Edição de Agosto

Arquivo
Edicao de Agosto.pdf
Documento PDF (72.2MB)
                    d

31 AGO.

2011

lagoas

Universid

Federal

eA

POSTAIS

e
ad

do Conhecimento

07 JUL

2011

da
As raízes

Extensão

em comum
g
a
is
a
p
a
elance, um
r
e
d
a uma
,
t
n
la
e
e
s
v
e
e
r
r
p
a
a
g
,
odrigo Bra
necessária
R
e
a
d
t
a
is
id
t
il
r
gem, a
a
ib
a
s
o
n
d
im
e
s
a
ia
f
a
e
a
r
r
e
m
g
g
A foto
como su
do vista co
n
im
s
a
s
u
A
q
.
s
s
a
o
com um
M
lh
a
.
o
d
o
s
a
n
o
v
s
ia
r
s
e
o
id
s
n
t
b
o
o
a
do c
s que aguç
precisa ser
o
s
d
a
a
ações
ic
m
s
if
,
A
s
n
e
.
õ
ig
o
s
ç
ic
a
e
ic
d
m
if
ê
riqueza
várias ram
iente acad
b
m
m
e
a
e
o
d
n
n
diálogo
e
t
m
s
m
e
u
ia
n
e
c
s
n
m
o
e
a
ã
iv
ç
s
Exten
os que a v
ade e se lan
s
id
s
o
r
d
e
o
t
iv
n
Ensino e
r
U
o
o
p
a
a
d
a
r
s
d
a
o
r
ia
lh
c
u
o
o
s
m
o
nov
s frutos. As
m sobre os
n
a
ç
o
b
n
to do
a
ir
n
v
a
e
a
r
s
t
m
a
x
a
t
e
iz
is
e
a
n
d
r
o
extensio
ara o en
o qual se p
p
d
,
a
e
d
d
li
a
ó
s
d
ie
a soc
uma base
a
m
pleno com
r
iedade.
o
c
f
o
s
o
a
ã
s
s
s
n
o
e
n
t
, a Ex
rmação de
o
f
s
n
a
r
t
à Pesquisa
e
mo meio d
o
c
o
t
n
e
im
conhec

POSTAIS

31 AGO.

2011

do Conhecimento

Ensino de inglês afinado à economia do Pontal
Diana Monteiro

É impossível conhecer Maceió e
não fazer do bairro do Pontal da Barra
parada obrigatória. Centro produtivo da
famosa renda filé, do variado artesanato,
de deliciosas comidas típicas, proporciona
diariamente passeios turísticos inesquecíveis nas águas das Lagoas Mundaú e
Manguaba. É nesse bucólico e encantador
bairro, entre a lagoa e o mar e caracterizado pelo seu jeito simples de viver,
que a Universidade Federal de Alagoas
mantém, desde 2003, um projeto de
ensino de inglês para seus moradores,
fruto de uma parceria entre a Casa de
Cultura Britânica e a Indústria Química
Braskem, instalada na área.
O Projeto Fale Inglês no Pontal,
inicialmente coordenado pelo professor
Antônio Ângelo Farias da Silva, da Casa de
Cultura Britânica, ampliou as ações em
2010 sob a coordenação da professora
Adriana Lopes Lisboa Tibana, da Faculdade
de Letras. O objetivo principal é promover o
desenvolvimento sustentável, ou seja, fixar
no bairro a comunidade produtiva,
incentivando-a a buscar no lugar o meio de
sobrevivência, o seu próprio trabalho. O
material didático do curso é voltado às
necessidades de comunicação do bairro:
passeios de barco ou canoa, restaurantes,

venda de artesanatos, dentre outros.
O mais interessante da ação de
extensão é que trabalha formando
instrutores da própria comunidade. A
professora Adriana Lisboa informa que,
atualmente, existem seis instrutores,
oriundos da turma de inglês mais
avançada, voltados para atender o
público-alvo formado por crianças e
jovens na faixa etária de 9 a 17 anos de
idade. “No momento participam do projeto 133 alunos da comunidade. Os
instrutores receberam, de março a
dezembro de 2010, formação continuada
de ensino/aprendizagem de inglês como
língua estrangeira com o objetivo de
torná-los multiplicadores dentro da
própria comunidade”, enfatiza Adriana.
No primeiro semestre, as aulas do
curso Fale Inglês no Pontal se realizaram
às terças e quintas-feiras, nos horários
matutino e vespertino, e às segundas e
quintas-feiras, no horário noturno. As noites
das quartas-feiras ficaram reservadas para
os instrutores que continuam tendo aula com
o professor Ilbert Cavalcanti, da Casa de
Cultura Britânica. O encontro semanal da
coordenação do projeto acontece todas às
quintas-feiras à noite. O projeto, que ocupa

Alunos do Projeto Fale inglês no Pontal
espaço numa escola da comunidade, em
breve terá sede própria com a construção
de salas para as atividades.
“Estamos dando oportunidade
aos nossos alunos de não participar
somente de atividades de docência, mas
também proporcionar momentos de
reflexão sobre a formação de pro-

fessores com uma visão crítica do
ensino de línguas”, destaca a professora
Adriana Lisboa, ao tempo em que reforça o
compromisso da Ufal em promover a inclusão
social, propiciando um maior acesso da
população à educação e comungando com o
papel da extensão definido no plano de
desenvolvimento da instituição.

Casas de Cultura ao alcance da comunidade
O vai e vem diário registrado no
Espaço Cultural Salomão de Barros Lima
têm uma impressionante e simples
explicação: são os alunos das Casas de
Cultura participantes dos cursos de
Inglês, Francês, Alemão, Espanhol, Italiano, Latim e Português. O projeto de
extensão ao alcance da comunidade foi
implantado há mais de duas décadas e
tem suas ações consolidadas,
principalmente, pelo dinamismo das
metodologias adotadas e pela qualificação dos professores.
A partir de 2009, o aprendizado
de idiomas foi ampliado para o Campus
Maceió, com a oferta inicial dos cursos de
Inglês, Espanhol e Português por meio
do Projeto Casa de Cultura no Campus,
numa parceria entre a Pró-reitoria de
Extensão, Pró-reitoria Estudantil e a

Faculdade de Letras, sob a coordenação
do professor Sérgio Ifa. Nesse projeto,
as aulas são destinadas aos alunos de
graduação da capital
Para Thiago Alencar, aluno de
Ciências Sociais e cursando espanhol, o seu
objetivo é seguir carreira acadêmica, mas
também pensa na possibilidade de atuar em
organismos internacionais, nos quais os
idiomas são pré-requisitos exigidos.
“Aprender mais uma língua estrangeira
significa ampliar a possibilidade de novos
mercados acompanhando todo o processo de
globalização e internacionalização existente”,
afirma Thiago, que já concluiu o curso de
inglês na Casa de Cultura Britânica.
Estudante do curso de licenciatura em Geografia, Priscyla Kelley
Alves Meyer é aluna do curso de inglês e
deseja seguir carreira acadêmica.

”Aprender um novo idioma é importante
para o mercado de trabalho”, declara ela.
Os dois estudantes destacam o
dinamismo do curso e a facilidade de
combinar os horários das aulas da
graduação com as ministradas pelo
programa, que acontecem no prédio da
Faculdade de Letras.

