrado em
profundidades de 100 a 1000 metros.
Os pesquisadores estão acompanhando todo o desenvolvimento embrionário dos ovos e documentando as
etapas para possível publicação em
revista científica internacional. "A
reprodução dessa espécie em cativeiro
diminuirá a pressão pesqueira sobre este
importante recurso marinho, pois
fortalecerá programas de repovoamento em ambiente natural e de cultivo
intensivo – piscicultura", explica o professor Emerson Soares.
Considerada uma espécie
universal presente nos oceanos Atlântico
e Índico, o Cherne é muito valorizado
pela pesca comercial, por isso está
ameaçado de extinção em vários países.
O Centro Oceanográfico de Vigo possui
exemplares dessa espécie em cativeiro,
onde vem monitorando aspectos como
perfil hormonal, crescimento,
comportamento em ambiente confinado
e reprodução.
Através do financiamento de
instituições como a Capes, com bolsas
de pós-doutorado do Instituto Espanhol
d e O c e a n o g ra f i a , a s p e s q u i s a s
desenvolvidas pelos professores
didático capaz de implementar,
acompanhar e avaliar as experiências
pedagógicas positivas e, assim, alterar a
cultura pedagógica da escola.
O trabalho é articulado com uma
investigação internacional que está em
curso na Universidade de Braunschweg,
sob a mesma temática: "Escolas Integrais e Alteração da Cultura Pedagógica", que é coordenada pelo professor
Reiner Hildebrandt Stramann. "As
investigações nos dois países permitirão
formar quadros científicos e ampliar as
referências e acúmulos de pesquisas
imprescindíveis para a região, visto a
gravidade da situação educacional no
Nordeste brasileiro", ressalta Janine.
No Campus Arapiraca, outro
pesquisador que vem colaborando para o
enriquecimento cultural de uma nação
europeia é o professor William Piauí.
Apesar de estar na Ufal há apenas dois
anos, como professor das disciplinas de
Produção do Conhecimento e Filosofia da
Ciência, o docente, desde 2002, vem
participando de um grupo de pesquisa do
Centro de Filosofia das Ciências da
Universidade de Lisboa, onde já atuou
ministrando um minicurso.
"Além de participar de atividades
em Lisboa, o Centro também já enviou
livros para a biblioteca do Campus
Arapiraca. Mas pretendemos aumentar
essa relação com o envio de alunos dos
cursos de Biologia, Física, Matemática e
Química para Lisboa", ressalta Piauí.
Professor William Piauí
Marcelo Silveira
O trabalho entre a surpresa e o
que se espera, do artista
pernambucano Marcelo Silveira,
esteve exposto na Pinacoteca
Universitária em 2004. Marcelo é
formado em Educação Artística pela
UFPE e utiliza, nesta exposição,
troncos de árvores mortas como
matéria-prima de suas obras.
POSTAIS
31 OUT
2011
do Conhecimento
Combate às pragas em Alagoas une
pesquisadores da França e da
Inglaterra
Apesar de o Laboratório de
Pesquisa em Recursos Naturais (LPqRN)
fazer pesquisas voltadas para o combate
de pragas do pinhão-manso, da palma,
do coqueiro e de outras culturas típicas
da região Nordeste do Brasil, a busca por
a l t e r n a t i va s d e m e n o r i m p a c t o
ambiental no combate a essas pragas em
Alagoas iniciou uma cooperação entre o
Instituto de Química e Biotecnologia
(IQB) da Ufal e a Universidade de
Strasbourg, na França, há cerca de 8
anos, além de outra parceria com o
Rothamsted Research – um centro
multidisciplinar internacional de
pesquisas da Inglaterra, que já vem
colaborando com o IQB há pouco mais de
um ano.
Liderado pelo professor Antônio
Euzébio Goulart, os pesquisadores do
LPqRN fazem o levantamento das pragas
e trabalham no isolamento, identificação
e síntese de feromônios. Os feromônios
são substâncias retiradas dos insetos
capazes de atrair outros da mesma
espécie. O nome é devido ao poder que
essas substâncias têm de comunicar por
meio do olfato: elas servem de
mensageiras para que indivíduos da
mesma espécie possam ser atraídos pela
substância secretada.
Conforme Mariana Santos,
integrante do grupo e doutoranda no IQB,
"primeiro fazemos a criação do inseto em
laboratório; extraímos o feromônio;
fazemos a identificação por cromatografia
gasosa e espectrometria de massas; a
confirmação se dá por síntese e a
produção do feromônio em laboratório",
explica Mariana. O resultado final é a
produção de novas substâncias capazes
de atender à produção de culturas
agrícolas importantes no Estado e na
região Nordeste.
