Edição de Julho

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do Conhecimento

Graduação: avaliação e reconhecimento
Lenilda Luna
A ampliação quantitativa de
vagas no ensino superior deve ser
acompanhada pela qualificação dos
cursos. Desde 2004, o Sistema
Nacional de Avaliação (Sinaes) tem sido
aplicado nas várias instituições de
ensino superior para que os cursos
sejam periodicamente reavaliados.
“Esta é uma alteração significativa, já
que antes os cursos eram reconhecidos
e o credenciamento era permanente.
Agora são ciclos avaliativos a cada três
anos para os cursos e a cada 5 anos
para as universidades”, explica Maria
Antonieta Albuquerque, coordenadora
da Comissão Permanente de Avaliação.
A recém-formada assistente
social, Ana Paula Morais, se preocupa
pelo fato de o curso que ela fez ainda
não estar reconhecido. “É complicado,
pois pretendo fazer mestrado e muitas,
senão todas as instituições de ensino,
exigem curso reconhecido pelo MEC, e
também quero fazer concurso público”,
diz Ana Paula.
Segundo Maria Antonieta, o curso
de Serviço Social, no qual Ana Paula se
formou, vai passar pela primeira avaliação
em outubro deste ano. “As coordenações
dos novos cursos deram entrada no
processo dentro do prazo e, por isso, os
alunos estão cobertos pela portaria n. 40,
que garante a participação em concursos e
na pós-graduação até que o curso seja
oficialmente reconhecido”, explica a
coordenadora da CPA.

Cursos mais antigos também
estão sendo reavaliados. No início de
julho, a Pró-reitoria da Graduação recebeu
o relatório de avaliação do curso de
Comunicação Social- Jornalismo, elaborado pela Comissão de Avaliação do Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Nacionais
(INEP/MEC), que vistou o curso no período
de 26 a 29 de junho. Após avaliar o projeto
pedagógico, o corpo docente e a infraestrutura do curso, a comissão sugeriu o
conceito 3, indicando a renovação do
reconhecimento do curso, apesar de
apontar alguns problemas que precisam
ser corrigidos, principalmente com relação
à infraestrutura, como laboratórios, salas
de aula e acervos da biblioteca considerados insatisfatórios.

Maria Antonieta

responsável pelo curso assina um
protocolo de compromisso, no qual
se prontifica a corrigir os problemas
e cumprir as exigências do MEC",
explica a coordenadora.
Até o final do semestre, todos
os cursos criados em 2006 no Campus
Arapiraca devem ser avaliados. No
Campus Maceió, os próximos cursos a
serem avaliados pela primeira vez são
Engenharia Ambiental e Dança. Já os
alunos dos cursos de licenciatura e
engenharias do Campus do Sertão
terão sua primeira participação no
Enade este ano e apenas em 2013 os
cursos serão avaliados.
“Não temos processos pendentes ou fora do prazo na Ufal. A
avaliação está seguindo o ritmo
determinado pelo MEC. Ainda temos
muito o que melhorar, principalmente
em cursos como Psicologia,
Agronomia e Medicina Veterinária,
que têm problemas de infraestrutura
essenciais, como laboratórios e o
hospital, mas estamos avançando
para ampliar vagas no ensino superior
com qualidade, neste Estado onde a
universidade cumpre uma missão
fundamental para o desenvolvimento”, conclui Maria Antonieta.

"Os relatórios produzidos
pela comissão não têm caráter
punitivo. Caso a Sesu não aceite o
conceito indicado, a instituição

IGC: indicador de qualidade
O IGC é um indicador de qualidade construído com base numa média
ponderada das notas dos cursos de

graduação e pós-graduação de cada
instituição. Assim, sintetiza num único
instrumento a qualidade de todos os
cursos de graduação, mestrado e
doutorado da mesma instituição de
ensino. Divulgado anualmente, o
resultado final do IGC é expresso em
valores contínuos (que vão de 0 a 500) e
em faixas (de 1 a 5). Notas 1 e 2 são
consideradas insatisfatórias.
O indicador orienta as visitas
in loco dos avaliadores do Inep,, além
de informar a sociedade sobre a
qualidade das instituições. De acordo
com o ministro da Educação, Fernando
Haddad, o IGC está cumprindo a
função de diminuir as distâncias entre
instrumentos de avaliação objetivos e
as visitas in loco de especialistas às
instituições. “As avaliações in loco
vêm confirmando os indicadores
apontados pelo IGC”, disse. Segundo
o ministro, o indicador permite aos
avaliadores in loco aferir as deficiências apontadas na avaliação objetiva.
Caso as visitas dos especialistas confirmem o resultado do IGC, as
instituições com notas inferiores a 3
têm prazo para recorrer desse
resultado. Mantida a nota baixa, a
instituição não poderá abrir novos
campi, cursos ou ampliar vagas em
cursos existentes até resolver os
problemas indicados, mediante
termo de saneamento firmado com a
Secretaria de Educação Superior.

Ampliação de vagas com qualidade
A assistente social Ana Paula
Morais formou-se na segunda turma do
curso de Serviço Social da Unidade de
Ensino de Palmeira dos Índios, Campus
Arapiraca, no início deste ano. Para ela, a
interiorização foi muito importante,
porque permitiu o acesso ao ensino
superior de estudantes do interior do
Estado que não teriam condições de
estudar na capital, mas ainda é
preciso melhorar muito. “Por trás de
um curso existe uma demanda de
condições estruturais que dependem
de investimento, professores, compromisso e qualidade. O Campus
Arapiraca ainda passa por mudanças
estruturais que ainda não se concretizaram, o que prejudica a formação do
aluno”, avalia a ex-aluna.

A avaliação crítica da formanda é
importante para sinalizar os investimentos que são necessários na melhoria dos
cursos; por isso, o MEC estabelece uma
processo de acompanhamento. Para
ofertar um curso, as universidades
federais não precisam de autorização do
MEC, porque têm autonomia de funcionamento, mas precisam informar a nova
oferta, para que seja feita a supervisão,
avaliação e, depois, o reconhecimento.
Nos últimos anos, a Ufal ganhou
vários cursos novos. A partir de 2006,
foram 16 cursos abertos no Campus
Arapiraca, que formaram as primeiras
turmas no ano passado. Em 2010, mais
três cursos foram aprovados para o
turno noturno.