Priscila Meyer, aluna de inglês

Postais do Conhecimento, com o tema As raízes da Extensão, é
o quarto número de uma coleção comemorativa dos 50 anos da
Universidade Federal de Alagoas, publicada em 2011. Tiragem:
10.000 exemplares
GESTÃO
Ana Dayse Rezende Dorea – REITORA
Eurico de Barros Lôbo Filho – VICE-REITOR

Universidade Federal de Alagoas
Endereço: Campus A. C. Simões – Av. Lourival de Melo Mota, s/n. Tabuleiro do
Martins. Cep:52072-970. Maceió-AL
Assessoria de Comunicação (Ascom): 3214-1052
Pró-Reitoria de Extensão (Proex): 3214-1134
Coordenação de Assuntos Culturais: 3221-3122
www.ufal.edu.br
ascomufal@gmail.com

2

Coordenação Geral
Márcia Rejane Gonçalves Ferreira MTB 352/AL
Redatores
Diana Monteiro
Jhonathan Pino
Lenilda Luna
Rose Ferreira
Joabson dos Santos
Simone Cavalcante
Nicolle Freire
Tâmara Albuquerque
Edição
Simone Cavalcante
Projeto Gráfico e Diagramação
Jailson Albuquerque
Revisão
Rose Ferreira
Fotografias
Manoel Mota e arquivo da Pinacoteca

Acervo Pinacoteca

EXPEDIENTE

Thiago Alencar cursa espanhol

Rodrigo Braga, o artista
visual manauense Rodrigo
Braga, radicado em Recife, fez
uma imersão nas cidades de
Tabira e Solidão no interior de
Pernambuco, e dessa vivência
nasceu uma série de fotos –
que inclui a desta capa – que
fizeram parte da exposição
Desejo Eremita (2010),
realizada na Pinacoteca
Universitária.

POSTAIS

31 AGO.

2011

do Conhecimento

O pioneirismo do Paespe com estudantes
do nível médio de escolas públicas
Lenilda Luna
A estudante de Engenharia Civil,
Gracyelle Oliveira, de 22 anos, cursou o
ensino médio na Escola Estadual Eunice
de Lemos Campos, no bairro do Benedito
Bentes. Em toda a rede estadual de
ensino existe uma grande carência de
professores das disciplinas da área de
exatas e a estudante se sentiu bastante
prejudicada na formação escolar.
"Matemática, Física e Química foram
disciplinas que estudei superficialmente,
com a ajuda de monitores, sem cumprir
toda a carga horária necessária para um
bom aprendizado", reclama a estudante.
Mas Gracyelle ficou sabendo do
Programa de Apoio aos Estudantes de
Escolas Públicas do Estado (Paespe), que
existe na Ufal desde 1992. Apesar de ter
ficado inativo por um tempo e ter
retornado em 2004, o Paespe continua
sendo uma atividade de extensão e
ensino, financiada pelo Programa de Apoio
a Extensão do MEC (PROEXT/SESu/MEC)
e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de Alagoas
(Fapeal), com a
finalidade de suprir carências dos
estudantes do ensino médio de escolas
públicas do Estado em todas as
disciplinas. "Eu terminei o ensino médio

no final de 2006 e passei o ano de 2007
assistindo as aulas do Paespe. Foi o que
me ajudou a passar no PSS e entrar na
Ufal em 2008", ressalta a estudante.
As aulas do Paespe são realizadas
de segunda a sábado, no Centro de
Tecnologia da Ufal, e são orientadas por
diversos professores de Engenharia
Civil, Engenharia Química, Química,
Biologia e por bolsistas do PET Engenharia Civil e do PET Letras da Ufal.
"Atualmente, o Paespe beneficia
diretamente em torno de 50 estudantes
do ensino médio de diversas escolas
públicas do Estado", relata o coordenador do programa, professor Roberaldo
Carvalho de Souza, que também é tutor
do PET Engenharia Civil.
Com a experiência bem-sucedida
do Paespe, muitos alunos das escolas
públicas foram motivados a entrar na
Universidade e seguir com os estudos.
"Hoje, além de estudantes das
engenharias que foram alunos do
Paespe, temos servidores técnicos da
Ufal e uma professora, que passaram
pelo programa, foram bolsistas e agora
estão nos quadros da Universidade",
comemora o coordenador.

Conhecer e experimentar a
Engenharia
Nessa relação importante de
aproximação com as escolas públicas,
outros projetos foram surgindo, como
o Conhecer e Experimentar a Engenharia (Ceeng). O programa foi iniciado em 2007 e é coordenado pelo
professor Luciano Barbosa. "A intenção é divulgar a área junto aos
alunos das escolas públicas, apresentando os campos de atuação e
promovendo experiências que nem
sempre eles têm condições de vivenciar na escola", ressalta Luciano.
Numa dessas atividades, um grupo
de alunos da escola Estadual Onélia
Campelo, que fica próxima à Ufal, no
conjunto Santos Dumont, estavam
concentrados na construção de prédios
feitos com pequenos componentes de
material plástico. "Aqui eu já vi um
pouco de geotecnia, hidraúlica, fontes de
energias, assuntos que não foram
abordados com essa experimentação na
minha escola", disse João Victor da Silva,
17 anos, aluno do 3º ano.
Jéssica Santos, 16 anos, aluna do 2º

Gracyelli Oliveira Viana,
bolsista do Paespe

ano, também estava entusiasmada
com a atividade. "Quero cursar Engenharia Civil e aqui estou tendo
noções que não aprendi na escola e
ainda a oportunidade de conhecer o
cotidiano da Ufal, entrar nos
laboratórios e conversar com os
estudantes de Engenharia", ressaltou
a estudante.

Conexões de Saberes: "Minha vida mudou
muito depois que eu entrei na Ufal"
Lenilda Luna
Para Dijânia Correia, 41 anos, ter
concluído o supletivo e depois ter sido
aprovada no concurso de merendeira da
rede municipal de ensino, há dois anos,
já foram importantes conquistas. Mas a
então moradora do conjunto Village
Campestre queria mais. Uma amiga
contou para ela de um pré-vestibular
comunitário gratuito com aulas no
conjunto Graciliano Ramos, que
preparava para a seleção da Ufal.
"A minha amiga fez o cursinho e
entrou para Geografia na Ufal; isso me
animou a tentar. Em 2010, busquei
informações sobre o Conexões de
Saberes e me matriculei no cursinho",
conta Dijânia. Mesmo trabalhando como
merendeira e cuidando de 9 filhos,
Dijânia não faltou uma aula. "Fiquei sem
tempo de sair com os meninos, de cuidar
da casa, tinha aula até no domingo. Foi
um sacrifício para toda a família, mas
todos me ajudaram, tive apoio dos filhos
e do marido", disse a estudante.
To d o e s s e e s f o r ç o f o i
recompensando quando, no início de
2011, Dijânia foi aprovada como aluna
de Ciência da Computação na Ufal. "Eu
estava em casa doente e não pude
acompanhar a leitura da listagem dos
aprovados. Mas depois do resultado,
meu celular não parou de tocar. Muita
gente comemorou comigo esta vitória",
lembra Dijânia.
E para aumentar as alegrias,
vários amigos do grupo de estudo de
Dijânia foram aprovados no mesmo
período. "Da nossa turma, que se reunia
todas as tardes na biblioteca do Acauã,
teve o Alejandro, que passou em
Engenharia Civil, o Franklin Oliveira, que
conseguiu uma bolsa numa universidade

