Ufal vai criar três novos cursos de graduação no Campus do Sertão em 2022

Serão 180 vagas em Delmiro Gouveia para formar profissionais da educação; atividades serão híbridas
Por Manuella Soares - jornalista
23/12/2021 17h34 - Atualizado em 03/01/2022 às 17h06
O diretor-geral do Campus do Sertão, Agnaldo Santos, e o reitor Josealdo Tonholo em reunião com gestores municipais

O diretor-geral do Campus do Sertão, Agnaldo Santos, e o reitor Josealdo Tonholo em reunião com gestores municipais

A Universidade Federal de Alagoas, por meio do Campus do Sertão, formou a Rede Nordeste-Sul com as universidades PUC-RS e Unilasalle/Canoas para ofertar três cursos de Licenciatura Inovadora: Pedagogia, Letras-Português e Ciências Interdisciplinares. Eles serão abertos a partir de março de 2022, na sede do campus, em Delmiro Gouveia, e tem o objetivo de formar professores e gestores.

A rede vai oferecer 480 vagas distribuídas entre as três instituições envolvidas, sob liderança da Ufal. A criação da Rede Nordeste-Sul foi aprovada após grande articulação da gestão da Ufal, encabeçada pela Pró-reitoria de Graduação, que submeteu proposta para concorrer ao Edital 66/2021 da Secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (SEB/MEC).

De acordo com a Chamada, a perspectiva é formar professores sintonizados com as questões atuais; trabalhar de forma híbrida, privilegiar as metodologias ativas e as novas tecnologias de ensino. A ideia é que os profissionais da educação tenham conhecimento prático dos documentos vigentes; as metas do Plano Nacional de Educação (PNE), focadas na formação inicial e continuada de professores, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a Base Nacional Comum para a Formação de Professores (BNC), entre outras atualizações.

“Em tempo recorde a equipe gestora da Prograd, professores Willamys Cristiano e Eliane Barbosa, lideraram um grupo de professores e técnicos da Ufal para responder ao conjunto de exigências do edital no prazo estabelecido”, destacou o pró-reitor de Graduação, Amauri Barros, sobre as tratativas junto ao MEC e, em seguida, com IES do Nordeste e de outras regiões do país.

Os Projetos Pedagógicos dos cursos de licenciatura em Ciências, Letras-Português e Pedagogia foram aprovados para compor o Programa Institucional de Fomento e Indução da Inovação da Formação Inicial Continuada de Professores e Diretores Escolares. Estes PPCs estão passando por ajustes dentro do prazo estabelecido pela Prograd e as atividades dos cursos podem ser desenvolvidas de forma híbrida. As aulas funcionarão de segunda a sexta no período noturno, e sábados durante o dia.

Barros conta que inicialmente a Ufal teria 160 vagas disponíveis, mas conseguiu ampliar a oferta para 180, sendo 60 em cada um dos cursos, devido a uma demanda reprimida e a solicitação dos gestores públicos da região. “Fizemos uma verdadeira força-tarefa, sob a liderança e o apoio do reitor Josealdo Tonholo, da vice-reitora Eliane Cavalcanti e de toda equipe de gestão, para vencer este edital e fazer acontecer este importante programa. Sonhamos com a possibilidade de formar 180 professores em 2025, no Alto Sertão alagoano, e assim cumprir nossa missão social. Neste cenário de dificuldades que o país vive não podemos desperdiçar possibilidades de ajudar a sociedade, precisamos ousar e transformar possíveis ameaças em oportunidades”, reforçou.

Andamento da proposta

O reitor da Ufal se reuniu na última semana com a direção do Campus do Sertão, professores e técnicos, além de representantes das secretarias municipais de Delmiro Gouveia e das cidades vizinhas Inhapi, Pariconha, Água Branca, Olho D’Água do Casado e Piranhas.

A reunião serviu para firmar parceiras por meio de Termo de Cooperação Técnica para viabilizar a formação de professores das redes municipais, a partir de edital de vagas específicas para o Programa. Na ocasião, a presidente do Núcleo Executivo de Processos Seletivos (Neps), Soraya Lira, esclareceu que enviará os modelos dos termos de compromisso às secretarias de educação.

Para agilizar o processo, a coordenadora de Relações Interinstitucional do Campus do Sertão, professora Marilza Pavezi, explicou aos gestores como é feita a demonstração de interesse para formalizar a Cooperação Técnica que será criada entre a Ufal e cada município para, então, garantir a formação dos profissionais de educação no período de 2022 a 2025.

Segundo o diretor-geral do Campus do Sertão, Agnaldo dos Santos, a proposta de criação dos três cursos foi aprovada em reuniões extraordinárias com pauta única para amplo debate nos conselhos superiores.

“Também ficou decidido que haverá uma reserva de 80% das vagas para os profissionais de educação das prefeituras que assinarem o Termo de Cooperação Técnica com a Ufal, se comprometendo a oferecer apoio logístico de transporte para estes profissionais, bem como redução da jornada de trabalho para facilitar a participação deles nestes cursos”, destacou Santos.

O professor Amauri Barros reforçou, ainda, que a comunidade do Alto Sertão alagoano precisa ficar atenta aos editais que serão lançados em breve pela Copeve da Ufal, com a possibilidade de selecionar estudantes pela nota do Enem das últimas edições (ampla concorrência) e também pela reserva de vagas para os profissionais da Educação Básica dos Municípios que assinarem o Termo de Cooperação Técnica.

Numa perspectiva futura, o diretor acadêmico, Thiago Trindade, levantou a possibilidade de ampliação de oferta de vagas na pós-graduação para capacitar professores da rede pública de ensino. A ideia está sendo discutida de forma coletiva para atender a esta demanda a partir de novos cursos lato sensu que serão lançados no Campus do Sertão.

Dificuldades de formalização da proposta

Para conseguir a aprovação dos cursos, um longo caminho foi traçado. Segundo o professor Agnaldo dos Santos, a proposta do Edital 66/2021/MEC/SEB teve muita repercussão pela exigência de formação da Rede com outras universidades que tivessem conceito 4 - ou maior - em programas de pós-graduação nas áreas de Ensino, Educação ou Ciências. Em Alagoas, só a Ufal estava habilitada, e isso também reduziu o número de universidades aptas a concorrer.

Mas a necessidade de suprir esta demanda na região se aliou ao empenho institucional. “O que motivou a criação de grupos de trabalho, formados por servidores da Ufal interessados em apoiar a elaboração de uma proposta institucional para o Campus do Sertão foram as cartas de apoio e de intenção das prefeituras de Delmiro Gouveia, de Olho D'Água do Casado e da Secretaria de Estado da Educação”, ressaltou Santos.

A outras universidades que formam a Rede Nordeste-Sul também vão ofertar cursos de licenciaturas para professores da rede pública dos municípios de suas regiões e a Ufal é a encarregada de acompanhar o programa de formação de professores proposto.