No Campus do Sertão, foram
ofertados, a partir de 2010, oito cursos. Já
no Campus Maceió, em 2010, foram
ofertados mais quatro cursos de graduação: Engenharia de Petróleo, Engenharia de
Computação, Design e Química Tecnológica
e Industrial. No total, são 76 cursos de
graduação presenciais.
A coordenadora dos cursos de
graduação da Ufal, Elza Maria da Silva, diz
que todas as metas do Programa Reuni
relacionadas à ampliação de vagas na área
de graduação já foram atingidas antes do
período determinado. “Essa ampliação era
para ocorrer até 2012, mas as metas
propostas foram atingidas pela
Universidade Federal de Alagoas no terceiro
ano do programa”, afirma Elza.

Postais do Conhecimento, com o tema Um mapeamento da
Graduação, é o terceiro número de uma coleção comemorativa dos
50 anos da Universidade Federal de Alagoas, publicada em 2011.
Tiragem: 10.000 exemplares
GESTÃO
Ana Dayse Rezende Dorea - REITORA
Eurico de Barros Lôbo Filho - VICE-REITOR

Coordenação Geral
Márcia Rejane Gonçalves Ferreira MTB 352/AL
Redatores
Lenilda Luna
Rose Ferreira
Diana Monteiro
Jhonathan Pino

Universidade Federal de Alagoas
Endereço: Campus A. C. Simões - Av. Lourival de Melo Mota, s/n. Tabuleiro do
Martins. Cep:52072-970. Maceió-AL
Assessoria de Comunicação (Ascom): 3214-1052
Pró-Reitoria de Extensão (Proex): 3214-1134
Coordenação de Assuntos Culturais: 3221-3122

Edição
Simone Cavalcante
Projeto Gráfico
Jailson Albuquerque
Diagramação
Marseille Lessa
Revisão
Rose Ferreira

www.ufal.edu.br
ascomufal@gmail.com

Fotografia
Manoel Mota

Acervo do artista

EXPEDIENTE

Colação de grau da primeira turma de
Serviço Social da Unidade de Palmeira

Ricardo Lêdo
O artista visual Ricardo Lêdo
capta na paisagem de Santana
do Mundaú, interior de
Alagoas, a imagem do mapa do
Brasil. O que era fruto de uma
reportagem virou obra principal
da exposição Relevo [o que é
relevante?], exposta na
Pinacoteca Universitária em
2011.

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do Conhecimento

Iniciação científica de A a Z
Jhonathan Pino

Pibic, Pibiti, Pibid, Pet, TCC e tantas
outras siglas acabam confundindo a
cabeça de inúmeros estudantes nos seus
primeiros anos de universidade. Se elas
foram feitas para facilitar suas vidas,
muitas vezes acabam virando uma sopa
de letras indecifráveis, capazes de
provocar uma verdadeira indigestão
p a ra m u i t o s e s t u d a n t e s . C o m o
resultado, muitos ficam se perguntando
qual seria a fórmula para desvendar esse
emaranhado de letras. A resposta
muitas vezes vem com uma palavrinha
bem conhecida entre os pesquisadores:
o "orientador". Elemento presente em
todas as siglas citadas acima, o trabalho
do professor/orientador está presente
na vida de qualquer estudante. É através
dele que se iniciam as investigações
científicas e a produção do
conhecimento na graduação.
Com a adesão da Ufal ao Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação
Científica (Pibic) em 1990, a
Universidade entrou num ritmo
crescente de produção científica.
Buscando promover uma ênfase
científica aos novos talentos, o programa
é liderado por um professor/orientador
para desenvolver pesquisas em suas
áreas de interesse. Para isso, o professor
conta com o apoio de bolsistas financiados
por entidades, como o Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), a Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas
(Fapeal) e a própria Ufal. Atualmente, a
universidade alagoana conta com 475
bolsas do Pibic e outras 25 bolsas do
programa voltadas para alunos cotistas –
Pibic Ações afirmativas.
A Ufal também é uma das pioneiras em
uma nova categoria de iniciação científica.
Trata-se do Programa Institucional de Bolsas
de Iniciação em Desenvolvimento
Tecnológico e Inovação (Pibiti), que é voltado
para pesquisas aplicadas ao
desenvolvimento tecnológico e processos de
inovação. "Esse programa teve início na Ufal
em 2007, em conjunto com outras 20
instituições do país. Mesmo sendo um
programa jovem, já mostra seus ótimos
resultados, pois através dele já foram
depositadas patentes", ressalta Sílvia Uchôa,
coordenadora de Pesquisa da Pró-reitoria de
Pesquisa e Pós-graduação (Propep).
De acordo com a professora, a
política de pesquisa na Ufal é
desenvolvida tanto por meio do
rastreamento das linhas existentes nas
pós-graduações da Universidade, como
das próprias demandas da sociedade.
"Para que elas sejam desenvolvidas, os
alunos são orientados pelos professores,
que geralmente estão inseridos em suas
pós-graduações. As pesquisas acabam
servindo como vetor para a inserção do
aluno no mestrado", enfatiza Sílvia.
Um exemplo do acompanhamento
inicial do aluno desde o seu primeiro
ano de graduação é a Bolsa de Iniciação
Acadêmica (BIA), na qual os primeiros
colocados das grandes áreas no
vestibular são contemplados com
bolsas e recebem orientação desde o
primeiro dia de aula.

Metodologia Científica e TCC auxiliam
estudantes para etapas posteriores
Para preparar melhor os alunos no
início de suas carreiras acadêmicas, as
universidades pensaram em algumas
disciplinas que facilitassem a descoberta
desse novo mundo: a mais conhecida
delas é a Metodologia Científica.

Victor faz troca de experiências em festivais, como o Produto
Instrumental Bruto, realizado em São Paulo

Magnólia Rejane, que começou a
ministrar essa disciplina em 2010, no
curso de Comunicação Social, revela a
importância dela para o desenvolvimento
de projetos: "Ela é fundamental, porque
explica o contexto de produção do
conhecimento científico, orienta sobre as
normas dos trabalhos acadêmicos e as
formas de cooperação entre os cientistas,
suas associações e os órgãos de
fomento", diz a professora.
Magnólia sabe bem do que está
falando, pois há mais de 30 anos iniciou suas
investigações como aluna dos cursos de
graduação de Letras e Jornalismo. Desde
então, já participou de vários projetos de
pesquisa e ajudou na construção de
trabalhos de dezenas de bacharéis, mestres
e doutores. Um desses trabalhos foi a tese
de Doutorado do também professor do curso
de Comunicação Social, Almir Guilhermino,
que teve sua tese "Dom Casmurro: a
encenação de um julgamento", publicada
pela Edufal em 2008.