particular, e o Bernardo, que passou para
Geografia na Ufal," comemora a
universitária.
Dijânia ressalta a importância
que o programa Conexões de Saberes
teve para essa aprovação."Eu
praticamente não cursei o ensino médio,
fiz apenas o supletivo. O cursinho prévestibular do programa Conexões me
ajudou a revisar alguns assuntos e a
aprender outros. Além disso, o incentivo
dos professores e dos colegas foi
fundamental para superar as dificuldades", ressalta a estudante de
Ciência da Computação.
"Minha vida mudou muito depois
que eu entrei na Ufal. Sei que estou no
início da conquista de um sonho e que
ainda tenho um longo caminho pela
frente, mas a visão das pessoas sobre
mim já é bem diferente. Na escola onde
trabalho e no bairro onde moro todo
mundo se surpreende quando digo que
estudo Ciência da Computação", conta a
merendeira.
Além disso, a conquista de
Dijânia influenciou toda a família. Depois
que ela passou no vestibular, o filho mais
velho, José Elson, de 21 anos, que
trabalhava num mercadinho, deixou o
trabalho para estudar. "Ele vai fazer o
Enem e quer entrar na Ufal também. Eu
digo para ele que não é fácil, mas não se
pode desistir", ressalta Dijânia.
Adison Natanael, de 11 anos,
companheiro inseparável da estudante,
estava com a mãe durante a entrevista. "Esse
aqui é muito estudioso e já está crescendo
com a ideia de que, mesmo com as
dificuldades financeiras que temos e com as
deficiências do ensino público, nós podemos e
devemos querer mais", disse Dijânia.

O marido da universitária
também voltou a estudar. Ele está
desempregado, estava desestimulado,
mas ganhou um novo ânimo com a
aprovação da esposa na Universidade
Federal de Alagoas. "Eu sei que sou um
estímulo para todos eles, por isso não
posso desanimar. Às vezes penso que
não vou conseguir entender Geometria
Analítica (risos), mas encaro essas
disciplinas como mais um desafio na
vida", conclui a universitária.
A área de ação do Saberes
O Programa ”Conexões de Saberes:
diálogos entre a universidade e as
comunidades populares" ligado à Secretaria
de Educação Continuada, Alfabetização e
Diversidade (Secad/MEC), tem como
finalidade responder, de modo criativo e
inovador, ao desafio de construir espaços
comuns de trocas de saberes e fazeres entre a
Universidade e a sociedade, valorizando as
expectativas e experiências dos jovens de
origem popular, sobretudo, na construção do
conhecimento acadêmico capaz de contribuir
com as demandas fundamentais de cidadãos
e cidadãs profundamente marcados pela
desigualdade social. Entre os projetos de
Extensão que compõem este Programa está
o curso Pré-Vestibular Comunitário, que visa
dar condição ao estudante oriundo de escola
pública, aprimorar os seus conhecimentos,
habilitando-o a participar do Processo
Seletivo da Ufal e outras Instituições de
Ensino Superior públicas ou privadas.
O cursinho pré-vestibular,
mantido pela Pró-reitoria de Extensão da
Ufal, funciona nas seguintes sedes:
Conjunto Residencial Graciliano Ramos,
com 80 vagas, bairro do Benedito Bentes,

Dijânia Correia é um exemplo de superação

com 100 vagas, conjunto Osman
Loureiro, 50 vagas, bairro da Chã da
Jaqueira, 50 vagas, Farol, 100 vagas,
bairro do Bom Parto, 50 vagas, município
de Rio Largo, 100 vagas, município de
Santa Luzia do Norte, 60 vagas,
município de Satuba, 50 vagas,
município de Arapiraca, 100 vagas,
município de Penedo, 100 vagas, e no
município de Palmeira dos Índios, com
100 vagas. Ao todo, foram oferecidas
940 vagas em 2011. As aulas acontecem
de segunda a sexta-feira, no horário das
19h às 22h, e aos sábado das 9h às 12h.

3

As ramificações entre
o conhecimento científico
e a comunidade
Nicolle Freire, Simone Cavalcante e Joabson Santos

Há em todo o país, no contexto das Instituições
de Ensino Superior (IES), uma discussão muito presente
acerca da importância da extensão na dinâmica
acadêmica. Mas por que existem tantos obstáculos em
definir até onde vão os limites de atuação da atividade
extensionista, comparado à facilidade em situar a área
de abrangência do ensino e da pesquisa? A questão se
coloca como um desafio para a maioria das IES.
Fazendo parte desse grupo, a Ufal vem
convivendo, desde o lançamento de sua pedra
fundamental, com formas diferentes de lidar com a
questão. No início, durante a fase de construção
empreendida pelo reitor A. C. Simões, nem a extensão,
nem tampouco a pesquisa, eram vistas como prioridade.
Por outro lado, algumas ações de caráter cultural vão
contribuindo para definir uma noção de extensão que
vigoraria por mais de duas décadas na instituição:
aquela associada ao fazer artístico.
Na segunda metade dos anos 1960, por exemplo,
segundo depoimento do maestro Benedito Fonseca, havia
em atividade os Coros das Faculdades de Medicina e
Direito e do Instituto de Letras, dos quais fora regente.
Esses coros seriam transformados, anos depois, no Coro
Universitário de Alagoas (CUA) que viria a ser, na década
seguinte, o Corufal. Na área também de música, foi
realizado, pelos estudantes, o I Festival Universitário de
Música Popular (1968). O segmento das artes cênicas
também demarcava seu espaço, com a atuação do Teatro
do Estudante Universitário de Alagoas – TEU (1963), Os
Corujas (1966), Os Independentes (1967) e O Teatro do
Instituto de Letras e Artes – TILA (1971).
Essa articulação unívoca entre extensão e
cultura permanece até mesmo depois da criação, em
1971, da Pró-reitoria para Assuntos Estudantis e
Comunitários (Praec). No relatório da gestão Nabuco
Lopes, publicado neste mesmo ano, são destacadas
como atividades dessa natureza o I Festival Universitário
da Música Popular Brasileira, o apoio ao Coro
Universitário e a organização de lançamentos de livros.
Com 34 cantores seguindo uma programação intensa, o
coro logo alcançaria relevo, sendo reconhecido
formalmente por meio da Resolução n. 01, de 1973.
O Museu Théo Brandão, apesar de órgão
suplementar, mantinha também vínculo com a Praec e
estava, ao lado do coro, na lista dos principais
equipamentos culturais da universidade com abertura
para a comunidade. O Museu realizava a Festa do
Folclore Brasileiro, que chegou a reunir 23 grupos
folclóricos vindos de outros estados em 1977 e, ainda
hoje, é ponto de circulação de produtos e artefatos
produzidos por artistas de Alagoas e mantém no seu
calendário a Semana de Cultura Popular.
Para o professor José Medeiros, dirigente da
Praec na década de 70, a extensão buscava fazer “a
Universidade sair da 'torre de marfim' e conviver com a
população em derredor. Por outro lado, as programações
artístico-culturais da Ufal foram de grande amplitude e
raio de alcance: serviram para divulgar, despertar e
envolver a comunidade nas atividades educativas, como
instrumentos de elevação do nível intelectual, cultural e

