Projeto na Ufal vai procurar peixe predador na costa de Alagoas

Peixe-leão pode causar prejuízos aos ecossistemas marinhos e à economia local

14/10/2015 15h31 - Atualizado em 15/10/2015 às 14h46
Peixe-leão é nativo dos oceanos Pacífico e Índico, mas foi encontrado na costa do Rio de Janeiro

Peixe-leão é nativo dos oceanos Pacífico e Índico, mas foi encontrado na costa do Rio de Janeiro

Manuella Soares - Jornalista

O curso de Engenharia de Pesca da Universidade Federal de Alagoas na Unidade de Ensino de Penedo está totalmente engajado com o Projeto Conservação Recifal (PCR), que, atualmente, está preocupado com a invasão do peixe-leão (lionfish) nos recifes brasileiros. O peixe é nativo dos oceanos Pacífico e Índico, mas já foi encontrado na costa do Rio de Janeiro e ligou o sinal de alerta para a emergência de algumas iniciativas.

Membros da Ufal e da federal de Pernambuco (UFPE) estão envolvidos no projeto que tem financiamento da The Ocean Foundation e Waitt Foundation, com o apoio da Área de Proteção Ambiental da Costa dos Corais, do ICMBIO. Na Ufal, o professor Cláudio Sampaio coordena as atividades que estão em fase de planejamento para iniciar em campo. A ideia é realizar palestras e fazer um material de divulgação sobre os problemas para chegar aos locais específicos.

“Pretendemos trabalhar com colônias de pescadores, associações e clubes de pesca, operadoras de turismo e escolas de mergulho. Mergulhos exploratórios em recifes profundos e pouco visitados por pescadores e mergulhadores também serão realizados em busca da presença do peixe leão”, destacou Sampaio.

Esta é a primeira iniciativa brasileira para alertar sobre o risco iminente da invasão do peixe-leão. O professor explica que o peixe não tem muitos predadores no Oceano Atlântico, possui maturidade sexual precoce, desova muitas vezes ao ano e, por isso, consegue se espalhar com extrema velocidade. Ele tem um formato exótico e é bem comum em aquários, mas, ao ser introduzido nas águas do sul da Flórida, através de solturas ou fuga, passou a predar muitas espécies de peixes, crustáceos e moluscos de valor econômico e ecológico.

“Há um único registro do peixe leão em águas brasileiras, no Rio de Janeiro, realizado no ano passado, mas, o quanto antes ele for detectado, mais eficientes serão as medidas para seu controle e manejo, reduzindo os prejuízos causados, tanto para a economia, quanto para o ambiente marinho”, ressaltou o professor Cláudio Sampaio, adiantando que a previsão é que no mês de novembro sejam iniciadas as atividades de campo. E o professor justificou a pressa: “Como o peixe já foi capturado em águas fluminenses, é esperado que seja encontrado nas águas alagoanas. Infelizmente, tudo indica, que seja apenas uma questão de tempo”.

Sobre o peixe-leão

Devido à rusticidade, podem habitar desde rasos manguezais, com águas turvas e de baixa salinidade, a recifes de corais profundos. São predadores por excelência e resistentes a variações de salinidade e temperatura. É um peixe peçonhento, ou seja, possui espinhos que podem espalhar um veneno doloroso nos pescadores e mergulhadores desavisados. Então, além de gerar prejuízos incalculáveis aos ecossistemas marinhos e à economia local, reduzindo a produtividade pesqueira e afugentando turistas, o peixe-leão pode causar sérios acidentes.

Projeto na Ufal

Atualmente apenas o curso de Engenharia de Pesca está envolvido com o projeto intitulado Invasão do peixe-leão (lionfish) nos recifes brasileiros – Causa de emergência envolvendo pesquisa, comunidade local e operadoras de mergulho, sob a coordenação do professor Cláudio Sampaio. Há também um bolsista de Iniciação Científica, Fernando Brandão, que desenvolve estudos voltados aos peixes associados aos naufrágios alagoanos. Com o avançar das atividades, o professor pretende contar com a colaboração de bolsistas dos cursos de Biologia e Turismo da Unidade Educacional de Penedo.