Aluna de Geografia é selecionada no mestrado de Ensino em Astronomia da USP

Kizzy Alves foi única nordestina selecionada para curso no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da instituição paulista

13/08/2013 09h40 - Atualizado em 14/08/2014 às 10h30
Kizzy, ao lado de seu mentor Adriano Aubert. Foto - Valdir Rocha

Kizzy, ao lado de seu mentor Adriano Aubert. Foto - Valdir Rocha

Deriky Pereira – estudante de Jornalismo

Tudo começou durante o ensino médio, na Escola Estadual Nossa Senhora do Bom Conselho, situada no bairro de Bebedouro, quando as aulas de Física do professor Adriano Aubert despertaram em Kizzy Alves Resende curiosidade pela Astronomia. Ela, que nunca tinha se interessado por nada relacionado ao assunto, amadureceu o interesse a cada novidade que encontrava para ajudar nos trabalhos da disciplina.

O ensino médio, no entanto, passou. O interesse pela Astronomia, não. “Desde o ano de 2006 eu tenho contato o Centro de Estudos Astronômicos de Alagoas (Ceaal) e, no ano seguinte, eu já operava o planetário móvel da Usina Ciência. Lá, eu atuei como voluntária por dois anos e, em 2009, quando ingressei na Ufal, me tornei bolsista de lá”, relembrou Kizzy.

Hoje, aos 23 anos e recém-formada pelo curso de licenciatura em Geografia na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), a estudante, agora, se prepara para uma nova jornada: cursar o Mestrado Profissional em Ensino de Astronomia (MPEA) no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP).

As aulas se iniciam nesta quarta-feira, dia 14, e o curso tem a duração de dois anos. Com o trabalho intitulado “O planetário como recurso didático e seus impactos para os alunos do ensino fundamental”, ela, que foi a única nordestina selecionada para o curso, pretende estudar a importância do Planetário como ferramenta de ensino para os estudantes e fazer um apanhado da forma com a qual ele vem sendo utilizado.

A ideia é analisar se o planetário vem sendo bem utilizado como recurso didático ou apenas como um aparato turístico, pois o certo é que ele tenha essas duas vertentes: os professores devem levar os alunos aos planetários e utlilizá-lo não só como uma recreação, mas abordar os conhecimentos adquiridos nele em sala, ou que a própria visita possa ser uma aula prática”, salientou Kizzy.

Realização de um sonho

De acordo com Kizzy, durante toda a graduação, seu pensamento era fazer algo voltado ao ensino da Astronomia e que envolvesse a Geografia. Não é a toa que sua dissertação analisou a Olimpíada Brasileira de Astronomia e a relação que as questões da prova tinham com a disciplina. “A ideia era mostrar porque é importante aprender a Geografia para ter um bom desempenho na prova”, explicou.

Tudo, no entanto, foi bem cronometrado. Pouco antes de concluir a graduação, a estudante descobriu a seleção de mestrado, elaborou o projeto, submeteu e foi aprovada. “Fui selecionada logo na primeira etapa e, na semana seguinte, fui até lá para apresentar o projeto à banca. Depois de mais uns dias de espera, o resultado saiu e fui aprovada entre os quinze”, revelou.

A aprovação no mestrado, para ela, é a valorização de todos esses anos de estudo. E, além disso, a realização de um sonho. “Eu sempre pensava que, quando terminasse a graduação, gostaria de fazr um mestrado em ensino de Astronomia. Agora, vou poder fazê-lo e em um dos maiores centros de pesquisa na área. Estou muito ansiosa para ver o que eles têm a me oferecer”, destacou Kizzy.

A estudante aproveitou o momento para agradecer ao seu mentor. “Agradeço ao professor Adriano que me despertou esse interesse. Com sua ajuda, desenvolvi trabalhos que foram apresentados em vários eventos, tanto locais quanto nacionais. Além disso, gostaria de agradecer aos meus professores da Ufal e ao pessoal da Usina Ciência, que me acolheu antes de eu me tornar universitária e sempre apoiou as atividades que eu queria fazer.”

Planos para o futuro

No domingo, Kizzy deu início à sua nova jornada: embarcou para São Paulo, que será a sua mais nova casa pelos próximos dois anos, deixando família e amigos em Maceió. Apesar disso, ela diz que recebeu apoio de todos. “Minha mãe me disse que eu tenho que buscar o melhor pra mim. E está feliz. Assim também estão meu pai, minha avó e o meu noivo, que me apoiou em todos os momentos. Eles estão felizes e tristes ao mesmo tempo”, comentou ela, sorrindo.

Porém, Kizzy já pensa no futuro. Ela, que sempre buscou um curso de licenciatura para poder transmitir o que aprendesse aos seus alunos, diz que pretende voltar à capital alagoana após concluir o mestrado e colocar em prática tudo o que aprendeu por lá. “Já trabalhei com alguns alunos e eles se interessaram bastante pelo assunto. Eu pretendo voltar à Alagoas para fazer com que as atividades relacionadas à Astronomia cresçam no Estado”, concluiu a estudante.