Pibic 2019 está com inscrições abertas e traz uma série de mudanças

Avaliação externa das propostas e mudanças no barema são algumas das novidades
Por Ascom Ufal
29/03/2019 19h44 - Atualizado em 01/04/2019 às 15h36
Propostas poderão ser submetidas até o dia 25 de abril

Propostas poderão ser submetidas até o dia 25 de abril

A Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (Propep) da Ufal publicou edital de abertura das inscrições para o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) 2019 - 2020. Pesquisadores interessados em participar, desde que atendam aos requisitos estabelecidos no edital, têm até 25 de abril para submeter proposta no endereço https://sistemas.ufal.br/pibic/.

Na edição deste ano, uma série de mudanças foi implementada no processo seletivo do Pibic que, de acordo com o coordenador de Pesquisa (CPq) da Propep, professor Jorge Artur Coelho, buscam “alcançar uma maior aproximação da pós com a graduação”. Além disso, “fizemos um edital objetivo, ajustado para se encaixar no módulo pesquisa do SIGAA [Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas]”, informa. 

Uma das novidades deste edital em relação aos anteriores é a mudança no índice de pontuação. “Antes, na análise do barema, pontuavam atividades que não estavam estritamente vinculadas à pesquisa, à pós-graduação, ao empreendedorismo, à inovação tecnológica, a atividades culturais e artísticas. Agora, basicamente, o que pontua é atividade de pesquisa, inovação tecnológica e uma aproximação maior do aluno da graduação com a pós”, explica o coordenador.

Essa alteração na pontuação, segundo Coelho, segue a linha de orientações do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “O que o Conselho preconiza na resolução é que o melhor aluno de pós-graduação é o aluno de iniciação científica. É o primeiro degrau do pesquisador. Esse aluno chega mais rápido na pós, termina com um produto de melhor qualidade e termina no prazo”. Ainda de acordo com o coordenador, “o edital tenta focar exatamente no professor que tem perfil de orientador pesquisador. O barema mudou para pontuar mais aspectos que são qualitativos avaliados pela Capes [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior] na pós-graduação”, destaca.

Outra modificação também destacada pelo coordenador é a criação de um Repositório dos Relatórios Finais Pibic, na Biblioteca Central, criado pelo professor Ronaldo Ferreira, da Biblioteconomia.

“No final do processo do ciclo Pibic 2019-2020, o orientador tem que entregar, obrigatoriamente, um relatório final e isso vai ser divulgado com o nome dele, dos bolsistas e do avaliador que julgou o relatório como adequado. O objetivo é que as pessoas tenham uma preocupação maior com a qualidade”, justifica.

Processo de distribuição de bolsas mais transparente

O coordenador de Pesquisa relata que foi adotada “uma forma mais transparente na distribuição das bolsas”. Ele informa que “uma planilha vai ser divulgada com a cota de cada unidade e campi, o que antes não era feito, e foi divulgado já no edital o cálculo que é feito para determinar quantas bolsas serão dadas por unidade”.

Ainda sobre esse assunto, Coelho relata que “antes existia o problema gravíssimo de o resultado preliminar já sair com a distribuição de bolsa”. Segundo ele, “acontecia, por exemplo, de um aluno sair com a indicação de que ia receber uma bolsa, mas no resultado final não. Isso gerava expectativa grande, alguns alunos deixavam atividade remunerada para poder assumir a bolsa e depois descobriam que não iam ser contemplados. Essa etapa foi eliminada. Isso foi resolvido”, afirma.

Ele esclarece que com o edital Pibic 2019, “o resultado preliminar sai com a distribuição de bolsas por unidade e o índice de produtividade do pesquisador. Aí, ele [o docente] pode questionar o resultado por vício na avaliação do mérito científico ou por vício na pontuação do Lattes dele. Depois disso, será divulgado o resultado final, com o índice de produtividade e a distribuição de bolsas”.

