Mobilização Social é o caminho para enfrentar a violência

Refletindo o estarrecimento da sociedade diante da escalada de violência que hoje atinge praticamente todas as cidades brasileiras, o professor Michel Misse, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, provocou vários questionamentos durante a palestra realizada na última quinta-feira, 28, durante o 9º ato do Programa Ufal em Defesa da Vida.

02/05/2011 10h20 - Atualizado em 13/08/2014 às 11h07
Segundo a prof. Ruth Vasconcelos, o Programa Ufal em Defesa da Vida uma mobilização social

Segundo a prof. Ruth Vasconcelos, o Programa Ufal em Defesa da Vida uma mobilização social

Lenilda Luna – jornalista

Segundo Misse, as pesquisas realizadas nas universidades ainda são insuficientes para explicar o problema. “Sabemos que a violência tem múltiplas faces, que alguns elementos de desigualdade social a alimentam, mas como ela contagia hoje até mesmo as cidades de pequeno porte do interior do Estado de São Paulo, por exemplo, ainda não conseguimos explicar”, problematizou o professor.

O pesquisador ressaltou ainda que, como não sabemos explicar ainda suficientemente as razões que deflagram a violência, também não entendemos como ela diminui. “Hoje temos um decréscimo da violência em São Paulo e no Rio, enquanto em Maceió, que até dez anos atrás não tinha índices tão altos, agora os registros de violência são maiores do que nas metrópoles brasileiras.

Pesquisa e mobilização social

O pesquisador revelou que ainda precisamos avançar muito para entender a violência urbana, mas dois aspectos são necessários para enfrentá-la: “Precisamos entender a violência, e por isso é necessário investir em pesquisas sobre o assunto nas universidades, analisando dados empíricos das ocorrências policiais. O outro caminho, que é comum nos lugares que conseguiram reduzir índices, é que a sociedade se una ao Estado”, disse o professor.

Misse colocou como exemplos o Movimento Viva Rio e a as Unidades de Polícia Pacificadora, no Rio de Janeiro, e o Movimento Fica Vivo, em Belo Horizonte. “São movimentos que uniram pesquisas científicas, mobilização da sociedade e ação do Estado”, destacou Michel Misse.

Ufal em Defesa da Vida

Desde 2009, o Programa Ufal em Defesa da Vida mobiliza a sociedade com temas sobre a violência, direitos humanos e segurança pública. A coordenadora do programa, Ruth Vasconcelos, considera que esta é a contribuição da comunidade universitária para enfrentar este problema que aflige a todos, dentro e fora do campus. “É preciso pensar sobre o potencial destrutivo das práticas de intolerância, sobre como o desrespeito aos direitos humanos e o extremo individualismo produzem um ambiente favorável aos conflitos explosivos e violentos em nossa sociedade”, diz Ruth Vasconcelos.

Para chamar a atenção da comunidade universitária, um gráfico, na entrada do prédio da Reitoria, no Campus Maceió, registra o número de homicídios nos últimos 10 anos no Estado de Alagoas.  Esse painel dá visibilidade aos números de mortes violentas, chamando atenção para uma cruel e preocupante realidade: a curva ascendente da violência no Estado, tomando como base os dados fornecidos pelo DataSus, Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Mapa da Violência 2010. “O painel tem causado um grande impacto na comunidade universitária”, informa a professora.

A programação do 9º ato teve continuidade na Tenda da Cultura Estudantil, com participação da Adufal, Sintufal, Atufal, DCE e Sinfra, com o debate do tema “Análise e propostas para o enfrentamento da violência na Ufal”.