Pós-graduação faz planejamento estratégico em busca de melhores resultados

Meta é elevar o conceito em avaliações da Capes; foram apresentados dados estatísticos da produção científica do mestrado do ICBS

17/12/2012 18h55 - Atualizado em 14/08/2014 às 10h36
Mesa de abertura do evento realizado no ICBS

Mesa de abertura do evento realizado no ICBS

Myllena Diniz – estudante de Jornalismo

Em seminário de avaliação e planejamento estratégico do Programa de Pós-graduação em Diversidade Biológica e Conservação nos Trópicos (PPGDIBICT), alunos e professores do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS) conferiram os dados estatísticos da produção científica do mestrado da unidade e a situação no cenário brasileiro. O encontro aconteceu no último dia 11 e contou com a presença do professor Paulo Jorge Parreira, representante da área de Biodiversidade da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Segundo a coordenadora, Nidia Noemi Fabré, o programa tem apresentado evolução desde a primeira turma, criada em 2009. “Com base nas exigências da Capes, os docentes da nossa pós-graduação têm obtido pontuação crescente. A maioria dos nossos professores se estabilizou e a outra parte apresenta constante crescimento nas produções”, destacou.

A professora ainda ressaltou o papel dos discentes na construção de um programa de pós-graduação cada vez mais comprometido com a excelência exigida pela Capes. De acordo com Nidia Fabré, cerca de 55,6% dos alunos que ingressaram na turma de 2009 possuem publicação em periódicos com qualis B2+; Da turma de 2010, o percentual se aproxima dos 70%; dos que inciaram o mesmtrado em 2011 chegam a 55,5% com publicações; e, este ano, 9,1%. “As estrelas são os discentes. Agora, lembramos que essa publicação é fruto de disciplinas, de créditos obrigatórios em nosso programa de pós-graduação. O aluno segue elementos que o empurram para a publicação. Ou seja, temos uma política de estímulo à produção científica e de busca por produtos de qualidade”, ressaltou.

Em quatro anos de atividade, o PPGDIBICT já fez parcerias com diversas instituições de ensino superior do Brasil, como a Universidade de São Paulo (USP). As articulações do programa também garantiram intercâmbios de professores de universidades de Pernambuco, bem como convênios com o Museu Nacional do Rio de Janeiro e com as universidades federais do Paraná, do Rio Grande do Sul e da Paraíba.

Para o discente Filipe Augusto do Nascimento, o planejamento do PPGDIBICT da Ufal estimula os alunos a buscarem publicações em periódicos científicos de qualidade. “O programa tem foco no incentivo à publicação dos discentes. Ao longo do mestrado, nós publicamos dois trabalhos, no mínimo. Isso acontece porque em nosso primeiro ano de curso, nós temos que ter, pelo menos, uma publicação em qualis B5+ e, até a conclusão de nossas atividades, de B1+ para cima”, salientou.

Proposta de avaliação da área de Biodiversidade

Durante o seminário, o professor Paulo Jorge Parreira, representante da área de Biodiversidade da Capes, apresentou os métodos e as propostas de avaliação do órgão. Parreira também fez explanação sobre o acompanhamento dos programas de pós-graduação em todo o País.

Segundo Paulo Jorge, os cursos stricto sensu em Biodiversidade ainda são recentes no Brasil, mas já estão em posição de destaque no cenário nacional. “Apesar de nova, a área de Biodiversidade já é a terceira maior entre as pós-graduações da Capes. Atualmente, existem cerca de 123 programas. Por isso, precisamos fazer com que esse segmento cresça, amadureça dentro da Capes e tenha o reconhecimento que merece”, revelou.

