Educadores das universidades públicas fazem mobilização pelo Pibid

Dia 28 de fevereiro foi indicado pelo Forpibid como dia nacional de luta em defesa do programa

28/02/2018 09h37 - Atualizado em 01/03/2018 às 14h27
Estudantes do Sertão em defesa do Pibid (arquivo Ufal)

Estudantes do Sertão em defesa do Pibid (arquivo Ufal)

Ascom Ufal

Bolsistas e professores do Programa de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) de todo o país travam uma luta pela continuidade do Programa. Os participantes da Ufal afirmam que, apesar das expressivas contribuições do Pibid, o Governo Federal se nega a prorrogar os projetos atuais, até que uma nova edição aconteça, prevista para a partir de agosto. “Isso pode causar sérias implicações na continuidade dos trabalhos em andamento nas escolas e no âmbito da Universidade”, ressalta a professora Lúcia de Fátima Santos, coordenadora institucional do Pibid Ufal. 

De acordo com o Fórum dos Coordenadores Institucionais do Pibid (Forpibid), constituído por coordenadores institucionais de diversas instituições de ensino superior em todo Brasil, “é arbitrário e injustificável interromper o Pibid, exceto pelo interesse, cada dia mais claro, de remodelar a educação como parte de um programa ultraliberal e ultraconservador de sociedade, sem que se pese a desigualdade social que isso produz,” destacam integrantes do Fórum em abaixo-assinado enviado aos parlamentares. 

O grupo do Pibid-Ufal tem participado ativamente de todas as mobilizações. Por enquanto, de acordo com informe do Forpibid, as instituições formadoras e escolas aguardam posicionamento oficial do fim desse ciclo de quase dez anos de atuação em parceria entre a Capes, as universidades e as escolas. “O Fórum convoca toda a comunidade acadêmica brasileira a lutar pela prorrogação. A mobilização em todo o país, sobretudo por meio das redes sociais, tem o dia de hoje, 28 de fevereiro, como ponto alto. Para isso, solicita que todos assinem a petição que solicita a prorrogação do Pibid”, informa Lúcia de Fátima.

Clique aqui para assinar a petição pública 

Segundo Barrios, no âmbito da Ufal, todos os esforços têm sido empreendidos pela reitoria, Pró-reitoria de Graduação e por todos os integrantes do Pibid, para que o Programa continue com a configuração atual e, principalmente, para que aconteça a prorrogação. “Em apoio ao Pibid, a Pró-reitoria de Graduação solicitou a aprovação de uma moção de apoio ao Programa, aprovada pelo Consuni, em 15 de fevereiro de 2016 e, através de ofício encaminhado ao presidente da Capes, a reitora da Ufal, professora Valéria Correia, solicitou a prorrogação do Pibid”, destaca a coordenadora de Desenvolvimento Pedagógico da Prograd. 

Compromisso com a educação 

O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) é uma iniciativa de formação em nível superior de professores para a Educação Básica, criado em 2007 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC). Entre os objetivos, o Programa visa promover e incentivar a inserção dos estudantes das licenciaturas no contexto das escolas públicas desde o início dos primeiros períodos da graduação, para que desenvolvam atividades didático-pedagógicas sob orientação de um docente da licenciatura e de um professor da escola. 

Portanto, além de contribuir para a melhoria da formação docente, os professores consideram relevante a interação construída entre universidade e escola. “Na Ufal, embora esteja vinculado à Pró-reitoria de Graduação, as atividades do Pibid atendem aos três pilares da Universidade: ensino, pesquisa e extensão. A Ufal participa do Pibid desde o primeiro edital e, indubitavelmente, é expressiva a contribuição do trabalho realizado no decorrer dos projetos desenvolvidos, seja nas ações efetivadas nas 47 escolas públicas parceiras,  no ensino presencial e a distância , na formação dos alunos das escolas de educação básica, como também na formação dos 737 professores participantes, tanto da formação inicial quanto continuada”, relata a coordenadora institucional do Pibid Ufal.

As ações desenvolvidas pelo Pibid na Ufal envolvem escolas de diferentes municípios: Arapiraca, Delmiro Gouveia, Maceió, Maragogi, Olho D´Água das Flores e Santana do Ipanema. “As experiências realizadas têm motivado a ampliação da formação dos participantes e egressos em cursos de programas de pós-graduação. Diferentes trabalhos de pesquisa já foram publicados numa diversidade de congressos, periódicos, capítulos de livros, Trabalhos de Conclusão de Curso, dissertações e em Relatório de Estágio Pós-doutoral”, informa Lúcia.

Em dois livros publicados pelo Pibid-Ufal (Luiz; Paz; Santos, 2012 e 2015), também confirmam-se análises e relatos de experiência que expressam a importância desse Programa como política de formação docente. A pesquisa de pós-doutorado intitulada As contribuições do Pibid no processo de letramento de professores de letras: os reflexos da formação nas práticas de escrita, realizada na Unicamp/2015-2016, da professora Lúcia de Fátima Santos, doutora em Linguística, ratifica o caráter exitoso e promissor do Pibid.

São várias as contribuições apresentadas pela pesquisadora sobre a formação docente no Pibid: o desenvolvimento do professor como agente de letramento, atuando com reflexão e criticidade nas práticas situadas de leitura e escrita, seja do letramento docente ou acadêmico; a integração entre orientações adotadas na formação acadêmica e no Pibid e aquelas defendidas na educação básica; ampliação da formação dos bolsistas e supervisores através da transformação de questões do cotidiano das escolas em objeto de pesquisa, aprofundando, deste modo, o conhecimento sobre as práticas pedagógicas que desenvolvem e construindo novas propostas de ensino e aprendizagem numa perspectiva de pesquisa-ação; melhoria no processo de escrita e de leitura dos alunos da educação básica, como também dos licenciandos.