social”. Essa preocupação já sinalizava um
transbordamento incipiente das ações da universidade
para a comunidade.
Outro instrumento que contribuiu para estreitar
o vínculo entre extensão e atividade artístico-cultural foi
a implantação, em 1976, da Bolsa de Trabalho-Arte. A
Bolsa era ligada aos Departamentos de Assistência ao
estudante (DAE) e de Assuntos Culturais (DAC), do
Ministério da Cultura, e possuía duas vertentes:
beneficiava semestralmente os grupos artísticos
culturais em atuação, como o Pastoril, o Teatro
Universitário de Alagoas, o TUA (incorporado à Ufal em
1973), a Ginástica Moderna; e contribuía anualmente
com estudantes-pesquisadores nas áreas de folclore,
literatura de cordel e artes plásticas.
Além dessa concepção, havia outra corrente de
pensamento que atribuía à extensão um sentido de
prestação de serviço à comunidade tanto com um
caráter provedor como meio de avaliação acadêmica.
Dois projetos caminharam nessa direção: o Centro Rural
de Treinamento e Ação Comunitária (Crutac) e o Estágio
Rural Obrigatório. O Crutac era uma das prioridades do
MEC para integrar a universidade ao desenvolvimento
rural, utilizando como metodologia palestras e reuniões,
cursos para líderes sindicais e educadores e
levantamentos socioeconômicos. O Estágio Rural, como
o próprio nome revela, estabelecia convênios com
prefeituras do interior de olho também na formação.
O impulso dos Núcleos Temáticos
No final dos anos 80, a ampliação de
mecanismos de escuta da sociedade, impulsionada,
principalmente, pela criação dos núcleos temáticos dá
uma nova configuração à política extensionista. A linha
de atuação passa agora a ser o envolvimento das
associações de bairro nas discussões com o corpo
acadêmico. Essa dinâmica participativa tinha como
pretensão debater temas e problemas que tocavam a
vida comunitária e encontrar, nessas discussões, com o
auxílio do instrumental acadêmico, formas de
superação. Nesse percurso, o bairro do Tabuleiro do
Martins teve um destaque especial por ser uma área
vizinha ao Campus A. C. Simões
A professora Delza Gitaí recorda como se dava
sua plataforma de trabalho: “A extensão como entendo e
como ficou marcada a partir da minha gestão, embora
ainda com algumas dificuldades, é ida e volta, isto é, a ida

da universidade à comunidade tem um sentido mais
amplo, é trazer para a universidade as demandas da
sociedade para que ela, a universidade, reconstrua suas
práticas pedagógicas e de pesquisa no interesse dessa
sociedade. Daí o "enlace". Daí, "a universidade sai do
casulo."
Em pleno século XXI, a universidade ainda busca
consolidar um projeto institucional de extensão que
tenha seus limites assimilados e postos em prática por
todas as unidades acadêmicas. As ações ainda
contemplam o fazer artístico, mas agora considera a
cultura como uma das áreas temáticas, e não a principal.
Em vez da visão unilateral de oferecer saídas para os
problemas da comunidade com um caráter provedor,
bem como da noção de avaliação acadêmica, como
vistas no Crutac e no Estágio Rural, a ênfase agora é
dada na adoção de editais, alguns com temáticas prédefinidas, dentro de áreas e linhas temáticas de ação.
Outro mecanismo mais recente é a distribuição de
recursos entre as unidades acadêmicas para a aquisição
de equipamentos voltados às atividades extensionistas.
A par desse instrumental, a extensão vem construindo
um novo caminho de atuação.
A Extensão no novo milênio
Algumas medidas encontradas pela Ufal como
forma de dinamizar as atividades extensionistas foram a
criação de editais de natureza diversa, como por
exemplo: Pibip Ação Campus A. C. Simões Maceió, Pibip
Ação Campus Arapiraca e Unidades de Ensino, Pibip Ação
Campus Sertão e
Proinart. Porém, esses editais
contemplam apenas o pagamento de bolsas de
estudantes, o que para muitas atividades representa
uma série de dificuldades para a gestão do projeto.
As dificuldades enfrentadas pelos coordenadores de projetos são muitas, mas em seus 27 anos de
criação, a Proex contabiliza a cada ano acréscimo na
quantidade de projetos cadastrados, representando
uma maior quantidade de pessoas da sociedade que são
atendidas. Em 2010, foram computadas mais de 700
ações de extensão, resultado dos editais e também
iniciativas das próprias unidades. Além disso, existem os
editais nacionais que contam com o incentivo da Proex, a
exemplo do Pronera, Conexões de Saberes e ProextMEC-Sesu.

à
gado
são, li
tantes
n
n
e
t
e
x
s
de E
epre
r
r
r
o
s
o
s
p
se
do
itê As
forma
AL.
o Com
ome,
d
da UF
n
o
s
o
ã
o
ç
t
m
a
s
n
l
e
e
a
t
m
m
s
In
do
arta
itoria
e dep
Pró-re ades civis
tid
de en

Esses projetos ficam registrados no Banco de
Ações de Extensão, que inclui as áreas de
Comunicação, Cultura, Saúde, Direitos Humanos e
Justiça, Educação, Meio Ambiente, Tecnologia e
Produção e Trabalho. As áreas que mais têm cadastro
de projetos são a da Saúde e da Educação. As demais
unidades acadêmicas também têm despertado o
interesse por projetos, sobretudo os Campi do interior
que já foram criados vendo de forma mais
sistematizada o funcionamento das atividades
realizadas pela instituição.
Os projetos dialogam com diversas
comunidades, além daquelas localizadas no entorno da
instituição, como também são voltados para as ações

O Past

oril da

Ufal, so

dos equipamentos culturais e científicos da
Universidade. Esses estudos resultam em trabalhos
acadêmicos apresentados em congressos, seminários
e encontros de todo o Brasil, a exemplo do Congresso
Brasileiro de Extensão (Cbeu) que, este ano, contará
com a participação de seis projetos da Ufal, um deles
do Campus Sertão e os demais do Campus A. C.
Simões. Fora essas participações, destaca-se também
a publicação de textos em revistas científicas, bem
como em livros, frutos dos editais da Editora
Universitária (Edufal).
Em 2011, a Ufal buscou instrumentais como
forma de facilitar a distribuição de recursos para a
extensão universitária. A partir de então uma das

b a dir

eção d

a profe

ssora M

aria Ca

rrascos

a

saídas encontradas foi a divisão de mais de
R$14.000,00 que foram utilizados pelas unidades
acadêmicas, na compra de material permanente.
Mesmo sem uma política institucional que garanta
uma parcela específica de recursos para investimentos
mais amplos, a Extensão universitária vem buscando
estabelecer seu lugar e importância no plano orçamentário
da instituição. Há uma demanda encampada pelo Fórum
Nacional de Pró-reitores para que a Extensão, assim como
ocorre com a Graduação e a Pesquisa, possa ter indicadores
numéricos e que isso possa incidir na matriz orçamentária.
Dessa forma, o governo federal passará recursos de acordo
com a quantidade de projetos computados.

Os equipamentos e os acervos fazem Extensão
A extensão está presente no
cotidiano dos equipamentos culturais e
científicos mantidos pela Ufal. Ao longo
dos seus 50 anos, a Universidade
investiu na criação de quatro espaços
museológicos – Museu Théo Brandão
(1975), Pinacoteca Universitária (1981),
Museu de História Natural (1990) e Usina
Ciência (1991) –, do Espaço Cultural
Universitário e de alguns conjuntos
artísticos, dos quais sobrevive até hoje o
Corufal (1973) e a Orquestra da Ufal
(1981). Esses equipamentos surgiram
muito mais pelo empenho de pessoas
interessadas em levar adiante projetos
científicos e culturais do que
propriamente pela ação direta da
instituição em criá-los. Mas sem sobra de
dúvida, a existência deles se justifica
pela função extensionista que
desempenham.
Coube ao Corufal e ao Museu
Théo Brandão o pioneirismo nos campos
da música e da cultura popular,
respectivamente. Esses equipamentos
surgiram no período rígido da ditadura,
na gestão do reitor Nabuco Lopes, mas
conseguiram exercer, com um certo grau
de autonomia, suas atividades. O Corufal
nasceu do trabalho obstinado do músico
Benedito Fonseca que, anos antes, já se
dedicava à regência dos coros dos cursos
de Medicina, Direito e do Instituto de
Letras.
Esses coros foram fundidos,
dando origem ao Coro Universitário de
Alagoas (CUA) que, em 1973, seria
oficializado pela Ufal com o nome de
Corufal. Em 1979, por iniciativa do
Departamento de Artes, o Corufal tomou
a linha de frente do Encontro de Coros de
Maceió (Encorama), que teve dezoito
edições, alcançando um público total de
30.000 pessoas. O Corufal se apresentou
em diversos estados brasileiros,
concorrendo a festivais nacionais e
internacionais. Atualmente, o coro tem
em sua formação pessoas também não
ligadas à Universidade e continua
levando adiante o projeto do canto coral.