Magnólia Reejane tem uma
experiência de trinta anos de pesquisa

Mas não só os trabalhos científicos de
doutores que são publicados na
Universidade. Por meio de um edital do
Programa de Incentivo à Publicação
Estudantil, promovido pela Pró-reitoria
Estudantil em 2010, alunos de graduação
tiveram a oportunidade de tornar mais
conhecidos o resultado dos seus Trabalhos
de Conclusão de Curso (TCCs). Este ano, 18
artigos selecionados pelas Unidades
Acadêmicas serão reunidos em uma só obra,
que será lançado pela Edufal na realização
da V Bienal do Livro de Alagoas, em outubro.
O temido TCC é a última etapa do
estudante na graduação. Trata-se de
um componente curricular obrigatório
na Ufal desde 1994 e é última etapa do

aluno na graduação. "O trabalho faz parte da
produção de um conhecimento mais
elaborado pelos graduandos", ressalta Elza
Maria, coordenadora de cursos de graduação
da Pró-reitoria de Graduação (Prograd).
De acordo com Elza, o TCC deve ser
capaz de mostrar aquilo que foi
investigado durante o curso. "O aluno tem
que pensar sobre 'o que é que no curso que
eu estudei me interessa como área de
investigação?', para que ele não faça
apenas uma mera reprodução dos autores,
mas contribua de forma criativa para a
reflexão da sociedade naquela área de
estudo", declara Elza.
Mas o que parece simples, às vezes
deixa dúvidas; principalmente, na hora de
escolha do tema e do orientador, como
aconteceu com Sâmella Velez, que é aluna
do oitavo período de Relações Públicas e
está iniciando o seu TCC. "Colocar a mão
na massa, fazer mesmo, faz pouco tempo.
Mas, penso no meu TCC desde o quinto
semestre, buscando um tema com o

Professora Elza Maria - Prograd

qual eu pudesse me identificar. Acho que
essa é a pior parte: descobrir sobre o que
estudar é o pesadelo de muitos estudantes e
foi o meu também, por muito tempo. Até
chegar ao tema escolhido confesso que
mudei umas quatro vezes", relata Sâmella.
A professora Magnólia ainda aponta outros
entraves para o aluno na hora de fazer o TCC,
"acho que a expressão oral e escrita são
empecilhos; a adequação às nomas e protocolos
da pesquisa também não são fáceis. Mas aos
poucos, os alunos aprendem a se ajustar ao
mundo sistemático da ciência", acrescenta tia
Mag, como é conhecida por alguns alunos.
A professora acrescenta que existem
alguns atalhos que ajudam ao aluno superar
essas dificuldades: "o melhor caminho é a

experiência de iniciação científica. Infelizmente,
nem todos têm essa oportunidade. Então, o que
se pode fazer é estimular as leituras
especializadas, estudos dirigidos e a participação
em eventos científicos da área", explica.
Conforme Elza Maria, esse 'bichopapão' já não é tão assustador assim para os
estudantes da Ufal. "No começo sentíamos a
dificuldade dos alunos na sistematização do
conhecimento, daí alguns professores se
preocuparam em construir um material que
servisse para ajudá-los a pensar sobre o que
eles poderiam investigar", relata Elza.
Sendo também responsáveis pela
normatização dos TCCs, os colegiados de
cursos pensam na melhor forma para a
construção e apresentação dos trabalhos dos
alunos. Por isso, alguns cursos dão
características diferentes ao TCC: a depender
dos cursos, o trabalho pode ser uma
monografia, artigo ou intervenção acadêmica.
"Para algumas áreas, o TCC tem se
configurado em um conteúdo mais vivenciado
pelos alunos, e os órgãos avaliadores dão
maior atenção a isso. A gente precisa dar
respostas aos problemas locais. Por isso, a
necessidade de elaborar trabalhos científicos
voltados para a realidade local" ressalta Elza.
Elza ainda destaca que, apesar de não ter
como foco a pesquisa, projetos como o
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à
Docência (Pibid) e o Programa de Educação
Tutorial (Pet) também auxiliam os estudantes
na construção do TCC. Alguns deles trabalham
agregando o conhecimento adquirido na
Universidade às práticas do ensino, como é o
caso do Pibid; ou com a união de ensino,
pesquisa e extensão, como é o caso dos Pets.
"Fazer coletivamente o que se gosta é
fórmula para o sucesso na pesquisa"
Independente do programa, todos os
projetos funcionam a partir de grupos de
pesquisa, cuja definição do CNPq resume-se em
um conjunto de indivíduos organizados
hierarquicamente, através de uma, ou duas
lideranças, com o intuito de trabalhar e
compartilhar experiências em torno de uma linha
de pesquisa. Foi a partir do grupo "Comunicação,
Cultura e Música Popular Massiva", liderado pelo
professor Jeder Janotti, que Victor Almeida iniciou
os seus estudos sobre as transformações da
produção, circulação e consumo da música em
mercados de nicho segmentados.
A experiência de um ano de Victor no
projeto de pesquisa Metodologia de Análise da
Música Popular Massiva fez com que o estudante
ganhasse base teórica para desenvolver seu TCC,
como também entrar no Mestrado da
Universidade Federal de Pernambuco. "Foi
através do projeto e do grupo de pesquisa que eu
construi toda a base teórica que eu tenho hoje e
aprendi a pensar a música sobre o viés da
comunicação. Foi por isso que acabei
enveredando pelo campo da pesquisa. Daí para o
TCC, projeto de mestrado e participação em
congressos foi um pulo. Quando a gente faz o que
gosta e acredita, as coisas acontecem
naturalmente", ressalta Victor.
A partir dos trabalhos desenvolvidos
na Universidade, foi possível a Victor lançar
o e-book "Dez Anos a Mil: mídia e música
popular massiva em tempos de internet" e
organizar eventos como o Encontro Nacional
de Pesquisadores em Comunicação e
Música, que aconteceu em dezembro de
2010 em Maceió e reuniu alguns dos nomes
de maior expressão da pesquisa da área.
"Meu orientador, Jeder Janotti, tem
uma parte fundamental na construção
disso tudo. Foi ele que me apresentou o
campo de estudo e me mostrou as
possibilidades. Acho que a grande
contribuição dele foi montar o grupo de
pesquisa e permitir as trocas de
experiências e informações entre o pessoal
envolvido. Creio que os trabalhos são
individuais, mas as reflexões são sempre
coletivas dentro do grupo e Jeder tornou
isso possível", lembra Victor.

