Problemas sociais são semelhantes, diz professora


02/02/2010 10h03 - Atualizado em 13/08/2014 às 01h27

"Jamais seremos as mesmas pessoas que antes", afirma a professora do curso de Enfermagem da UFJF, Marli Salvador, resumindo o resultado que o Projeto Rondon teve para os estudantes e professores participantes.

Apesar de admitir que para os estudantes muitas vezes essa é a primeira vez que eles têm contato com comunidades carentes, a professora frisa que os problemas sociais encontrados em Senador Rui Palmeira não são muito diferentes dos de Juiz de Fora.

"Na minha cidade também existem locais com grande miserabilidade, como aqui. A mesma dificuldade que as pessoas têm aqui de encarar os problemas e de tentar mudar a realidade, nós enfrentamos lá. Então somos nós, que juntos, buscaremos uma solução. A maior contribuição que um rondonista pode dar é ânimo e incentivo para a comunidade, provocando uma mudança no comportamento, para que depois que a gente for embora, eles continuem sem medo de lutar por seu bem-estar", declarou a professora.

Logo nos primeiros dias do projeto em Senador Rui Palmeira, Marli Salvador debatia com outros professores sobre evasão escolar, um problema enfrentado pela maioria das escolas do município, mas o assunto levou à discussão sobre a falta de estrutura nas escolas, que é uma das razões que leva o aluno a abandonar os estudos.

"No levantamento que fizemos, vimos que existem 24 escolas no município, sendo que quatro delas estão localizadas nos povoados. Mas nenhuma delas oferece o Ensino Médio. Essa é uma situação muito difícil porque são poucos aqueles jovens que têm condições para se deslocar até outro município para continuar os estudos", explicou.

Como professora na área de Saúde, Marli Salvador explica que o Projeto Rondon fez com que ela adquirisse uma visão mais humanizada da população, que pretende passar para os alunos de Saúde da Criança e do Adolescente, disciplina que ministra na UFJF.

"Já para os estudantes, é uma vivência totalmente diferente da que eles estão acostumados. Além do contato com a comunidade, há também a divisão da comida, do espaço na hora de dormir. Isso tudo é muito importante para nos tornar solidários", ressaltou.

Apesar da visão positiva, a professora afirma que o Projeto Rondon poderia ter um resultado muito maior junto às comunidades atendidas, se acontecesse no período letivo das escolas do município.

"No adulto, é muito difícil mudar a cultura que foi adquirida por ele ao longo da vida. Por isso seria bom que houvesse uma participação maior dos jovens, apesar da prefeitura ter ajudado muito na divulgação das nossas atividades", disse.

Para a professora Kélvia Abreu, da rede municipal de ensino, faltou uma presença maior do público pelo menos nas primeiras atividades que foram desenvolvidas pêlos rondonistas na cidade.

Além de Senador Rui Palmeira, foram beneficiados pelo programa os municípios de Anadia, Atalaia, Boca da Mata, Branquinha, Campo Alegre, Capela, Chã Preta, Coité do Nóia, Estrela de Alagoas, Ibateguara, Mar Vermelho, Maravilha, Murici, Novo Uno, Ouro Branco, Porto Real do Colégio, Santana do Mundaú, São José da Laje e Taquarana.