Mariana ainda enfatiza que
"essas pragas são responsáveis por
grandes perdas, tanto na fase da cultura
quanto na pós-colheita", diz a
pesquisadora.
Professor Euzébio (à esquerda) com grupo de pesquisadores do IQB
As parcerias entre as três instituições já
proporcionaram a pesquisadores de
graduação e pós-graduação fazer
intercâmbios e ter acesso a equipamentos inexistentes na Ufal. Os
resultados serão futuramente patenteados e utilizados como referência para
o combate das pragas em outras regiões
do país.
Quatro nações e um objetivo
comum: a Matemática
Pesquisadores da Inglaterra,
I t á l i a , F ra n ç a e d e m a i s s e i s
universidades brasileiras, desde 2009,
trabalham em conjunto, com o objetivo
de desenvolver o alto nível na
infraestrutura científica de suas
respectivas regiões. Trata-se do
consórcio DynEurBraz, desenvolvido na
área de sistemas dinâmicos e financiado
pela Comunidade Europeia.
Entre os envolvidos estão o
Imperial College e Universidade de
Warwick, ambas na Inglaterra, a Scuola
Normale Superiore di Pisa, na Itália, a
CNRS e Université de Brest, ambas na
França, além Instituto Nacional de
Matemática Pura Aplicada (Impa), a
Universidade Estadual de Campinas, as
Universidades Federais do Rio de
Janeiro, do Rio Grande do Sul,
Fluminense e de Alagoas. Na Ufal, o
projeto já proporcionou a criação da I
Escola Brasileira de Sistemas Dinâmicos
da Ufal e a vinda do pesquisador Jerome
Rousseau como bolsista de pósdoutorado do CNPq.
"Além disso, vários pesquisadores da Ufal fizeram visitas
às
instituições participantes do projeto,
bem como os pesquisadores europeus
visitaram a Ufal", relata o professor do
Instituto de Matemática da Ufal, Krerley
Oliveira.
Além dele, os professores
Fernando Micena, Marcus Bronzi,
Walter Huaraca, Luis Guillermo e
diversos alunos de mestrado e
doutorado do IM fazem parte das
pesquisas que, em Alagoas, tem como
meta a formação de docentes nos
programas de mestrado e doutorado
para atuar como professores de outras
instituições de ensino superior. "Aliarse a instituições líderes no cenário
mundial, como o Imperial College de
Londres e Scuola Normale Superiore
de Pisa é estrategicamente importante para a internacionalização e
manutenção do alto nível em pesquisas na Ufal", ressaltou Krerley.
Professor Krerley Oliveira
Mobilidade estudantil para China ao alcance
dos alagoanos
Rose Ferreira
Considerado o idioma do
momento, o mandarim tem exercido
forte influência nas relações
internacionais das mais diversas áreas.
E, acompanhando essa tendência, o
Programa Santander Universidades
lançou no Brasil o Programa Top China –
uma rica oportunidade para estudantes
e professores trocarem experiências
científicas e culturais na China.
A Ufal tem enviado representantes
desde 2009, e o aumento no número de
vagas é evidência de que o intercâmbio é,
de fato, promissor para os dois países
diretamente envolvidos. Em 2009, só foram
ofertadas duas vagas para estudantes da
Ufal; as selecionadas foram Maria Elisa
Costa, de Engenharia Civil, e Flávia Rabelo,
de Meteorologia. Em 2010, a quantidade de
vagas para alunos dobrou e um docente
pôde integrar a comitiva alagoana – foi
então a oportunidade de Alanna da Silva e
Pedro Duarte, de Direito; Lucas Xavier, de
Engenharia Química; Selene Morales, de
Arquitetura e Urbanismo; e o professor
Lindemberg Araújo, de Geografia.
Este ano, a Universidade
Federal de Alagoas ganhou ainda mais
prestígio porque os universitários Arlan
Almeida, de Engenharia Ambiental,
Alan Melo, de Ciências Econômicas,
Taciana Melo, de Arquitetura, e Inael
Barros, de Geografia, conquistaram o
primeiro lugar na apresentação das
experiências adquiridas nas três
semanas de mobilidade. “Esse foi o
meu primeiro intercâmbio e abriu os
meus olhos para muita coisa: o quanto
o Brasil ainda precisa crescer, a
influência das mídias, a importância da
educação de um povo etc”, declara
Inael Barros.
Durante três semanas, os
brasileiros selecionados para o
Programa participaram de um curso
sobre Meio Ambiente, Urbanismo e
Sociologia sob a perspectiva da
Sustentabilidade, nas Universidades de
Estudantes da Ufal premiados na China
Shanghai Jiao Tong e Pequim. “Daqui por
diante, a minha paixão por
desenvolvimento sustentável, aspectos
físicos e humanos da Geografia só vai
crescer. Foi muito interessante observar
o modo como os chineses são
disciplinados, muito ligados à cultura e
preocupados com o meio ambiente, é
claro que também por razões
econômicas”, avalia o intercambista.
