Ufal se prepara para receber novas vagas de Medicina em Maceió e Arapiraca

Projeto também prevê contratações de professores e técnicos, além de investimentos em infraestrutura
Por Manuella Soares - jornalista
17/11/2023 16h59 - Atualizado em 21/11/2023 às 15h53
Aula no curso de Medicina do Campus Arapiraca

Aula no curso de Medicina do Campus Arapiraca

Mais estudantes, mais futuros profissionais da saúde para Alagoas e para o Brasil. A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) vai aumentar 60 vagas para o curso de Medicina em Maceió e 20 no curso em Arapiraca. Toda a Ufal vai se preparar para receber os novos estudantes já a partir do semestre letivo 2025.1.

“Nós atendemos a uma chamada do MEC pela necessidade de expandir os serviços na área de saúde não só das universidades como dos hospitais relacionados às universidades. Todo o estudo de ampliação de vagas tem sido feito há algum tempo e agora nós estamos atendendo à chamada de acesso para atender ao Sistema de Saúde, haja vista a falta de profissionais na área em nível geral no Brasil”, comentou o reitor Josealdo Tonholo.

De acordo com o pró-reitor de Graduação, Amauri Barros, a Ufal tem aproveitado todas as janelas de oportunidades para ampliação de vagas pelo MEC, desde 2015, quando aderiu ao Programa Mais Médicos e dobrou o número da oferta. “Agora terá mais essa ampliação, então, quando esse ciclo se completar nós teremos o triplo de vagas que tínhamos em 2015, chegando a 240. Isso é uma coisa maravilhosa porque a nossa Universidade se preocupa com o ensino e a pesquisa de qualidade, com a extensão e todas as suas atividades, então nós estamos formando médicos de qualidade, o que é um grande desafio para o país”, ressaltou Barros, que esteve à frente dos dois projetos.

A Ufal está utilizando como referência um estudo feito pela Universidade de São Paulo (USP), denominado Demografia Médica 2018, que apontou 2,18 médicos por mil habitantes no Brasil, sendo 1,41 na região Nordeste e, especificamente em Alagoas, 1,36. Essa mesma relação nos Estados Unidos é de 2,6 médicos por mil habitantes, no Canadá 2,7 e no Japão 2,5. Mas mesmo os dados brutos do Brasil convergirem com a média mundial, o problema é a região onde os médicos estão concentrados, por isso a importância de uma instituição do Nordeste como a Ufal, que tem conceitos máximos junto ao MEC, ofertar mais vagas na formação médica.

O novo projeto de expansão dos cursos de Medicina da Ufal está sendo elaborado por uma equipe dedicada e acompanhada por profissionais de vários setores, incluindo a Faculdade de Medicina (Famed) e o Hospital Universitário. Na justificativa apresentada para atender aos critérios da Portaria do MEC Nº 1.771, de 1º de setembro de 2023, o documento ratifica a carência de profissionais, a demanda crescente por serviços de saúde, e a experiência da Ufal em desenvolvimento de pesquisa e inovação.

“A Ufal tem tradição e uma política consolidada de iniciação científica e tecnológica para seus cursos de graduação. Assuntos como: as terapias genéticas e celulares; o uso de Inteligência Artificial (IA) e aprendizado de máquina; a telemedicina; a medicina personalizada; a nanotecnologia na medicina; a impressão 3D na medicina; big data e análise de dados em saúde; robótica médica; por fim, ética e regulamentação são alguns dos assuntos já presentes nos diversos debates científicos nos cursos de medicina da Universidade”, trecho do projeto.

A secretária de Ensino Superior do Ministério da Educação, Denise Carvalho, esteve em Maceió esta semana e também falou sobre a necessidade de mais profissionais da medicina e em outras áreas relacionadas à saúde. Ela também adiantou que a proposta do MEC é ampliar vagas para residentes.

