Debate mostra a importância dos museus vivos para culturas locais

O projeto visa a preservação da cultura das comunidades pesquisadas
Por Amanda Alves – estagiária de Relações Públicas
28/07/2018 11h03 - Atualizado em 28/07/2018 às 11h04
Mesa debateu importância dos CCSs

Mesa debateu importância dos CCSs

Processos de patrimonialização e museus indígenas, quilombolas e ribeirinhos: centros de ciências e saberes foi o tema de uma mesa-redonda na programação da SBPC Afro e Indígena na Ufal. Coordenada por Alfredo Wagner B. de Almeida, professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o foco foi apresentar a importância dos Centros de Ciências e Saberes (CCSs), também chamados de museus vivos, onde estão as tradições das pessoas representadas, para o fortalecimento e manutenção da cultura das comunidades estudadas.

Constituído por pesquisadores que possuem o objetivo de divulgar conhecimentos científicos, o projeto dos centros foi criado para ajudar a fortalecer a cultura dos povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos, e não permitir que suas respectivas histórias se percam ao passar dos anos. Além disso, são expostos objetos típicos e simbólicos desses povos, que podem ser emprestados ou criados excepcionalmente para tal função, e contam a história da luta e resistência de todos eles.

A mesa contou com a presença de três palestrantes, Dorinete Senejo de Morais, membro da Comunidade Quilombola de Canelatiua, em Alcântara (MA), que relatou algumas das principais dificuldades enfrentadas pelo seu povo, e fundou o CCS na comunidade local. Já Rosa Eliana Torres, que faz parte da Comunidade indígena Tremembé da Raposa (MA), falou sobre a trajetória de sua comunidade, que segundo ela, possui muitas lutas e várias conquistas. Rosa afirma que em sua comunidade não existe um CCS, pois o ambiente não conta com espaço suficiente para a elaboração do centro, dessa maneira, a coleção de objetos da comunidade Tremembé encontra-se exposta na Casa do Maranhão, que é um local criado para divulgar a cultura maranhense. A advogada Sheilla Borges Dourado, aluna de pós-doutorado na Universidade Estadual do Maranhão (Uema), trouxe uma visão mais teórica acerca do tema.

Segundo Dorinete, o projeto passou a existir após um edital de chamada pública do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, que financiou a construção de oito centros em comunidades do Maranhão e Amazonas, mas a ideia inicial já havia surgido há muito tempo. ‘’O surgimento é bem anterior a essa chamada pública, pois nós já tínhamos esses conhecimentos, saberes e ciência, essas coisas que representam a nossa história, então, o projeto só nos permitiu organizar tudo aquilo que a gente já tinha’’, afirmou.  Sheilla relata que a exposição das comunidades que estão nos CCSs espalhados pelo Brasil tem uma participação muito grande no processo de formação e fortalecimento da identidade dos povos representados por cada centro.

Diferente de um museu, o CCS é planejado, administrado e mantido por cada comunidade onde está inserido. Sua construção custa caro, porém, em algumas ocasiões, o terreno é doado e o museu vivo é elaborado de maneira coletiva por todos os moradores das comunidades locais.

Para quem quiser conhecer mais a respeito dos CCSs, o projeto conta com um livro lançado, onde estão registradas informações sobre a implantação dos centros em determinadas comunidades, reflexões dos autores, fotos e fichas de artefatos simbólicos expostos e vários outros dados. A obra Museus indígenas e quilombolas: centros de ciências e saberes, sob organização de Alfredo Wagner Berno de Almeida e Murana Arenillas Oliveira, está disponível para download clicando aqui.