Mas nem só de estudos
acadêmicos é feito um intercâmbio.
Afinal, é fundamental o contato com
elementos cotidianos, históricos e
culturais do país visitado; e, na China, não
faltam opções! “Enquanto algumas
pessoas se empolgavam com as compras,
eu aproveitei o meu tempo livre para
visitar templos, parques e ter contato com
os chineses”, revela Inael, que também
soube aproveitar muito bem as aulas de
mandarim e oficinas culturais.
Agora que voltaram para a
Ufal, os estudantes e o professor
Humberto Barbosa, de Meteorologia,
estão organizando um simpósio para
transmitir suas experiências de acordo
com suas respectivas áreas de
atuação. É uma das maneiras práticas
de dar retorno à Universidade que os
enviou para o “outro lado do mundo”, a
fim de que eles se tornem profissionais
mais capacitados e aptos a lidar com o
mundo globalizado.
3
Nigéria
Cabo Verde
Guiné-Bissau
São Tomé e Príncipe
Camarões
Barbados
Convênio
entre países
já trouxe 136
estudantes
para a Ufal
Se existe um programa que deu o passo decisivo
para a internacionalização na Ufal, ele se chama
Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PecG). Foi por meio dele que as universidades brasileiras
receberam os primeiros grupos de estudantes
estrangeiros. Trata-se de um convênio educativo e
cultural entre o Brasil e outras nações em
desenvolvimento. A partir dele, a Ufal começou a
disponibilizar uma vaga por semestre em todos os seus
cursos de graduação e já contabiliza 136 estudantes
vindos pelo Convênio.
Em 1988, a Ufal recebeu o primeiro aluno do
programa, mas apenas dez anos depois tivemos as
primeiras turmas formadas, ainda com pouquíssimos
alunos do Pec-G. Mas foi no ano de 2005 que o número
de estudantes estrangeiros cresceu bastante.
Atualmente, existem 57 alunos beneficiados pelo
programa, em sua maior parte de países africanos.
Vindos de países como Guiné-Bissau, Cabo
Verde, Angola, Moçambique, República do Congo,
Camarões, Barbados, Nigéria e São Tomé e Príncipe, os estudantes enriquecem não só culturalmente a Universidade, como também exibem com
orgulho as cores de suas bandeiras, presentes
também nas vestimentas apresentadas na Semana
da Cultura Africana.
Apesar da alegria que esbanjam em seus rostos,
os estudantes deixam de lado inúmeras dificuldades
pelas quais passaram para chegar ao país. No momento
em que fazem as inscrições, no Ministério de Relações
4
República do Congo
Paraguai
Angola
Internacionais de suas respectivas nações, os alunos
têm que passar por uma seleção não só acadêmica, em
que é exigido o domínio da língua portuguesa e do
ensino médio completo, como também devem assinar
um termo de compromisso para regressar ao país de
origem, logo que terminada a graduação.
Também são exigidas garantias de que os
alunos tenham condições econômicas de se manter no
Brasil, já que o acordo não prevê auxílio moradia ou
financeiro no país, a não ser em casos excepcionais.
Além disso, o estudante deve comprovar recursos
suficientes para custear suas passagens de ida e volta
no itinerário para o Brasil, o que muitas vezes os deixa
em uma situação difícil.
"Apenas este ano, enviamos três solicitações
para o Ministério de Educação (Mec) de ajuda de custos
para os estudantes que apresentaram insustentabilidade, mas o Mec negou, pois as regras são bem
rigorosas", aborda o coordenador de Desenvolvimento
Pedagógico da Pró-reitoria de Graduação (Prograd),
Alexandre Lima.
O programa é desenvolvido por universidades
públicas – federais e estaduais – e particulares, onde o
aluno estrangeiro cursa a graduação gratuitamente. Mas
para auxiliar os estudantes nessa situação, existem
bolsas-auxílio, como o Processo Seletivo do Projeto
Milton Santos de Acesso ao Ensino Superior
(Promissaes), que auxiliam os estudantes na sua
permanência na Universidade por até um ano.
Histórias de vida
Com um bebê de seis meses no colo e a vontade
de estreitar cada vez mais os laços entre Moçambique e
Brasil, a moçambicana Sónia André desembarcou em
Maceió para cursar Música na Ufal em 2007.
