Carreta da Saúde permanece no Campus Maceió até esta sexta-feira


13/01/2010 16h07 - Atualizado em 13/08/2014 às 01h24
Palestra educativa sobre hanseníase

Palestra educativa sobre hanseníase

Roberta Batista - estagiária de Jornalismo

Os atendimentos médicos com a finalidade de encontrar novos casos de hanseníase e tuberculose no município de Maceió prosseguem no Campus Maceió da Ufal até esta sexta-feira, 15 de janeiro. Nas semanas seguintes, a Carreta da Saúde chegará a outras cidades alagoanas, como Rio Largo e Maragogi.

As consultas são realizadas na própria Carreta, doada ao Movimento de Re-integração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) pela multinacional de medicamentos Novartis, responsável pela doação do medicamento para o tratamento da hanseníase para a Organização Mundial da Saúde (OMS). A Carreta, que é equipada com cinco consultórios e um laboratório, fica aberta ao atendimento das 9h às 17h, ao lado da Biblioteca Central.

Segundo Artur Custódio Moreira Sousa, coordenador nacional do Morhan e conselheiro nacional de saúde, a Carreta só chega a um município através do pedido do mesmo e da assinatura de um termo de responsabilidade.  “O município se responsabiliza por fazer a campanha e pelo tratamento das pessoas. No caso de Maceió, a Ufal foi a responsável pela campanha, a Universidade fez o papel do município”, disse Artur Custódio.

Ramilton Cruz de França soube da Carreta da Saúde quando assistia a um telejornal e imediatamente lembrou-se da filha, Samanta Silva de França, 17 anos, que apresenta várias manchas no corpo. “Ela está há alguns meses com manchas, mas sempre que a levo num posto de saúde, não diagnosticam nada. Quero ter certeza de que ela não está com hanseníase. Mas se tiver vou procurar com certeza o tratamento público. Doença não é pra esconder não, é para achar o tratamento adequado e a cura”, explica.

Depois da consulta, caso os médicos diagnostiquem alguma anomalia que remeta à hanseníase ou à tuberculose, o paciente é encaminhado ao laboratório. Não foi o caso de José Geraldo da Silva, morador da Santa Lúcia, que procurou a atendimento na Carreta por apresentar uma mancha na cabeça. O paciente pensou que era hanseníase, mas a equipe médica detectou um tumor benigno. Geraldo da Silva recebeu o devido encaminhamento para a Unidade de Saúde mais próxima da residência dele.

Segundo a professora Clodis Tavares, coordenadora de hanseníase do Estado de Alagoas, nesses dias serão atendidas pessoas provenientes dos oito distritos sanitários de Maceió. Esta quinta-feira, 14, será destinada ao atendimento de pessoas dos III e II distritos. Já na sexta-feira, 15, serão atendidas pessoas dos VIII e I distritos.

 

Sobre o Morhan

 

O Morhan Nacional, que tem sede na cidade do Rio de Janeiro, existe desde 1981 e é uma entidade sem fins lucrativos composta por pacientes, ex-pacientes e pessoas interessadas no combate ao preconceito em torno da hanseníase. A coordenação é de Artur Custódio Moreira de Sousa, que estará presente ao evento. Já o Morhan Maceió é coordenado pela professora Rejane Rocha da Silva, que ressalta o trabalho dos agentes comunitários de saúde na conscientização da população para os sintomas da hanseníase e da tuberculose, principalmente das que convivem com portadores ou ex-portadores das doenças, os chamados “contatos”.

  

Sobre as doenças

 

Sobre a hanseníase, a professora Clodis Tavares explicou que o Brasil é o 2º lugar do mundo em número de casos e o 1º lugar em coeficiente de detecção (incidência).  Além de responder por 90% dos casos de hanseníase das Américas. Dados da Secretaria de Saúde do Estado de Alagoas, da Secretaria Municipal de Saúde, do Ministério da Saúde, através das Coordenações Estadual, Municipal e Nacional de Controle da Hanseníase revelam que o aumento de casos entre crianças, adolescentes e pessoas com sequelas e incapacidades físicas simbolizam uma endemia oculta.

 

“Isso significa que por trás da detecção de casos entre crianças e adolescentes havia idosos e adultos que não foram diagnosticados. Por trás da criança e do adolescente existiam pessoas doentes de formas contagiantes, sem diagnósticos, sem tratamento”, disse a professora. “A hanseníase tem tratamento e cura, mas se não diagnosticada a tempo deixa sequelas e é isso que nós estamos buscando evitar. Por isso a maior mobilização pelo diagnóstico precoce”, complementou Clodis Tavares.

 

Já sobre a tuberculose, Clodis Tavares esclarece que 1% da população brasileira é de sintomáticos respiratórios, ou seja, apresentam tosse e expectoração por mais de três semanas. E 4% podem estar iniciando tuberculose.

 

Leia mais informações sobre o Morhan e assista à matéria da TV Pajuçara.