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São José da Lage

Campus
do Litoral

Mata Grande
União dos
Palmares

Campus
do Sertão

Unidade
Santana do
Ipanema

Delmiro
Gouveia

Unidade
Viçosa

Unidade
Palmeira
dos Índios

Atalaia
Major Isidoro

Piranhas

Pão de
Açúcar

Campus
Arapiraca

Olho D’água
das Flores

Rio
Largo

Campus
Maceió

São Miguel
dos Campos

Traipu

Coruripe

Unidade
Penedo

Polos UAB

Interiorização transformando Alagoas
A implantação dos Campi Arapiraca e do Sertão tem demonstrado que a promoção do
conhecimento científico voltado às demandas locais são imprescindíveis para o crescimento
social, econômico e cultural das regiões agrestina e sertaneja. Considerada vetor de
desenvolvimento do Estado, a Ufal já tem pronto o projeto do Campus do Litoral, que contempla
a região norte e reforça o seu compromisso com a sociedade

Diana Monteiro
José Antônio de Albuquerque Filho foi o primeiro aluno do Campus Arapiraca a
colar grau, marcando um momento histórico na Universidade Federal de Alagoas,
consolidado em 2010 e iniciado em 2006 com a aprovação de José, que é deficiente
visual, para o curso de Serviço Social da Unidade de Ensino de Palmeira dos Índios.

docentes e 70 servidores técnicos–administrativos, efetivando assim, suas atividades
nas áreas de ensino, pesquisa e extensão.
Essa realidade do primeiro campus de interiorização presencial tem tido reflexo
significativo na avaliação positiva de seus cursos, fruto de um corpo docente qualificado

A vida do alagoano José começou a mudar a partir da interiorização da Ufal, e

e de projetos acadêmicos inovadores em sintonia com as novas exigências do mundo

o conhecimento adquirido como aluno da graduação, sem dúvida, foi uma

contemporâneo. Vale destacar as importantes parcerias locais, regionais, nacionais e

importante contribuição para sua aprovação em um concurso público em sua área,

internacionais voltadas para o desenvolvimento do Agreste de Alagoas, que

na prefeitura de Aracaju (SE), garantindo dessa forma a inserção no tão sonhado

contemplam diretamente 37 municípios da região.

mercado de trabalho.
O exemplo de José consolida uma realidade pensada, implantada e conduzida

Integram atualmente o Campus Arapiraca os seguintes cursos de graduação:
em Arapiraca – Administração, Administração Pública, Agronomia, Arquitetura e

pela gestão atual da única instituição federal de ensino superior de Alagoas que mantém

Urbanismo, Biologia (Licenciatura), Ciência da Computação, Educação Física,

em pleno funcionamento, desde 2006, um projeto crescente de inclusão, expansão e

(Licenciatura), Enfermagem, Física (Licenciatura), Letras (Licenciatura), Matemática

inovação, atendendo a uma demanda potencial por ensino superior do interior, o que

(Licenciatura), Pedagogia e Química (Licenciatura) e Zootecnia; na Unidade de Palmeira

representa 68,5% da demanda estadual. Um projeto para a formação superior com

dos Índios - Psicologia e Serviço Social; na Unidade de Penedo - Engenharia de Pesca e

qualidade, visando o desenvolvimento social, econômico e cultural do Estado e já

Turismo; e na Unidade de Viçosa, Medicina Veterinária. Atualmente, estão em pleno

contemplando as regiões Agreste e do Sertão.

desenvolvimento os cursos de pós-graduação lato sensu em Ensino de Filosofia e na

Ao completar cinco anos em setembro de 2011, o Campus Arapiraca vem

modalidade a distância em Gestão Pública, Gestão Pública Municipal e Gestão em

consolidando suas ações acadêmicas e administrativas na sede Arapiraca e nas três

Saúde. Está em processo de aprovação no Consuni o curso de Especialização em Saúde

Unidades de Ensino - Palmeira dos Índios, Viçosa e Penedo – mantendo em pleno

Coletiva e Ambiente, em Arapiraca, e para Palmeira dos Índios já está aprovado e no

funcionamento 19 cursos de graduação, que envolvem atualmente 7.140 alunos, 190

aguardo do edital a Especialização em Direitos Sociais e Gestão dos Serviços Gerais.

Campus do Sertão: compromisso com o semiárido
começará a ser parcialmente ocupada pela comunidade
acadêmica e administrativa. Com investimento de cerca de
oito milhões de reais, a previsão de conclusão do prédio está
prevista para 2012. O projeto, elaborado inicialmente pelo
professor e arquiteto Jorge Marcelo, vem sendo conduzido e
ajustado pela equipe de engenheiros e arquitetos da
Superintendência de Infraestrutura da Ufal.
Segundo a superintendente Aline Barboza, o
prédio é diferenciado por ter tecnologia sustentável,
separação de águas servidas, conforto térmico e
acústico. “A identidade do Sertão vai estar presente no
trabalho de paisagismo com a plantação de mudas da
região”, disse ela, acrescentando ainda que o primeiro
prédio, administrativo, previsto para ficar pronto há
dois anos, atualmente se encontra em processo de
revisão para abertura de uma nova licitação.
O Campus do Sertão envolve diretamente 25
municípios sertanejos, mas também vem atraindo
egressos do ensino médio dos 23 municípios do entorno
do Complexo Hidrelétrico de Xingó, pertencentes aos
Estados vizinhos de Pernambuco, Sergipe e Bahia,
demonstrando assim a importância da Ufal para a
formação acadêmica de qualidade também regional.
Vale destacar a dedicação e o compromisso do corpo
docente, que não tem medido esforços para promover e
efetivar suas atividades de ensino, pesquisa e extensão e firmar
parcerias, tendo como foco principal a formação qualificada de
Há pouco mais de um ano, a Universidade

Federais (Reuni), o Campus do Sertão tem sede no

Federal de Alagoas deu início à segunda etapa da

município de Delmiro Gouveia e é dotado da Unidade de

recursos humanos e o desenvolvimento do semiárido.
Estão em pleno funcionamento no Campus do

expansão para o interior do Estado, ao inaugurar em

Ensino de Santana de Ipanema. Integram atualmente

Sertão os cursos de graduação em Engenharia Civil,

março de 2010 o Campus do Sertão com oito cursos de

suas atividades acadêmicas e administrativas 898

Engenharia da Produção, Letras, Pedagogia, História e

graduação. Mesmo em fase de estruturação, o campus

alunos, 12 servidores técnicos-administrativos e 51

Geografia. A Unidade de Ensino localizada em Santana do

vem contribuindo com o conhecimento científico

docentes.

