Ufal em Defesa da Vida completa um ano de combate à violência


30/03/2010 11h26 - Atualizado em 13/08/2014 às 01h38
Camisas espalhadas pelo campus em 2 de abril de 2009

Camisas espalhadas pelo campus em 2 de abril de 2009

Jhonathan Pino, jornalista

Tudo começou com poucas camisas, que foram se juntando a outras. Logo se transformaram em mais de 2 mil camisas expostas ao longo da avenida central do Campus A.C. Simões, em Maceió. Especificamente 2.064 camisas simbolizando o fim de 2.064 vidas perdidas para violência. Assim foi dado o primeiro passo: o ato que iniciou o “Ufal em Defesa da Vida” teve repercussão nacional, e desde então promove atividades voltadas para a reflexão e prevenção à violência no Estado de maior índice de homicídios do país. Alagoas ainda é hoje o estado mais violento do Brasil.

02 De abril de 2009 foi o dia em que se iniciaram as atividades do movimento. O “Ufal em Defesa da Vida”, programa desenvolvido pela Pró-reitoria Estudantil (Proest) completa um ano de existência recolhendo 2 mil pares de sapatos, para simbolizar a morte de outras 2 mil pessoas cujos pais, irmãos e amigos não só sofreram com a violência do ente tirado, mas continuam sofrendo com as diferentes formas com que a violência cotidiana se manifesta.

 Nesse período, foram organizados seis atos: debates, exposições, palestras e mesas-redondas que enfocavam determinadas faces da violência. Se os primeiros atos foram focados nos números de homicídios em 2008 (1º ato), ou das 462 mortes contabilizadas só no 1º trimestre de 2009 (2º ato); também foram debatidas propostas para a Conferência Nacional de Segurança Pública (3º Ato); discutiu-se em torno da relação de mídia e violência (4º ato); recordaram-se os 30 anos de anistia dos integrantes da Ditadura Militar Brasileira (5º ato), que ainda contou com a exposição fotográfica “Ditadura no Brasil”; como também se debateu a homofobia e a violência contra a mulher (6º ato).

Para o 7º ato foram distribuídas caixas de recolhimento em todos os Campi para a arrecadação de 2 mil sapatos que irão simbolizar o homicídio de mais 2 mil pessoas no estado alagoano em 2009. “Os pares de sapatos serão expostos no dia 13 de maio na avenida central do Campus Maceió, a exemplo do varal das camisas realizado ano passado”, explica Ruth Vasconcelos, coordenadora do “Programa Ufal em Defesa da Vida”. Também neste dia será discutida a violência contra o negro.

Pontos de Arrecadação

Os locais de arrecadação dos sapatos são o Restaurante Universitário, a Biblioteca Central, o Espaço Cultural (Setor de Arte), o Instituto de Ciências Biológicas (ICBS), O Hospital Universitário, o Centro de Ciências Agrárias (Ceca), o Campus Arapiraca, o Campus Sertão, além dos Polos de Palmeira dos índios, Penedo e Viçosa.

Além da organização dos atos, a Proest colocou uma placa, em frente à Reitoria, que simboliza a contagem mês a mês de assassinatos ocorridos no estado alagoano. Seja através das camisas, dos números, ou de simples pares de sapatos, o principal motivo para as atividades do “Ufal em Defesa da Vida” é a sensibilização das pessoas para o patamar alarmante da violência apresentada no estado.

“Se conseguirmos sensibilizar os 20 mil estudantes da Universidade a respeito dos direitos humanos, já daremos um grande passo, pois eles serão futuros profissionais trabalhando como professores, médicos, jornalistas, além de pais, difundindo uma cultura pacífica para seus filhos, onde quer que trabalhem” ressaltou Ruth.