Edição de Maio

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Laboratório de DNA Forense: um centro de
referência no Brasil
Joabson Santos
Implantado em 1997 pelo
Professor Doutor em Genética Molecular
da Universidade Federal de Alagoas, Luiz
Antonio Ferreira da Silva, o Laboratório
de DNA Forense da Ufal tem ao longo de
sua história trabalhado com sucesso em
prol da sociedade alagoana. A repercussão desse trabalho se deve ao engajamento da equipe formada por 12
pessoas especializadas.
Graças à eficácia do Laboratório,
que utiliza tecnologia avançada, diversos
casos de pessoas assassinadas e desaparecidas foram elucidados; casos de
estupro também já foram resolvidos; e
investigações de paternidade foram solucionadas. Esse último serviço é prestado de forma gratuita devido a um
convênio celebrado com o Tribunal de
Justiça do Estado de Alagoas.
Estudo Forense
As investigações de paternidade
permitem a muitas mães uma tranquilida-

CURTAS

Trabalho da equipe no Laborarório

de para o recebimento de pensões. “Este
projeto é muito interessante, pois leva
justiça às classes mais carentes”, declara
o Prof. Luiz Antonio ao falar dos testes de
paternidade. Se não fosse a existência
do convênio, muitas pessoas ficariam
impossibilitadas de realizar o teste, já
que o exame particular realizado pelo

Laboratório custa R$400,00. Por mês
são feitos 80 exames, um número que
garante a inexistência de filas de espera.
Alagoas é um dos únicos estados em que
isso ocorre no país.
Para a solução de crimes, o
estudo do DNA pode ser feito em diversos
tipos de amostras como: sangue, osso,
sêmen, saliva, pêlo, urina, dentes e tecido
orgânico. Mas para que os estudos aconteçam de maneira correta, a coleta deve
ocorrer de forma adequada. Para isso,
existe o manual de coleta de amostra
biológica no local do crime e o treinamento
de policiais civis de Alagoas.

do Brasil inteiro, é o que garante o chefe do
Laboratório, prof. Luiz Antonio.
A utilização do Banco deveria ser
feita por instituições como IML, Ong´s,
Delegacias e Conselhos Tutelares. Ao
acessar a plataforma, o usuário efetua o
cadastro da pessoa desaparecida e fica
responsável por alimentá-lo com informações sobre o caso, “pois não temos
como saber se a pessoa retornou ou não
para casa e isso acontece com muita
frequência”, ressalta o coordenador do
Laboratório.

Banco de Dados ajuda na busca de
desaparecidos

O Laboratório de DNA oferece
ainda à população cursos on line de
extensão em coleta de Amostras Biológicas para o estudo de DNA, direcionado a profissionais e estudantes de
saúde e de direito. Ao longo de sua existência, já realizou três cursos de especialização que tiveram a participação de
pessoas de 13 estados do Brasil.

Desenvolvido e mantido pelo Laboratório de DNA Forense da Ufal, o Banco de
Dados de Pessoas Desaparecidas é o único
deste tipo no Brasil. Quando estiver sendo
utilizado para o fim que foi criado, o Banco vai
ajudar pessoas não apenas de Alagoas e sim

Cursos para todos

Por Lenilda Luna

Educação muito além dos limites do campus
Um estudante e seus desafios
Ra f a e l A n d r é d e B a r r o s ,
mestrando em Educação da Ufal, ilustra
bem as oportunidades que são agarradas com força por quem deseja
estudar, mesmo enfrentando adversidades. O jovem, que completou 28 anos
este ano, cresceu no Jacintinho, um dos
bairros mais populosos de Maceió e onde

Rafael André de Barros

EXPEDIENTE

a maioria dos moradores é de classe média
baixa ou vive abaixo da linha de pobreza.
Filho de família pobre, Rafael precisou
trabalhar como ambulante desde cedo no
comércio local, vendendo capas para celular.
Ele cursou o ensino fundamental
numa escola pública do bairro, mas não

teve condições de avançar para o ensino
médio. “Nas horas de menor movimento,
eu colocava o mostruário de lado e
começava a ler um livro, ali mesmo na
avenida”, conta Rafael. Foi numa dessas
leituras que o jovem chamou a atenção de
um empresário, que o ajudou a conseguir
um emprego como frentista de posto.
Com um emprego melhor e acesso
ao computador do posto, Rafael fez o
provão do supletivo e obteve o diploma do
ensino médio, já depois de ter sido
aprovado no vestibular do curso piloto de
Administração a distância, em 2006, na Ufal
e começou a cursar em 2007. “Eu
trabalhava de madrugada no posto, dormia
um pouco e depois seguia para a
universidade, onde comecei a me envolver
com projetos de iniciação científica e bolsa
trabalho”, lembra o universitário.
Com o tempo, Rafael André deixou o
trabalho no posto e se dedicou integralmente
às atividades acadêmicas. “Existem muitas
oportunidades na universidade para quem se
dedica e quer estudar”.
No final de 2010, Rafael André se
formou em Administração, e já tinha sido
aprovado no Programa de Pós-graduação
em Educação da Ufal. “Tudo foi muito
rápido, e quando eu penso na minha vida,
lembro de amigos de infância tão capazes

