Pesquisa em sensoriamento de trânsito leva benefícios para as grandes cidades

Estreado por Tom Cruise em 2002, o longa-metragem Minority Report abordava o sensoriamento de todos os ambientes públicos através de um sistema integrado de informações, onde seria possível rastrear carros, interromper o tráfego, controlar saídas e entradas em prédios públicos, além de monitorar todos os cidadãos através de câmeras. Na Ufal, o projeto “Olhos da Cidade: Inteligência Computacional Aplicada à Gestão de Trânsito” desenvolve pesquisas que possivelmente tornarão essa ficção em realidade.

17/06/2011 09h09 - Atualizado em 13/08/2014 às 11h07
Cena de Tom Cruise manipulando informações conseguidas através do sensoriamento no longa Minority Report

Cena de Tom Cruise manipulando informações conseguidas através do sensoriamento no longa Minority Report

Jhonathan Pino – jornalista

Em convênio com a Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e com a Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), o professor André Lins, do Instituto de Computação (IC) e outros pesquisadores da Ufal estão desenvolvendo um modelo de distribuição de câmeras e sensores de baixo custo, para aquisição, processamento, identificação e mineração de dados de vídeo para monitoramento automático e otimização do fluxo de veículos em metrópoles.

Isso quer dizer que 40 anos antes do ano em que se passava a ficção abordada acima, em 2056 será possível ao BHTrans fazer o sensoriamento integrado dos veículos através de câmeras ligadas em rede, além do cruzamento das informações, bem antes do que se apontava no cinema hollywoodiano.

Conforme André Lins, “a perspectiva é que através da integração entre a Polícia Militar, o BHTrans e a ligação de câmeras instaladas em postes, semáforos e nos prédios públicos, seja possível monitorar instantaneamente todo o tráfego de uma cidade, e assim identificar engarrafamentos, acidentes de trânsitos e roubos de automóveis”, relata o professor.

André ainda revela que através de uma conversa entre os atores envolvidos na segurança pública e o sensoriamento dos espaços públicos, seria possível facilitar a vida da sociedade, oferecendo serviços on-line como a identificação de pontos de engarrafamentos no trânsito para que os motoristas possam ser orientados para seguir outras vias, por exemplo.

“Propomos estudar todo o processo computacional necessário para se utilizar de informação extraída das câmeras de vídeo para efetivamente contribuir para a melhoria do trânsito em grandes cidades, ou em vias de trânsito específicas, como estradas ou anéis rodoviários de fluxo intenso”, acrescenta André.

Para que isso ocorra, atualmente estão sendo desenvolvidos protótipos de um sistema que deve ser utilizado em breve na cidade de Belo Horizonte e, se aprovado pelas instituições públicas, os sensores poderão ser produzidos em larga escala. “O objetivo do desenvolvimento do protótipo é poder aplicar o sistema posteriormente em escala, em qualquer metrópole ou até mesmo estrada do Brasil e do mundo”, enfatiza André.

Porém, conforme o professor, o maior empecilho na aplicação desse sistema é a dificuldade na conversa entre a PM e o BPTrans para que aceitem a integração das câmeras de ambos os órgãos, tornado possível aos dois lados o acesso das informações produzidas pelos sensores.

Sobre o projeto de pesquisa

"Olhos da Cidade: Inteligência Computacional Aplicada à Gestão de Trânsito" é coordenado pelo professor da Ufop, Álvaro Pereira Junior, e integra o grupo de pesquisa SensorNet da Ufal, que pertence ao Laboratório de Computação Científica e Análise Numérica (LaCCAN), sediado no CPMat. Para mais in formações acesse SensorNetUfal.