Núcleo da Ufal presta apoio pedagógico a estudantes com deficiências

Cerca de 30 alunos, de variados cursos, contam com suporte para acessibilidade às atividades acadêmicas
Por Diana Monteiro - jornalista
03/12/2018 13h04 - Atualizado em 03/12/2018 às 16h26
NAC da Ufal ajuda a derrubar barreiras no campus

NAC da Ufal ajuda a derrubar barreiras no campus

O dia 3 de dezembro foi estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (ONU), como o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. O objetivo da data foi gerar discussões sobre a situação dos que se encontram nesse universo, assim como seus direitos e necessidade. Mesmo com avanços das políticas de inclusão e de acessibilidade, conforme dados do censo do Instituto Brasileiro e Geográfico (IBGE) de 2010, há no Brasil 45,6 milhões de indivíduos que se declaram com deficiência, o que corresponde a quase 24% da população total.

Visando cada dia desempenhar o papel de estar a serviço da sociedade na promoção de ações de inclusão ao ensino superior público de qualidade, a Universidade Federal de Alagoas implantou, em 2013, o Núcleo de Acessibilidade (NAC) que presta apoio pedagógico a cerca de 30 alunos de variados cursos de graduação da instituição. O serviço conta com uma equipe de bolsistas e colaboradores, tem a coordenação da professora Neiza Fumes, do curso de Educação Física, e consiste numa das atividades da Pró-reitoria Estudantil (Proest).

Para a execução do atendimento especializado, o Núcleo identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem barreiras para a plena participação dos alunos que precisam do atendimento.

“Até agora o NAC tem conseguido suprir as minhas necessidades e demandas em relação ao curso que faço”, destaca Cladevan Firmino dos Santos Costa, que está no 7º período de Educação Física e recebe apoio do Núcleo de Acessibilidade desde o segundo. Ele perdeu completamente a visão aos 22 anos de idade, por causa da doença conhecida como glaucoma. Até a total cegueira, Claudevan disse ter tido sempre a visão bastante limitada devido à catarata congênita. Tomou conhecimento do NAC antes de ingressar na Ufal, durante uma visita que fez ao Campus A. C. Simões: “Nessa visita conheci a professora Neiza e ela me falou sobre o serviço de apoio e garantiu a assistência”, frisou, tecendo elogios à equipe responsável pelas ações.

Ele aproveita para destacar as modificações que foram feitas quanto ao suporte que recebia: “No início a assistência era diária, mas com as modificações passou a depender da atividade ou do tipo de aula que eu iria ter. Como algumas aulas são teóricas foi entendido que não havia a necessidade de um bolsista me acompanhar o tempo todo, porque além de passar a conhecer as dependências físicas da unidade acadêmica também quando necessário, meus colegas de curso me ajudam muito”, enfatiza.

Sobre as dificuldades encontradas na rotina acadêmica, Claudevan aproveita mais uma vez para tecer elogios ao NAC: “Para nós que temos deficiência visual todas as atividades que fazemos no dia a dia são muito mais difíceis e mais complexas para a acessibilidade, que passa inclusive por aquisição de material para estudos como livros em braille e outros formatos. Mesmo com o auxílio da tecnologia que utilizamos na vida acadêmica, se não houvesse apoio seria muito difícil permanecermos no curso. Então, para mim é muito importante a assistência que recebo, assim como para os demais usuários dos serviços do NAC”, acrescentou.

MobiUfal reforça ações

Em julho deste ano o Núcleo de Acessibilidade passou a contar com um grupo de apoio solidário conhecido como MobiUfal, com o principal objetivo de colaborar com a permanência e participação de universitários assistidos pelo NAC em todos os ambientes da instituição. O apoio é na locomoção para ida e vinda a pontos de ônibus, Restaurante Universitário e para algum espaço administrativo, como Reitoria, dentre outras atividades acadêmicas que apresentem dificuldade de mobilidade. Para a coordenadora Neiza Fumes, o projeto MobiUfal veio remover algumas barreiras e serve como incentivo à comunidade universitária a se envolver no processo.

Um dos organizadores do MobiUfal é o estudante Leonardo, do curso de Engenharia da Computação. Ele é o líder da adaptação de materiais. Ele explica as atividades que faz como bolsista do NAC: “Uma das formas de realizar o apoio pedagógico ao público-alvo é por meio da adaptação de materiais. Por exemplo: um aluno com deficiência visual não consegue ler aquela fotocópia do dia a dia da vida acadêmica de muitos universitários. Então, a equipe de bolsistas do Núcleo transforma aquele material físico em áudio. Em seguida o áudio é repassado para o aluno que, após esse processo, tem acesso às informações do respectivo material”, explica.

Ao reforçar a importância do Projeto MobiUfal Leonardo diz que mesmo a Ufal progredindo na ampliação dos espaços, as barreiras arquitetônicas no ambiente universitário ainda são muito comuns. “Dessa forma surgiu o MobiUfal, que trata de uma rede colaborativa que usa o Whatsapp como interface e que inclui a participação da comunidade acadêmica”, frisa.

Sobre a dinâmica do projeto ele complementa dizendo que ao chegar na Ufal o aluno com deficiência solicita algum acompanhante para o seu deslocamento de um ponto A para um ponto B, e um dos colaboradores vai ao encontro do aluno para conduzi-lo ao destino.

“A atuação do NAC envolve bastante coisa. Garante direitos de uma minoria que é pouco discutida. É um trabalho muito enriquecedor e o aprendizado é diário. Fico muito feliz em ver pessoas com deficiência ocupando cadeiras em nossa universidade. O que me despertou a ser bolsista do NAC foi a minha curiosidade em ver como a tecnologia pode auxiliar essas pessoas de uma forma prática”, declarou.

Leonardo informou que ao fim de cada período do curso o aluno colaborador do NAC pode solicitar um certificado com horas proporcionais ao número de atendimentos que estiveram sob sua responsabilidade. O NAC está instalado no Centro de Interesse Comunitário (CIC), Campus A. C. Simões, e funciona das 8h às 20h.