Ufal contribui para o debate da cultura africana no Brasil

Trabalhos serão apresentados em Sergipe, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul

18/09/2012 09h45 - Atualizado em 02/05/2024 às 16h01
Apresentação do espetáculo Oni xé a àwure, com figurinos de Andréa Cavalcante

Apresentação do espetáculo Oni xé a àwure, com figurinos de Andréa Cavalcante

Renata Menezes - estudante de Jornalismo

O estudo da cultura africana está ganhando cada vez mais espaço dentro da Universidade Federal de Alagoas. As primeiras iniciativas se deram há 30 anos, quando o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (Neab) começou a funcionar, desenvolvendo ações voltadas para a pesquisa, o debate e a difusão dessa cultura.

Com o surgimento das ações afirmativas e da Lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino da história e da cultura africana nas escolas brasileiras, mais pesquisadores se voltaram para o assunto e aconteceram modificações no Neab. Segundo a professora Clara Suassuna, atual coordenadora do Núcleo, foi necessário reformular a metodologia de trabalho, até então voltado apenas à catalogação das Comunidades Quilombolas de Alagoas, ampliando-se para o desenvolvimento de metodologias educacionais.

A professora Nadir Nóbrega, da Licenciatura em Dança, parceira do Neab, desenvolve pesquisas sobre a cultura afro-brasileira e veio para a Ufal em 2010, aumentando o corpo de pesquisadores da área. Em setembro e outubro, ela apresentará dois trabalhos em importantes eventos acadêmicos, em Sergipe e no Rio Grande do Sul.

Entre os dias 20 e 22 de setembro, a professora discutirá um capítulo de seu mestrado no VI Colóquio Internacional “Educação e Contemporaneidade”, no campus de São Cristóvão da Universidade Federal de Sergipe. O trabalho, intitulado “Espetáculo porque Oxalá usa Ekodidé: conto afro-brasileiro de origem Yorubá para a história da dança baiana”, lança propostas metodológicas de ensino para a história da Dança.

Em outubro, será apresentado o trabalho “O Universo Étnico-Cultural dos blocos afros: Ilê Aiyê, Olodum, Malê Debalê e Bankoma na cena contemporânea”, resultado da tese de doutorado da professora, no VII Congresso da Associação Brasileira de Artes Cênicas, que será realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS). O trabalho, que já foi exposto nos Estados Unidos, numa mesa sobre corpo e etnicidade, segue a linha de pesquisa de matrizes estéticas na contemporaneidade, estudando o trabalho dos blocos do carnaval baiano na educação de crianças e jovens.

Além da professora,a técnica-administrativa da Ufal, Andréa Cavalcante, também irá apresentar trabalho voltado para a cultura afro-brasileira, no 8º Colóquio de Moda, congresso internacional que será realizado no Rio de Janeiro, entre os dias 17 e 20 de setembro. O trabalho foi resultado de sua participação na construção do espetáculo “Oni xé a àwure”, como figurinista. Segundo Andréa, o projeto de figurino cênico levou em consideração o seu trabalho realizado em escolas da periferia de Maceió e as mensagens transmitidas pela dança afro-brasileira.

Nadir Nóbrega diz que a participação de professores e funcionários nesses eventos é importante para fortalecer os estudos realizados no campo da cultura afro-brasileira e, consequentemente, fortalecer a lei 10.639/2003. Para Clara Suassuna, o desenvolvimento e a transmissão dos trabalhos realizados são de fundamental importância para a desmistificação dos costumes africanos, ainda vistos como folclore, de forma pitoresca.