Apesar de bem acolhida pelo departamento
de Música, Sónia enfrentou o preconceito no Brasil,
mas obteve grandes conquistas: "Eu tenho vários
trabalhos publicados, projetos em andamento,
partilha de experiências com colegas e professores,
e até mesmo dos dirigentes de varias áreas da
universidade", disse Sônia.
Durante a sua estadia em Maceió, a estudante
também foi homenageada pela Organização NãoGovernamental Maria Mariá, como forma de
reconhecimento de superação frente às dificuldades
enfrentadas pelas mulheres alagoanas e chegou a fazer
um curta-metragem, Guerreiros de Jorge, em que
interpretou a personagem de Maria Fulô.
Sónia atualmente está dividindo a moradia
com a estudante africana Abigail Musa, que é a
única estudante nigeriana na Ufal. A estudante
chegou ao Brasil em março de 2011, mas só iniciou
o curso de Engenharia da Computação em agosto
deste ano. Ainda sem entender muito bem o
português, pois a língua oficial do país é o inglês,
Abigail fez o curso de Português Instrumental,
oferecido pelo Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (Feac) durante os meses
de espera para o início das aulas.
POSTAIS
31 OUT.
2011
do Conhecimento
Moçambique
Já o aluno Augusto Ferreira, de Guiné-Bissau,
havia escolhido, em 2006, dois locais para estudar no
Brasil: São Paulo e Rio de Janeiro, já que seus primos
haviam estudado nesses Estados. Mas por acaso, o seu
nome havia sido selecionado entre os estudantes
escolhidos para estudar em Maceió. Cinco anos depois,
terminando o curso de Bacharelado em História,
Augusto revela o quanto esse "erro geográfico" foi
bom para sua formação. "Ás vezes brinco com meus
colegas brasileiros, dizendo que a minha vinda a
Maceió foi um erro geográfico. Depois do resultado
final, procurei informações sobre Maceió e entrei
contato com outras pessoas que estavam cá, em
Maceió. Mas para ser sincero, hoje considero Maceió
minha segunda casa. Digo tudo que sou hoje devo a
essa instituição, ela me deu um embasamento teórico
muito bom", revela Augusto.
Para Augusto, existem várias dificuldades para
permanecer no Brasil, mas a mais difícil entre elas é a
língua. "O meu país fala português, mas quando cheguei
cá no Brasil, eu pude sentir algumas dificuldades para
me comunicar com os brasileiros, isso é uma das
maiores dificuldades para quase todos estudantes
africanos. Estamos acostumados de falar o português de
Portugal, e quando chegamos no Brasil vimos que
algumas coisas são diferentes, a exemplo disso: no
português de Portugal a gente fala "bicha", que é fila,
mas cá no Brasil não se pode pronunciar essa palavra,"
lembra o guineense.
Com menos tempo na Ufal e ainda com
dificuldades na pronúncia de algumas palavras, Keilan
Custódio chegou ao Brasil em 2010, após ser
selecionado pela Ufal para cursar Administração por
meio de uma Bolsa de estudos do Governo Angolano.
Apesar de ter sido uma escolha da qual não teve poder
de decisão, a estudante disse que está satisfeita com a
Universidade, "pois a Ufal tem professores e
coordenadores bastante qualificados na execução das
suas tarefas e também tem inúmeros cursos em que os
alunos podem se matricular, e por ser uma universidade
federal, o diploma tem muito peso para a nossa
formação acadêmica e na concorrência para o mercado
profissional", relata Keilan.
Apesar de ter uma boa relação com os
brasileiros, Keilan diz que o intenso contato com outros
alunos africanos a faz se sentir em casa, no seu país de
origem. "Nós somos todos muito unidos uns com os
outros", relata a angolana.
A angolana, Cleyde Corte Real, está apenas
há 5 meses cursando Psicologia na Ufal, mas para a
estudante as dificuldades de comunicação não
existem. "Não tive muitas dificuldades de adaptação, pois tive muita ajuda de outros estudantes
africanos, que me orientaram em quase tudo e foi
muito fácil. O relacionamento é bastante saudável.
Quanto aos brasileiros, só convivo com os colegas
de sala e são todos muito simpáticos e muito
curiosos. Com outros africanos, a relação é exce-
lente, é como se eu já convivesse com eles a
bastante tempo," diz a estudante.
Celebração da cultura africana faz parte do
cotidiano da Universidade
Com a exposição de roupas, artesanatos,
música, danças, banners, exposições e palestras
sobre o continente africano, desde 2004, os
estudantes Pec-G da África buscam divulgar a
cultura de seus países, além de acabar com os
estereótipos existentes sobre o continente. "Os
brasileiros ainda têm uma ideia restrita sobre a
África, apesar dos laços históricos que unem os
países africanos ao Brasil", lamenta
Dirceu
Aurélio, estudante guineense do curso de Ciências Contábeis.