Postais do Conhecimento, com o tema Universidade e
Comunidade, é o primeiro número de uma coleção comemorativa
dos 50 anos da Universidade Federal de Alagoas, publicada em 2011.
Tiragem: 10.000 exemplares
Ana Dayse Rezende Dorea - REITORA
Eurico de Barros Lôbo Filho - VICE-REITOR
Eduardo Sílvio Sarmento de Lyra - PRÓ-REITOR DE EXTENSÃO
José Roberto Santos - COORDENADOR DE PROGRAMAS DE EXTENSÃO
José Guido D. Lessa da Silva - COORDENADOR DE ASSUNTOS CULTURAIS
Universidade Federal de Alagoas
Endereço: Campus A. C. Simões - Av. Lourival de Melo Mota, s/n. Tabuleiro do
Martins. Cep:52072-970. Maceió-AL
Assessoria de Comunicação (Ascom): 3214-1052
Pró-Reitoria de Extensão (Proex): 3214-1134
Coordenação de Assuntos Culturais: 3221-3122

quanto eu, mas que se perderam no
tráfico ou esgotados em subempregos,
por falta de oportunidades”, comenta
emocionado o mestrando. “Eu saí da
periferia do Jacintinho para estudar na
Universidade Federal de Alagoas. A
Educação salvou a minha vida”, diz Rafael
entusiasmado.
Extensão e outras parcerias para
alunos de todas as idades
Edith Farias

Aos 90 anos de idade, a pediatra
aposentada, Edith Helcies Farias, não quer
saber de ficar parada. Ela participa de um
projeto de terapia holística e este ano se
matriculou na Universidade Aberta da
Terceira Idade, que iniciou as aulas em 2011.
“Viver intensamente cada etapa sempre foi o
meu lema”, ensina a nova aluna da Ufal.
A aposentada se beneficia de
uma das atividades abertas à participação da comunidade. São várias ações
educativas como essa, promovidas pela
Ufal, por meio do Centro de Educação
(Cedu) e a colaboração de diversos parceiros. Os programas e projetos envolvem
segmentos como artes, esporte, saúde, e
atingem públicos de todas as idades,
desde crianças até idosos. Nas áreas
indígenas e nos acampamentos de traba-

lhadores rurais Sem Terra, por exemplo, a
educação é realizada em parceria com os
movimentos sociais.
Atualmente a Ufal também
colabora com a inclusão digital,
formando professores para colocar em
prática o projeto “Um computador por
aluno”, do Ministério da Educação. A
capacitação dos professores de Alagoas
está sendo coordenada pelo Professor
Luís Paulo Mercado.
Além da formação dos educadores alagoanos, o Cedu desenvolve
cerca de trinta projetos de extensão,
além de participar de ações voltadas
para a educação infantil, fundamental,
ensino médio e educação de Jovens e
Adultos.

Coordenação Geral
Márcia Rejane Gonçalves Ferreira MTB 352/AL
Redatores
Lenilda Luna
Rose Ferreira
Joabson dos Santos
Simone Cavalcante
Nicolle Freire
Anna Rodrigues
Diana Monteiro
Jhonathan Pino
Ben-Hur Costa
Tâmara Albuquerque
Edição
Simone Cavalcante
Projeto Gráfico e Diagramação
Jailson Albuquerque

Francisco Oiticica, autor da
foto da capa. A fotografia faz
parte da Série Bandana
(arrasto) que ficou em
exposição na Pinacoteca
Universitária em 2009. Oiticica,
que é artista visual e professor
universitário, lecionou
diferentes disciplinas no Curso
de Comunicação da Ufal. Hoje
realiza exposições fotográficas
e ensina no curso de
Publicidade e Propaganda da
Faculdade Maurício de Nassau.

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Uma casa de apoio e solidariedade
Lenilda Luna
Na casa ampla e arejada, os

O câncer da idosa foi descoberto

pacientes encontram não só um lugar

há quatro anos, na primeira mamografia

tranquilo, depois das difíceis sessões de

que ela teve a oportunidade de realizar. A

radioterapia

e

quimioterapia,

mas

também recebem carinho e uma boa

Paciência e carinho
Aparecida Rodrigues, a Cida, é a

radiografia da mama que permite a

cuidadora da casa. Ela não tem nenhuma

identificação

formação específica na área de saúde,

precoce

do

câncer

é

dose de ânimo para seguir adiante. A

oferecida na rede pública de saúde, e

está até planejando fazer técnicas de

paciência das cuidadoras e a atenção dos

deve

enfermagem, mas tem experiência no

ser

feita

periodicamente

por

voluntários é reconfortante para quem

mulheres acima de 35 anos. Mas dona

cuidado de idosos e de pessoas doentes.

está enfrentando a angustiante luta

Dora só veio a realizar a primeira

A fundadora da casa se refere à Cida com

contra o câncer.

mamografia aos 74 anos.

A Casa de Apoio Antônio Edson

Depois

que

o

muitos elogios e destaca a importância
câncer

foi

dela para os pacientes. “Muitos aqui

Alves foi aberta em 2007, pela iniciativa

diagnosticado, dona Dora já fez duas

chegam tristes, reclamando da sorte,

solidária de um casal de empresários, que

cirurgias. Agora ela realiza as sessões de

aborrecidos com os efeitos colaterais do

prefere ficar no anonimato. Eles procuraram

radioterapia e quimioterapia no Cacon do

tratamento, por isso, nós os recebemos

ficar aqui com minha neta depois de
passar pelo HU”, diz a paciente.

o serviço social do Hospital Universitário,

Hospital Universitário e depois é levada

com palavras de carinho e tentamos

que abraçou a proposta com alegria, já que

para o descanso na casa de apoio, onde

reconfortá-los”, conta Cida.

o Centro de Alta Complexidade em

Cida cuida da idosa com muita paciência.

Oncologia (Cacon) tinha sido inaugurado

Depois

de

quatro

Iracy e Laurita

Apesar de oferecer esse suporte
de

para os pacientes, a casa de apoio precisa

trabalho na casa de apoio, Cida acumula

anos

ainda de mais parceiros, que possam ajudar

em novembro de 2006, mas os pacientes,

amigos e histórias. “É claro que nós

na assistência. “No HU, os pacientes do

principalmente os que vinham do interior,

sofremos, quando perdemos alguém.

