Projeto de extensão auxilia crianças com autismo em Palmeira dos Índios

Grupinho Aquarela tem ajudado a melhorar a rotina dos pequenos e de seus responsáveis
Por Thamires Ribeiro – estudante de Jornalismo
17/05/2019 14h48 - Atualizado em 17/05/2019 às 14h58
Crianças participam de atividades que buscam estimular a linguagem e as várias formas de comunicação

Crianças participam de atividades que buscam estimular a linguagem e as várias formas de comunicação

Ser uma criança com autismo requer alguns cuidados especiais, principalmente, para superar eventuais problemas que aparecem ao longo da vida. Mas, quando essas dificuldades são trabalhadas em grupo, o caminho pode se tornar mais fácil tanto para as crianças quanto para quem as acompanham.

Recheado de amor e cuidado, o Grupinho Aquarela, formado por psicólogas, docente e estudantes de Psicologia da Unidade Educacional de Palmeira dos Índios da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), busca ajudar crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e seus responsáveis.

O projeto de extensão é coordenado pela psicóloga Luana de Freitas e conta com a participação da psicóloga Vanessa Alves e das estudantes de Psicologia Sávia Luiza, Yanka Henrique e Ludmyla Alves, sob a supervisão da professora da Ufal, Danielle Nóbrega.

Os pequenos Pedro Silva, Gabriel, Matheus, Ladson e Pedro Gabriel, que têm entre 11 e 13 anos, são as crianças que compõem o grupo. De acordo com as idealizadoras do projeto, eles foram para o Grupinho Aquarela quando já estavam em processo de alta do Espaço Trate, um Centro de Reabilitação e Reintegração de Crianças com Autismo, em Arapiraca. A proposta da iniciativa de extensão é que um ajude o outro durante as atividades, como explicam as estudantes Yanka e Ludmyla:

“Através da mediação simbólica é possível perceber o quanto cada um pode ajudar o outro nas atividades propostas, o vínculo de amizade entre os integrantes do grupo cria uma relação de igualdade entre eles, possibilitando um aprimoramento na comunicação, fortalecendo assim a interação. As atividades e oficinas buscam abranger o desenvolvimento integral de cada criança, buscando por meio da mediação permitir que as crianças possam interagir, vivenciar e significar o que há a sua volta, criando possibilidades de desenvolvimento”, afirmam.

Durante os encontros, que acontecem semanalmente, são realizadas atividades grupais que buscam explorar a linguagem e suas várias formas de comunicação, a formação de vínculos e enriquecer o relacionamento interpessoal para o desenvolvimento dos pequeninos. De acordo com a organização do projeto, são realizadas intervenções lúdicas com elementos culturais como músicas e danças, trabalhando sempre acerca de suas realidades.

“São realizadas atividades que trabalham as dificuldades das crianças, levando em conta questões voltadas para a subjetividade de cada um, a cultura e a arte. As ações são planejadas de uma forma que possamos contextualizá-las, fazendo com que as crianças tenham uma maior compreensão acerca de questões do dia a dia. Às vezes, os responsáveis esquecem de dar uma explicação mais detalhada e contextualizada para as crianças, desse modo, é feita uma explicação sobre a temática, seja ela aniversário, Natal, dentre outros”, explica a psicóloga Vanessa Alves. E conclui: “Depois é feita a construção da festa, trabalhando dificuldades como hipersensibilidade tátil, coordenação motora fina e grossa, para então acontecer a comemoração. Também realizamos atividades para trabalhar dificuldades alimentares, de forma lúdica, usando músicas, onde as crianças se incentivam”.

Clique aqui e confira uma das apresentações realizadas pelos meninos do Grupinho Aquarela, no dia 2 de abril, Dia Mundial da Conscientização do Autismo.

Trabalho conjunto

Os pais e responsáveis pelas crianças não ficam de fora das atividades. Enquanto os pequenos estão realizando tarefas em uma das salas, eles se reúnem em outra.

“Construiu-se um grupo que se apoia e compartilha dificuldades e conquistas. Conseguimos atuar colaborando com o desenvolvimento das crianças e com as dificuldades da família. De modo geral, os grupos ocorrem separadamente, com exceção de datas comemorativas, onde num primeiro momento os grupos estão separados, mas depois unimos crianças e responsáveis numa atividade desenvolvida por ambas as partes”, diz Vanessa.

Mara Cristina é mãe do pequeno Gabriel, que faz parte do grupo há cerca de três anos e meio. Para ela, a convivência com o grupo, com as outras crianças e as atividades desenvolvidas mudou completamente a vida dele e, consequentemente, a dela também.

“A comunicação com as pessoas melhorou, de ele saber aguardar a sua vez, ter mais paciência com os colegas, interação em grupo, ajudou também com a alimentação. Quando eles estão dentro da sala, os pais estão em reunião com outras psicólogas, dialogando sobre tudo o que envolve o dia a dia deles. E a partir disso, a maneira de interagir com ele é bem melhor, sabemos o que fazer em certas situações”, relata Mara.

E é assim, com muito trabalho e dedicação, que pais e crianças são ajudados e proporcionam muitas experiências a quem os ajudam. É um processo de amor e aprendizagem que passa por todos que colaboram e participam, de alguma forma, do Grupinho Aquarela.

“A experiência vivenciada pelas crianças, através das atividades propostas, constitui-se como uma importante prática inclusiva, ampliando a visão e compreensão da criança com TEA. A partir do grupo, eles se reconhecem enquanto autistas, interagindo, comunicando-se e fortalecendo um ao outro. Deste modo, o trabalho permite a interação e convivência entre essas crianças”, ressaltam as estudantes que são extensionistas no projeto.