Toda essa movimentação faz parte da Semana
da Cultura Africana, principal evento promovido por
estudantes estrangeiros na Ufal e realizado como parte
do Congresso Acadêmico. Nestes dias, é normal
encontrar inúmeras pessoas com tranças nos cabelos,
feitas em um ateliê promovido pelas africanas; como
também ouvir a batida envolvente dos músicos vindos
do outro lado do Oceano Atlântico; ver o gingado de suas
danças; sentir o cheiro e poder provar de algumas
comidas típicas, além de vibrar com as cores de suas
bandeiras, que ficam hasteadas, dando novos tons ao
vermelho e azul da Ufal.
5
POSTAIS
31 OUT
2011
do Conhecimento
Editora da Ufal: 33 anos de trabalho em prol
da literatura
Joabson Santos
Às vésperas de completar 33
anos de atuação no mercado editorial
alagoano e brasileiro, a Editora da
Universidade Federal de Alagoas (Edufal)
amplia o raio de atuação com a
publicação de títulos internacionais e
celebra essa trajetória com a publicação
de títulos internacionais.
A iniciativa começou tímida em
2008 com a coedição do livro Educação
Física, Desporto e Lazer: Perspectivas
Luso-Brasileiras, em parceria com o
Instituto Superior da Maia (IsmaiPortugal), mas a internacionalização da
editora se consolidou em 2009 com as
atividades do Ano da França no Brasil.
Na Bienal deste ano, em
outubro, será lançado mais um livro de
autor francês e mais quatro títulos em
2012. A parceria continua com Portugal e
as ações ganham força com a publicação
de duas obras da Itália.
As publicações de livros
internacionais feitas pela Edufal foram
um livro com Portugal em 2008; em
2009 foram lançados três com a França,
em comemoração ao ano daquele país no
Brasil; em 2010, ainda com a França, foi
lançando mais um exemplar. Para 2011,
foram fechados mais quatro contratos de
livros que serão lançados em 2012.
Ainda em 2011, existe a previsão de
publicar dois livros com a Itália e em
6
2012 também será publicado outro livro
com Portugal (que já está no prelo).
Prêmios
Referência em Alagoas na
publicação de livros científicos, a Edufal
trabalha para oferecer aos clientes, livros
com a mesma qualidade das grandes
editoras nacionais e resultado disso são
as indicações para diversos prêmios.
Estando à frente da Edufal desde 2003, a
experiente diretora, Sheila Maluf,
contabiliza diversos prêmios: “Zumbi
dos Palmares”, da revista Salada
Magazine; “Parceiros de Visão”, da
Fundação Dorina Nowill, em São Paulo; e
“Guerreiro Quilombola”, pelo projeto
Raízes de África.
“Os dois primeiros direcionados para os
nossos projetos de livros em Braille e o
último pelo trabalho realizado na Bienal.
Também recebemos três portarias de
louvor do Consuni pelo trabalho
realizado nas Bienais em que estive à
frente”, explica a diretora da Edufal.
Bienal Internacional do Livro
Após 2007, embora tenhai
conseguido a autorização da Câmara
Brasileira do Livro (CBL) para nomear a
Bienal do Livro de Alagoas como
Internacional, a terceira edição já estava
com a campanha pronta e foi divulgada
como nacional. “Para obter a autorização
tivemos uma imposição da CBL de não
retroceder, ou seja, não poderemos mais
voltar para uma Bienal nacional, sob o risco
de não conseguirmos mais resgatar o título
de internacional”. Afirma Maluf. Dessa
forma, foi realizada a IV Bienal Internacional
do Livro de Alagoas, com a participação de
d i ve r s a s e d i t o ra s i n t e r n a c i o n a i s
“São inúmeras trocas de e-mails
para ajustar e negociar a cessão de
direitos, a legislação, encontrar os
tradutores adequados, pois não adianta
só conhecer a língua, mas o fundamental
é traduzir e contextualizar um conceito”,
afirma Sheila Maluf sobre os desafios
constantes sobre a editoração de livros
internacionais.
Desafios para o futuro
Quando Sheila Maluf iniciou a
gestão na editora, eram distribuídos
quatro mil livros por ano; agora, o ano de
2011 será fechado com 15 mil livros
distribuídos. Sem contar que a Edufal está
nos sites das maiores redes de livrarias do
país, o que permite a distribuição nacional.
De acordo com os dados de 2010,
dos 645 títulos editados durante os 28
anos de existência da Edufal, 406 foram
em sua gestão. Esses dados são de
dezembro de 2010. “Nossa perspectiva é
de fechar o ano de 2011 com
aproximadamente mais 70 títulos”.
