Desafios e conquistas da Ufal no interior

A Pró-reitoria Estudantil (Proest) vai instalar, em 2010, um Restaurante Universitário no primeiro campus da expansão da Ufal. De acordo com o pró-reitor Pedro Nélson Bonfim, a partir de 2011 os estudantes do interior também terão Residência Universitária.

30/09/2009 11h44 - Atualizado em 13/08/2014 às 11h37
Polo Palmeira dos Índios

Polo Palmeira dos Índios

Lívia Santana – estagiária de Jornalismo

A expansão da universidade busca atender às necessidades de estudantes do interior, que almejam cursar o ensino superior e não teriam condições de morar na capital. Mas, em alguns casos, a interiorização da Ufal também pode promover uma migração ao contrário, da capital para o interior. Camila Vasconcelos Carnaúba Lima, 21 anos, é um exemplo. Ela cursa o 5° período de Psicologia, é de Maceió, mas mora em Palmeira, dividindo apartamento com uma colega de classe, desde que passou no vestibular. Atualmente recebe auxílio da bolsa estudo-trabalho do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Pesquisa–Ação (Pibip-ação).

Camila ressalta a importância da interiorização afirmando sua importância para expansão da universidade, mas destaca algumas dificuldades do pólo. “A interiorização é importante demais para o desenvolvimento da universidade, mas precisamos de uma residência universitária, sem ela gastamos o pouco que temos com aluguel de apartamentos. Acredito que apenas 30% dos estudantes moram na cidade, os demais são de outros municípios. Ter uma residência é de extrema importância.” Camila também sente falta de um Restaurante Universitário e de algum auxílio transporte para aqueles que não moram em Palmeira dos índios.

O pólo Palmeira dos Índios funciona nos turnos matutino e vespertino, possui 2 cursos de graduação: psicologia e serviço social, totalizando 4 turmas. “Um dos pontos positivos do pólo é justamente o compromisso dos professores e técnicos”, ressalta Camila. “Eles trabalham de forma interdisciplinar e elaboram diversos projetos e trabalhos com a comunidade.  O objetivo é expandir e mostrar a universidade para a população. Há inúmeros projetos e trabalhos focados para deficientes, idosos e crianças de rua. Alguns levam arte e conhecimento para população”, destaca a estudante.

Inclusão

Um exemplo de projeto é o Grupo de Estudo e Pesquisa do Projeto Eficiência na Deficiência (GEPPED). Este projeto discute o cotidiano do deficiente, acessibilidade, preconceito, e capacita professores para que possam lidar com a inclusão. Devido ao GEPPED, coordenado pela técnica em assuntos educacionais, Lidiane Ramos, a universidade possui grandes recursos para incluir deficientes.

Os cursos de graduação do pólo, os professores e a grade curricular estão se voltando para políticas públicas. Este semestre a disciplina Libras foi ofertada para os dois cursos como eletiva.

Cristiano Miguel Pontes Pereira, 21 anos, faz o 4° período de Serviço Social e vem de Arapiraca todos os dias. Ele conta que a prefeitura disponibiliza o transporte. Cristiano é deficiente visual e ressalta que o pólo possui professores qualificados e comprometidos. Destacou o Projeto de Digitalização que faz parte do GEPPED. Este projeto possui uma bolsista exclusiva para a tarefa de digitalizar os conteúdos e enviar para o e-mail dele. Uma vez enviado ele utiliza um programa especial que ajudá-lo a escutar tudo que foi digitalizado.

“Nunca tive este recurso e sempre precisei me virar no Ensino Médio. A Ufal disponibiliza bolsistas só para esta função, isto é maravilhoso” comentou Cristiano. “Com os projetos que possuímos vamos à prática. Temos muitos projetos aqui. A interiorização é fundamental. Eu não teria como me manter em Maceió”, completou. Cristiano defende uma interiorização com qualidade. “Hoje temos um bom resultado, mas no início da implantação do pólo passamos por trancos e barrancos”.

Com a implantação da Ufal, existe um intercâmbio de alunos entre as cidades. A maioria dos alunos de Palmeira dos Índios estuda em Arapiraca e alguns estudantes de Arapiraca estudam em Palmeira. “Infelizmente os alunos de Palmeira não possuem um transporte público que os levem para Arapiraca. O poder público local tem que perceber que a Ufal traz o progresso para cidade. Não só para Palmeira, mas há muitos estudantes de outros municípios como Igací, Lusiapolis, Estrela de Alagoas, Major Isidoro, que não possuem auxílio transporte para chegar até a universidade”, lamentou Cristiano. A expansão universitária precisa do apoio da prefeitura e do governo para atingir suas metas.

Monitor da disciplina Lógica, Cristiano recebe uma bolsa de monitoria. Para facilitar a rotina acadêmica, ele possui um computador exclusivo, já adaptado com o programa de leitura das digitalizações. Cristiano é um exemplo de como o pólo Palmeiras dos Índios tem promovido a inclusão.

Pró-reitor estudantil garante ampliação de apoio aos estudantes do interior

Atender ao Campus Arapiraca e Polos vem sendo um dos desafios da Pró-reitoria Estudantil (Proest), que em 2010 instalará Restaurante Universitário no primeiro campus da expansão da Universidade Federal de Alagoas.

De acordo com o pró-reitor Pedro Nélson Bonfim, a partir de 2011 os estudantes do interior também terão Residência Universitária, mas adianta que no Pólo Viçosa já está ocorrendo a adaptação das instalações na Fazenda São Luís para atender aos alunos do curso de Medicina Veterinária.

“O desafio continua no que se refere a RU e a RUA, porque ainda estamos atendendo de forma parcial à demanda no interior. No que se refere à alimentação, estamos  concedendo uma ajuda de custo. Em relação a residência universitária,  a Proest vem mantendo contatos com algumas cidades, buscando firmar parceria com as prefeituras,  objetivando minimizar a carência existente” , diz Pedro Nélson.

Atualmente cerca de 100 estudantes do Campus do Interior têm direito a Bolsa de Permanência, mas a Pró-reitoria Estudantil vem se empenhando para que essa ação da Ufal atinja o maior número possível de alunos do interior.

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