Aluna de São Tomé e Príncipe conclui Direito e agradece acolhimento da Ufal

Jesuisa foi aluna do PEC-G e pretende voltar para fazer pós-graduação

15/10/2014 09h52
Jesuisa de Oliveira da Trindade esteve no gabinete do reitor Eurico Lôbo

Jesuisa de Oliveira da Trindade esteve no gabinete do reitor Eurico Lôbo

Lenilda Luna - jornalista 

Antes de retornar para São Tomé e Príncipe, Jesuisa de Oliveira da Trindade esteve no gabinete do reitor Eurico Lôbo para agradecer o acolhimento e a assistência nesses cinco anos que passou estudando Direito no Campus A.C Simões, em Maceió. "A Ufal teve um papel muito importante não só para a minha formação acadêmica, mas também para o meu crescimento pessoal", declarou a recém-formada. 

Jesuisa veio estudar na Ufal pelo Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G). Esse convênio do Ministério da Educação oferece vagas nas universidades públicas brasileiras para estudantes de países em desenvolvimento que tenham acordos educacionais e culturais com o Brasil. 

Os alunos selecionados cursam a graduação mas devem ter condições para custear as despesas de moradia no local onde fica a Universidade. Por meio desse programa, a Ufal tem recebido muitos estudantes africanos. Este ano, cerca de 40 estão fazendo cursos em Alagoas. "Os alunos devem retornar ao país de origem para colaborar no desenvolvimento local", ressalta o reitor Eurico Lôbo. 

Acolhimento 

Jesuisa ressaltou o acolhimento e as possibilidades de integração que foram criadas na Ufal para os estudantes estrangeiros. "Ano passado, participei do encontro nacional de estudantes africanos e pude perceber, pelos relatos, que nós tivemos muito apoio aqui . Em outras universidades, estudantes contaram que viviam um certo isolamento", afirmou a graduada. 

O reitor Eurico Lôbo destacou o interesse da universidade em fazer com que os estudantes estrangeiros possam se sentir integrados à comunidade acadêmica. "Sei como é difícil ser estudante em um país estrangeiro, sobretudo quando se é jovem e é preciso ficar longe da família. Por isso, buscamos criar condições para que esses estudantes se sintam integrados e valorizados", declarou o reitor. 

A Semana Africana foi uma das iniciativas criadas para que os estudantes desse continente pudessem compartilhar suas tradições culturais. "A Semana Africana já está incorporada ao calendário acadêmico e tem sido um momento de integração para que os estudantes africanos possam apresentar sua rica cultura", ressaltou o reitor. 

São Tomé e Príncipe 

O país de Jesuisa é constituido por duas ilhas principais e algumas ilhotas, no Golfo da Guiné, próximo à países como Nigéria e Camarões, no continente africano. O país tem apenas 49 anos de independência e ainda está buscando desenvolver a economia. "Só temos uma universidade lá, e é privada, muito cara. Por isso, o sonho de todos os estudantes do meu país e conseguir bolsas para estudar fora", conta Jesuisa. 

A recém-formada em Direito pondera que o país não está ainda em condições de absorver toda a mão-de-obra especializada, porque é ainda uma economia baseada na produção agrícola, principalmente o cacau. "Mas outros setores estão começando a crescer, como o turismo e a exploração do petróleo, por isso, meu plano é voltar ao Brasil para fazer pós-graduação em Direito Aduaneiro e do Petróleo", projeta a bacharel em Direito.