Em outubro, será realizada a V
Bienal Internacional do Livro, que este
ano homenageará a Itália, quando
Maceió contará com grandes nomes da
literatura italiana. Na ocasião, a Edufal
publicará mais de 50 títulos fruto do
edital da Bienal.
Como sempre participa das
feiras, eventos e bienais pelo Brasil, a
diretora da Edufal tem o desafio de
trabalhar o espaço que a Associação
Brasileira das Editoras Universitárias
(Abeu) terá pela primeira vez em 2013
na maior feira de livros do mundo, a Feira
de Frankfurt, na Alemanha, na qual o
Brasil será o país homenageado.
A Edufal é filiada à Abeu, que
congrega mais de 100 editoras e define
todos os eventos (feiras, bienais nacionais
e internacionais), facilitando, assim, as
negociações para garantir as publicações.
Em setembro, a Edufal terá mais
um grande desafio. A diretora Sheila
Maluf assumirá a vice-presidência da
Abeu, juntamente com o professor José
Castilho Marques (Unesp) na presidência
para o biênio 2011-2013, possibilitando,
assim, que a Edufal esteja nas grandes
decisões editoriais do país.
POSTAIS
31 OUT
2011
do Conhecimento
ENTREVISTA.com
A Universidade de portas abertas ao mundo
Por Jhonathan Pino
Acompanhando o ritmo de
outras universidades do
país, a Ufal vem firmando
diversos convênios com
outros países do mundo e
mostrando alguns avanços
na sua política de
relacionamento
internacional. Nesta
entrevista, o professor
Niraldo de Farias, que está
à frente da Assessoria de
Intercâmbio Internacional,
aborda a política de
abertura da Universidade
às relações acadêmicas
com países estrangeiros
nos últimos anos
Estudantes brasileiros participantes do Programa Top China 2010
Como é desenvolvida a política de
internacionalização da Ufal?
A política de internacionalização
da Ufal é desenvolvida a partir de um
plano traçado no início da segunda
gestão da professora Ana Dayse
Rezende Dorea (2008).
Esse plano, que partiu das
primeiras ações desenvolvidas na
primeira gestão, teve como foco
ampliar os convênios internacionais,
buscar financiamentos para o
intercâmbio de estudantes e professores, e inserir a instituição em um
maior número de programas e de redes
internacionais. Além disso, tem sido
igualmente relevante desenvolver a
consciência da comunidade de
servidores e alunos para a importância
da formação internacional. Nessa linha,
a Assessoria Internacional tem
anualmente organizado um evento
para debater a questão e ao mesmo
tempo divulgar as oportunidades que
se abrem para novas formas de
cooperação internacional.
É importante frisar que nossa
política de internacionalização foi
formulada em consonância com as
políticas do governo federal e com as
propostas da Andifes para esta área.
Conquanto as ações sejam operacionalizadas pela Assessoria
Interna-cional, as articulações internacionais, nomeadamente aquelas
que envolvem associações de
universidades, redes e grandes programas, são conduzidas diretamente
pela Reitora.
Quais são os tipos de parcerias
existentes entre a Ufal e outras
instituições?
As parcerias da Ufal com as
demais instituições são sempre
pautadas em acordos acadêmicos . São
aqueles acordos que coloquialmente
denominamos
“acordos guardachuva”, porque envolvem todos os
níveis da instituição (ensino, pesquisa,
extensão) e todas as áreas e cursos.
Comumente não há compromissos
financeiros nesses documentos, pois
visam estabelecer marcos de colaboração científica. Quando a cooperação passa para o campo específico de
cada área é que entram em cena os
Termos Aditivos que precisam ser
assinados pelos coordenadores de cada
projeto e necessitam de apoio
financeiro de outras instituições como
CNPq, Capes ou Fapeal. No momento,
ainda não há recursos específicos para
a internacionalização dentro do
orçamento da Universidade, mas há
expectativas de que esta nova rubrica
seja inserida a partir do próximo ano.
Qual é a repercussão desses
convênios para os alunos,
professores e técnicos da
Universidade?
A repercussão é muito grande e
há muito procura dos alunos, que têm
cada vez mais se interessado por
participar da mobilidade acadêmica
internacional. A oferta de bolsas ainda é
muito pequena, mas tem aumentado o
número de editais para diversas partes
do mundo. O Programa “Ciências sem
Fronteiras”, recentemente lançado pela
Presidenta Dilma Roussef é, sob vários
aspectos, o passo mais ousado no
sentido da internacionalização das
universidades brasileiras.