Cacon

dispõem

de

assistência

nas

não contavam ainda com um local para o

Mas, na maioria dos casos, estamos

especialidades de oncologia e ainda o

descanso depois do tratamento. A casa tem

acompanhando as curas, e os pacientes

acompanhamento

capacidade para abrigar dez pessoas em

recuperados sempre ligam para dar

psicólogos, mas também seria importante

tratamento, com mais dez acompanhantes.
Na poltrona da sala de estar,

de

nutricionistas

e

notícias e para agradecer o apoio que

contarmos com alguns destes serviços aqui,

receberam”, ressalta a cuidadora.

por isso estamos abertos às parcerias”, diz a

Laurita Pastora, de 78 anos, mais

fundadora da casa de apoio.

conhecida como dona Dora, gosta de

Recuperando a esperança

contar histórias. Nas narrações dela,

Entre

as

necessidades

de

recursos humanos na Casa, a fundadora

personagens improváveis se encon-

Maria Iracy dos Santos, de 60

cita

fisioterapeutas,

psicólogos

e

tram, como Lampião, Maria Bonita, o

anos, é da cidade de Capela, e estava

enfermeiros. “Mas é um trabalho volun-

papa-figo e Getúlio Vargas. “Conheci

começando o tratamento para o câncer de

tário, já que não recebemos recursos

todos eles sim”, afirma a senhora com

mama. Ela admite que teve um momento

públicos. Todo nosso material vem de

bom humor. Mas sobre a doença, ela

em que chegou a pensar em desistir,

doações. O HU ajuda com o transporte e já

não gosta de falar. “Estou nas mãos de

porque não aguentava todos os dias fazer

presta o atendimento aos pacientes, a

Deus e de vocês”, diz dona Dora

Cida, a cuidadora da casa

encerrando a conversa.

a viagem de ida e volta para Maceió. “Com

casa de apoio é um serviço de voluntariado

a casa de apoio fico mais tranquila. Posso

e amor”, diz a fundadora da casa.

Projeto garante geração de renda e inclusão
Rose Ferreira
Profissionais empenhados e
mobilizados. Comunidade tendo
acesso à arte, educação e saúde, e
aprendendo a gerar renda. Multiplicadores de conhecimento. Assim
pode ser definido o Pro-Gerartes,
desenvolvido por profissionais do
Hospital Universitário com moradores do entorno da Universidade.
O projeto piloto teve início em
1992, sob o nome de Materno-infantojuvenil, coordenado por Terezinha
Barbosa, enfermeira do HU. Hoje, ele é
mais abrangente e desenvolve
trabalhos com adolescentes e seus
pais, grávidas e mulheres da comunidade interessadas em aprender uma
atividade que lhes garanta um retorno
financeiro. Terezinha continua à frente
dessa iniciativa que tem transformado,
ao longo desses 19 anos, a realidade de
muita gente.
Foi assim com Rosenilda da

Silva, uma das mais antigas integrantes do Projeto. Moradora do Clima
Bom, ela ingressou nele quando ainda
adolescente, com 15 anos. Engravidou,
teve acompanhamento, e hoje seu filho,
Jackson Williams, tem 18 anos e
também faz parte do projeto. “Foi muito
importante pra ele o curso de
protagonismo juvenil que ele fez aqui,
deu uma nova perspectiva de vida e o
motivou a lutar pelos seus objetivos.
Hoje, ele trabalha como encarregado de
uma empresa de construção. Fazer
parte desse projeto pra mim significa
crescimento em todos os sentidos”,
ressalta Rosenilda que, atualmente,
com sua experiência acumulada, é uma
das coordenadoras do grupo e ministra
cursos de rosa de crepom, bonecas de lã
e fuxico.
Outro exemplo de transformação aconteceu na vida de Luís
Eduardo Cardoso, que começou a

participar das atividades do projeto
em 2000, quando tinha apenas 12
anos. Muito curioso, participava de
todas as palestras oferecidas e logo
foi notado por sua liderança nata e
facilidade de comunicação. Assim,
Terezinha começou a acompanhá-lo
mais de perto e lhe dar responsabilidades, como organização de
eventos e cerimonial.
Hoje, Luís Eduardo tem 23
anos, faz Recursos Humanos em
uma faculdade particular e é
estagiário na Gerência de Ambulatório do HU. “Esse projeto foi de
extrema importância, desenvolveu
minhas faculdades, e me abriu um
leque de possibilidades. O ProGerartes é um verdadeiro caça
talentos”, avalia Luís Eduardo que,
apesar das novas ocupações, continua auxiliando as atividades com a
comunidade.

3

Ilustração Pedro Lucena

Uma rede pelo social
os núcleos temáticos na linha tempo
Longe de ser uma caixa fechada de saberes, a Universidade vem construindo, ao longo de sua existência, vários elos
com a sociedade. Os núcleos temáticos são um dos exemplos dessa permanente interação. Esses grupos aliam a
pesquisa à ação em diferentes frentes de trabalho, contribuindo para o avanço da ciência e a luta pelo bem-estar e a
garantia de direitos sociais, historicamente, negados para a maioria dos alagoanos

Simone Cavalcante
Aintegração entre ensino, pesquisa e extensão é um princípio
da educação superior e está presente tanto no cotidiano da sala de
aula como nos enlaces entre universidade e comunidade. Um desses
laços se estabelece na diversidade de ações dos núcleos temáticos.
São eles que atuam no levantamento de problemas-chave e na
análise, discussão e avaliação crítica dessas questões, aproximando o
conhecimento acadêmico das principais demandas da realidade social.
Na Ufal, a primeira iniciativa que se aproxima dos objetivos
dos núcleos temáticos é o Centro Rural Universitário de Treinamento
e Ação Comunitária. O Crutac, como era chamado, surgiu, em 1972,
no início do reitorado de Nabuco Lopes e pretendia ser uma base de
treinamento pro-fissional para alunos concluintes em diferentes
áreas do conhecimento.
Com sede em Arapiraca, o Centro oferecia um mix de ações,
todas gratuitas e articuladas em parceria com prefeituras
municipais, chegando a abranger uma população total de mais de
130.000 pessoas. Os serviços ofertados incluíam atendimentos
ambu-latoriais de Medicina e Odontologia, asses-sorias nas áreas
de Direito e Economia e palestras educativas.