“No futuro, nós também pretendemos aumentar as vagas de outros cursos da área da saúde como a Enfermagem, Fisioterapia, Farmácia, Nutrição e assim por diante. Toda a área da saúde deve ser ampliada no Sistema Federal de Educação Superior e nós precisamos já prospectar o aumento das vagas de Residência Médica porque através dela nós formamos os melhores especialistas”, disse Denise.

Planejamento da oferta de vagas

O crescimento será escalonado. Para o ano letivo de 2025 serão ampliadas 10 vagas em Maceió e 5 em Arapiraca. De acordo com o cronograma, até o semestre 2027.2 as 80 vagas a mais de Maceió já estarão disponibilizadas. E em Arapiraca, a proposta é que todas as 20 vagas já estejam ofertadas até o semestre letivo 2027.1

Com isso, a instituição planeja novas contratações de professores a partir do ano que vem. As vagas de docentes serão abertas gradativamente e, até 2026, serão 60 professores para o Campus A.C. Simões e 20 para o Campus Arapiraca.

No quadro de contratações estão previstas 10 vagas para docentes de unidades de apoio, já que o curso de Medicina de Maceió conta também com professores de outras unidades acadêmicas para a oferta das suas disciplinas, como do curso de Química e da área de ciências biológicas.

O suporte administrativo também vai requerer reforços para atender às novas demandas que aumentam nos setores de apoio como: sistemas de bibliotecas, infraestrutura, departamento de registro acadêmico, departamento de pessoal e outros. Para isso, a Ufal vai abrir 32 vagas para técnicos de nível superior e 48 de nível médio, que serão distribuídas entre os dois campi.

Infraestrutura

A Ufal enviou um novo projeto para o MEC para pedir auxílio nas verbas de capital e custeio que também devem ser alteradas. O orçamento estimado para investir na infraestrutura física do Campus A.C. Simões é de R$ 65,8 milhões para contemplar obras no Bloco Multiprofissional de Saúde, Biotério Setorial, setor de Anatomia, Unidade Docente Assistencial (UDA) e construção do Centro de Ensino, Pesquisa e Inovação.

“O HU da Ufal pleiteou a construção do novo Centro com dois mil metros quadrados e valor aproximado de R$ 15 milhões. Nesse espaço teremos salas de aula, laboratórios de pesquisa e enfermarias para práticas acadêmicas”, adiantou o gerente Administrativo do HU, Anderson de Barros Dantas.

Só em bens permanentes, a proposta para os dois campi será de quase R$ 60 milhões investidos. O projeto também prevê o efeito dos novos ingressantes na matriz de orçamento de custeio e capital, mas que só será fechado quando houver um ciclo completo de formação dos novos ingressantes.

O investimento em Arapiraca será ainda maior, na ordem de R$ 132 milhões incluindo reforma e adequação dos laboratórios; a construção de mais quatro salas de tutoria; oito salas de aula com capacidade para 50 alunos; um auditório com capacidade para 180 pessoas; e salas para os professores em tempo integral; além de aquisição de simuladores, equipamentos médico-hospitalares (EMH) e materiais de multimídia, e construção de um Hospital Universitário.

Hospital Universitário de Arapiraca

O curso de Medicina da Ufal em Arapiraca vai ganhar um novo campo de prática com o Hospital Universitário do Agreste Alagoano, pleito que ainda está em análise pelo MEC. O hospital escola contará com um quadro assistencial de 190 profissionais entre médicos, enfermeiros, técnicos e demais assistenciais de níveis médio e superior. As vagas para o pessoal administrativo será 210. Esses números serão ampliados e, até o semestre 2028.1 serão 760 profissionais do quadro assistencial e 836 do administrativo.

O Hospital Universitário em Arapiraca com gestão da Ebserh é visto como estímulo à “fixação de profissionais docentes na consolidação do curso e de impacto direto na oferta de residências médicas, ampliação das atividades secundária e terciária, fortalecimento de serviços de saúde, bem como atrativo de permanência dos egressos para atuação profissional e exercício da medicina no interior”, como avalia o projeto. A área será de 15 mil metros quadrados e vai custar aproximadamente R$ 105 milhões.