Curso de Extensão sobre Capoeira colhe frutos de suas atividades


03/05/2010 15h00 - Atualizado em 13/08/2014 às 01h44
O grupo conta com seis mestres e 11 monitores e instrutores

O grupo conta com seis mestres e 11 monitores e instrutores

Desde agosto de 2009 que o compromisso dos mestres, monitores e instrutores de capoeira é com o curso de extensão “Ações Afirmativas e Capoeira na Promoção à Saúde”. A atividade é resultado de uma pequena semente da capoeira lançada há 10 anos no âmbito da Universidade Federal de Alagoas, e é realizada às segundas-feiras, das 8h às 12h.

O objetivo dessa ação é capacitar os cursistas da capoeira de Alagoas a partir de uma formatação pedagógica, aproximando os conhecimentos produzidos no âmbito acadêmico aos vivenciados na cultura popular. Ao final do curso, será elaborada uma publicação com os conteúdos das disciplinas, além da multiplicação das ações que futuramente atingirá 11 comunidades, com o alcance de 400 crianças que vivem em regiões de grande vulnerabilidade social.

Há 10 anos o prof. Moisés Santana trazia as atividades da capoeira para o âmbito acadêmico, desenvolvendo o trabalho no Espaço Cultural. Mestre Tunico reconhece o esforço de alguns no sentido de valorizar a capoeira, citando o grande apoio do Laboratório da Cidade e do Contemporâneo (Lacc), através da coordenadora Rachel Rocha, mas diz que ainda há muito pra fazer. “A Ufal ainda não vê a capoeira como deveria ser vista”, explica.

Academicamente, o projeto já conseguiu diversas vitórias. Uma delas é o de servir como campo de estágio para estudantes de graduação dos cursos de Dança e de Ciências Sociais. Além da apresentação do projeto em eventos nacionais, como o Encontro de Pesquisa Educacional do Norte e Nordeste (Epenn), na Paraíba; Encontro de Pesquisa em Educação de Alagoas (Epeal) em Alagoas; e no Congresso Acadêmico da Ufal, conseguindo inclusive o título de Excelência Acadêmica para um dos participantes do grupo que é discente do curso de História.

Dos participantes do curso, que é composto por 11 mestres e seis monitores e instrutores, existe uma mulher que se destaca na turma. Ao ser indagada sobre sua participação entre tantos homens, Quitéria Valeriano Soares comenta com bastante tranquilidade diz que foi indicada por alguns mestres para participar do curso e que é enriquecedor conviver com diferentes grupos. Em relação ao preconceito, ela garante com firmeza que nunca sofreu nenhum tipo de constrangimento.

“Quando vou a uma roda de capoeira e é criada uma apenas para mulheres não jogo, pois vejo nesses espaços uma forma para se fomentar o preconceito de gênero. Sou professora de capoeira e tenho que repassar o conhecimento para os meus alunos respeitando os elementos da tradição religiosa afro-brasileira, independente da minha opção pessoal”, explica Quitéria Soares.

O curso tem o total apoio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), por meio da Diretoria de Promoção a Saúde (Dips), através de sua diretora Eliana Cavalcanti Padilha, que tem como foco principal de seu trabalho a promoção à saúde por meio da melhoria da qualidade de vida. “No momento em que os mestres estão fazendo o que mais gostam – que é trabalhar com capoeira – estão cuidando de suas vidas e terão a chance de repassá-las nas futuras oficinas”, declara Eliana Padilha.

Para o coordenador Pedagógico e professor de uma das disciplinas do curso, prof. Sérgio Borba, as aulas serviram para juntamente com os alunos discutirem assuntos relativos à capoeira de forma aprofundada. “Ter ministrado uma disciplina no curso foi muito gratificante, pois o tempo inteiro tínhamos mestres muito aplicados em sala de aula”, declarou o professor.

O projeto, que está abrigado no Lacc do Instituto de Ciências Sociais, tem o apoio da Pró-reitoria de Extensão, da diretoria de Promoção à Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas, do Conselho dos Mestres de Capoeira de Alagoas, e a parceria do Núcleo de Estudos Afrobrasileros (Neab).

As atividades do projeto serão finalizadas com um evento, entre os dias 8 e 11 de setembro, que será realizado junto com um evento dos quilombolas e outros grupos ligados ao Conselho dos Mestres de Capoeira de Alagoas (Cemcal). A atividade será composta por mesas redondas sobre capoeira na escola e em dezembro de 2010 a história dos mestres alagoanos será contada em livro, que terá como financiadora a Fundação Palmares.