Com foco no treinamento de estagiários prestes a ingressar no
mercado de trabalho, o Crutac chegou a desenvolver uma iniciativa
pioneira na época: a criação de um alojamento em Arapiraca.
Abrigados num espaço com 25 leitos, os alunos encontravam um
ambiente seguro para a realização de projetos e a prestação de
serviços práticos à comunidade. E uma vez por ano essas ações eram
avaliadas por um conselho comunitário que tinha a liberdade de traçar
novas prioridades e estratégias de interesse geral.
Somente na década de 80, a universidade assiste a uma
explosão dos núcleos temáticos, dentro do modelo que vigora até
hoje. O Núcleo de Desen-volvimento Regional (Neder) inaugura
essa nova fase. O Neder realizava convênios com as prefeituras
de praticamente todas as microrregiões de Alagoas. Esses
acordos incluíam serviços de assessoria jurídica e administrativa,
organização de cursos e seminários sobre temáticas de
abrangência regional, realização de estágios em meio ambiente,
medicina e enfermagem. Assim como o Crutac, esse órgão
possuía várias frentes de trabalho e intensificava o processo de
interiorização da universidade.

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Uma nova forma de dialogar
com a sociedade
A gestão da reitora Delza Gitaí,
no final dos anos 80, teve como política
dar prosseguimento à criação de novos
núcleos temáticos e fortalecer os já
existentes. Baseada no lema “A universidade sai do casulo”, há um esforço
em apagar os vestígios de cerceamento
do regime militar ainda presentes na
universidade e construir pontes democráticas de diálogo com a sociedade. “Os
núcleos eram articulados por professores que se alinhavam com esta visão,
que traziam suas experiências de
ensino, de pesquisa e de prática comunitária, vindos da maioria dos departamentos acadêmicos, e por agentes da
sociedade de modo a compor grupos
organizados de atuação com planejamento e gestão próprios”, relembra a
ex-reitora.
Nessa direção, surgem os
núcleos temáticos sobre o Menor em
Alagoas, Mulher e Cidadania, Energia,
Xingó, Estudos, Pesquisa e Extensão
sobre Alfabetização, Terapias Alternativas, Línguas Estrangeiras, Violência, Informática no Ensino Superior e
Saúde Pública. O Núcleo Estudos, Pesquisa e Extensão sobre Alfabetização,
por exemplo, chegou a desenvolver um
programa amplo na área e organizar,
em 1990, o I Seminário sobre Cidadania
e Alfabetização, tendo a participação
especial do educador Paulo Freire. Para
Delza, “a presença de Paulo Freire
trouxe, além do aprofundamento
científico da questão, sua experiência
como educador popular e, mais ainda, a
esperança de que podíamos fazer muito
para contribuir na extinção (ou
diminuição) do analfabetismo em nossa
Maceió”.
Atualmente, existem 16 núcleos temáticos na Ufal relacionados a
saúde, educação, espaço urbano, tecnologia, agricultura, cidadania. Alguns
deles tiveram de passar por reformulações ao longo dos tempos, mas
sem deixar de lado o compromisso de
buscar respostas às demandas sociais.
Esses núcleos utilizam diferentes meios
de articulação com as comunidades
parceiras – seminários, conferências,
palestras, oficinas, campanhas educativas – e buscam divulgar as reflexões
daí levantadas em pesquisas desenvolvidas sob a forma de publicações
impressas, banco de dados e trabalhos
acadêmicos.
A maioria deles atua no cotidiano
de bairros de Maceió, principalmente
aqueles com estatísticas altas no que diz
respeito aos índices de violência, pobreza
e desemprego. Na área da saúde, os
núcleos Educação Médica (Nusp) e Saúde
Pública (Nemed) desenvolvem diferentes estratégias para a melhoria e o
aperfeiçoamento dos serviços médicos
junto à população. Com o tema da
educação, existem três núcleos em
atividade: Estudo, Pesquisa e Extensão
sobre Alfabetização (Nepeal), Educação
para o Trânsito (Netran) e Educação
Ambiental (NEA).
No âmbito da tecnologia, o
Núcleo de Pesquisas Tecnológicas (NPT)
realiza ensaios científicos e presta
consultoria a empresas do ramo da
Arquitetura e Engenharia Civil; já o
Mestrado em Modelagem Computacional do Conhecimento, criado em 2004,
fruto do antigo Núcleo de Informática em
Educação Superior, o NIES, hoje se
concentra na especialização de novos
profissionais. Na temática da agricultura,
Reflexão Agrária (Nura) debate a
realidade do trabalho no campo e seus
desdobramentos sociopoliticos e econômicos. O Núcleo de Documentação de

Links dos núcleos
NPT
Núcleo de Pesquisas Tecnológicas
Coordenador: Wayne S. de Assis
Tel.: 3214-1287/1721/1722
NEAB
Núcleo de Estudos Afro-brasileiros
Coordenadora: Clara Suassuna
Tel.: 3221-3122/3336-3835
NDAU
Núcleo de Documentação de
Arquitetura e Urbanismo de Alagoas
Coordenadora: Roseline Vanessa
Tel.: 3214-1283
MMCC
Mestrado em Modelagem
Computacional do Conhecimento
(antigo Núcleo de Informática NIES)
Coordenador: Fábio Paraguaçu
Tel.: 3214-1364

