Laboratório de Genética Molecular da Ufal comemora 20 anos

Setor contou com o apoio da Fundação de Amparo a Pesquisa de Alagoas para pesquisas que beneficiam a população
Por Tárcila Cabral - jornalista colaboradora
27/11/2018 07h15 - Atualizado em 28/11/2018 às 09h40
Laboratório tem o intuito de contribuir nas áreas de saúde, agricultura, criminalidade, produtos patenteados e formação de profissionais de alto nível (Fotos: Tárcila Cabral)

Laboratório tem o intuito de contribuir nas áreas de saúde, agricultura, criminalidade, produtos patenteados e formação de profissionais de alto nível (Fotos: Tárcila Cabral)

O Laboratório de Genética Molecular da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) estreou em 1998, quando o Centro de Ciências Agrárias (Ceca) da Ufal foi inaugurado. Desde então, segue com o intuito de atuar no cotidiano social através de suas pesquisas, contribuindo nas áreas de saúde, agricultura, criminalidade, produtos patenteados e formação de profissionais de alto nível.

Segundo seu coordenador, o PhD em genética Eduardo Ramalho, a Fapeal teve um papel decisivo na montagem e disponibilização da infraestrutura do espaço de pesquisa enquanto complexo de produtos e serviços de inovação tecnológica. Outros parceiros importantes foram o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Universidade de Londres, entre outras agências de fomento.

A partir dos anos 2000, a fundação se propôs financiar pesquisas, e dentre elas, ganhou destaque a análise do genoma da cana-de-açúcar. Sob a tutela de Ramalho, este estudo estratégico foi o estopim que possibilitou uma relação de parceria entre o laboratório e a Fundação, garantindo a repercussão em outros projetos, como o Programa Pesquisa para o SUS (PPSUS). O apoio viabilizou uma máquina de sequenciamento automático de DNA, softwares, hardwares, bolsas de Iniciação Científica (IC) e layout físico. Apenas entre 2014 e 2017, a Fapeal contribuiu R$405 mil para os projetos do Professor Eduardo Ramalho.

A partir desta estruturação, o laboratório abrigou diversos projetos relevantes para a sociedade, por exemplo o monitoramento do vírus da hepatite C em Alagoas. Neste período, a Fapeal colaborou com as bolsas dos estudantes, o que garantiu bancadas lotadas de acadêmicos trabalhando em testes de RNA e DNA para a análise e controle dos portadores do vírus gratuitamente. Segundo o pesquisador, apenas um dos exames custa R$850, mas estes foram disponibilizados de graça para 17 mil pessoas, por um período de três anos, a partir de 2003.

Contribuição à pós-graduação O financiamento fomentou descobertas significativas, como a identificação de 52 proteínas da cana-de-açúcar: “Nossos alunos verificaram que quando há falta de chuvas a cana expressa proteínas que hoje podem ser exploradas para aumentar a produtividade desta espécie, mas que têm a capacidade de ser transmitidas para outras plantas também”, explica o estudioso.

No âmbito do doutorado, também houve avanços. A estruturação do laboratório e as bolsas concedidas permitiram que estudantes e pesquisadores fossem além dos papers e desenvolvessem produtos. As pesquisas aplicadas renderam ao grupo cinco patentes, resultados de investimentos iniciais da Fapeal há quase duas décadas atrás.

Estudos infectológicos Caminhando para a área infectológica, outros alunos do mentor ganharam destaque. Welber Xavier, por exemplo, utilizou o laboratório para criar uma patente que é capaz de diagnosticar 10 tipos do Vírus do Papiloma Humano (HPV). Esta ferramenta pode detectar as variedades de HPV que causam o câncer de colo de útero. Hoje, já se sabe que existem mais de 200 tipos diferentes e a metade deles é de alto risco. No Brasil, uma a cada quatro mulheres uma apresenta o vírus, e no Nordeste, a proporção é de uma a cada três.

Patentes Atualmente, são aproximadamente 20 produtos antifúngicos em processo de patente no laboratório, como sabonetes líquidos com capacidade antibacteriana e cicatrizante. Pesquisas também já assinalam a eficiência de uma substância, gerando produtos potentes no combate de diferentes ameaças como bactérias, fungos e ácaros, como detergentes. Aqui, existe a parceria com o Núcleo de Análise e Pesquisa em Ressonância Magnética Nuclear (NAPRMN) do Instituto de Química da Ufal.

O doutor em Biologia molecular também apresenta com entusiasmo o fruto de dez anos de pesquisa: Um repelente 100% natural que atua contra mosquitos causadores do zika vírus, chikungunya e dengue. Ele pode ser utilizado em adultos, idosos e bebês. O produto foi baseado em análise do genoma da cana, que possui um dos maiores DNAs vegetais de que se tem conhecimento e carrega, portanto, inúmeras informações.

Contexto atual Hoje, a placa do laboratório carrega o nome do presidente da Fapeal em 2000, que outorgou os recursos estratégicos, intitulando o local de Laboratório de Genética Molecular Fernando Barreiros. Por sua relevância, o espaço ganhou esta placa do CNPq em 2000, como reconhecimento para o laboratório mais eficiente do Brasil em sequenciamento genético automático de DNA para o Projeto Genoma.

“Nosso laboratório ganhou esta placa do CNPq e eu resolvi homenagear a Fapeal, porque sou grato por todo o apoio concedido. Graças aos subsídios, não só estruturamos um espaço, como financiamos pesquisas que retornaram à sociedade e contribuímos para que diversos alunos desenvolvessem projetos em alto nível”, conclui o pesquisador.