Laboratório de DNA da Ufal ajuda polícia a desvendar crimes

Assinado em dezembro, um convênio entre a Secretaria de Defesa Social e o Laboratório de DNA Forense da Ufal deve colocar em prática um projeto criado há quatro anos: um banco de dados com informações genéticas para auxiliar nas investigações. O secretário Paulo Rubim diz que, agora, os policiais precisam ser orientados sobre preservação da cena dos crimes.

01/02/2010 09h31 - Atualizado em 13/08/2014 às 01h27
Luis Antonio da Silva, diretor do Laboratório de DNA Forense

Luis Antonio da Silva, diretor do Laboratório de DNA Forense

Mauricio Gonçalves – repórter da Gazeta de Alagoas

Polícia Alagoana entra na era da ciência

Convênio entre Secretaria de Defesa Social e Laboratório de DNA Forense da Ufal vai facilitar investigação de crimes através do DNA.

 

As cenas de seriados da TV americana que usam a ciência para resolver crimes, como CSI Miami, são um pouco exageradas e parecem algo bem distante para a polícia alagoana. Só que um convênio entre a Secretaria de Defesa Social (SDS) e o laboratório de DNA Forense da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) pode ajudar a resolver casos misteriosos, através dos fios de cabelo do assaltante, do sêmen do estuprador, da impressão digital do assassino ou mesmo da saliva deixada por um suspeito ao tomar uma xícara de café.

 

O objetivo principal do projeto assinado no último mês de dezembro é finalmente implantar o Banco de Dados de DNA de Pessoas Desaparecidas, criado há quase quatro anos pelo laboratório e nunca posto em prática. Agora com o apoio do aparato da segurança pública do Estado, este banco deve armazenar todo o material genético de pessoas enterradas como indigentes e ossadas encontradas em áreas de desova para cruzar com o DNA coletado de parentes de pessoas desaparecidas.

 

Em contrapartida, o laboratório genético que é referência para todo o País se torna um parceiro oficial do Centro de Perícias Forenses (CPFor), que integra a SDS. Guardadas as devidas proporções entre ficção e realidade, entre show business e repartição pública, os policiais, peritos e investigadores alagoanos vão poder examinar detalhes de cenas de crimes sob uma nova ótica. Resta saber se os especialistas da área vão integrar uma espécie de CSI Maceió. Por que não?

 

Capacitação

Para começar, o secretário de defesa Social, Paulo Rubim, destaca a necessidade de orientar os policiais civis e militares para preservar a cena do crime, em todos os casos, até a chegada das equipes do Instituto de Criminalística (IC) e do Instituto Médico Legal (IML).

 

"Vamos promover a capacitação dos policiais para evitar erros básicos, não deixar ninguém tocar na arma, virar o cadáver ou mexer nos documentos da vítima", destaca Rubim.

 

Para o secretário, esse tipo de conduta para não prejudicar a coleta do material genético deve ser mais evidenciado, a partir do momento que as equipes e a sociedade saibam que a tecnologia está colocada à disposição. "Haverá campanhas de publicidade e divulgações na imprensa para enfatizar a importância desse trabalho que começa a ser desenvolvido", informa o homem forte da segurança pública e Alagoas.

 

Como a SDS não dispunha de um laboratório de DNA, pouquíssimos casos eram submetidos a exames realizados em outros Estados, mesmo assim, após demorar meses numa fila de espera. Agora, a polícia poderá contar com a análise genética sempre que houver necessidade.

 

Mentor

O mentor do convênio, professor Luiz Antonio Ferreira, chefe do laboratório da Ufal, destaca que Alagoas será o primeiro Estado do Brasil a ter um banco de dados de pessoas desaparecidas como este. O projeto pioneiro prevê a coleta de material genético em todos os corpos de pessoas não identificadas, seja com mortes violentas ou não. "Há casos de idosos com Alzheimer que desaparecem da família e têm mortes clínicas, mas precisam ser identificados também, assim como crianças perdidas ou sequestradas", explica Luiz Antonio.

 

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