Ipanema oferece os cursos de Ciências Contábeis e Ciências

direcionado

ao

crescimento

social,

econômico

Conforme dados do Instituto Nacional de

e

Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) e Secretaria

Econômicas.São muitos projetos de pesquisa e extensão em

cultural da região sertaneja e reforçando seu papel

Estadual de Educação, a região sertaneja representa

andamento desenvolvidos por professores e alunos em

como vetor de desenvolvimento do Estado de Alagoas.

13,2% da demanda estadual por ensino superior.

parceria com a sociedade. Está previsto para iniciar ainda

Viabilizado pelos recursos do Programa de

Instalado em um espaço provisório cedido pelo

Expansão e R e e s t r u t u r a ç ã o d a s U n i v e r s i d a d e s

Governo Estadual, em outubro a sede do Campus do Sertão

esse ano o primeiro curso de Especialização, em Educação
para as Relações Etinocorraciais do Semiárido Alagoano.

Ufal pode chegar ao Litoral Norte
O que estava previsto para acontecer mais
cedo pode se tornar realidade em uma próxima fase de
expansão definida pelo Governo Federal: levar o ensino
superior público e de qualidade a todas as regiões de
Alagoas, quando for concretizado o funcionamento do
Campus do Litoral Norte.
O Campus do Litoral Norte será especializado
em Educação e tem como finalidade a busca de um
novo paradigma para a formação de professores da
área de Educação Básica, com a implantação de seis
cursos inovadores de licenciaturas e um bacharelado
em Pedagogia - Gestão e Coordenação Pedagógica -,
que não pertencem ao elenco dos demais campi. Será
dotado ainda de um Instituto de Estudos Avançados em
Ciências da Educação, integrando a graduação e a pósgraduação, tendo como referência e laboratório a
realidade educativa local, próxima e concreta.
Com sede no município histórico de Porto
Calvo, a 91 quilômetros de Maceió, o Campus do Litoral
Norte deverá exercer sua influência imediata sobre
toda a porção Norte do Estado, compreendendo grande
parte das sub-regiões da Zona da Mata e do Litoral, que
contam com uma população de 232.074 habitantes,
equivalendo a 7,5% da população de Alagoas,
conforme o Censo de 2010.
A implantação de um campus da Universidade
Federal de Alagoas no Litoral Norte do Estado
representará um novo ciclo de desenvolvimento e
envolverá diretamente quinze municípios: Porto Calvo,
São Miguel dos Milagres, Japaratinga, Maragogi,
Campestre, São Luís do Quitunde, Colônia de
Leopoldina, Matriz de Camaragibe, Passo de

Camaragibe, Jundiá, Flexeiras, Jacuípe, Joaquim
Gomes, Novo Lino e Porto de Pedras.
Com estrutura acadêmica semelhante aos
Campi Arapiraca e do Sertão, os cursos de
graduação presenciais oferecidos inicialmente pelo
Campus do Litoral Norte são os seguintes:
Licenciaturas em Informática Aplicada à Educação,
Educação Especial, Artes Visuais, Libras, Educação
do Campo, História e Cultura Afro - Brasileira e
Africana, além do bacharelado em Pedagogia Gestão e Coordenação Pedagógica.
Outra inovação é que o campus já deverá
ofertar também inicialmente quatro cursos de pósgraduação lato sensu (especialização) nas áreas de
Educação Especial, Gestão e Coordenação na Educação
Básica, Informática Educacional e História da Cultura e
Arte Afro - brasileiras.

municípios, em dez, o índice de analfabetismo
ultrapassa 40%, sendo que em dois municípios (Novo
Lino e Porto de Pedras) esse índice é superior a 48%. A
alta taxa de analfabetismo constatada é um forte
indicador de exclusão social e constitui obstáculo
instransponível ao desenvolvimento da sub-região e do
Estado, como um todo.
A iniciativa da Ufal em implantar um Campus
no Litoral Norte voltado à formação e qualificação de
professores de alto nível, para atuar no ensino
básico, constitui- se, portanto, como primeira e
fundamental etapa no caminho da transformação da
realidade local. O projeto do novo Campus foi
entregue ao Ministério da Educação.

História e índices sociais
A cidade de Porto Calvo tem sua origem no
século XVI e é um dos três mais antigos núcleos de
povoamento do Estado. Tradicionalmente, a economia é
baseada na cultura canavieira, na agricultura de
subsistência, na pecuária extensiva e de corte, na pesca
artesanal no rio Manguaba e no mar, e no artesanato de
cerâmica, palha cipó, tecido e linhas. A partir de 1980,
começou também a se destacar pelo turismo.
Conforme dados do projeto, em todos os
municípios do Litoral Norte de Alagoas, a taxa de
analfabetismo (analfabetos com 15 anos ou mais de
idade) está acima de 35%. Dentre os quinze

Reunião da reitora Ana Dayse Dorea com o
ministro da Educação Fernando Haddad

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do Conhecimento

Medicina mais próxima da sociedade
Lenilda Luna

Ansiosos para iniciar a prática médica, os

mudam a forma de ensinar, ou seja, as metodologias

realizadas várias oficinas de trabalho para debater

alunos do 4º período de Medicina, Janisson Garrote,

ainda são antiquadas e pouco participativas”, refletem

as mudanças com professores e alunos do curso.

André Wanderley e David Monteiro às vezes se

os colegas do 4º período de Medicina.

Nesse processo, foram abolidos os departamentos

impacientam com a quantidade de horas de estudo

e criados três grandes eixos para o cursos: Teórico-

dedicadas aos estudos sociais no curso. Por outro lado,

Reformulação das Diretrizes Currículares

eles entendem essa mudança no currículo.”A disciplina

direciona a atenção do médico no processo saúde-

Saúde e Sociedade é importante para contextualizar a
prática médica”, pondera Janisson.
Como ainda estão no início do curso, os alunos

prático-integrado, que integra os conteúdos e

Segundo o diretor do curso de Medicina da

doença;

Aproximação

à

prática

médica

e

Ufal, professor Francisco Passos, a reformulação das

comunidade, que desenvolve o raciocínio e a

diretrizes curriculares foi implementada a partir da

construção de práticas em contextos reais; e

ainda não visualizam como pretendem atuar. “Quero

insatisfação com a formação do profisisonal de

Desenvolvimento pessoal, que visa a formação

estar pronto para tudo, trabalhar em hospital, atuar no

Medicina. “Estávamos formando profissionais cada vez

interpessoal do aluno como pessoa e cidadão.

