Medicina Veterinária e OAB firmam parceria para projetos com pequenos animais

A iniciativa integrou o Dia Estadual de Castrações e se desenvolveu na capital e no interior

05/06/2014 19h50 - Atualizado em 14/08/2014 às 10h27
Animais em recuperação

Animais em recuperação

Diana Monteiro - jornalista                                                                                                                        

Um total de vinte cirurgias em 11 cadelas, 2 cães, 4 gatas e 3 gatos foram as atividades desenvolvidas  por alunos  do 6º período do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Alagoas, coordenadas pelo professor  Pierre Barnabé, da Unidade de Ensino de Viçosa, marcando o Dia Estadual de Castrações em Pequenos Animais, no último mês de maio. A equipe teve o cuidado de realizar cirurgias gratuitas para pessoas carentes da zona rural do agreste  e da cidade de Viçosa e a atividade contou com  o apoio da prefeitura municipal. 

A iniciativa é da Comissão do Meio Ambiente e Bem-Estar Animal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), secção Alagoas,  sob a coordenação de Cristiane Leite,  com aulas práticas e técnica cirúrgica veterinária e consistiu em uma das  atividades do Projeto Painter Castre um Animal de Rua. Esse projeto é coordenado  pela professora Márcia Notomi, também do corpo docente da Unidade de Ensino de Viçosa. 

O professor Pierre Barnabé informa que a  ação foi solicitada junto aos centros na técnica minimamente invasiva no Estado. “Contou com a participação do Centro de Controle de Zoonoses de Maceió e Arapiraca (CCZ), curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Alagoas, Núcleo de Educação Ambiental Francisco de Assis (Neafa) e clínicas particulares com notada rotina e experiência cirúrgica”, enfatiza. 

Transcorridas em duas etapas, 8 e 15 de maio,  e com apoio da Secretaria Municipal de Saúde de Viçosa, antecederam as castrações dos pequenos animais,  exames clínicos e de sangue no Laboratório de Análises Clínicas da Veterinária, coordenada pela médica veterinária e técnica da Ufal, Karina Pessoa de Oliveira. “Destaco a vontade e qualidade do trabalho realizado pela equipe de alunos, com positividade de aprofundar o ensino e consequentemente formar profissionais dessa área mais cidadãos e com perícia cirúrgica”, acrescenta o professor Pierre. 

Extensão e aprendizado 

O curso de Medicina Veterinária da Ufal integra o Campus Arapiraca e desde 2009 realiza castrações em cães e gatos de rua, cuja atividade está atrelada aos projetos de extensão: Sanidade PET Animal; PET Cidadão e Castre um animal de Rua,  e com a OAB de Alagoas foi iniciado este ano. Mesmo enfrentando dificuldades como a falta de verbas para o dinamismo da ação, o professor Pierre Barnabé diz que há o empenho da equipe para a boa formação e também para a  projeção da instituição no interior.   

Pierre reforça que não há formação do médico veterinário sem prática e a oportunidade de participar de programas de extensão populares é fundamental para a formação profissional e cidadã, envolvendo alunos do 4º ao 10º períodos do curso, com a interação entre projetos e disciplinas profissionalizantes. “A equipe objetiva realizar mensalmente a castração de 20 a 30 animais, chegando a mais de 300 animais por ano. Isso pode diminuir nos próximos anos mais de 6000 animais nas ruas”, frisa o professor.  

Zoonoses 

Pierre Barnabé destaca que a superpopulação de cães constitui um sério problema em diversas cidades do mundo, caracterizado pela existência de uma grande quantidade de animais sem responsáveis que vivem em espaço público. Esses animais compõem um reservatório de zoonoses (doenças transmitidas dos animais para os humanos) e, assim, um risco de agravo à saúde pública, o que implica num dispêndio excessivo de recursos. 

O Estado de Alagoas apresenta apenas dois Centros de Controle de Zoonoses, localizados em Maceió e Arapiraca, e ao analisar o cenário alagoano e as condições atuais da cidade de Viçosa em relação ao enorme número de cães errantes nas ruas e na zona rural, o projeto vem de encontro com uma necessidade emergente: a captura dos animais, cuidados profiláticos como vacinação de raiva, desverminação, exames de leishmaniose e esterilização cirúrgica dos animais. 

“Com isso haverá a diminuição significativa de zoonoses, além de resultados satisfatórios de diminuição da população canina a longo prazo. Lembrando que uma cadela pode ter de 20 a 80 filhotes durante sua vida, analisem o impacto na diminuição de cães nas ruas em alguns anos considerando que estas fêmeas teriam na média 50 % de filhotes fêmeas. Portanto, o projeto abrange esta necessidade estadual, além de aumentar a prática cirúrgica entre os alunos”, concluiu o coordenador do projeto, professor Pierre Barnabé.