Já o Museu Théo Brandão de
Antropologia e Folclore (MTB) abrigou,
inicialmente, a coleção de arte popular
doada à Universidade pelo professor
Théo Brandão, que se tornaria seu
primeiro diretor. Ao longo dos anos, mais
peças foram adquiridas, ampliando o
acervo para a temática da cultura
popular nordestina. O acervo está
distribuído em cinco categorias:
bibliográfico, sonoro, fotográfico,
museológico e arquivístico.
Atualmente, existem vários
projetos para viabilizar ações de
preservação e interpretação do acervo,
ressaltando sua relevância cultural,
histórica e patrimonial. O MTB possui o
acervo de cultura popular mais
diversificado de Alagoas. Aberto à
comunidade para visitação e aos artistas,
para que divulguem seus trabalhos,
também se mantém em pleno diálogo
com a Associação dos Folguedos
Populares de Alagoas (Asfopal).
Movimento de abertura para as artes
Na década de 80, durante a
gestão do Reitor João Azevedo, a música
novamente entra em cena, com a criação
da Orquestra da Ufal, acompanhada
também da criação da Pinacoteca
Universitária. Esses dois equipamentos
resultam de um processo gradual de
reconhecimento da necessidade de
formalização do fazer artístico dentro da
instituição, que tem como ponto de
culminância a criação do Departamento
de Artes.
A Orquestra da Ufal surge, nesse
contexto, por meio do empenho do
músico Julião Marques, que foi seu
primeiro regente. Com a ideia de
aproximar a música erudita do cotidiano
dos alagoanos, o maestro deu início à
primeira formação da Orquestra, que
optou pela modalidade de câmara. Nos
primeiros anos de formação, esse
conjunto musical realizou diversas

apresentações e algumas tiveram
finalidade educativa, os chamados
concertos didáticos. Até hoje esses
concertos integram as ações da
Orquestra, que também desenvolve,
além dos concertos comemorativos, o
projeto Quintas Sinfônicas.
No mesmo ano de criação da
Orquestra, surgiria a Pinacoteca
Universitária, que teve como primeiro
diretor o artista Rogério Gomes. Criada,
inicialmente, para ser um lugar de
circulação de obras artísticas, a
Pinacoteca vem hoje buscando se
transformar também num espaço
museológico, com a implantação de uma
exposição de longa duração. Esse
equipamento cultural é um dos raros
espaços de Alagoas voltado exclusivamente às artes visuais, contemplando diferentes vertentes do gênero.
Além de expor e divulgar a arte, a
Pinacoteca promove debates, cursos de
formação e visitas guiadas com
agendamento de escolas públicas e
privadas, o que fortalece o caráter
pedagógico e cultural de suas ações.
Os acervos de caráter científico
A produção e a difusão do
conhecimento científico são razões que
justificam a existência da Ufal. Além da
sala de aula e dos laboratórios de
pesquisa, a instituição buscou, na
década de 90, criar uma outra
modalidade de espaço voltada à
divulgação científica e que tivesse mais
canais de abertura com a comunidade.
Dentro dessa visão, foram instituídos o
Museu de História Natural e a Usina
Ciência, que nasciam do empenho de
pesquisadores ávidos em partilhar
descobertas e experiências com o
público externo à Universidade,
sobretudo, o segmento de professores
da rede de ensino.
Uma das principais razões para a
existência do Museu de História Natural
(MHN) é ser um ponto de aglutinação
para o desenvolvimento de pesquisas

nos âmbitos da graduação e pósgraduação da Universidade. Esses
estudos e descobertas são
transformados em coleções científicas,
como as de Geologia e Paleontologia,
Zo o l o g i a , E c o l o g i a , Ta x i d e r m i a ,
Herbáreo, Mastozoologia, Antropologia e
Arqueologia. O MHN atua também como
um espaço de educação não-formal, ao
disponibilizar para a população o acesso
a uma exposição de longa duração, com
informações sobre o ambiente natural de
Alagoas.
Já a Usina Ciência da Ufal,
localizada ao lado do MHN, é um espaço
voltado para a divulgação científica, com
as finalidades didático-pedagógica e de
popularização da ciência. O seu acervo
reúne experimentos científicos e
tecnológicos, distribuídos em salas de
exposição, laboratórios, parque científico
e casa ecológica. O Museu está aberto à
visitação pública e se preocupa em
desenvolver cursos de formação para
educadores de escolas de nível médio,
bem como outras ações de extensão, em
parceria com outros setores da
Universidade, como o Instituto de
Química e Biotecnologia, Instituto de
Física, Centro de Educação, Museu de
História Natural, Labmar, Instituto de
Geografia e Meio Ambiente, entre outros.
Esses equipamentos científicos,
bem como aqueles de âmbito cultural,
criados em diferentes contextos, têm em
comum o desenvolvimento de ações
extensionistas. Algumas dessas ações
estão interligadas ao ensino e à
pesquisa, outras mantêm ainda um
caráter de entretenimento cultural
associado a preocupações educativas e
existem aquelas que já avançam para a
noção de extensão como uma via dupla,
em que as necessidades e os problemas
sociais são levados à prática acadêmica
e, dessa interação, tentasse buscar
soluções coletivas e viáveis para a
transformação das demandas
apresentadas.

5

POSTAIS

31 AGO.

2011

do Conhecimento

Educação no campo: a experiência do Pronera
Lenilda Luna
Marcela Nunes é do coletivo
Estadual de Educação do MST em
Alagoas. A educadora fez Letras na Ufal,
e foi na universidade que conheceu o
Movimento Sem Terra. A partir daí, ela se
engajou no Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) e
começou a dar aulas em assentamentos,
participando também das capacitações
de Educadores do campo, realizadas pelo
Centro de Educação da Ufal.
“Foi uma experiência muito
importante porque as licenciaturas não
são voltadas para os desafios específicos
da Educação no campo. O Pronera
formava educadores para a realidade dos
assentamentos, dos trabalhadores
rurais, estimulava esse compromisso
com o movimento”, destacou Marcela,
que hoje é também pré-assentada no
Assentamento Margarida Alves, em
Atalaia.
O Pronera foi criado, em 1998,
pelo Governo Federal, após um amplo
processo de debate provocado, em
âmbito nacional, pelos movimentos
sociais do campo, liderados pelo
Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra. “Organizados na luta pelo
direito dos trabalhadores e trabalhadoras do campo terem acesso à escolarização, os movimentos sociais do campo
vinham desenvolvendo um conjunto de
ações ou iniciativas de educação em
áreas de assentamento da Reforma
Agrária. Esse acúmulo de experiências e
a reflexão sobre elas destacaram a
necessidade de uma presença mais
efetiva de política públicas nas áreas de
assentamento”, conta Ana Vergner,
pesquisadora em Educação da Ufal.
As prioridades do Pronera são:

