Atividades da SBPC Afro e Indígena ressaltam importância das comunidades tradicionais

Ideia é desmistificar as práticas indígenas e quilombolas
Por Renata Menezes – jornalista e André Miranda – estudante de jornalismo
24/07/2018 14h55 - Atualizado em 24/07/2018 às 14h52
Professora Maria Ester Viegas compôs mesa sobre Invisibilidade étnica na região Nordeste,

Professora Maria Ester Viegas compôs mesa sobre Invisibilidade étnica na região Nordeste,

A abertura da SBPC Afro e Indígena aconteceu na tarde desta segunda-feira (23), no auditório do campus Arapiraca. A solenidade contou com a presença de autoridades da Uneal e da Ufal e foi seguida da mesa-redonda Invisibilidade étnica na região Nordeste.

A programação conta com minicursos, oficinas, conferências, exibição de filmes e atividades culturais. O principal objetivo é colocar no centro do debate temas relacionados aos costumes indígenas e quilombolas, ampliando as discussões na comunidade acadêmica e promovendo a conscientização sobre essas culturas.

Cerimônia

Durante a cerimônia, o reitor da Uneal Clébio Araújo saudou a realização do evento em Arapiraca e ressaltou que tratar das questões indígenas e quilombolas é uma tática de resistência, especialmente no atual contexto sociopolítico, marcado por retrocessos nas universidades públicas.

A professora Maria Ester Viegas (Ufal) reforçou a fala de Clébio, destacando que “a SPBC Afro e Indígena, enquanto espaço de discussão, é fundamental para a construção de uma sociedade menos injusta e verticalizada”.

Já o professor Arnaldo Tenório, diretor acadêmico do campus Arapiraca, garante que o espaço universitário estará sempre de portas abertas para receber os eventos promovidos pela SBPC. “É um imenso prazer para o campus Arapiraca receber e organizar este evento e a direção se coloca à disposição da SBPC”, conclui.

Mesa-redonda

Com o título Invisibilidade étnica na região Nordeste, a mesa-redonda tratou de um assunto urgente: a importância de reconhecer a existência das aldeias indígenas e comunidades quilombolas, bem como seus hábitos culturais, garantindo os direitos que estão previstos em lei.

A mesa foi composta pelos professores Clébio Araújo (Uneal), Maria Ester Viegas (Ufal) e Gilberto Ferreira (Seduc-AL), mediados pelo professor Marconi Tabosa (Ufal), que trouxeram dados de suas pesquisas e vivências para viabilizar a troca de conhecimentos com o público.

O professor Clébio iniciou sua fala comentando sobre o processo de colonização brasileira, que impôs um modelo de dominação cultural europeu, silenciando e apagando algumas tradições das culturas africanas e indígenas. De acordo com o professor, foi esse processo o responsável pela invisibilidade social a que estão sujeitos esses povos até hoje. “A questão da invisibilidade pode ser resumida em estar sem ser. É ter a existência concreta sem a condição de ser socialmente”, afirma.

Considerando que a história oficial conta somente o lado dos colonizadores, a professora Maria Ester ressaltou a importância da memória coletiva para resistência das tradições afro-brasileiras e indígenas. Segundo a pesquisadora, os povos tradicionais surgiram como objeto de estudo recentemente, daí a necessidade de conhecer a história oral para compreender o processo de construção da invisibilidade, elaborado pelas políticas públicas.

O professor Gilberto Ferreira abriu sua exposição citando o pesquisador indígena Baniwa: “como se pode ser civilizado se não se aceita conviver com outras civilizações?”. Na sequência, ele elenca os elementos causadores da invisibilidade social dos índios brasileiros, como a colonização, os massacres e o processo civilizatório. Por fim, ele apresenta as formas de resistência que os povos nativos encontraram, como acordos, educação e ataques.