Defesa da Vida: sapatos simbolizam 2 mil mortes em Alagoas

Como forma de representar a morte de 2 mil vítimas de homicídios no estado alagoano em 2009, o 7º ato do Ufal em Defesa da Vida fez exposição de centenas de sapatos na entrada da Reitoria da Universidade. Marco comemorativo da abolição da escravatura, 13 de maio foi o dia escolhido pelo movimento, para enfatizar a violência sofrida pela população negra, alvo principal da violência no Estado.

21/05/2010 15h35 - Atualizado em 13/08/2014 às 01h49
Sapatos representam a morte de 2 mil pessoas em 2009

Sapatos representam a morte de 2 mil pessoas em 2009

Jhonathan Pino, jornalista

Estiveram presentes no evento o vice-reitor Eurico Lôbo, os Pró-reitores Pedro Nelson, da Pró- reitoria Estudantil, Silvia Cardeal, da Pró-reitoria de Gestão de Pessoas e Trabalho (Progep) e Eduardo Lira, de Extensão, as professoras Ruth Vasconcelos e Fátima Albuquerque, organizadoras do movimento, além de representantes do Sindicato dos Trabalhadores da Ufal (Sintufal) e da Associação dos técnicos da Ufal (Atufal).

Como forma de conscientizar os presentes, alunos dos cursos de Dança e Teatro fizeram intervenções artísticas e representaram a violência sofrida pela população negra. Denivan Costa, aluno do sétimo período do curso de Dança foi um deles. Ele fez uma performance solo entre os sapatos expostos.

“Essa performance surgiu como matéria do curso e depois utilizei na rua. Hoje fiz essa doação para representar as 2 mil mortes no Estado. É necessário que os artistas se doem mais para representar a difícil realidade em que vivemos. Eu moro no Jacintinho e vivo com essa realidade no cotidiano” disse Denivan.

Vítimas da violência participaram do ato

Uma das famílias presentes no ato lamentou a ausência de familiares das vítimas: “É muito triste participar de um ato que representa a morte de 2 mil pessoas e nem os familiares destas pessoas estarem presentes”, ressaltou Maria Cicera Pino, mãe de Johnny Wilter. Ele era ex-aluno de Geografia da Ufal e foi morto em maio de 2008 em frente à Universidade por um policial.

José Cicero Pino, pai do Johnny, enfatizou a importância da participação da população em eventos como esse “a sociedade tem que tomar parte dessa questão. Tiraram a vida do meu filho, mas podia ser de qualquer um”, falou José Cicero.

Alunos do colégio Monteiro Lobato também participaram do ato: “trouxemos treze alunos para a conscientização dos jovens sobre a realidade de violência que os cerca. Sempre comentamos sobre esse perigo no colégio”, ressaltou o coordenador do colégio, Isaías Rocha.

A professora Ruth agradeceu a todos que contribuíram com a campanha. “A nossa intenção é sensibilizar os dados. É dar um impacto a esta estupidez das estatísticas que levam à Maceió o maior índice de violência no país", ressaltou Ruth.

Saldo Positivo

A professora avaliou positivamente a repercussão que o ato ganhou na mídia local, “Acho que esse ato cumpriu com o seu objetivo, pois a partir de sua repercussão envolvemos a comunidade e a sensibilizamos para a questão da violência”, ressaltou Ruth.

“Esse ato é uma ação promovida pela Proest e que põe em reflexão a cada um de nós que não gostaríamos de está convivendo com a violência. A Universidade estará sempre presente nestes atos, pois nós precisamos não só fazer parte da formação cidadã, como também estar inseridos em questões de maior amplitude”, declarou o vice-reitor.

Os sapatos recolhidos pelo ato foram entregues em comunidades carentes na cidade de Palmeira dos Índios e no Conjunto Denisson Menezes. Para o dia 26 de agosto, quando acontecerá o próximo ato do Ufal em Defesa da Vida, a Proest conta com maior participação estudantil “pois são os jovens as principais vítimas da violência, como também os que mais a cometem. Às vezes tenho a impressão de que é mais fácil mobilizar a comunidade quando a violência já aconteceu do que tentar preveni-la”, desabafou Ruth.

Mais informações sobre esse ato e outras ações voltada a atividades de servidores, acessar Portal do Servidor.