Programa de Saúde da Família ou até mesmo abrir

mais jovens, voltados para a demanda de um mercado

uma clínica”, diz André Wanderley. Por isso, o aluno

neoliberal, com uma formação segmentada para

também

considera que é fundamental uma formação mais

atender às especialidades médicas”, pondera o médico

diversificando os cenários desde o primeiro dia de

generalista e voltada para o contexto social onde o

e professor de medicina.

médico vai atuar.

“Essa

metodologias

ativas

de

aprendizagem,

aula, integrando ensino e serviço à comunidade e
uma

ampliamos o período de internato para dois anos”,

fragmentação na concepção do paciente, que era visto

ressalta Francisco Passos. O diretor da Famed explica

de

como um 'sintoma' e não como um indivíduo que tem

ainda que toda essa reformulação é bastante flexível,

Medicina. “Sabemos que esta proposta vem sendo

uma história. O contexto de vida não era levado em

incorporando

discutida há mais de uma década no Brasil e, nos

conta no momento do diagnóstico”, explica Francisco.

levantadas pelos alunos e professores.

Os colegas de turma estão acompanhando os
debates

sobre

a

reformulação

do

currículo

formação

“Com a implantação dos ciclos, buscamos

segmentada

gerou

as

preocupações

e

discussões

últimos anos, o curso de Medicina da Ufal passou por

“A partir dessas reflexões, foi criada a Comissão

“Entendemos, inclusive, a ansiedade dos

algumas mudanças. Queremos acompanhar essas

Interinstitucional Nacional de Avaliação das Escolas

novos alunos, mas temos este propósito de vincular a

novas propostas de diretrizes da formação do

Médicas,

formação

profissional de medicina”, garante David Monteiro.

acadêmica e da classe médica, com o principal objetivo

necessidades de saúde da população, tanto da prática

de propor mudanças para o ensino médico”, conta o

médica, quanto do processo de ensino-aprendizagem.

diretor da Famed.

O curso de Medicina deve formar um profissional que

Esse é um processo que leva tempo, porque,
além de reformular diretrizes currículares, é preciso

com

representantes

da

comunidade

implementar novas práticas pedagógicas. “Alguns

A partir de 2006, a reformulação das

professores adotam os novos conteúdos, mas não

diretrizes curriculares ganhou força na Ufal. Foram

Fr
an
cis
co

Pa
ss

os
-

di
re

to
rd
a

Fa
m

médico

à

realidade

de M
edici
na

social,

às

seja cuidador e que estimule a autonomia dos
usuários”, conclui Francisco Passos.

ed

Aula

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do

no 4º p
erí

odo

Jamisson Garrote

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do Conhecimento

O uso de novas tecnologias nas salas de aula
Lenilda Luna

Redes sociais, salas de bate-papo,
compartilhamento

de

vídeos.

Essas

cercadas por essas tecnologias interativas

e

não querem mais aulas tradicionais, na quais

outras ferramentas já fazem parte do

são obrigadas a ficar em silêncio, copiando

cotidiano dos jovens de todas as classes

textos do quadro. Elas se motivam apenas

sociais.

quando têm a oportunidade de participar, de

Quem

não

tem

computador

conectado à internet em casa, tem acesso
no

trabalho,

nos

laboratórios

criar”, pondera Cleide.

de

“Estamos num universo tecnológico.

informática das escolas e faculdades e até

Sem

interação,

não

há

crescimento”,

mesmo nas lan houses que se multiplicam

complementa Fábio Paraguaçu. Ele destaca

em cada esquina. Essas novas tecnologias

que na Educação a Distância os professores

também estão cada vez mais presentes nas

utilizam a plataforma Moodle, que permite a

salas de aula e estimulam a participação

utilização

dos alunos, por meio de construção coletiva

compartilhamento de conteúdos e trocas de

de

ideias. Esse recurso obrigatório em EaD

textos,

compartilhamento

de

de

vários

recursos

de

informações e outras práticas pedagógicas.

também passa a ser cada vez mais utilizado

Luciano Virtuoso, aluno do 5º

nos cursos presenciais. “Basta que o

período de Odontologia, diz que um

professor solicite um cadastro no Núcleo de

notebook

são

Tecnologia da Informação e pode utilizar a

instrumentos comuns em aulas. “Nem sei

platarforma Moodle nas disciplinas que

e

um

datashow

já

como era antigamente. Hoje não dá para
imaginar uma aula do nosso curso sem

ministra”, explica Fábio.
Para o professor Ticiano Gomes, a tecnologia
contribui para uma melhor aula

utilizar essas tecnologias. É mais fácil

Formação de Professores

visualizar o que o professor está explicando
nas aulas teóricas com a ajuda de fotos, vídeos e
gráficos para ilustrar o conteúdo”, diz o aluno.
Nas aulas do professor Ticiano Gomes, do curso

Segundo

Fábio

Paraguaçu,

professor

do

Na universidade, algumas pesquisas têm se voltado

Instituto de Computação, a utilização de novas

para a utilização de novas tecnologias na Educação. A tese de

tecnologias nas salas de aula presenciais ganham um

mestrado “Da lousa ao computador. Resistência e Mudança na

de Farmácia, os recursos tecnológicos também são

impulso com o crescimento da Educação a Distância.

Formação Continuada de Professores para Integração das

importantes aliados. “Além de facilitar o planejamento

“Os ambientes virtuais de aprendizagem, criados para a

Tecnologias da Informação e da Comunicação”, de Francisco

das aulas, é mais fácil compartilhar as informações”,

EaD, que agregam mídias como rádio, televisão, chats,

Soares Pinto, defendida em 2008, com orientação da professora

destaca o professor. Na aula de Nutrição, a aluna Sara

fóruns etc, estão sendo utilizadas também nos cursos

Cleide Jane de Sá, é um exemplo de como os pesquisadores na

Juliana Araújo ressalta as mesmas vantagens. “Podemos

presenciais, mudando a forma tradicional de dar aulas,

área de Educação estão buscando entender essas mudanças.

prestar mais atenção nas aulas. O conteúdo teórico

com o apoio de giz e quadro”, pondera o professor.

