Novo ministro da Educação fala com exclusividade para o Portal da Ufal

Henrique Paim pontuou os desafios da pasta para os próximos dez anos, da creche à pós-graduação

31/01/2014 12h45 - Atualizado em 02/05/2024 às 16h01
Henrique Paim assumirá o Ministério na próxima segunda-feira, 3

Henrique Paim assumirá o Ministério na próxima segunda-feira, 3

Simoneide Araújo – jornalista

José Henrique Paim, 47 anos, é o novo ministro da Educação. O anúncio foi feito na quinta-feira (30), por meio de nota oficial, publicada no Blog do Planalto. Paim, atual secretário-executivo do MEC, substituirá Aloizio Mercadante, que assumirá a Casa Civil. A transmissão de cargo será na próxima segunda-feira, 3, às 11h, no Palácio do Planalto.

Henrique Paim é natural de Porto Alegre e formado em Economia. Há quase dez anos está no Ministério, seu currículo é longo; entre as funções que assumiu foi a de presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Ele esteve em Maceió, no último dia 23 de janeiro, para participar da solenidade de entrega dos certificados aos concluintes do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) 2013. Após a cerimônia, Paim concedeu entrevista exclusiva para o Portal da Ufal e falou sobre os desafios da pasta. Naquele momento, Paim não confirmou ter sido indicado e sobre o assunto disse: “A função de ministro da Educação é um cargo de confiança da presidenta”. Confira a seguir:

Portal – Secretário, o senhor foi indicado para o cargo de ministro da Educação?
Henrique Paim – A função de ministro da Educação é um cargo de confiança da presidenta. Não teve nenhuma confirmação em relação a meu nome.

Portal – Em se confirmando, quais são os desafios do Ministério da Educação? E em relação às universidades públicas?
Henrique Paim – Eu estou há dez anos no MEC, como secretário-executivo e como presidente do FNDE. Obviamente que nós sabemos que os desafios dos próximos dez anos para a educação são desafios muito importantes. Começa pela aprovação do PNE [Plano Nacional de Educação] que vai exatamente definir essas diretrizes que temos de cumprir para os próximos dez anos e passa, com certeza, pela questão da educação infantil. Temos um compromisso de universalizar a pré-escola até 2016 e também uma preocupação muito grande com essa questão da alfabetização das crianças, a melhoria da qualidade e do desempenho da educação básica. A ampliação da jornada da educação básica é fundamental para conseguirmos alcançar melhores objetivos. Nenhum país do mundo conseguiu avançar em educação sem ampliação da jornada.

O ensino médio é um grande compromisso; é um compromisso que o Brasil tem de assumir para melhorar sua qualidade. Tudo isso, na educação básica, tem de ser feito a partir exatamente da mobilização do sistema, mas, também, a partir da valorização dos professores e da melhor formação desses professores, por meio dos programas que o Ministério oferece. Essa visão toda de melhoria da educação básica passa também pela questão da profissionalização. Para melhorar o ensino médio tenho que trabalhar a questão da profissionalização, não é só aumentar a jornada.

Portal – E com relação à educação superior?
Henrique Paim – A educação superior é fundamental também nesse processo porque é ela que forma os professores e que estimula conhecimento. Na visão sistêmica que a gente trabalha, a questão da educação superior joga um papel muito importante também para melhoria da qualidade da educação básica e o país para se desenvolver precisa ter um ensino superior forte, uma pós-graduação forte, com bastante ampliação. E o maior desafio das universidades é exatamente a internacionalização que estamos fazendo agora com o Ciência sem Fronteiras. Então, nos próximos dez anos, temos de avançar muito, ampliar todos os programas e fazer com o Brasil esteja numa situação melhor.

Portal – Falando em acesso às universidades, como podemos avaliar o Enem?
Henrique Paim – O Enem é um sucesso porque é um processo que se consolidou ao logo desses anos. Tivemos aqui, na Universidade Federal de Alagoas, um grande apoio porque foi uma das primeiras universidades a aderir esse sistema de seleção unificada e foi uma aposta correta, porque hoje sabemos que nós estamos trazendo para Alagoas os melhores estudantes do Brasil. O Enem permite isso. Além de ser uma porta de acesso à educação superior, é uma régua que se define para o país inteiro, colocar os melhores estudantes nas melhores universidades do Brasil.

Portal – Mas apesar dessa abertura, 70% dos alunos aprovados na Ufal são de Alagoas.
Henrique Paim – Pois é, o Enem, além de não tirar vagas, amplia possibilidades. Somado a isso, há um esforço também da rede de ensino médio de Alagoas, no sentido de avançar a partir da matriz do Enem. Se há esse conjunto de estudantes que consegue ingressar na Universidade, significa que o ensino médio em Alagoas está conseguindo o seu objetivo.

Portal – Ainda falando sobre universidade, o que a Universidade Federal de Alagoas pode esperar do MEC?
Henrique Paim – Ela vai esperar do MEC o que sempre recebeu, apoio total nesse processo de expansão, de internacionalização que a universidade tem, na pós-graduação, na graduação e na formação de professores. Somos parceiros e nós queremos que a Ufal construa seu plano estratégico e esse plano deve estar ligado à proposta de desenvolvimento do Estado e do País e todo esse processo vai estar alinhado às ações que o MEC quer desempenhar.