Laboratório insere Alagoas no mundo da tecnologia de ponta

Com investimento de R$ 10 milhões, unidade é uma das mais modernas do setor petrolífero da América Latina

23/11/2009 09h42 - Atualizado em 13/08/2014 às 11h51
Reitora e vice-reitor recebem o governador na inauguração do LCCV

Reitora e vice-reitor recebem o governador na inauguração do LCCV

Fonte: Tendências e Mercado

Foi um salto. De algumas salas em um bloco multidisciplinar para um dos laboratórios mais modernos do país, mais bem equipados da América Latina. Depois de uma década de trabalho, investimento de aproximadamente R$ 10 milhões e pouco mais de um ano de obras, ficou pronto o Laboratório de Computação Científica e Visualização (LCCV), instalado no campus da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Estruturado por meio de um convênio com o Centro de Pesquisa da Petrobras (Cenpes), o laboratório é um dos âncoras da Rede Galileu, que trabalha com pesquisas para solucionar problemas de engenharia no setor de energia, petróleo e gás.

A inauguração foi na quinta-feira  (19) e representou a consolidação de anos de pesquisa, de uma parceria iniciada há dez anos com a Petrobras  que trouxe credibilidade para o grupo professores, pesquisadores e alunos que compõem o LCCV. Eles serão o núcleo nordestino nas pesquisas desenvolvidas para a extração do pré-sal, “ouro” preso em rochas nas profundezas do oceano, que demanda soluções eficazes para evitar perda do óleo e dos equipamentos.

Segundo o coordenador geral do laboratório, Eduardo Setton, a unidade vai ampliar o trabalho que já era desenvolvido por seus 90 integrantes e estreitar o relacionamento entre as unidades da Petrobras na região Nordeste. “O laboratório muda a cara do estado, pois tem grande porte, capacidade de formar recursos humanos e pode atrair empresas, além de outros projetos com a Petrobras e novas parcerias”, afirmou, sem esconder a emoção que aquele momento proporcionava: “É uma sensação de conquista. Sabemos que a nossa responsabilidade vai aumentar, mas nosso dever foi cumprido”.

A reitora da Ufal, Ana Dayse Dorea, atribuiu a conquista ao trabalho dos professores do laboratório, que saíram do estado para obter conhecimentos e, em posse de diplomas de mestrado e doutorado, retornaram para aplicar seus conhecimentos em Alagoas: “Isso se deve à qualidade dos nossos professores”.

A tecnologia de ponta dos equipamentos é o que mais impressiona no laboratório. Os cálculos necessários para projetar os simuladores, aplicados para resolver problemas em plataformas de petróleo, são feitos por um cluster (supercomputador) com capacidade equivalente a 1.700 computadores convencionais. Geomecânica / Pré-sal, Método dos Elementos Discretos, Linhas de Ancoragem e Rises (dutos condutores de petróleo e gás) são algumas das linhas de pesquisa desenvolvidas pelo LCCV.

O equipamento é o 2º maior da América Latina e, unido aos clusters existentes nos demais integrantes do grupo âncora da Rede Galileu – Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), forma a Grade BR, uma das três maiores redes computacionais do hemisfério Sul do planeta.

Potencial

Desenvolver tecnologias para utilizar as fontes de energia são um desafio para os grandes centros de pesquisa e o objetivo da Petrobras é alcançar auto-suficiência  na área de infraestrutura até o próximo ano. Por tal motivo, investiu cerca de R$ 400 milhões por ano, desde 2006, nas universidades âncoras da Rede Galileu e nas satélites que integram o grupo, totalizando 14 universidades. No Nordeste, integram a rede como universidades satélites a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

 “Todos os fenômenos de simulação que envolvem o pré-sal serão desenvolvidos dentro do Brasil, estamos mapeando as universidades que possuam massa crítica nessas áreas. Nessa fase, temos como foco aformação de recursos humanos e criação de pesquisas de longo prazo. É tempo de colheita”, destacou o gerente geral de Pesquisa & Desenvolvimento de Produção do Cenpes, Ricardo Beltrão, que participou da solenidade. Mas isso não exclui a interação com centros de referência estrangeiros.

Indagado sobre a possibilidade de haver pré-sal na região Nordeste, ele informou: “A Petrobras está pesquisando e possui bases na região. Sabemos que a existência de pré-sal varia de lugar para lugar, se tem aqui ou não, ainda não sabemos”.

Representando o presidente da Petrobras – José Sérgio Gabrielli, o gerente geral da companhia em Sergipe e Alagoas, Eugênio Dezen, discursou sobre o orgulho que sentia por acompanhar a inauguração do laboratório.  “O Brasil tem uma potencialidade imensa e o Nordeste está em uma ótima fase. O estaleiro de Pernambuco, por exemplo, tem demanda para os próximos 17 anos com a Petrobras. Tenho quase 30 anos de trabalho na região e vejo isso tudo com muito orgulho”.

A solenidade foi vista em tempo real pelos estudantes no outro auditório existente no prédio, comprovando a interatividade do LCCV. As apresentações foram projetadas em terceira dimensão (3D), tecnologia que permite visualizar os projetos com mais realidade, revelando os detalhes de forma mais clara. Graças a estrutura montada por técnicos baianos, os pesquisadores de Alagoas vão poder interagir com os estudiosos da USP, UFRJ e PUC-Rio.

“O momento é de confiança e admiração a este trabalho que coloca a Ufal entre as universidades brasileiras escolhidas para desempenhar esse papel. O estado está se desenvolvendo na área de ciência e tecnologia, vamos receber um estaleiro no município de Coruripe, uma mineradora em Craíbas. Posso dizer que logo teremos um polo tecnológico em Alagoas, que terá início nesta universidade”, afirmou o governador de Alagoas, Teotonio Vilela.

Assista à matéria sobre a inauguração do LCCV