Pesquisadores da Ufal mapeiam perfil da juventude alagoana pela primeira vez

Projeto já está na segunda fase e vai construir um banco de dados detalhado para contribuir com a criação de políticas públicas
Por Manuella Soares - jornalista
06/10/2023 15h36
Pesquisadores percorrem todo o Estado para o levantamento

Pesquisadores percorrem todo o Estado para o levantamento

Professores da Ufal estão à frente de um projeto de pesquisa pioneiro em colaboração técnico-científica com o Governo do Estado. O Datajovem é um mapeamento dos diferentes perfis de juventude presentes em Alagoas e inicia agora a segunda fase da pesquisa. O intuito é percorrer os 102 municípios do Estado para coletar informações e gerar relatórios que vão permitir a criação de um banco de dados sobre a realidade social, política, econômica e cultural das juventudes alagoanas.

“A pesquisa tem como principal objetivo a apresentação e sistematização de um conjunto de dados qualitativos e quantitativos sobre as diversas expressões da juventude, com o intuito de traçar um perfil detalhado desse público e fornecer elementos sólidos com um conjunto de evidências para o desenvolvimento de políticas públicas eficazes”, comentou o professor João Bittencourt, do Instituto Ciências Sociais da Ufal (ICS), que está na coordenação-geral do projeto.

Na primeira etapa, de orientação quantitativa, desenvolvida entre os meses de fevereiro e abril deste ano, foram aplicados 2.400 questionários com jovens entre 15 e 29 anos, elaborados a partir das diretrizes do Estatuto da Juventude, que é o principal documento nacional sobre os direitos das populações jovens.

“Estamos bastante empolgados com a pesquisa, em primeiro lugar, por se tratar de algo pioneiro. É a primeira pesquisa de grande proporção amostral realizada em Alagoas exclusivamente com a população jovem. Não há em toda a região Nordeste uma pesquisa nesses moldes. O mais próximo que encontramos no país é o Atlas das Juventudes brasileiras, porém, os dados são extraídos de questionários aplicados virtualmente. Nossos pesquisadores visitaram os 102 municípios, do litoral ao sertão, conhecendo de perto as múltiplas realidades dos jovens alagoanos”, destacou Bittencourt.

A segunda fase, em andamento, é o momento dos encontros dos grupos focais, realizados no Cepa e nas unidades de internação masculina e feminina com alguns segmentos das juventudes para entender as experiências mais específicas. De acordo com o professor João, os pesquisadores vão abordar com esses jovens os desafios e obstáculos que enfrentam, além das suas percepções em torno de algumas políticas já desenvolvidas pelo Governo do Estado. A expectativa é concluir todo o trabalho até o início de dezembro.

“Para que possamos conhecer de maneira mais profunda essas distintas realidades é preciso não apenas fazer um levantamento de dados que possa nos ajudar a traçar um perfil do jovem do estado, mas principalmente ouvi-los atentamente para compreender os obstáculos materiais e simbólicos que atravessam suas experiências de vida”, concluiu.

Colaboração científica para o mapeamento

A Ufal é representada no projeto Datajovem por meio do Laboratório das Juventudes (Labjuve), grupo de pesquisa que tem sede no Instituto de Ciências Sociais (ICS) numa parceira com o Governo de Alagoas a partir das secretarias do Esporte, Lazer e juventude (Selaj), do Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag) e das Ciências, Tecnologia e Inovação (Secti). O trabalho também tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal).

A contribuição para um diagnóstico mais preciso sobre as necessidades da população jovem conta com uma equipe formada por cientistas sociais das áreas de Antropologia, Sociologia e Ciência Política, em diferentes níveis de formação acadêmica. Além da coordenação-geral do professor João Bittencourt, outros professores da Ufal são responsáveis pelas coordenações temáticas: Educação, com o professor Júlio Cezar Gaudêncio; Minorias, que tem á frente a professora Marina Saraiva; e Juventude Encarcerada, com o professor Fernando de Jesus Rodrigues.

O financiamento da pesquisa é feito com recursos da Selaj e Seplag, que disponibilizaram 12 bolsas em diferentes modalidades. Já uma chamada coletiva dentro do Edital do Pibic, com as pesquisas e planos de trabalho vinculados ao Datajovem, foi organizada pelos docentes coordenadores que conseguiram mais bolsas de iniciação científica pela Ufal e Fapeal, dando oportunidade para os estudantes de graduação.