a alfabetização e escolarização de
jovens e adultos no ensino fundamental
e escolaridade de educadores e
educadoras para o ensino fundamental
em áreas da Reforma Agrária; formação continuada e formação profissional.
Na Ufal , essa ação foi iniciada em 1999
e foi desenvolvida até 2007. “Foram
quatros etapas, com a parceria do MST,
Incra, Fundepes e Secretaria de Estado
de Educação e do Desporto, voltadas
para a alfabetização e escola-rização de
jovens e adultos assentados e para a
formação continuada e esco-laridade
de educadores dos movi-mentos sociais
do campo, especi-ficamente no nível
médio normal”,ex-plica a professora.
Na conclusão do Pronera, em 2007,
166 formandos receberam a certificação de
conclusão de curso. Entre esses, 45
receberam certificado de alfabetização, e
121 de escolarização nas segunda e terceira
etapas de Educação de Jovens e Adultos.
“Quanto à ação de formação dos
educadores, no ano de 2006, dos 18
educadores que participaram do
Proformação, dez receberam o certificado
de conclusão da formação no nível médio
normal. Além da formação inicial, os
educadores do Pronera participaram ainda
de vários módulos de formação continuada
no Centro de Educação da Ufal”, relata Ana
Vergner.
Continuidade do programa
“A avaliação que se faz do
Programa de Educação da Reforma

Agrária reforça a importância desta ação
para o fortalecimento da organização dos
trabalhadores rurais, principalmente em
nosso Estado, que tem altos índices de
analfabetismo e de concentração de
terra e renda”, destaca Ana Vergner. Em
reuniões com os assentados, a
professora diz que alguns relatos
falavam do crescimento do interesse dos
educandos envolvidos no Pronera com as
atividades e ações desenvolvidas pelo
Movimento, provocando uma maior
participação deles.
O Proformação também teve
uma avaliação positiva pelos participantes. Nos relatórios, destaca-se que
as atividades, além de prepará-los para
o exercício da profissão docente,
proporcionou possibilidades concretas
de melhorar suas condições de vida.
Alguns educadores, por exemplo,
estão inseridos como professores nas
redes municipais de ensino. Outros
educadores entraram para a graduação
na Ufal, demonstrando o compromisso
em continuar os estudos.
Durante o IV Encontro de Pesquisa
em Educação (Epeal), que aconteceu de 12
a 15 de setembro de 2011, aconteceu uma
reunião, com representantes do MST, da
Universidade Estadual de Alagoas e do
Centro de Educação da Ufal para discutir a
retomada do Pronera no Estado. A reunião
foi coordenada pela professoras Ana
Vergner e Sônia Meire, pesquisadoras de
Educação no Campo.
“Novas demandas para a Ufal e
para o Pronera têm sido esboçadas pelos

Sônia Meire, ex-coordenadora
do Pronera na Ufal
movimentos sociais do campo em
Alagoas. O diálogo tem sido mantido no
sentido de amadurecer por onde essas
novas etapas poderiam caminhar.
Compreendemos que os movimentos
sociais do campo exercem papel essencial
no sentido de apontar para as
universidades as demandas de formação
que sejam prioritárias, entendendo que a
Universidade, uma vez comprometida que
está com a transformação da realidade na
qual está inserida, precisa se manter
sempre numa atitude constante de
diálogo e parceria com os movimentos,
cumprindo assim um importante papel
social”, ressalta Ana Vergner.

Cursos e palestras nas escolas aproximam
comunidade da vida acadêmica
Jhonathan Pino
De um simples telefonema
do Sistema Nacional de Emprego de
Alagoas (Sine-AL) para a Ufal,
surgiu a ideia de criação de cursos
profissionalizantes ofertados pela
Universidade. "Ligaram do Sine e
me perguntaram se a Ufal tinha
algum curso que capacitasse
profissionais envolvidos com o
cuidado de crianças. A partir dessa
necessidade, verificamos a
possibilidade de aproveitar as salas
vagas no período do recesso
universitário, com a oferta de cursos
que atendessem à comunidade
externa à Universidade", explica
José Roberto, coordenador de
Programas de Extensão, da Próreitoria de Extensão (Proex).
O curso de Cuidadores de
Crianças foi apenas o primeiro entre
os vários que viriam pela frente.
Desde 2008, ele é o mais procurado
entre os Cursos de Verão - cursos
ofertados todo mês de janeiro nos
três campi da Ufal.
Oferecidos pelas unidades
acadêmicas e sob a instrução de
alunos de diversas graduações, a

6

comunidade tem acesso a cursos
de Web Design, Geoprocessamento Terra View, Empreendedorismo, Finanças Pessoais e
outros que muitas vezes têm suas
vagas preenchidas em poucas horas de inscrição.
Ofertados em um mês em que
a Universidade fica menos movimentada e que as pessoas tradicionalmente
o utilizam para descansar, desde 2008
estudantes e profissionais vêm reservando as férias escolares para se
qualificarem na Ufal.
"Mas a Universidade verificou que oferecê-los apenas no mês
de janeiro não era suficiente, por
isso surgiram os Cursos de Inverno,
que acontecem sempre no mês de
julho. Apesar de surgir da mesma
ideia que os precursores Cursos de
Verão, a Proex viu nos Cursos de
Inverno a possibilidade de oferecer
novas modalidades para comunidade", acrescenta José Roberto.
Passaram a ser ofertados
então os cursos de Maquete
Eletrônica Sketchup, Dança Contemporânea, Básico de Fotografia e

outros, que apesar de estarem
numa estação diferente, mantiveram a principal característica dos
Cursos de Verão: a gratuidade.
Foi a partir de cursos como
esses que Giselle Nascimento teve a
oportunidade de fazer o curso de
Web Design em janeiro de 2009. A
experiência serviu para a aluna de
comunicação ter uma visão geral
sobre o funcionamento e estrutura
das páginas virtuais.
"Após essa experiência optei
por fazer um curso mais aprofundado
no Senai e com os dois cursos comecei
a trabalhar com o desenvolvimento de
sites. Desde então, já participei da
construção de sites como o Portal da
Extensão e da Pinacoteca Universitária", relata Giselle.
Universidade nas escolas
Quando a comunidade não
pode ir à Universidade, esta faz o
caminho contrário: é a partir desse
raciocínio que alunos das escolas
públicas puderam ter seus primeiros
contatos com a Ufal. Com as aulas e

de Março, como é chamado o ciclo de

Curso de cuidadores de criança

palestras que a Universidade
promove nas escolas, os estudantes
do Ensino Médio passaram a receber
professores universitários, que em
suas visitas abordam temas
pertinentes ao cotidiano dos estudantes como a saúde bucal, doenças
sexualmente transmissíveis, tabagismo, a toxicologia das drogas, a
alimentação saudável e outros.
Neste programa, cada escola pode
receber até três palestras após
prévio agendamento.

