Projeto da Ufal reúne artesãos de Alagoas em estande da Bienal

Objetivo da Incubadoras Alagoas em Rede é fomentar a valorização de profissionais e exibir roupas feitas de Filé, bonecas de pano, fantoches, entre outros
Por Jamerson Soares – jornalista / Fotos de Renner Boldrino
14/08/2023 18h57 - Atualizado em 15/08/2023 às 13h40
Artesã Joseane

Artesã Joseane

A Universidade Federal de Alagoas também tem levado para a 10ª Bienal Internacional do Livro projetos de empreendedorismo e grandes oportunidades de conhecimento referentes a trabalhos desenvolvidos a partir da economia solidária. É o caso da ação Incubadoras Alagoas em Rede, promovida pela Pró-reitoria de Extensão (Proex) da Ufal, que reuniu incubadoras da Universidade e do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) para o evento.

O objetivo da instalação do estande é fomentar a valorização de artesãs profissionais de Maceió e de outros municípios alagoanos, como Marechal Deodoro, Arapiraca e Atalaia. Produtos como roupas feitas de Filé, bonecas de pano, fantoches, objetos decorativos, entre outros, podem ser encontrados no local.

“Aqui o visitante vai encontrar produtos oriundos de grupos, associações, cooperativas. Em sua maioria são grupos vinculados ao artesanato, embora existam associações que fazem outros tipos de produtos”, explicou o professor e pró-reitor de Extensão da Ufal, Cézar Nonato, que também enfatizou pontos positivos com a inserção do estande.

“Um ganho que um estande como esse tem é de despertar o interesse de quem está visitando a feira em cima da temática da economia solidária, de ver a possibilidade de mulheres que se reúnem e que fazem sua produção em grupos, que pensam em grupo. Tudo foi discutido, até a decisão da vinda à Bienal. É bastante importante essa forma de comercialização de forma coletiva”, explicou o professor.

A técnica de trabalhos e projetos da Unitrabalho da Ufal, Virgínia Lucena, a expectativa é de que o momento na Bienal possa trazer o reconhecimento da sociedade com o trabalho das artesãs, como também o trabalho da Universidade que é feito junto aos trabalhadores.

“A gente enquanto incubadora ligada à Ufal tem uma satisfação de apresentar esse trabalho na Bienal, uma oportunidade como essa é uma janela para outras demandas, outras encomendas, são laços, articulações que elas estão fazendo e, com certeza, elas vão trazer outras oportunidades pós-Bienal”, disse Virgínia.

Unitrabalho

A Unitrabalho é uma incubadora da Ufal que desenvolve uma espécie de consultoria direcionada para essas trabalhadoras. Os projetos que são direcionados à incubadora fazem parte da temática do trabalho coletivo, dentro da economia solidária, produzindo geração e organização de renda entre trabalhadores, grupos, cooperativas, desde que partam do princípio da autogestão.

“O projeto é permanente, contínuo. O objetivo é fortalecer essas iniciativas de fontes de renda com assessoria, acompanhamento, uma consultoria, voltados para fortalecer essa organização de vendas, o espaço da produção. Fazemos orientações para que o empreendimento possa se fortalecer, que ele possa dar um direcionamento e levar os meios de comercialização nos espaços”, explicou Virgínia.

Mudança de vida

Para Denise Oliveira, artesã que faz bonecas de pano, de 51 anos, participar do projeto foi um divisor de águas porque a ajudou a sair de um relacionamento abusivo e a contribuir para o futuro dos seus filhos.

“Eu vivia em um relacionamento abusivo, e quando conheci esse projeto da Ufal, consegui sair desse relacionamento e hoje eu vejo a minha vida transformada de várias maneiras, consegui a minha casa própria, a educação para os meus filhos. Tenho dois filhos. Minha filha vi se formar em fisioterapia, e meu filho terminando o ensino médio. Acredito que se eu continuasse no relacionamento que eu estava, eu não sei se estaria hoje aqui contando isso para você”, relatou Denise, que trouxe em seus olhos memórias difíceis de reviver.

Outra artesã que teve a vida transformada foi Joseane Costa que há mais de 20 anos produz fantoches, marionetes e bonecas de pano. Ela também é de Maceió e contou que o projeto a auxiliou a organizar seu negócio.

“A equipe da incubadora visitou onde a gente estava expondo, viram que era interessante e foram ajudar mais sobre o cooperativismo. Nos deram instruções, como vender o produto, a precificação, ajudou muito a trabalhar, o que gastar e como gostar, quanto estamos ganhando do produto, entre outras coisas”, disse Joseane, que também destacou a satisfação que tem sentido por estar exibindo seus produtos na Bienal.

“Antes do que tudo vir para a Bienal é uma satisfação porque é um evento literário grandioso, e além da gente está vivendo da literatura, está também passando os saberes, aprendendo e passando os saberes. Vai ter divulgação do produto, através da divulgação terão encomendas e tudo isso é importante, faz parte do contexto. É gratificante”, concluiu.

Sobre a Bienal

A 10ª Bienal Internacional do Livro segue até o dia 20 de agosto, sempre das 10h às 22h, no Centro Cultural de Exposições Ruth Cardoso. Lembramos que a entrada é franca. Para conhecer com antecedência a programação completa, visite o site do evento e siga-nos nas redes sociais: @bienaldealagoas. Estamos no Threads, no Instagram e no Facebook.