O educador Paulo Freire discursa no I Seminário sobre Cidadania e Alfabetização

Arquitetura e Urbanismo de Alagoas
(NDAU) é um banco de dados com
informações sobre o espaço urbano em
diversos suportes, aberto a pesquisadores do Estado.
É muito forte também a atuação
da universidade nas questões referentes à cidadania, área que concentra o
maior número de núcleos: Estudos
sobre a violência em Alagoas (Nevial),
Estudos Afro-brasileiros (NEAB), Assistência Social (Nutas), Mulher e Cidadania (NTMC), de Desenvolvimento
Infantil (NDI), da Criança e do Adolescente (NTCA). O NDI atende hoje
quase 150 crianças, filhos de pais, alunos e técnicos da Ufal, bem como
pertencentes a famílias das comunidades do entorno. É um espaço multidisciplinar que tem contribuído para o
treinamento curricular de novos profissionais nas áreas de pedagogia,
nutrição e psicologia.
Por outro viés, o Nevial estuda a
violência relacionada a cinco linhas de
pesquisa e realiza um fórum de discussão
e pesquisa permanente atrelado ao
Programa Ufal em Defesa da Vida, que já
realizou nove atos de repúdio às diversas
formas de violência. Cada ato funciona
como um alerta, um chamado para o
engajamento da população na busca de
saídas para um problema crônico na
formação cultural de Alagoas.

Maria Cícera Pino numa manifestação
contra a violência promovida pelo
movimento Ufal em defesa da vida

De olho também nos índices de
violência, mas indo além dessa questão,
o NEAB atua nas políticas afirmativas a
favor do negro. O Núcleo realiza cursos,
capacitações e seminários, e publica
textos sobre a temática na revista KuléKulé, tendo como um dos objetivos a
garantia de direitos dos negros em todas
as esferas do mundo contemporâneo.

NTMC
Núcleo Temático, Mulher e Cidadania
Coordenadora: Elvira Simões Barretto
Tel.: 3214-1039
NETRAN
Núcleo de Educação para o Trânsito
Coordenadores: Josileide Carvalho dos
Santos / Manoel Ferreira

Email: mfn@ccen.ufal.br
NURA
Núcleo de Reflexão Agrária
Coordenador: Paulo Décio de Arruda Melo
Tel. 3214-1322 / 1323
NUTAS
Núcleo Temático de Assistência Social
Coordenadora: Therezinha Falcão
Freire
Tel.: 3214-1238
NTCA
Núcleo da Criança e do Adolescente
Coordenadora: Claúdia Malta
Tel.: 3221-3122 /3235-1244

Neab realiza palestra no “I Encontro
Mulheres Replantando o axé, Plantando
História, Ações e Resistências", realizado
na Serra da Barriga em 2011

No interior de Alagoas, o Neder
continua em plena atuação. Sediado em
Arapiraca, o Núcleo possui articulações
nos municípios de Penedo, Viçosa e
Palmeira dos Índios. Para o coordenador
Arnaldo Tenório da Cunha Júnior, “o
compromisso do núcleo é incentivar a
estruturação e operacionalização de
projetos, programas e ações com a
participação da comunidade acadêmica
com o intuito de atender as demandas
nos municípios nos quais a Ufal encontrase inserida”.
Para ele, a transferência recente
do Neder para o Campus Arapiraca,
estreitou os vínculos com a comunidade,
proporcionando um diálogo mais efetivo.
Dentre as conquistas, ele cita um
aumento no número de programas de
extensão no campus do agreste e nos
pólos de Palmeira, Penedo e Viçosa. “É
provável que esse ano iniciaremos
também articulações junto ao campus do
sertão”, ressalta o coordenador.
Em todos esses núcleos há uma
preocupação em refletir e buscar
caminhos melhores num diálogo aberto
com diferentes comunidades. Da primeira iniciativa, o Crutac, a universidade
atravessou períodos de reformulação até
formar uma grande rede de núcleos com
temas específicos. Uma rede interdisciplinar, que integra as ciências e
estuda meios para a superação de
problemas, inquietações e necessidades
da sociedade alagoana.

NDI
Núcleo de Desenvolvimento Infantil
Profª. Pajuçara Maria Marroquim
Tel. 3214-1109
NEMED
Núcleo de Educação Médica
Coordenador: Francisco José P. Soares
Tel. 3322-2344 ramal 2136
NEVIAL
Núcleo de Estudos sobre a Violência
em Alagoas
Coordenadora: Ruth Vasconcelos
Email: ruthvasconcelos@gmail.com
NUSP
Núcleo de Saúde Pública
Coordenadora: Suely do Nascimento
Tel.: 3214-1156
NEA
Núcleo de Educação Ambiental
Coordenadora: Alba Correa
Site: www.nucleo.ufal.br/nea
NEDER
Núcleo de Extensão e Desenvolvimento
Regional
Coordenador: Arnaldo T. da Cunha
Tel.: (82) 3482-1802
NEPEAL
Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão sobre
Alfabetização
Coordenadora: Marinaide de L. Q. Freitas
Tel. 3214-1200

