Palestras e campanha marcam comemorações pelo Dia da Mulher


09/03/2010 10h55 - Atualizado em 13/08/2014 às 01h33
Reitora avalia a importância da educação para as mulheres

Reitora avalia a importância da educação para as mulheres

Diana Monteiro – jornalista; e Julianne Leão – estagiária de Jornalismo

“Ao longo desses 100 anos de luta, as conquistas ainda são poucas e é preciso que haja um investimento grande na formação das mulheres para atuar em todas as esferas da sociedade”, disse a reitora Ana Dayse Dorea, que presidiu a abertura da solenidade de comemoração pela passagem do Dia Internacional da Mulher nesta segunda-feira, 8, no auditório do Csau.

Na oportunidade Ana Dayse ressaltou que a educação é o caminho para conquistar mais espaço social e que a Universidade Federal de Alagoas tem esse papel. “Com a expansão para o interior mudaremos os indicadores sociais e a história deste Estado, e as mulheres são fundamentais nesse processo”, disse a reitora. Passando a presidência da mesa à pró-reitora Sílvia Cardeal, Ana Dayse seguiu para uma reunião na Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), para apresentar aos prefeitos o projeto de expansão da Ufal no litoral Norte do Estado.

A programação da Ufal pela passagem dos 100 Anos do Dia Internacional da Mulher contemplou a comunidade acadêmica e a sociedade com palestras, debates e apresentações artístico-culturais. A orquestra de Câmara da Ufal se fez presente ao evento e foi muito aplaudida durante apresentação no hall do Csau.

O evento teve a coordenação da Pró-reitoria de Gestão de Pessoas (Progep), através da Coordenadoria de Qualidade de Vida no Trabalho, numa parceria com a Pró-reitoria Estudantil (Proest), Adufal, Sintufal, Atufal (representando os segmentos docentes e técnicos-administrativos), Organização Maria Mariá, Núcleo Temático Mulher e Cidadania e curso de Serviço Social. Foram parceiros ainda, a Secretaria da Mulher, de Cidadania e dos Direitos Humanos e Centro de Atendimento de Referência as Mulheres Vítimas de Violência Doméstica, ambos estaduais.

Na oportunidade houve o lançamento da Campanha promovida pelo Programa Ufal em Defesa da Vida, para arrecadar dois mil pares de sapatos, que representam as duas mil mortes por assassinatos em 2009. A coordenadora Ruth Vasconcelos informou que no dia 13 de maio os dois mil pares vão ser expostos no Campus Maceió e, posteriormente, doados a comunidades carentes.

Palestras

O primeiro tema em debate tratou do “Reflexo da violência na saúde da mulher” e teve como palestrante a assistente social do Centro de Atendimento e Referência as Mulheres Vítimas de Violência, Andréia Barbosa. A palestra foi mediada pela secretária estadual Wedna Miranda. O Centro foi criado em fevereiro de 2009, é o único do Estado, mas ainda registra maior procura pelas mulheres da capital.

“É preciso haver uma maior divulgação porque o atendimento é extensivo a todo Estado de Alagoas, e dispomos de profissionais competentes para os atendimentos. Mesmo assim a procura pelo Centro ainda é muito pouca, pois dos mais de dois mil casos de violência contra a mulher registrados, em 2009, só 150 procuraram atendimento”, enfatizou Andréia.

O coordenador Geral do Instituto Papai da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Jorge Luiz Cardoso Lyra da Fonseca, fez a palestra sobre “Homens unidos pelo fim da violência contra a mulher”, informando que a organização feminista envolve em suas ações homens e mulheres. Jorge falou sobre o funcionamento do instituto que tem sede em Recife, do trabalho que vem realizando desde 1997, ano de sua fundação e da deflagração da Campanha Brasileira do Laço Branco reforçando que a violência contra as mulheres é crime e está na lei. Mais informações sobre a campanha, através do site.

Durante a tarde, as atividades foram iniciadas com a palestra da psicóloga clínica e professora de Mestrado da Universidade Estadual de Maringá, Ângela Caniato. “Sinto-me muito honrada de estar participando do Programa”, disse ela. No Programa, foram abordados temas como a perversão, a cultura no mundo contemporâneo, homossexualidade e identidade sexual, preconceito e o assédio moral nas organizações de trabalho. Professores, estudantes e técnicos da Universidade abriram um debate em torno dessas questões e opiniões distintas foram apresentadas.

Segundo a professora Ângela Caniato, o assédio moral que a mulher recebe nas organizações de trabalho são exemplos claros de perversão e sofrimento provocados pelos homens. “Nossa cultura está atravessada pela violência”, completa a professora.

Entre as referências de pesquisas citadas, está a dissertação “Jornada de Humilhação”, de autoria da médica Margarida Barreto e o artigo “Psicologia da violência ou violência da psicologia”, que ficaram como sugestões de leitura e reflexão aos presentes. Segundo Ângela, essas obras são ricas e trazem com clareza à mulher explicações referente às humilhações e assédios morais a que elas são suscetíveis.

Após a palestra, foi aberto o debate com a participação de todos os que se fizeram presentes. “Esse é um caminho árduo, mas importante”, frisou a professora Ruth Vasconcelos, reforçando que “no nosso Estado vivemos uma violência grande pelas autoridades, e pelo cidadão comum. É interessante que possamos projetar tudo o que foi dito para dentro do contexto acadêmico, ajudando a esclarecer ainda mais as dúvidas de todos”.

Após o debate, os alunos e professores presentes assistiram a apresentação do Grupo de Teatro do Projeto Aqui(n)ta Cultural, que dramatizaram cenas cotidianas de violência à mulher, de forma impactante. “O grupo de Teatro nos trouxe a reflexão através da arte”, definiu Elvira Barreto, coordenadora do Núcleo Temático Mulher e Cidadania.

Em seguida, foi exibido um documentário, organizado pela estudante Sandra Bonfim, para comemorar os vinte anos do Núcleo Temático Mulher e Cidadania.