Ufal pesquisa internet global para a conservação de espécies

Estudo realizado pelo Lacos 21 foi publicado em revista internacional
Por Janyelle Vieira - estagiária de Jornalismo
09/10/2019 08h15 - Atualizado em 09/10/2019 às 15h43

O Laboratório de Conservação no Século 21 (Lacos21) da Universidade Federal de Alagoas publicou mais um artigo em Revista Internacional. Desta vez, o destaque aconteceu para o artigo A culturomics approach to quantifying the salience of species on the global internet publicado no periódico People and Nature, que explora as relações entre humanos e natureza.

A pesquisa, que é de autoria dos membros do Lacos 21, Richard Ladle, Paul Jepson, Ricardo Correia e Ana Malhado, aponta que ferramentas digitais podem ser desenvolvidas para apoiar o monitoramento e a comunicação da conservação de espécies. O trabalho realiza uma abordagem cultural que quantifica a relevância de espécies na internet global.

De acordo com o estudo científico, quantificar as várias espécies entre culturas exige pesquisas sociais caras e limitadas em termos geográficos e taxonômicos. Embora essas pesquisas forneçam informações contextuais excelentes e informações extremamente detalhadas sobre o valor cultural, elas não podem ser facilmente ampliadas ou comparadas devido às geografias da diversidade cultural e à falta geral de sistematização das metodologias de pesquisa social.

O artigo acrescenta que a internet global, com seus altos níveis de participação social, oferece uma fonte alternativa de informação sobre a importância cultural das espécies, já que as preocupações de pessoas e instituições em todo o mundo são refletidos, em larga medida, no que eles colocam na internet.

Essas informações podem ser coletadas, analisadas e interpretadas por meio da culturômica, uma área emergente de estudo que explora a cultura humana por meio da análise quantitativa das frequências de palavras em grandes corpos digitais de texto. De acordo com os pesquisadores, é mais provável que as pessoas gerem conteúdo da Internet sobre espécies que possuem destaque e que gere afinidade já que as pessoas estão mais dispostas a conservar espécies e lugares com os quais estão familiarizados e que lhes proporcionam algo que valorizam. “As espécies biológicas diferem claramente em seu perfil cultural e importância entre as sociedades, com consequências para a tomada de decisões em conservação. É mais provável que o público apoie campanhas contra desenvolvimentos que ameaçam as populações e habitats de espécies familiares que geram sentimentos positivos” indica o artigo.

O desenvolvimento da pesquisa quantificou a frequência de páginas da web que mencionam os nomes científicos das espécies, já que estas poderiam ser confundidas pela enorme variação em que são chamadas em diferentes idiomas, ou até, no mesmo idioma. Estudos recentes demonstraram que nomes científicos estão fortemente correlacionados com o uso de nome comum.

Para os pesquisadores, as métricas da importância cultural das espécies baseadas na Internet têm uma variedade de aplicações em potencial e podem levar à inovação de políticas. Por exemplo, eles poderiam contribuir para uma avaliação mais ampla da contribuição da natureza para as pessoas além de fornecer informações sobre a vulnerabilidade das espécies a certas ameaças por ação humana.

Os resultados do estudo em questão, realizado com aves, apontaram que apenas uma pequena proporção das 10.944 espécies de aves existentes possui alta relevância na Internet global e estas, são espécies com características conhecidas e estão fortemente associados a interações humanas diretas (por exemplo, a caça).

Segundo os autores, uma limitação da pesquisa e que pertence a todas as formas de análise culturômica está relacionada a quem é responsável pela geração dos dados e onde eles moram. Muitas populações rurais e indígenas nos países em desenvolvimento são de grande interesse para a conservação, mas têm acesso limitado à Internet e não têm tal visibilidade. Entretanto, os desenvolvimentos em informática na biodiversidade e sistemas de modelagem ambiental melhoraram a capacidade dos cientistas de informar os formuladores de políticas e os mercados sobre questões de gestão ambiental e sustentabilidade.