POSTAIS

31 AGO.

2011

do Conhecimento

Exposições aproximam estudantes
das ciências exatas
Jhonathan Pino

Meia-noite do dia 1º de Abril é o
prazo inicial
para a professora Maria Tereza de
Araújo, do Instituto
de Física (IF), receber as inscriçõe
s da Exposição de
Física (Expofísica), que são realizad
as apenas no mês
de maio. Apesar do prazo de um
mês para que os
colégios se inscrevam no evento, já
as 9h da manhã do
primeiro dia de inscrições a caixa
postal da professora
está abarrotada de e-mails de
colégios de todo o
Estado querendo participar da Exp
ofísica.
No último ano, foram mais de 1.20
0 alunos
do ensino médio que tiveram
contato com
projetos, laboratórios de pesquis
a e experimentos
didáticos com ondas, óptica,
física moderna e
outras áreas da Física. O que
era para ser um
evento para desmistificar uma
ciência, muitas
vezes mal compreendida entr
e estudantes,
acabou virando sinônimo de dive
rsão e acesso ao
conhecimento de uma forma lúdi
ca.
O maior exemplo disso é a
tradicional
experiência dos alunos com o gera
dor de Van Der
Graff: equipamento de armaze
namento de cargas
de atrito, que ao ser tocada com
as duas mãos
pelas pessoas, tem suas cargas
distribuídas para
todas as áreas do corpo hum
ano, neste caso
representado pelos cabelos. "Os
estudantes ficam
fascinados com a imagem
de seus cabelos
arrepiados após tocarem o equ
ipamento", relata a
professora.
Mas o gerador não é a única exp
eriência
proporcionada pela Expofísica.
Desde 2003,
quando houve a primeira ediç
ão do evento, os
alunos tiveram contato com as
interfaces da Física
com a Medicina, com os esporte
s, a música, o meio
ambiente, o corpo humano, a
física nuclear e a
astronomia. Elas são delimitadas
pela temática do
Ano. Em 2011, por exemplo,
em "A Física no
Cinema 3D", os alunos tiveram
acesso a tecnologia
que hoje é a sensação da
indústria cinematógrafica, a imagem em três dim
ensões.
Na realização desses experimento
s, estão
cerca de 70 alunos de cursos de
graduação do IF
envolvidos com a organização
de todas as etapas
do evento. "Muitos dos alunos que
hoje participam
como monitores do evento tive
ram seu primeiro
contato com o Instituto na Exp
ofísica", explica a

Maria Tereza comemora sucesso das
nove edições do Expofísica

professora Maria Tereza. Ela aind
a ressaltou que o
evento é uma forma de atualizar
as escolas com a
Física contemporânea, além de
trazer mais alunos
para o curso.
Quando a questão é despertar
o interesse
dos alunos para uma ciência, a
Expoquímica tem a
fórmula correta. Conforme a
professora Valéria
Malta, do Instituto de Químic
a e Biotecnologia
(IQB), no ano seguinte em que
a primeira edição
do Expoquímica foi realizad
a, em 2004, a
concorrência para o vestibular
aumentou cerca de
20%. Logo no primeiro ano do
evento, cerca de
500 alunos tiveram contato com
as diversas áreas
da Química. Realizado na Sem
ana de Química, o
evento coloca a comunidade
em contato com
experimentos em feromônios,
polímeros, química
analítica e discussões acerca
da inovações da
química contemporânea.
Também na tentativa de trazer
alunos do
ensino médio para as salas de aula
do Instituto de
Matemática, o inusitado Matfest
oferece palestras
e visitas à unidade para mais de
300 alunos desde
2004. Apesar do nome, a proposta
é bem séria: "o
evento tem o objetivo de divu
lgar a profissão e
situar os nossos futuros alunos
sobre o que eles
vão estudar na graduação,
pois muitos deles
quando chegam aqui têm uma
visão do curso
dife ren te daq uel a que tinh
am enq uan to
estudantes do ensino médio",
relata Elisa Sena,
uma das palestrantes do evento
em 2011.

rimento com
Aluna em expe

o gerador de

Van Der Graff

Professores Valéria
malta e Paulo Césa
r:professores
que acompanham
o Expoquímica desd
e 2004

Olimpíadas científicas ajudam a
desvendar TALENTOS
Além do Matfest, muitos
estudantes ainda tem seu
primeiro contato com o curso de
Matemática ainda no ensino
fundamental. O professor
Adelailson Peixoto é responsável, no Estado, pela maior
olimpíada de Matemática do
mundo. Com mais de 19
milhões de participantes no
Brasil, dos quais 386 mil estudantes alagoanos, a Olimpíada
Brasileira de Matemática das
Escolas Públicas (Obmep) é
realizado desde 2005 com o
objetivo de identificar talentos
da área, quando estes ainda
estão nas escolas.
Os estudantes, a partir
do sexto ano do ensino fundamental, passam por duas fases
de provas nos seus Estados de
origem, sob a responsabilidade
das universidades federais. Os
trezentos alunos com as melhores notas nacionais ganham
medalhas de ouro, entregues
pelo Presidente da República e,
a partir daí, recebem bolsas de
Iniciação Científica Jr.
Essas bolsas acom-

panham os estudantes quando
estes entram na Universidade,
como também na pós-graduação,
independente da área que o aluno
curse. "Esses talentos precisam
ser identificados, pois as
diferentes áreas do conhecimento
demandam de pessoas de maior
afinidade com a Matemática,
independente de suas profissões",
explica Adelailson.
As escolas dos alunos
medalhistas também são
premiadas com bibliotecas, kits
audiovisuais e esportivos, e os
professores com maiores índices
de alunos medalhistas também
são agraciados com treinamentos
no Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), no
Rio de Janeiro.
Apesar de ser a maior, a
experiência da Obmep foi
consequência da já existente
Olimpíada Brasileira de
Matemática (OBM), que existe
desde 1979 e é organizada pela
Sociedade Brasileira de
Matemática (SBM). "Apesar de
ter o mesmo objetivo que a
Obmep, a má qualidade do

ensino público em algumas
regiões do país faz com que essa
olimpíada dê destaque maior a
algumas escolas particulares",
ressalta Adelailson. Na Ufal, o
professor responsável pela OBM
é o professor Krerley Oliveira,
que seleciona os participantes
por meio da Olimpíada Alagoana de Matemática, sob a
responsabilidade de Luciana
Contiero.
Mas não é só na
Matemática que as olimpíadas
viraram moda: em 1998, com o
objetivo de despertar e estimular o interesse pela Física,
proporcionar desafios aos
estudantes e aproximar a
universidade do ensino médio, a
Sociedade Brasileira de Física
pegou o mesmo barco e passou
a organizar a Olimpíada
Brasileira de Física, com o apoio
dos cursos de Física das
universidades federais. Em
2011, mais de 2.200 alunos em
A l a g o a s p a r t i c i p a ra m d a
Olimpíada e, em 2010, dois
alunos do Estado receberam
medalha de ouro.

7

POSTAIS

31 AGO.

2011

do Conhecimento

Projetos orientam população a desenvolver
hábitos saudáveis
Tâmara Albuquerque e Rose Ferreira

Com 391 registros no Banco de
Ações de Extensão da Universidade
Federal de Alagoas, a área da Saúde é a
que apresenta mais programas,
projetos, cursos e eventos de extensão,
envolvendo profissionais e estudantes
das mais diversas áreas do
conhecimento. As linhas de extensão
vão desde saúde da família até grupos
sociais vulneráveis, passando por
esporte e lazer, fármacos e medicamentos e saúde animal.
Um desses programas acontece
no Hospital Universitário Professor
Alberto Antunes (HUPAA). O Programa
de Controle do Tabagismo iniciou em
outubro as atividades com mais um
grupo de fumantes que buscaram ajuda
para acabar com o vício. Foram abertas
60 vagas nessa fase do programa,
implantado no Centro de Alta
Complexidade em Oncologia (Cacon),
em 2007, como medida preventiva ao
câncer – em suas diversas manifestações –, muitas vezes decorrente do
consumo das drogas presentes em
produtos como o cigarro.
Considerado referência em
Alagoas pelo Ministério da Saúde, o
programa estimula os participantes a
largarem o fumo lançando mão de duas
importantes estratégias. A principal
delas é o trabalho cognitivo-comportamental, em que os profissionais
reúnem os pacientes a cada semana,
quinzena ou mês para um trabalho
orientador. O objetivo dessa abordagem
é tentar mudar comportamentos,
conscientizando os fumantes dos danos
que o vício provoca à saúde dele próprio
e nos aspectos socioeconômicos.
O s p a c i e n t e s , e m g e ra l ,
conhecem os males do tabagismo, mas
não estão sensibilizados suficientemente para adotarem comportamentos que ajudem a superar o vício,
que é físico e psicológico. Nesses
encontros em grupo, eles adquirem
conhecimento detalhado sobre os riscos,
as sequelas e a morbidade do tabagismo
e, especialmente, partilham experiências e falam das angústias e
dificuldades para vencer a dependência
química. Ex-fumantes que participaram