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Projeto Vizinhança: compromisso com a
transformação social
Diana Monteiro
Maria José Alves da Silva tem 42
anos, é mãe de cinco filhos e líder
comunitária no Conjunto Denisson
Menezes, localizado no entorno do
Campus Maceió da Universidade Federal
de Alagoas, onde vivem atualmente mais
de 600 famílias. O laço estreito de Maria
José com a Ufal existe há mais de uma
década. Ela morou na então “Cidade de
Lona”, que ocupou por quatro anos os
galpões da Petrobras, vizinho ao Hospital
Universitário, e participou ativamente,
em 1999, da luta da instituição para a
mudança da situação de miséria daquela
comunidade.
Maria José relembra o período
em que viveu junto com 365 famílias no
local e diz ter sofrido na pele a
discriminação social. “Viver na Cidade de
Lona significava risco para seus
moradores e para a sociedade. Era ser
discriminado no mercado de trabalho por
não ter referência nenhuma, desde a
mais simples, como o endereço postal”,
diz. A maioria das pessoas não tinha
registro de nascimento e nenhum
documento de identificação.
A dura realidade começou a
mudar a partir do “Projeto Vizinhança”,
coordenado pelo Núcleo Temático de
Assistência Social (Nutas), em parceria
com as secretarias municipais de
Habitação e da Assistência Social.
O Nutas foi implantado em 1995 e está
instalado na Faculdade de Serviço Social
da Ufal, sob a coordenação da professora
Terezinha Falcão.
“A articulação da Ufal foi fundamental para a mudança da situação de
vulnerabilidade da comunidade da Cidade de
Lona. Inicialmente o Banco Interamericano
de Desenvolvimento destinou seis milhões de
reais para a construção do Conjunto Denisson
Menezes para atender 565 famílias. Há três
anos foram construídas mais cem casas no
local para as famílias oriundas daregião
lagunar da capital”, diz a assistente so-

Florisnaldo da Silva encontrou no Vizinhança um caminho
para a carreira profissional e a melhoria das condições
sociais da sua comunidade

cial Lúcia Moreira, coordenadora do
Projeto Vizinhança.
O Conjunto Denisson Menezes é
dotado de escola, posto de saúde,
creche, praça, campo de futebol, Centro
de Referência de Assistência Social
(CRAS),
e dispõe ainda de espaços
físicos para atividades que beneficiem à
comunidade. É também
campo de
estágio curricular para o Curso de
Serviço Social.
Além do Conjunto Denisson Menezes, o Projeto Vizinhança tem ações sociais
extensivas às demais comunidades do
entorno do Campus Maceió: Gama Lins,
Lucila Toledo, Santa Helena, Village Campestre II e Cascadura. As ações na Ufal são
coordenadas pelas pró-reitorias de
Extensão e Estudantil, Faculdade Educação

Física e Faculdade de Economia
Administração e Contabilidade.

Acesso à escola aos 11 anos
Florisnaldo Pereira da Silva, 25
anos de idade, estudante do sexto
período do curso de Serviço Social e
residente do conjunto Village II, umas
das comunidades da área de
abrangência do Projeto Vizinhança. Primeiro filho de uma família de sete
irmãos, a vida de Florisnaldo nunca foi
fácil, a começar pelo acesso ao ensino
básico. Conheceu as primeiras letras só
aos 11 anos de idade.
O rapaz é um dos estagiários do
Centro de Referência de Assistência Social no
Conjunto Denisson Menezes e disse que toda

dificuldade para estudar era pela vida
nômade que a família levava. Ao se
estabelecer no Conjunto Village II, a vida dele
começou a mudar. “Fiz o ensino fundamental
no Caic Jorge de Lima, que fica na entrada do
Campus Maceió. Concluí o ensino médio na
Escola Estadual Geraldo Melo Santos,
localizada no Conjunto Graciliano Ramos.
Nunca fui reprovado e passei no primeiro
vestibular”, diz orgulhoso.
O ambiente universitário já era
frequentado por ele para fazer trabalhos
escolares na Biblioteca Central. “O meu
estímulo também foi por viver numa
comunidade extremamente carente e não
se conformar com a ausência total do
poder público. Ao me ver sempre com essa
inquietação, meu pai sugeriu até que eu
escrevesse uma carta ao presidente da
república, mas vi que esse não era o
caminho”, relembra Florisnaldo.
Em vez de lutar somente pela própria causa, ele viu que poderia também
contribuir com a mudança de vida de
outras pessoas. “Percebi também que o
atendimento às necessidades de uma
sociedade deve resultar de projetos, e
resolvi me engajar nas ações promovidas
pelo Projeto Vizinhança”, diz ele.
Hoje, ele se orgulha de trabalhar
com a mobilização comunitária para a
formação de grupos, objetivando fortalecer o conhecimento crítico para modificar a realidade vivenciada pela comunidade. E, por outro lado, dando prosseguimento a sua carreira profissional,
pretende fazer pós-graduação e disputar o
mercado de trabalho.
“Mesmo vivendo com dificuldades,
dois irmãos meus concluíram o ensino médio.
Minha irmã vai disputar uma vaga para o
cursinho Conexões da Ufal e pretende fazer
vestibular para Medicina. Um outro irmão está
concluindo o ensino médio e os mais novos
estão ainda no ensino fundamental”, diz
Florisnaldo, tendo a convicção de que a família
o tem como um exemplo a ser seguido.

Ações
do

Projeto

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Profissionais levam carinho e
alegria ao tratamento de crianças
Tâmara Albuquerque e Rose Ferreira

O leito 2 da enfermaria 1, na
pediatria do HGE, foi o lar da menina
Érica por quase dois anos. Ela tinha uma
síndrome genética chamada Doença de
Pompe e precisava de um respirador
para poder sobreviver. Graças a um
professor de genética da Ufal, que
diagnosticou a doença e iniciou o
tratamento, ela teve melhora do quadro
clínico e obteve alta no final de
novembro de 2010.
Érica permanece ainda em
tratamento e é acompanhada em casa.
“Devido a sua longa permanência nós do
projeto e a equipe da pediatria do HGE
criamos um vínculo com ela e sua mãe,
que às vezes era mais resistente na
participação das atividades desenvolvidas pelo projeto”, conta Maria Edna
Silva, da Facudade de Medicina (Famed)
da Ufal.
Ano passado, o aniversário de
Érica foi comemorado de forma especial,
mesmo durante o internamento. “Nossa
atenção a Érica sempre foi redobrada,
pois ela aparentava sempre uma tristeza
por conta do adoecimento e hospitalização. As duplas de alunos sempre
permaneciam mais tempo na enfermaria
1 por conta dela”, relata a médica.
Quando o aniversário de oito
anos de Érica estava se aproximando, a
mãe da menina procurou a equipe
médica para saber se a data poderia ser
comemorada. “Em reunião com todo o
grupo de alunos, 15 integrantes,
decidimos que iríamos fazer uma grande
festa de aniversário com tudo que ela
tinha direito, bolo, brigadeiros, bolas,
presentes, palhaço, música e tudo o