Quanto aos professores, não se
poderia, a rigor, falar de repercussão,
pois são, na maioria das vezes, eles
mesmos que propõem os acordos com as
instituições de outros países. Convém
lembrar que muitos dos nossos
professores fizeram seu doutoramento
fora do país. Eles são, na realidade, os
primeiros atores do processo de
internacionalização da nossa universidade, posto que trazem das instituições onde se formaram, exorientadores, alunos e pesquisadores
para colaboração acadêmico-científica
na Ufal. Concomitantemente, esforçamse na elaboração projetos, captando
recursos para que os nossos alunos
possam ter oportunidade de realizar
estágios ou mobilidade acadêmica em
instituições estrangeiras.
Os técnicos sempre tiveram um
interesse enorme na formação continuada e no aperfeiçoamento da profissão. Há uma demanda enorme nesse
sentido. Infelizmente, as políticas de
financiamento ainda não atendem às
necessidades dessa categoria. Com muito
esforço, conseguimos inserir alguns
poucos servidores técnico-administrativos em nossos projetos. A necessidade de aumentar as oportunidades
para este seguimento é urgente, pois há
uma escassez de técnicos para atuar na
área de relações internacionais. A falta de
pessoal é um problema sério, pois sem
recursos humanos qualificados a
instituição perde muitos oportunidades de
participar de programas e projetos
internacionais, deixando de captar
recursos e de abrir novas oportunidades
para o desenvolvimento da internacionalização.
Com quantas Universidades a Ufal já
tem alguma parceria de âmbito
internacional?
No momento, são 39 Universidades
estrangeiras.
Quem são os atores que dão o passo
inicial para a criação de uma nova
parceria?
Em alguns casos, a iniciativa pode partir
de um professor, de um técnicoadministrativo ou de um aluno. Sendo
assim, avaliamos o impacto institucional e a possibilidade de crescimento daquela proposta que poderá se
tornar uma cooperação mais ampla. Em
outras situações, o interesse parte de
instituições estrangeiras ou de grupos de
pesquisadores que estabelecem um
diálogo com nossos professores e
propõem acordos. Em outros casos, são
instituições financiadores que abrem
editais e sugerem parcerias com países
específicos. Mas, em todas as situações,
é fundamental que a iniciativa esteja
vinculada às unidades acadêmicas ou
administrativas e que apresentem um
horizonte de crescimento e consolidação
institucional.
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POSTAIS
31 OUT
2011
do Conhecimento
ENTREVISTA.com
Quem as financia?
No nosso caso, os órgãos financiadores
mais importantes são o MEC, a União Europeia, a
Capes, o CNPq e o Banco Santander.
Quais são as principais
dificuldades para a elaboração
desses convênios?
A dificuldade maior é quando a
instituição estrangeira impõe contrapartidas
financeiras. Nesse caso, muitas vezes se
torna inviável a assinatura de um acordo, pois
cada país tem leis específicas que tornam
difícil a uniformização de um convênio. Uma
outra situação que é bastante complexa é a
que envolve a inovação tecnológica. Os
documentos necessitam garantir os direitos
da nossa instituição e de nossos
pesquisadores quando se trata de possíveis
patentes.
Antes da Assessoria ser coordenada
por você, quem foram os outros
coordenadores e qual foi a contribuição deles para o desenvolvimento da internacionalização da
Ufal?
A área internacional
ficava
anteriormente restrita a uma coordenação dentro da Pró-reitoria de Pesquisa
e Pós-graduação, que cuidava de alguns
poucos intercâmbios. Durante a minha
gestão como Pró-reitor, o professor
Ricardo Sarmento (à época também
coordenador de pesquisa) assumiu este
setor e ampliou substancialmente as
suas ações até transformá-lo em uma
Assessoria que, à semelhança dos
demais setores nas universidades
federais, passou a funcionar vinculado
diretamente ao Gabinete da Reitora.
Essa mudança foi importantíssima para
o desenvolvimento da área. O professor
Ricardo inseriu a Ufal no Fórum das
Assessorias das Universidades Brasi-
leiras para Assuntos Internacionais,
organizou um evento dessa instituição
na Ufal, elaborou os primeiros editais do
Programa Santander de Bolsas LusoBrasileiras e desenvolveu, com o apoio da
Reitora, várias atividades que foram
fundantes para o crescimento dessa área.
Quais são as expectativas para os
próximos anos? O que há de novo
que deve ser implantado ainda até
2012?
As expectativas são de crescimento, uma vez que o mundo
globalizado exige cada vez mais uma
formação internacionalizada. Além
disso, é da própria natureza da
universidade essa procura constante por
colaboração com instituições de outros
países, posto que os problemas se
tornam cada vez mais transnacionais.
