Estudantes de EAD apresentam práticas pedagógicas em Fórum Mundial

Discentes fazem parte dos cursos de Pedagogia e Licenciatura em Física na modalidade a distância

19/06/2012 11h05 - Atualizado em 14/08/2014 às 10h35
Wallyn Silva também trabalhou voluntariamente para o evento

Wallyn Silva também trabalhou voluntariamente para o evento

Jhonathan Pino – jornalista

Foi pensando em disseminar as práticas desenvolvidas por alunos dos cursos de Educação a Distância (EAD) da Universidade Federal de Alagoas que um grupo embarcou rumo ao II Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica, realizado entre os dias 28 de maio e 1º de junho. Na bagagem, a professora voluntária Madileide Duarte e os alunos Vandelma Fontes e Wallyn Silva, ambos do Polo de Santana do Ipanema; além de Juliana Bandeira, do Polo Maceió, levaram suas experiências em ambientes de salas de aula para serem discutidas em Florianópolis, cidade sede do evento.

Após atividades em salas de aula, realizadas por meio da disciplina de Projetos Integradores  3, a docente selecionou trabalhos para que fossem visualizados no Fórum. "A minha proposta era apresentar as mídias, os jogos e as artes como práticas pedagógicas transformadoras", explica Madileide.

A estudante Juliana Bandeira, do curso de Pedagogia, do Polo Maceió, apresentou o pôster "Questões de Leitura e Escrita no Processo de Ensinar e Aprender". O grupo da qual ela fez parte, no desenvolvimento da disciplina, procurou responder o porquê das crianças concluírem o quinto ano do ensino fundamental sem saber ler e escrever, e chegou a conclusão de que a falta de acompanhamento dos pais é uma das principais dificuldades para o processo de aprendizagem dos alunos.

Após entrevistas com pais e alunos, também foi verificado que falta de prática da leitura leva muitos estudantes a terem vergonha de ler em voz alta, mesmo quando já sabem fazê-lo. Para a graduanda, essa realidade só pode ser alterada com o ensino da leitura e o acompanhamento dos pais desde as séries iniciais. "Temos que acabar com essa história de que crianças no primeiro ano só precisam aprender as vogais e consoantes. Em muitos casos, a direção diz que temos que trabalhar só o lado cognitivo. Crianças nesta fase têm capacidade de ingressar na segunda série já sabendo ler e escrever palavras, ou pequenos textos", relata.

Para Juliana, a política de aprovação dos alunos, mesmo quando estes não aprendem o conteúdo ensinado, aplicado pelo Governo Federal, é um dos fatores agravantes para a má aprendizagem nas escolas. "Outro ponto negativo é a admissão de profissionais sem experiência na área da educação, ou com diplomas em outras áreas, para as vagas de monitoria do ensino público", acrescenta.

Sua atuação em salas de aula nos últimos 12 anos a fez reavaliar possíveis práticas como saídas para essa realidade. Uma das apontadas por Juliana aconteceu quando ela teve que lecionar em uma turma de segundo ano do ensino fundamental, com alunos aprovados sem saber ler e escrever, e ainda apresentavam dificuldades em matemática.

Com dois meses para solucionar o problema, Juliana teve que apelar para que os pais acompanhassem o desenvolvimento dos seus filhos na escola: "lembro-me muito bem que o diretor veio me perguntar como é que eu tinha feito para que os pais estivessem tão presentes. Eu falei, rindo, que eu simplesmente disse que, se os filhos deles fossem reprovados, eles perderiam a Bolsa Família. Logo, ocorreu uma chuva de pais acompanhando os filhos e exigindo o seu aprendizado. Não consegui resolver o problema em 100%, mas 60% saíram com maior aprendizado e os pais se acostumaram a frequentar a escola, para saber como estavam seus filhos", explica.

Dificuldade no ensino de Ciências

O aluno Wallyn Silva, do curso de Licenciatura em Física do Polo de Santana também se interessou pela possibilidade de apresentar sua prática no Fórum Mundial. Ele levou o pôster intitulado "O Uso de Experimentos de Baixo Custo no Ensino de Ciências", fruto de trabalho estimulado pelo docente José Isnaldo.

A pesquisa teve a finalidade de identificar a familiaridade dos professores com experiências práticas no âmbito escolar. Foram utilizados 40 alunos do ensino fundamental, onde aplicou-se um questionário e experimento de baixo custo, abordando a pressão atmosférica, com o objetivo de observar o contato e aceitação dessa estratégia didática pelos alunos. No final, estes responderam a outro questionário, para verificar a qualidade do aprendizado a partir dessa metodologia.

A análise foi desenvolvida na Escola Municipal de Educação Básica Sagrada família, na cidade de Maravilha, no médio sertão alagoano. Lá foi verificada a importância de tornar as aulas mais atrativas, com o foco na aprendizagem dos alunos. Junto com os colegas de curso, Juscelino da Conceição e Tiago Alves, Wallyn  constatou que os alunos possuíam interesse maior nas aulas práticas e no uso de instrumentos de seu cotidiano, no ambiente de ensino.

Os autores do trabalho também defenderam que esses métodos provocam a curiosidade dos alunos e os fazem participar ativamente das aulas."A função do professor vai muito além de ministrar aulas, este deve ter uma programação de estudos que inclua o planejamento e a criatividade, em possibilitar situações de conhecimento para o aluno, fazendo com que eles questionem, construam concepções e tirem conclusões acerca dos conteúdos ministrados nas aulas", ressalta Wallyn.

Também autora de um dos trabalhos apresentados no evento, Madileide destacou a importância dessas atividades diferenciadas na EAD: "mostrar que a utilização de estratégias metodológicas diversificadas motiva mudanças paradigmáticas. A ideia vislumbra a participação criativa, crítica e interpretativa desses estudantes no curso de Pedagogia", exalta.