mais. Procuramos sua mãe para saber se
ela tinha algum personagem que
gostasse, pois seria uma festa temática,
e ela disse que era a “Moranguinho”,
disse Edna relatando os preparativos.
No dia do aniversário, tudo estava preparado. Decoração completa da
“Moranguinho” e até uma boneca com
cheirinho de morango. O serviço de
Nutrição do hospital preparou o bolo e a
festa foi um sucesso. A mãe da Érica
trouxe a irmãzinha da aniversariante e
as tias. A equipe toda da enfermagem do
setor foi convidada e participou. “Brincamos com a palhaça Lili, uma aluna de
enfermagem, cantamos e comemos
muitos brigadeiros”, conta Edna.
A médica explicou que a
motivação da festa não era apenas
recreativa, mas fez parte do tratamento.
“Sabemos que a contribuição do projeto
Resgatar para amenizar o sofrimento
causado pelo internamento e adoecimento das crianças, humanizando este
ambiente por vezes tão hostil, ainda é
pequeno, visto que só estamos no
hospital a cada quinze dias, porém acreditamos que o empenho de cada um que
faz o projeto tem causado um grande
efeito positivo na melhora das crianças”,
pondera Maria Edna Silva.
Edna destaca ainda que, diante
das reações de crianças e acompanhantes, fica clara a importância de
proporcionar entretenimento na hospitalização infantil, possibilitando uma fuga desse ambiente angustiante.
Além dos benefícios para os
pacientes, o Projeto Resgatar conta com
a participação de alunos de vários cur-

sos, o que estimula a formação de
profissionais mais humanizados e
preparados para trabalhar com equipes
multiprofissionais.
Um pouco mais sobre o Projeto
Resgatar
O Projeto Resgatar – Resgatando a Ci-dadania e a Humanização na
Assistência à Crianças e Acompanhantes
dos Setores de Queimados e Pediatria do
Hospital Geral do Estado de Alagoas
(HGE/AL) surgiu inicialmente por iniciativa de 10 alunos do 4º período de
Medicina, após terem passado pela
disciplina de Educomunicação, lecionada
por Maria Edna Silva, durante o curso.
Os alunos apresentaram a
proposta, que foi adequada e enviada a
Pró-reitoria de Extensão da Ufal (Proex),
como projeto de extensão do Núcleo de
Saúde Pública da Faculdade de Medicina.
Após aprovada pela Unidade acadêmica
e pelo centro de Estudos do HGE, as
atividades foram iniciadas em setembro
de 2009.
No segundo semestre de
atividades do projeto, alunos de outros
cursos da Ufal, Uncisal e Fits começaram
a participar. Atualmente o grupo é
formado por 15 alunos dos cursos de
Educação física, Enfermagem, Terapia
ocupacional, Medicina, Nutrição, Serviço
Social, Psicologia e Fisioterapia de quatro instituições de ensino superior.
O objetivo do projeto é desenvolver estratégias de promoção de saúde
por meio de atividades educativas com
grupos de acompanhantes e pacientes

dos setores da Pediatria e Centro de
Tratamentos de Queimados, informar
aos internos e seus familiares sobre os
direitos deles e proporcionar a formação
de vínculos entre estudantes, profissionais, pacientes e acompanhantes,
contribuindo para humanizar a assistência às crianças.
Ressaca do Carnaval
Depois do carnaval, em 2011, o
som das marchinhas carnavalescas e os
adereços coloridos alegraram a tarde
das crianças internadas no Hospital
Geral do Estado. A ressaca do Carnaval
foi promovida pelo projeto Resgatar, na
pediatria e observação pediátrica.
Também teve confecção de máscaras,
boi de Carnaval, pinturas e apresentação
teatral.
Para Franciele Costa, de 11
anos, que está internada no HGE, vítima
de atropelamento, a ressaca de Carnaval
foi uma oportunidade de ficar feliz
mesmo estando hospitalizada. “Estou
adorando a festa e a confecção de
máscaras e boi; o meu já está quase
pronto”, contou a menina.
As ações realizadas pelo
Resgatar buscam trabalhar a questão
lúdica aliada à educação em saúde,
tendo como foco o paciente e o acompanhante. Na ocasião, a temática discutida foi o perigo do consumo de
bebida alcoólica no trânsito. “Buscamos sempre trazer um enfoque informativo nas datas comemorativas. Na
Páscoa, iremos falar sobre a saúde
bucal”, adiantou Maria Edna Silva.

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A comunidade entra na roda de capoeira
Ben-Hur Bernard

Mestre Tunico numa aula com crianças

Muitas são as expressões
culturais que auxiliam no desenvolvimento da educação, integram a
academia e a comunidade, valorizando a cultura popular e a prática da
atividade física. Um dos exemplos
mais completos é a capoeira. Dentro
da Ufal, O Núcleo de Estudos AfroBrasileiros (NEAB) e o Laboratório da
Cidade e do Contemporâneo (LACC)
atuam em boa parte das ações em
torno dessa prática.
O projeto Ações Afirmativas
Através da Capoeira existe há 10
anos, com a liderança do mestre
Tunico, adepto da capoeira de Angola.
Por meio dos professores Rachel
Rocha e Moisés Santana (ex-diretor
do NEAB), Tunico passou a ministrar a
capoeira no Espaço Cultural Universitário. Inicialmente, as oficinas eram
realizadas junto aos alunos de Teatro
e hoje tanto a academia como a comunidade se beneficiam desse projeto de extensão. Segundo o mestre,
o NEAB e o Laboratório da Cidade e do
Contemporâneo (LACC) foram
imprescindíveis, pois auxiliaram na
manutenção do projeto com a
inscrição em editais.
Aos poucos, a capoeira acabou se desdobrando como um curso
permanente. No ano passado, foi realizado, sob a coordenação do LACC, o
projeto Ações Afirmativas Através da
Capoeira na Promoção da Saúde,
destinado a mestres que atuam em

