Edufal recebe escritoras que pesquisam a luta da mulher negra pelo direito de educar filhos

O encontro aconteceu na livraria da Editora, em tarde de lançamento do livro "Por que a creche é uma luta das mulheres?"
Por Marcio Cavalcante, jornalista colaborador
24/07/2018 15h55 - Atualizado em 24/07/2018 às 15h57

Nesta sexta-feira (20), a Editora da Universidade Federal de Alagoas (Edufal) recebeu em sua livraria as professoras Ana Lúcia Goulart de Farias e Elina Macedo, respectivamente organizadora e autora do livro Por que a creche é uma luta das mulheres?, numa tarde de conversa entre a direção da Edufal, autoras e pesquisadores no assunto. O livro está disponível para venda na livraria da Editora.

Para a diretora da Edufal, Lídia Ramires, o lançamento deste título vem num momento muito oportuno, considerando a conjuntura em que se faz necessário reafirmar posicionamentos sobre direitos sociais. “É um livro atualíssimo que trata da temática da mulher trabalhadora e questiona essa maternidade compulsória, como sendo uma responsabilidade da mulher, apenas”, ressalta.

Ramires chama atenção para a capa do livro, uma charge bastante sensível de Gilberto Maringoni em memória à socióloga Marielle Franco, assassinada em 2018, enquanto vereadora da cidade do Rio de Janeiro, onde lutava por direitos básicos e inclusão social da população negra, dentre outras pautas feministas e antirracistas.

“O livro traz, já na capa, uma belíssima homenagem à Marielle e sua luta pela possibilidade das mulheres conseguirem colocar seus filhos em um local com educação, formação de qualidade, com segurança para que elas mesmas pudessem trabalhar e continuar estudando. É algo que fala muito forte a cada uma de nós e diz respeito a todos nós cidadãs e cidadãos”, adverte.

A professora Ana Lúcia Goulart de Faria (Unicamp), organizadora do título, ressalta que o livro resulta de uma disciplina eletiva da Faculdade de Educação da Unicamp, que dispõe de edital para incluir no quadro docente da faculdade, por um semestre, personalidades que não são de carreira acadêmica: especialistas, militantes, artistas.

“Daí veio a ideia de convidar a Amelinha Teles, que tem curso de Direito e trabalha com feminismo e formação de promotoras populares, para lecionar uma disciplina no curso de Pedagogia”, conta a professora Ana Lúcia, afirmando que o livro veio como proposta de compilar as aulas de Amelinha Teles devido à profundidade dos temas abordados em sala de aula, incluindo movimentos sociais e a relação da mulher pobre, negra e trabalhadora com a necessidade de creches para lhes atender na educação dos filhos pequenos.

Também presente à ocasião, uma das autoras do livro, a professora Elina Macedo, também da Unicamp, observou a importância de Amelinha Teles como figura histórica na luta pelos direitos da mulher. “Então esse livro vem como fruto do curso da Maria Amélia Teles sobre história da luta das mulheres pelo direito das crianças à creche. É uma produção coletiva em que autores discutem a creche como uma luta das mulheres, e há também todas as outras variantes que abordam uma educação feminista, antirracista para as crianças e também numa referência ao feminismo negro”, conclui.