Pesquisa ouve a população para desenvolver estudo em prol do esporte e lazer em Maceió

A coordenação da pesquisa é da professora Leonéa Santiago e visa à elaboração de políticas públicas direcionadas a área

12/12/2013 11h00 - Atualizado em 14/08/2014 às 10h29
Professora Leonéa Santiago coordena a pesquisa em Maceió

Professora Leonéa Santiago coordena a pesquisa em Maceió

Diana Monteiro - jornalista

Pela primeira vez a cidade de Maceió vai ser alvo de uma pesquisa para identificar as representações de esporte ouvindo a população. Dados já estão sendo coletados nos bairros do Tabuleiro do Martins, Farol e praias da capital, motivados pelo estudo “Representações de esporte para a população residente na Cidade de Maceió”, coordenado pela professora Leonéa Santiago, do curso de licenciatura em Educação Física da Universidade Federal de Alagoas. A conclusão da pesquisa, que se ampliará em 2014 para os bairros do Complexo Benedito Bentes e adjacências, proporcionará ao poder público municipal subsídios para a elaboração de políticas públicas direcionadas à citada área.

A pesquisa, iniciada este ano, tem como base o projeto piloto no âmbito da Ufal, conta com a parceria do Ministério do Esporte e é desenvolvida por um grupo formado por 12 alunos da graduação (licenciatura e bacharelado) em sua maioria bolsistas da Pró-reitoria Estudantil (Proest), da pós-graduação. Tem ainda a participação de duas bolsistas da Capes, alunas do Mestrado em Educação. “O grupo de estudo participante da pesquisa criado para as diferentes atividades dentro do Núcleo de Esporte da Ufal, integra o GETEXE ( Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão) e está cadastrado na Capes”, frisa a professora Leonéa Santiago.

Sobre a motivação para desenvolver um estudo ouvindo as demandas da comunidade de diferentes faixas etárias, Leonéa destaca que a carência de intervenção nessa área foi constatada em toda a cidade. “A carência começa com o descuido na praia, chega aos bairros periféricos. A pretensão é que, em etapas, a pesquisa venha abranger o maior número de bairros da capital”.

Um dado agregado ao estudo foi o quanto o clima de insegurança é um fator que se torna impeditivo para a prática simples de atividades físicas, como caminhadas: “a falta de segurança, que está no nosso contexto social sem controle, foi muito apontado pelo público alvo da pesquisa como impeditivo para o lazer em espaços públicos, como ruas e praças, este último, importante foco do trabalho em desenvolvimento”, frisa Leonéa.

Pedestre e ciclista disputam mesmo espaço

A bela, agradável e apreciada orla de Maceió e toda reestrutura que tem recebido do poder público municipal, segundo Leonéa Santiago, continua inadequada para as representações de esporte, a começar pela ciclovia. "Além da disputa entre pedestres e ciclistas, na orla da Praia de Ponta Verde em direção à Pajuçara, pelas imediações da Barraca Pedra Virada, há uma bifurcação para ciclista e pedestre, que se funde 200 metros a frente, ficando um único caminho”, diz Leonéa. O esgoto a céu aberto observado na Praia de Ponta Verde é citado pela coordenadora da pesquisa como outro grave problema para a prática de atividade esportiva: “além de comprometer equipamentos, compromete à saúde humana”, argumenta.

Circuito autoinstrutivo

Diferentemente das demais capitais, a pesquisa também apontou que nas praias da capital não são mantidos circuitos autoinstrutivos (orientação por desenhos) para a prática de atividade física. O projeto envolvendo o Ministério do Transporte e Banco do Brasil contemplou há cerca de quatro anos a parte alta da cidade com um circuito autoinstrutivo. “O circuito foi implantado no Benedito Bentes e no Tabuleiro dos Martins tendo como público alvo à pessoa idosa. É o único existente em Maceió e pela falta de manutenção está totalmente depredado e inutilizado como espaço público para a finalidade proposta”, afirma Leonéa.

Outro espaço sem manutenção e em estado de abandono é a Praça do Skate, no bairro da Ponta Verde, dotada de rampa para a prática da modalidade que leva o nome da praça, que também apresenta traves de futebol deterioradas, pondo em risco a integridade física do usuário. Segundo Leonéa, a falta de investimento e o visível desinteresse do poder público para as ações de esporte e lazer na cidade despertaram para a realização do estudo.

"Exatamente essa realidade nos levou a buscar elementos, que a partir da voz da população, possam incentivar a elaboração de espaços públicos, consistindo no direito do povo e obrigação de governantes”, complementa. Reforça o papel da Ufal que é o de formar mentalidades, criar competências nos seus alunos. "Isso já estamos conseguindo, na medida em que a relação teórica e prática se consolida com a pesquisa”, complementou a professora.