Mas a maioria das pesquisas está voltada para as

apresentado é enviado por e-mail. Sem a preocupação de

políticas de educação básica. “Não temos ainda um

copiar tudo, podemos nos voltar para o que é essencial na

levantamento de como estão sendo utilizadas estas

explanação do professor”, diz a aluna.

tecnologias aqui dentro da Universidade. Isso é importante
porque aqui são formados os profissionais que vão atuar

Práticas pedagógicas mediadas

nas escolas públicas e particulares”, ressalta Cleide.

pelas tecnologias

Os pesquisadores destacam duas realidades quando
se trata de novas tecnologias na Educação. “Temos aqueles

A Ufal aprovou, em 2010, um projeto junto à Capes

professores que são capacitados e estimulados a utilizar esses

para investir na capacitação dos professores. O projeto

recursos, mas não tem estrutura adequada no ambiente de

“Práticas Pedagógicas Mediadas pelas Tecnologias de

trabalho. Faltam computadores, conexão com a internet, data

informação e Comunicação: Proposta de Integralização nos

show etc. Por outro lado, temos os ambientes muito bem

Cursos de Graduação da Ufal”, é coordenado pelo professor

equipados, mas onde os educadores não sabem nem mexer

Ig Ibert Bittencourt, da Coordenadoria Institucional de

nos equipamentos”, explica Fábio Paraguaçu. Ele destaca que

Educação a Distância, e está sendo aplicado em 23

O data show, por exemplo, é uma das
ferramentas mais utilizadas

disciplinas de vários cursos de graduação da Ufal.

as duas situações precisam ser equacionadas. “Precisamos de
estrutura e de profissionais capacitados”, conclui.

A professora Cleide Jane de Sá, do Centro de
Educação, lembra que 20% das aulas dos cursos
presenciais podem ser dadas utilizando as plataformas
de ensino a distância. “Estes ambientes virtuais de
aprendizagem consolidam uma proposta pedagógica
que já vinha em discussão entre os educadores. O
conceito de interação, na qual o professor é um
mediador na construção do conhecimento fica mais
palpável em uma didática que permite a geração
coletiva de contéudos”, explica a educadora.
Essa mudança na concepção do papel do
professor, que está em discussão na universidade,
Professores Fábio Paraguaçu e Cleide Jane
ressaltam a importância dos ambientes
virtuais de aprendizagem

também já é uma realidade nas escolas de ensino
fundamental e médio. “As crianças que se desenvolvem

Novas tecnologias facilitam o
aprendizado dos alunos

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do Conhecimento

O processo de interiorização da Ufal
Anderson de Barros Dantas*
A Ufal faz ensino, pesquisa e
extensão há 50 anos, ao longo dos
quais, e de maneira natural, iniciou e vai
consolidando as suas ações no interior
do Estado de Alagoas. É fato que a
pesquisa e a extensão chegaram
primeiro ao interior, até porque essas
atividades nunca foram reféns da
existência de uma infraestrutura física.
A primeira iniciativa de um curso
de graduação da Ufal no interior foi através
da instalação do curso de Agronomia na
Fazenda São Luiz, localizada no Município
de Viçosa, em 1975, na gestão do Reitor
Nabuco Lopes. Em 1984, o curso foi
transferido para a Capital pelo Reitor
Fernando Gama e, por fim, em 1996, na
gestão do Reitor Rogério Pinheiro, foi
transferido definitivamente para a cidade
de Rio Largo.
Preocupado com a expansão da
oferta do ensino básico no Estado de
Alagoas, que ocorreu nas décadas de 70 e
80, e com carência de disponibilidade de
professores com qualificação adequada, a
Ufal, por meio do Centro de Educação, fez
em 1998 a oferta de um curso
semipresencial em Pedagogia, o que seria
o marco da oferta de cursos na modalidade
a distância da Ufal.
Essas ações, embora de
significativa importância e capazes de
provocar transformações na sociedade

local, não capilarizavam as demandas
históricas de formação no interior de
Alagoas. Era preciso adensar as ações
anteriores a ponto de reverter os
indicadores da região, principalmente se
levarmos em consideração que a grande
maioria dos que concluem o ensino
médio encontra-se no interior do Estado,
sem condições de estudar na capital.
Foi nessa perspectiva, que em
2003 assumia a gestão da Ufal a Reitora
Ana Dayse Rezende Dorea, tendo como
um dos seus eixos norteadores de
gestão a consolidação de um projeto de
interiorização da Ufal como elemento de
desenvolvimento para o Estado de
Alagoas. Nessa gestão, a interiorização
dos cursos de graduação ocorreu em
três grandes ações.
A primeira delas foi a criação, em
2005, do Campus Arapiraca, sediado nesse
Município, com mais três Unidades de
Ensino Fora de Sede (Palmeira dos Índios,
Penedo e Viçosa). O Campus iniciou a sua
oferta em 2006, e em 2007 já possuía 16
cursos em pleno funcionamento,
proporcionando ao todo 640 novas
vagas/ano.
A segunda ação estava voltada
para a oferta de cursos de graduação a
distância. Em 2006, a Ufal implementou,
p e l a Fa c u l d a d e d e E c o n o m i a ,
Administração e Contabilidade (Feac), o

curso de Administração, oferecendo 500
vagas nas cidades de Maceió, Porto Calvo e
Santana do Ipanema. Em 2007, pela UAB,
foram implementados os cursos de
Licenciatura em Pedagogia, Licenciatura
em Física e Sistema de Informação, onde
mais de 900 vagas foram ofertadas nas
cidades de Maceió, Maragogi, São José da
Lage, Santana do Ipanema e Olho D’Água
das Flores. Em 2009 tiveram início, ainda
pela UAB, os cursos de Administração
Pública e Licenciatura em Matemática, nas
cidades de São José da Lage, Maragogi e
Maceió. Isso representou mais 400 novas
vagas ofertadas pela Ufal.
Na terceira ação, a Ufal fez a adesão
ao Reuni em 2007. Isso proporcionou a sua
instalação permanente, com cursos
presenciais, nas cidades de Delmiro Gouveia e
Santana do Ipanema. Estava criado o Campus
do Sertão com 8 novos cursos e 640 novas
vagas. O funcionamento do Campus do
Sertão se deu em 2010. Na mesma ação, o
Reuni permitiu a criação de três novos cursos
noturnos no Campus Arapiraca, com 120
novas vagas efetivadas no início de 2011.
A Ufal estava presente até 2003 em
um único Município (Rio Largo), tendo se
instalado com ações de graduação, em
2011, em mais 11 Municípios do interior
(Arapiraca, Delmiro Gouveia, Palmeira dos
Índios, Maragogi, Penedo, Piranhas, Porto
Calvo, Olho D’Água das Flores, Santana do

Ipanema, São José da Lage e Viçosa).
Quando observamos o número de alunos
matriculados no interior, ele sai de
aproximadamente 640 alunos, em 2003,
para aproximadamente 6.140 alunos, ou
seja, quase dez vezes mais. Já quando
observamos a origem do aluno, a
interiorização alcança mais de 80 cidades,
inclusive de fora do Estado de Alagoas.
É a Geração de Conhecimento.
Conhecimento que Transforma.
*

Pró-reitor de Graduação e Professor
doutor da Feac/Ufal

Oficina de teatro no Campus do Sertão
durante o Congresso Acadêmico 2010.

