Núcleo de Tecnologias é destaque na promoção de equidade educacional

Milhares de estudantes têm sido beneficiados por tecnologias acessíveis que ampliam os resultados da aprendizagem
Por Eduardo Almeida - jornalista / Fotos: Renner Boldrino
02/02/2024 13h29 - Atualizado em 15/02/2024 às 13h27
Professores Edmilson Fialho e Alan Pedro da Silva

Professores Edmilson Fialho e Alan Pedro da Silva

Criado em 2011, com a proposta de promover iniciativas que garantissem equidade educacional e transformação social, o Núcleo de Excelência em Tecnologias Sociais (Nees) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) extrapolou os muros do estado e ganhou não só o Brasil, mas o mundo ao longo dos últimos 12 anos. Por meio de seus projetos, milhares de estudantes têm sido beneficiados por tecnologias que ampliam os resultados da aprendizagem. 

A iniciativa – gestada no Instituto de Computação da Ufal, pelos professores Ig Ibert Bittencourt e Alan Pedro da Silva – conta, atualmente, com uma equipe formada por mais de 1.200 pesquisadores, técnicos e estudantes de graduação e de pós-graduação da instituição alagoana e de diversas universidades brasileiras e internacionais. O foco do grupo, no entanto, segue o mesmo: transformar a realidade social por meio de oportunidades iguais de educação. 

 “O Nees atua propondo estratégias para ampliar os resultados de aprendizagem, contribuindo, ao mesmo tempo, com a evolução dos conhecimentos científicos na área de informática aplicada à educação. O Núcleo também desenvolve diversos projetos voltados à criação de ferramentas e infraestrutura computacionais de alto desempenho para dar suporte às estratégias educacionais”, explicou Edmilson Fialho, diretor-executivo do Nees. 

Entre os projetos desenvolvidos pelo grupo estão a plataforma Meu Tutor, criada como startup e incubada na Ufal. O projeto surgiu com a proposta de desenvolver outras plataformas educacionais inteligentes e adaptativas, com o objetivo de ampliar a qualidade do ensino e o desempenho dos alunos. De acordo com o professor Ig Ilbert Bittencourt, um dos fundadores do Nees, o Meu Tutor chegou a contar com 300 mil usuários ativos. 

“Desde 2016, trabalhamos com o Ministério da Educação em várias políticas e, a partir de então, temos mostrado como a pesquisa que a gente desenvolve tem chegado a milhões de alunos, milhares de escolas e milhares de municípios pelo Brasil”, destacou o professor durante entrevista concedida em sua rápida passagem pelo país – Bittencourt atua como professor visitante na Universidade de Harvard. 

Outro projeto bastante relevante desenvolvido pelo Nees é o SouTEC, um aplicativo que busca auxiliar jovens na escolha de cursos técnicos e carreiras sob medida para atender a cada perfil de interesses. O projeto foi desenvolvido pelo grupo a pedido da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) do Ministério da Educação (MEC).  

Conforme descrição no blog institucional do Nees, com a ferramenta, o jovem pode responder questionamentos que avaliam as suas preferências relacionadas a atividades de trabalho. Na sequência, o aplicativo relaciona, de forma automática, as respostas com as características dos 215 cursos disponíveis no Catálogo Nacional de Cursos Técnicos (CNCT). Então, o aplicativo recomenda as opções que atendem de forma mais adequada. 

Além da plataforma Meu Tutor e do SouTEC, o Nees é responsável pela criação do Sistema de Avaliações de Tecnologias Educacionais; da Plataforma Evidências Educacionais; do Programa Nacional do Livro Didático Interativo; do Guia de Evidências Educacionais; da Política Nacional de Educação Especial; da Plataforma Semântica de Gestão Democrática de Atos Normativos; dos Insumos de Qualificação de REDs; do Observatório de Equidade Educacional; do Observatório Nacional da Educação Profissional e Tecnológica; além de uma série de outras iniciativas relevantes, que renderam projeção nacional e internacional. 

“O nosso planejamento estratégico está centrado na consolidação do nosso modelo de gestão, crescimento na captação de recursos, crescimento no número de pesquisadores e internacionalização dos nossos produtos, levando as soluções desenvolvidas pelo Nees para outros países”, ressaltou Edmilson Fialho, diretor-executivo do Núcleo. 

O gestor do grupo explica que, atualmente, a Ufal contribui sobretudo com o seu acervo humano na estruturação dos projetos do Nees. São mais de 50 pesquisadores, mais de cem servidores e 124 alunos de graduação que trabalham em até três projetos, ampliando, assim, a participação da Ufal no desenvolvimento dos projetos e do Núcleo. A parceria se mostra benéfica tanto para o grupo quanto para a Universidade. 

“O Nees coloca a Ufal como um expoente internacional, já que as pesquisas e os produtos desenvolvidos pelo Núcleo contribuem expressivamente para o desenvolvimento da educação brasileira, o que pode ser ilustrado a partir das demandas que recebemos do Ministério da Educação. Além disso, os produtos também são apresentados em congressos, palestras e seminários nacionais e internacionais”, concluiu Edmilson Fialho. 

Para Alan Pedro da Silva, um dos fundadores do grupo e atual diretor-geral do Nees, o trabalho que é desenvolvido pelo Núcleo tem impactado, ao longo dos anos, de forma direta e indireta a educação brasileira. Essas iniciativas, de acordo com ele, permitem aos pesquisadores traçar um panorama da educação, em especial a básica, e estabelecer um relacionamento com quem está na ponta, inserindo a Ufal nesse cenário. 

“Graças ao que a gente vem desenvolvendo, além dos resultados diretos do ponto de vista de educação, como redução dos índices de evasão e o acesso à tecnologia de ponta em cidades com poucos recursos, nós temos ganhos indiretos, com o desenvolvimento de uma tecnologia nacional, cem por cento criada por universidades públicas, o que faz com que o Brasil avance no sentido e ter autonomia no seu desenvolvimento tecnológico. Isso é muito importante”, observou Alan Pedro da Silva, diretor-geral do Nees. 

O professor e pesquisador conta que, atualmente, tem se empenhado para obter a certificação internacional ISO 27.000, relacionada à segurança dos dados digitais ou sistemas de armazenamento eletrônico. “Esse é um projeto desenvolvido de forma transversal a todas as iniciativas do Nees, que vão desde o PNLD [Plano Nacional do Livro Didático] ao monitoramento da evasão escolar”, finalizou Alan Pedro da Silva. 

Conferência internacional  

Como parte das iniciativas de internacionalização, o Nees anunciou a realização, em 2024, da International Conference on Artificial Intelligence in Education (AIED), pela primeira vez, no Brasil. O evento é tido como a maior conferência internacional de Inteligência Artificial aplicada à educação e nunca havia sido realizado em um país da América Latina até então. 

Conforme informações disponibilizadas pela Assessoria de Comunicação do Nees, os pesquisadores Ig Ilbert Bittencourt e Rafael Mello integram a comissão organizadora. A expectativa é que a conferência aconteça em Recife, entre 8 e 12 de julho de 2024, e reúna entre 400 e 500 pesquisadores. A Ufal é uma das quatro instituições de ensino que estarão à frente do evento, ao lado da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e do César School. 

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