Como já mencionei, o atual programa do
g o ve r n o f e d e ra l “ C i ê n c i a s s e m
fronteiras” é o que há de mais arrojado,
pois garante o financiamento da
mobilidade internacional de um número
significativo de estudantes e professores
das universidades brasileiras. Outras
possibilidades continuarão igualmente
se ampliando com as agências
financiadoras que têm costumeiramente
apoiado a Ufal. A maior expectativa, no
entanto, é que o governo inclua a rubrica
da internacionalização no orçamento das
universidades federais.
Para o início de 2012, está
previsto um curso internacional de
Língua Portuguesa e Cultura Brasileira a
ser oferecido na Ufal para alunos de
diversas universidades mexicanas.
Trata-se de uma primeira experiência
nesse sentido, que será apoiada pelo
Banco Santander, sob a denominação de
Top Brasil. Ainda não há uma definição
sobre o assunto; as propostas estão para
ser avaliadas pelos parceiros envolvidos
no projeto.
Viajar também é preciso...
Manaíra Athayde
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“Navegar é preciso”, escrevera
certa vez o poeta Fernando Pessoa.
Parafraseando o verso, também podemos
dizer que “viajar é preciso”: a certa altura,
viajar torna-se mais do que uma
necessidade acadêmica e/ou profissional,
pois revolve-se no desfrute das diferentes
realidades que estão para além dos nossos
limites diários. Essa simbiose eu só compreendi tempos depois do início de minha
viagem a Portugal, que correspondia à
perspectiva de um intercâmbio cultural de
apenas um semestre em que eu pudesse
angariar importantes vivências. O
intercâmbio acabou se transformando
num projeto de vida.
Um ano depois, optei pela
transferência definitiva para o curso
de Ciências da Comunicação
(Jornalismo) da Universidade do
Porto. O início da graduação na
Universidade Federal de Alagoas foi
importante para solidificar o meu
olhar crítico e construir as minhas
bases acadêmicas, já que no Brasil há
um diálogo maior entre os professores
e os alunos e é possível estabelecer
projetos de investigação com mais
acuidade. Entretanto, o intercâmbio
possibilita a segunda fase da
formação: a experiência cultural, que
está mais circunscrita na mudança de
espaço, de estruturas sociais, de
padrões históricos do que na própria
conjuntura acadêmica. Unir o eixo
teórico que o curso na Ufal me
possibilitou à vivência pragmática da
mobilidade estudantil deu-me uma
importante apreensão da vida.
Vida esta que, alargando o
âmbito universitário, foi completamente
marcada pelas experiências profissionais, primeiro no Jornal Académico do
Porto e na agência online Jornalismo
Porto Net e, depois, na revista
FestMagazine. Esses trabalhos foram
muito importantes porque, além de
adquirir prática profissional e compreender o modo português de fazer
jornalismo, eu percebi que há sempre
espaço na mídia portuguesa para falar
sobre o Brasil porque o povo português é
muito mais próximo de nossa cultura do
que nós somos da cultura dele.
E hoje, mais de três anos depois
do início de minha aventura, já graduada e
no doutoramento, estou na direção de
uma galeria de arte no coração artístico da
cidade do Porto. Como nunca olvidei das
cores, das formas, da essência do meu
nicho primeiro, organizei um projeto para
levar artistas alagoanos a realizar
exposições do outro lado do Atlântico. Não
é por acaso que o intercâmbio nos faz olhar
com maior rigor para o nosso país de
origem, para o nosso seio citadino, e
perceber com maior claridade os
movimentos, as mudanças. Maceió, por
exemplo, é hoje uma cidade com grandes
transformações urbanas que, certamente,
auxiliam a efervescência artística.
Eu vim para Portugal esperando conhecer novas diretrizes
culturais, mas acabei por perceber
que estar fora do nosso país é
aprender ainda mais sobre a nossa
própria identidade, nas suas
perspectivas mais abrangentes. Não
obstante, a internacionalização das
práticas acadêmicas possibilita mais
do que a ampliação do universo
profissional; faculta a aprendizagem
que nos fará olhar para o Brasil com o
respeito que grande parte do mundo
já lhe outorga. Nós, brasileiros,
ironicamente ainda não temos essa
consciência. Somos navegantes de um
oceano de oportunidades e ainda não
nos demos conta disso. Afinal, com o
acirramento dos novos paradigmas
das distâncias e das comunicações,
navegar, ou melhor, viajar é cada vez
mais preciso.
Jalon Nunes, primeiro intercambista do Campus Arapiraca
Bolsistas do Programa
Fórmula Santander
Oficinas culturais enriquecem
a mobilidade estudantil
Selecionados para o Programa de
Bolsas Luso-Brasileiras em 2010
Manaíra organiza exposição em Portugal