Etapas de avaliação mais claras

Outra novidade apontada pelo coordenador da CPq é o processo de avaliação do mérito acadêmico das propostas, com “etapas mais claras”. Ele explica que “o avaliador da casa não avalia mais o colega, como era antes. O mérito do projeto será avaliado apenas por pesquisadores externos, que farão contrato com a CPq. O avaliador interno apenas homologa se o projeto se enquadra ou não em termos de documento, mas ele não julga a qualidade, o mérito”, afirma.

Arthur Coelho conta que sempre existiu avaliador externo nos processos avaliativos do Pibic, mas antes tinha também avaliação de mérito internamente. “Agora, isso foi eliminado. O mérito científico de cada proposta, projeto, será julgado por um avaliador externo. Internamente, o projeto é apenas enquadrado se atende ao que está preconizado no certame”, ressalta. “Os julgadores externos são de outras universidades. Em geral, a recomendação é que tenham bolsa de produtividade [PQ]. Estamos em parceria com a Universidade Federal de Sergipe para que eles mandem a lista de pesquisadores PQ”, diz.

Ele acrescenta que “os critérios de julgamento de mérito agora são objetivos”. E explica: “O avaliador externo tem uma orientação de como deve proceder a avaliação. Por exemplo, não deve fazer comentário depreciativo, não deve ter preconceito teórico nem metodológico e isso está documentado”.

Mudança também no ponto de corte

Com o edital Pibic 2019, aponta Jorge Coelho, nas avaliações das propostas será utilizada uma escala de 0 a 1000 e o ponto de corte será 600. Antes, a escala era de 0 a 1, com ponto de corte de 0,20. “Se fôssemos usar o equivalente aos editais anteriores, o corte seria 200”, diz.

Sobre essa modificação, ele justifica a necessidade de estabelecer critérios, pois “aumentou o número de doutores na instituição, mas não aumentou o número de bolsas e o que o CNPq preconiza é que o princípio e o critério para distribuição de bolsa seja o mérito acadêmico”. 

“Quem tem que orientar Pibic é quem vai levar aluno para pós-graduação. Pibic não é assistência estudantil, é uma outra forma de ser bolsista dentro da universidade”, argumenta. “As ações afirmativas dentro do sistema Pibic mantivemos todas, mas não há como trabalhar, por exemplo, com ação afirmativa para índios, negros e outras pessoas em vulnerabilidade, pois só temos quatro bolsas do CNPq direcionadas para esse público. E quem é julgado não é o aluno, mas sim o orientador”, esclarece.

Ainda de acordo com o coordenador, “o edital contempla uma ação afirmativa que é o recém-ingresso, professor novo, que chegou agora, ou um professor que terminou o doutorado recentemente”. Segundo Coelho, nessa ação, “o candidato já começa na tabela de pontuação com 300 pontos. Isso é um auxílio para incentivar esse professor a ingressar no sistema Pibic, porque hoje, aproximadamente, participam do sistema menos de 70% dos professores doutores DE [dedicação exclusiva]. E não faz sentido você ser doutor DE dentro de uma instituição pública federal, que tem como grande diferencial fazer pesquisa e não está orientando Pibic”, argumenta. A meta, diz Coelho, “é que esse percentual seja maior e que a cobertura de bolsa também seja maior para estudantes, porque a avaliação será qualitativamente melhor”.

Estudo dos dados da CPq subsidiaram mudanças

O coordenador de Pesquisa afirma que as mudanças no edital Pibic 2019 foram feitas depois de estudos dos dados realizados pela CPq. “Foi observado, por meio de simulações, que muitos professores que não estão orientando alunos ou que em médio prazo não vão se vincular a pós estavam sendo contemplados com bolsa”, argumenta.

Outro fator avaliado nos estudos, indica Coelho, foi que “nos relatórios dos cursos de pós-graduação da Ufal, publicados pela Capes a cada 4 anos, um dos pontos observados é a pouca interação com a graduação. E isso é reflexo de que o sistema Pibic não está funcionando como deveria. Precisamos aproximar a graduação”, aponta.

“De modo geral, as modificações realizadas garantem mais transparência e publicidade nas etapas, buscam uma maior interação da pós com a graduação, além de buscar a qualidade do Pibic”, defende Jorge Coelho.