Alagoas, e aprovada a iniciativa Vem
pra Roda Você Também no edital
Vivências de Arte, da Pró-Reitoria
Estudantil (Proest).
Seguindo a tendência de
expansão, o NEAB também apoia
outras iniciativas, como a Capoeira
para Acadêmicos: Desenvolvimento
de Repertórios Comportamentais
para Afirmação Social, realizada no
Polo de Palmeira dos Índios, com
orientação do professor Gérson Alves
e atuação do mestre Celso Palito. No
projeto estão envolvidas cerca de 40
pessoas, entre alunos, professores,
indígenas e a comunidade circunvizinha. O objetivo é formar
educadores populares aptos a
trabalharem com grupos. “Vivemos
um novo momento histórico. Todavia,
o preconceito fora da academia
vivenciado por muitos alunos ainda é
grande”, confessa Gérson Alves.
Embora conhecida por muitos
como uma arte marcial brasileira, a
capoeira vem sendo valorizada na Universidade, principalmente, com o
intuito de preservar o conhecimento
popular, a fim de se estabelecer novas
formas de promover a cultura e a
educação. “A resistência em manter a
capoeira é muito pessoal, é preciso que
as pessoas abram os olhos para ver a
importância dessa prática”, argumenta
mestre Tunico. Nesse sentido, investir
no poder pedagógico da capoeira é de
fato uma luta.

Roda de Capoeira do Grupo

Educação Ambiental: a experiência do NEA
e a juventude de meio ambiente
Maria Alba Correia da Silva*
De Estocolmo-Suécia (1972) a
Rio 92 e Joanesburgo-África do Sul
(2002), as agendas políticas do conjunto
dos países alçam a educação à condição
de estratégia da sustentabilidade
ambiental. No Brasil, a Lei 9.795/99
indica a inserção da educação ambiental
na transversalidade de políticas e
saberes, desde o currículo escolar contextualizado e interdisciplinar
Em 2012, o Rio de Janeiro abrigará
a Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável – a Rio + 20,
formando um cenário renovador do engajamento de líderes mundiais nas questões
que abalam a sociedade e o planeta.
Nesse contexto, o Núcleo de
Educação Ambiental (NEA/Ufal), desde
1997, desenvolve ações, no modo da
parceria, com foco na escola pública
situada em unidades de conservação e
bacias hidrográficas. Inicialmente, o
NEA integra a intervenção da Ufal
(1998-2002), na área da UHE Xingó,
formando um coletivo de educadores
(250 professores em quatro municípios
de Alagoas e Sergipe).
Com o apoio da Pró- Reitoria de
Extensão e da Pró-Reitoria Estudantil
(Proex-Proest), situam-se na APA do
Catolé e na Bacia do Pratagy, dois dos
projetos do NEA/Ufal, conduzindo expe-

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Crianças aprendem a plantar
espécie da Mata Atlântica em
visita ao Arboretum na Ufal

riências socioambientais e acadêmicas.
Pela Educação a Distância (EAD), a
formação de professores vai ao Complexo Lagunar Mundaú Manguaba e à
Bacia do Rio Mundaú. A Sala Verde
(2004), parceria MMA-Ufal, implanta
espaços educacionais e informacionais,
por duas vertentes: Biblioteca Sala Verde
e a Página do NEA na Internet, cultivando uma rede de relações, a inclusão
digital e a produção acadêmica.
São atividades de ensino pes-

quisa e extensão que aproximam professores e alunos das escolas,
incentivando o desenvolvimento de atividades pedagógicas, levando a
educação ambiental à sala de aula e à
comunidade, na articulação dos saberes
das disciplinas que integram o currículo
escolar, buscando inserir a dimensão
ambiental da educação no Projeto
Político Pedagógico da escola.
O esforço integra políticas de
juventude e meio ambiente, por entre
contradições de sua realidade. Alvo da
exclusão social e do consumo predatório
e, ao mesmo tempo, aberta ao mundo
da mídia e das tecnologias, sob o ideário
ecológico, a juventude impõe desafios
ao modelo de desenvolvimento,
inserindo-se no cenário ambiental
brasileiro, formulando políticas, atores
das causas ambientais – Coletivos Jovens de Meio Ambiente (CJ).
Desde 2005, o CJ/Ufal aglutina
estudantes de diversas unidades acadêmicas e, articulado ao CJ/AL, expande
a experiência para diversas regiões do
Estado. Os cursos de formação (em
2011, sua quinta edição alcança 200
alunos de 20 cursos da Universidade)
iniciam a experiência, continuando na
produção acadêmica, junto a escolas e
comunidades.

O CJ expressa uma militância
de compromisso e ética em defesa do
meio ambiente. Os princípios, “jovem
educa jovem” e “uma geração aprende
com outra geração”, integram sua metodologia – A Oficina do Futuro – compondo a Carta das Responsabilidades
entregue a cada ano à Administração,
com propostas à gestão ambiental da
Ufal.
Neste ano de 2001, o CJ/Ufal
em articulação com o CJ/AL organizam o
Encontro Estadual de Juventude de Meio
Ambiente, em Maceió.
No cenário da Rio + 20, o NEA
marca os 50 anos da Ufal, buscando o
fortalecimento de suas ações em favor
do meio ambiente.

*É professora da Ufal e Coordenadora
do Núcleo.

Site do NEA
http://www.nucleo.ufal.br/nea
                
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