Educação a Distância: para todos e em todo lugar
Rose Ferreira - jornalista
A princípio vista com maus olhos e taxada
como uma precarização do ensino docente, a Educação
a Distância (EaD), desde que foi oficialmente implantada nas universidades a partir do Decreto n. 5.622 de 19
de dezembro de 2005, tem crescido vertiginosamente
e demonstrado que a integração entre Educação,
Tecnologias da Informação e Comunicação é eficaz e
pode fazer uma grande diferença.
De acordo com números do Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o
Brasil forma, atualmente, mais professores para a educação
infantil e para o fundamental pela via do Ensino a Distância do
que pela educação presencial. Dos 118.376 estudantes que
concluíram essas habilitações em 2009, 65.354 (55%)
graduaram-se por EaD, contra 52.842 (45%) egressos da
educação presencial. Também no que diz respeito à quantidade de docentes em exercício na Educação Básica que estavam
matriculados em cursos de Pedagogia, aqueles oriundos da
formação a distância eram maioria em 2009, segundo dados
do Ministério da Educação (Mec). Das 192.965 matrículas,
60% eram em EaD.

Conhecimento

Aluno

mediações

Sujeito autor/
professor

interações
professor-aluno
aluno-aluno

Materiais
Suportes

Aluno

aluno-materiais didáticos
Professor Mediador +
Tutores

online

presenciais

AVA

registros

pod casts
arquivos de áudio
vídeo

No entanto, para Anamelea de Campos,
coordenadora da Coordenação Institucional de
Educação a Distância (Cied) da Ufal, é importante que
não se pense essa modalidade como algo dicotômico

8

em relação ao ensino presencial. “É imprescindível que
haja uma integração entre o ensino presencial e a
distância, porque o primeiro permite ajustes no conteúdo de acordo com o feedback do público-alvo, e as
tecnologias só ampliam as possibilidades, já que têm
um maior alcance e disponibilizam ferramentas para a
criação de um material didático organizado, atraente e
disponível a qualquer hora e em qualquer lugar”,
destaca a pesquisadora.
A Ufal, que começou a desenvolver ações de
educação a distância com formação de professores no
modelo semipresencial em 1998, hoje conta com 10
professores concursados na área de EaD, cinco funcionários na Cied, e oferece 6 cursos de graduação, dentre
licenciaturas e bacharelados (Administração,
Administração Pública, Sistemas de Informação, Física,
Matemática e Pedagogia), cinco de especialização e três
de aperfeiçoamento, distribuídos nos polos Maceió,
Santana do Ipanema, Olho d’Água das Flores, Maragogi,
São José da Laje, Penedo, Piranhas e Arapiraca.
O objetivo dos polos é oferecer o espaço físico de
apoio presencial aos alunos da região, mantendo as
instalações físicas necessárias para atender aos alunos
em questões tecnológicas, de laboratório, de biblioteca,
entre outras. Cabem aos Municípios e Estado, de forma
individual ou em consórcio, a estrutura e organização dos
polos, de acordo com as orientações do Sistema
Universidade Aberta do Brasil (UAB). Nesse sentido, o
polo de São José da Laje tem passado por dificuldades:
continua em funcionamento, mas não pode receber novos
alunos porque foi reprovado na avaliação realizada pela
Secretaria de Educação a Distância do Ministério da
Educação (Seed/Mec) em 2010. “Apesar da liberação do
recurso de Brasília, as mudanças necessárias ainda não
foram realizadas”, explica a prof. Anamelea Campos.
Para entender melhor como funciona a modalidade a distância, é preciso identificar o papel de cada
integrante no processo de ensino-aprendizagem. Além
dos coordenadores de curso e de tutoria, há os professores autores, que elaboram os materiais didáticos,
ministram aulas nos encontros presenciais e também
estão à disposição para esclarecer dúvidas; e os
professores mediadores/tutores, que podem ser
presenciais ou online, travando um contato mais direto
com os estudantes no dia-a-dia, motivando-os e
fazendo intervenções acadêmicas (conferir mapa
conceitual). Todas as interações (professor-aluno,
aluno-aluno e aluno-materiais didáticos) e registros em

podcasts e arquivos de vídeo, por exemplo, são realizados no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), como o
Moodle (www.moodle.org.br).
Wilma Alves, coordenadora do polo em Santana
do Ipanema e tutora do curso de Licenciatura em
Pedagogia, tem a dimensão da importância do trabalho
que desenvolve quando vê os alunos superando suas
dificuldades e se inserindo no mundo digital. “A atuação
do tutor em momentos de dificuldade dos alunos é
imprescindível. Como tutora online de polos na zona rural
do Estado, já passei por várias situações nas quais os
alunos estavam a ponto de desistir. Um exemplo que me
lembro bem é o da Joana: ela exercia todas as funções
(professora, diretora, coordenadora, supervisora) em
uma escola no município de Jacaré dos Homens e agarrou
a chance de ter uma graduação em Pedagogia no polo de
Olho d`Água das Flores. Enfrentou muitas dificuldades.
No início não sabia manusear o computador, mas não
desistiu e hoje conta com orgulho que aprendeu a lidar
com os equipamentos de informática, internet e o
Moodle”, relata a tutora. “Tenho certeza que meu trabalho
contribui para a formação de cidadãos que estão atuando
em sala de aula em áreas carentes do Estado e que
compartilham os mesmos conhecimentos com seus
alunos, equipe escolar e comunidade. Isso é gratificante
e não há preço que pague!”, desabafa.

Polo São José da Laje
                
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