Brasil no cenário mundial

O representante da Capes destacou que, com base em parâmetros quantitativos, o Brasil ocupa a 9ª e a 13ª posições no ranking mundial de pesquisas em Biodiversidade, de acordo com as revistas Plant and Animal Sciences e Enviroment/Ecology, respectivamente. Sob o critério qualitativo, os dois periódicos destinaram a 19ª posição ao País. Ainda assim, o pesquisador ressaltou que, em solo brasileiro, as produções científicas na área têm avançado em relação às tradicionais. “Nosso posicionamento, em média, está igual - ou melhor - que as áreas consideradas centrais, como a Genética e a Biologia Molecular”, enfatizou.

Critérios de avaliação

A avaliação feita pela Capes, a cada triênio, leva em consideração diferentes critérios. Entre os mais importantes, segundo Paulo Jorge Parreira, estão os qualis, que correspondem à qualidade da produção intelectual dos programas de pós-graduação. O pesquisador frisou que esse é um quesito que sofrerá algumas modificações e apontou as perspectivas para esse aspecto.

“Nosso intuito é criar ‘espaços’ nos percentuais da Capes, por meio da eliminação de redundância, como ocorre quando um trabalho é publicado em ISSN [International Standard Serial Number, ou Número Internacional Normalizado para Publicações Seriadas] em papel e em meios eletrônicos. Além disso, também precisamos discutir critérios que podem retirar ou não dar destaque à produção marginal, aos periódicos que não são, nitidamente, da área”, explicou Parreira.

Os critérios de avaliação incluem métricas que valorizam, além da produção científica, a qualidade dos trabalhos desenvolvidos nos programas de pós-graduação. Por isso, Parreira alertou para alguns fatores importantes para alavancar as atividades do PPGDIBICT.

“É fundamental considerar que o serviço prestado à sociedade se traduz na formação de mestres e doutores. O sistema de pós-graduação é o principal responsável pela produção de conhecimento científico e a qualidade da publicação tem 55% de peso. Além disso, como temos o objetivo de classificar os programas, a avaliação só pode ser alcançada de forma comparativa. É preciso qualidade na formação e na produção, o que também significa a inserção adequada dos discentes no processo de produção científica. Por fim, devemos considerar que o conjunto dos docentes, majoritariamente os permanentes, faz parte do alcance das metas do programa. Então, é importante estabelecer um mínimo de produção para a maioria dos professores e reduzir as heterogeneidades”, reforçou Paulo Jorge Parreira.

Perspectivas positivas

Entre os programas de pós-graduação em Biodiversidade existentes no Brasil, apenas 6% possuem conceito 6 e 7. Mas, as perspectivas da Capes é de que esse índice aumente de 12% a 18%. Atualmente, o PPGDIBICT da Ufal possui conceito 3. Com o aprimoramento dos métodos de avaliação, o programa alagoano fica ainda mais próximo da nota 4.

Para a coordenadora do PPGDIBICT, Nidia Fabré, os resultados são positivos para um curso tão recente. “A avaliação da Capes é um sistema dinâmico. No triênio, são gerados indicadores, parâmetros que podem ser maiores do que a gente espera. Nós estamos em condições boas para elevar nosso conceito para 4 e, dessa forma, solicitar o doutorado. Estamos em processo crescente de qualidade e queremos continuar com a massa crítica que formamos. No entanto, os discentes com maiores potencialidades são prejudicados pela falta do doutorado. Então, nossa meta é a nota 4 e o doutorado. A especialização em Biodiversidade precisa cobrar o peso que merece em Alagoas, para que o todo o Estado analise a área e tenha respeito por ela, do ponto de vista social e econômico. Somos pequenos, mas temos força potencial para a elaboração de bons produtos”, ponderou.

Durante o seminário, também foram discutidas as perspectivas para o próximo triênio do programa. A medida faz parte do planejamento estratégico da pós-graduação, cujo objetivo é a análise da avaliação e das diretrizes da Capes, assim como a formulação de metas para o melhor desempenho do grupo. O resultado da avaliação do último triênio do PPGDIBICT está previsto para o meio do ano de 2013.