Brasileiros são responsáveis pelo resgate do espiritismo na França

Pesquisadora afirma que versão brasileira do espiritismo tem forte conteúdo cristão

23/10/2011 12h04 - Atualizado em 13/08/2014 às 11h08
Marion Aubrée

Marion Aubrée

Graça Carvalho - jornalista 

Em meio à agitação da V Bienal Internacional do Livro de Alagoas, duas palestras com temática espírita seguraram, por mais de três horas, um público atento, na Sala Audálio Dantas, no final da tarde e início da noite de sábado. Ambas destacaram o crescimento da chamada Doutrina Espírita no Brasil e as implicações práticas dessa ascensão.

A primeira palestrante, a antropóloga francesa Marion Aubrée, falou sobre os estudos que resultaram no livro “A Mesa, o Livro e os Espíritos”, escrito em parceria com o pesquisador François Laplantine e publicado no idioma português em 2009, pela Edufal. Marion enfatizou que o Brasil é, hoje, o país referência para estudos da chamada Doutrina dos Espíritos, codificada pelo cientista francês Hippolyte Léon Denizard Rivai (Allan Kardec).

“O Brasil tem, atualmente, cerca de 5 a 6 milhões de fiéis e 25 milhões de simpatizantes. Já se pode dizer que, graças aos brasileiros, há um ressurgimento do espiritismo na França e com uma base cristã muito forte”, assegura a pesquisadora , que atualmente é professora visitante da Universidade Federal do Ceará, onde desenvolve pesquisa sobre as chamadas “curas espirituais”.

Espiritismo e ecologia – Na palestra seguinte, o jornalista André Trigueiro, espírita assumido, falou da relação entre espiritismo e ecologia, alertando aos próprios espíritas que a esperada transição de um mundo de “provas e expiações” (segundo a doutrina, vivenciado hoje pela humanidade), para o mundo de regeneração, descrito no Livro dos Espíritos (principal obra kardecista), também depende de uma mudança emergencial na forma de os homens se relacionarem com o meio ambiente.

“O mundo de regeneração, do ponto de vista físico, será o que nós fizermos ou não fizermos pelo meio ambiente, a partir de agora. Poderá ser eticamente evoluído, mas fisicamente devastado, sobretudo, se nós não educarmos os jovens para a sustentabilidade do planeta”, ressaltou Trigueiro, acrescentando que os espíritas, principalmente, não podem se eximir da responsabilidade para com a preservação ambiental dizendo: “estou aqui de passagem”.

Para o presidente da Federação Espírita de Alagoas (FEB), Milton Ramos, a inserção das duas palestras na programação da Bienal alagoana só vem fortalecer o movimento espírita no estado e proporcionar uma melhor compreensão da doutrina dos espíritos por parte da sociedade. “As duas palestras se complementaram e serviram de alerta para a responsabilidade que cada um de nós, espíritas ou não, temos para nossa evolução pessoal e do nosso planeta”, afirmou Ramos.

O livro “Espiritismo e Ecologia” (Trigueiro) pode ser adquirido no estande da FEB e livro “A Mesa, o Livro e os Espíritos” (Aubrée e Laplantine), estande da Edufal. Confira a programação dos estandes aqui.

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