Equipe do Programa de Controle do Tabagismo

do programa também contribuem dando
depoimentos.
Segundo os especialistas, o
cigarro altera toda a química cerebral do
fumante e passa, depois de um tempo, a
fornecer os efeitos que eles teriam
normalmente por meio de sua própria
química. A nicotina age como um
estimulante indireto de neurotransmissores, por isso tem efeito
antidepressivo e ansiolítico. Age, ainda,
na química da concentração, da memória, interferindo em todo o
funcionamento cognitivo.
Uma equipe multidisciplinar
com profissionais psicólogos, assistente
social, farmacêutico e pneumologista
dão assistência aos participantes do
programa no HU, mas quando essas
ações não surtem o efeito esperado para
a sessão do tabagismo, o paciente passa
a receber o tratamento medicamentoso,
como determina o Ministério. Os
medicamentos, em forma de adesivo,
goma de mascar ou comprimidos, são
distribuídos gratuitamente pelo governo
federal e retirados com prescrição no
próprio hospital.
O Programa do HU trabalha com
o que é preconizado em literatura nos
mais reconhecidos protocolos de
tratamento: a associação do tratamento
farmacológico personalizado com o

Josefa Maria e dona Madalena na luta contra o vício

acompanhamento psicológico de
orientação comportamental. “Algumas
pessoas não conseguem superar a
abstinência das drogas contidas no
cigarro e precisam desse reforço
medicamentoso”, explica a coordenadora do programa Maria Betânia
Fernandes. De acordo com a
Organização Mundial da Saúde (OMS),
um quinto da população do planeta é
viciada em cigarro, produto que contém
mais de 4.700 substâncias danosas ao
organismo e ao meio ambiente.
Dona Madalena, de 65 anos, foi
uma das primeiras inscritas para o
Programa nesta nova etapa. Ela garante já
ter feito várias tentativas, sem sucesso,
para deixar de fumar uma média de 20
cigarros por dia. Cardiopata e fumante há
40 anos, a dona de casa responsabiliza o
cigarro pela morte do marido há seis anos.
“É um vício horrível. Ele fumava três
carteiras de cigarro por dia e morreu de
câncer. Meus filhos brigam comigo por
causa do cigarro, mas eu não consigo
largar”. Ela foi orientada a procurar o HU
pelo médico clínico do posto de saúde onde
se consulta.
A doméstica diz ter vergonha de
ser fumante, especialmente porque o
mau cheiro da fumaça do cigarro vive
impregnado em seu corpo. “A gente que
fuma vive fedendo. A roupa, o cabelo, a

cama, o travesseiro, tudo fede a cigarro.
Dá vergonha de chegar perto das
pessoas. Tenho esperança que através
desse programa eu vou conseguir parar”
diz. A dona de casa Josefa Maria, que
mora em Rio Largo, fuma há mais de 20
anos e já tentou várias vezes largar o
vício. A bolsa ainda vive carregada de
balinhas, raspas de gengibre e o que
ensinam para “distrair e evitar o
cigarro”. Segundo ela, o cigarro “alivia a
tensão nervosa, apesar de ser um
veneno”, e por isso é difícil largar o fumo.
Josefa conseguiu reduzir em 50% o
consumo de três carteiras de cigarros
por dia, mas precisa sair de casa para
vencer a “tentação de acender o
cigarro”. Ela conta que ainda acorda na
madrugada pra fumar.
O tabagismo é um fator de risco
provocando mais de 50 doenças e é
responsável pelo registro de cinco milhões
de mortes que acontecem anualmente no
mundo, sendo 200 mil no Brasil. A
Organização Mundial da Saúde considera
o tabagismo como a segunda maior causa
de mortes de fumantes ativos e a terceira
de fumantes passivos. Apenas 5% dos
fumantes que tentam abandonar o vício
sem ajuda especializada conseguem
manter a abstinência. A grande maioria
acaba voltando a acender o cigarro depois
de um ano.

O que as ações de Extensão podem fazer pela Ufal
Rachel Rocha*
Prima pobre do tripé da vida
universitária, a Extensão está prestes a
galgar o pódio das eleitas pelas políticas
educacionais do governo federal. Já não
era sem tempo. Sem o devido equilíbrio
das ações de Extensão, o conhecimento
se distribui num tripé capenga e alija o
vigoroso campo da experiência. Assim, a
Extensão amarga a triste condição de
viver espremida entre suas duas primas
ricas: as atividades de Ensino, desenvolvidas em sala de aula – e já
convivendo com os impasses de uma
vizinhança nem sempre consensual, tal
como a EAD, por exemplo –; e as de
Pesquisa – estas sim, atividades
reconhecidamente nobres e bem
posicionadas no ambiente e na ideologia
da instituição que, a rigor, está voltada

8

para a produção de “conhecimento
qualificado”.
Que qualidades, então, desejamos alcançar? O hiato aberto entre um
saber qualificado (a pesquisa) e seu
repasse (o ensino), dá agora um voto de
confiança ao conhecimento sensível que,
algumas vezes exercido em detrimento
do conforto de teorias estabelecidas,
oferece, com humildade e com coragem,
o outro lado da face.
A Ufal precisa de ações de
Extensão na proporção de que precisa,
igualmente, ver e enxergar a sociedade
na qual se insere e da qual extrai sua
sobrevivência e glória. A razão é
simples: uma universidade que pratica a
Extensão é uma instituição com muito
mais chances de dialogar e de aprimorar

o sucesso nas intervenções que visem o
desenvolvimento social e humano e que
reforce o compromisso com a realidade
na qual se insere.
A Extensão é uma possibilidade
concreta que a Ufal tem de voltar sua
atenção especializada na direção de
Alagoas e dos alagoanos; a oportunidade de pensar que a pesquisa
aplicada é uma possibilidade real de
intervir positivamente no enfrentamento de situações reais colocadas.
É também fonte de inspiração para o
cientista, que sendo um especialista,
deve ser também um ser humano
atento à sua espécie e ao seu planeta;
afinal, a instituição é pública. E por isso
não se deve usar seu nome em vão,
nem desprezar o conceito mais amplo

do que é fazer Ciência; muito menos,
do que significa uma Universidade.
Para além do Ensino e da
Pesquisa, a sinalização de que a Ufal
ingressa definitivamente num ciclo
qualitativo se fará também pelo
fortalecimento das políticas de
Extensão, pois estas bebem direto de
uma fonte que toma a realidade como
motivação para a produção de
conhecimento – útil, num sentido socialmente engajado, e sensível – pois
sintonizado com angústias alheias; um
conhecimento, agora sim, despojado e
comprometidamente público como a
instituição que o produz.
* É professora de Antropologia e faz
Extensão
                
Logo do chatbot Mundaú