Vacinação deficiente coloca Alagoas em risco para a paralisia infantil

A cobertura vacinal contra a poliomielite ou paralisia infantil está abaixo do esperado em pelo menos 60 municípios alagoanos. Na primeira etapa da campanha de vacinação, realizada em junho deste ano, esses municípios não alcançaram o percentual de 95% da cobertura, preconizada como ideal pelo Ministério da Saúde.

13/08/2009 13h04 - Atualizado em 13/08/2014 às 06h46
Vacinação contra paralisia infantil

Vacinação contra paralisia infantil

Tâmara Albuquerque - Jornalista

A cobertura vacinal contra a poliomielite ou paralisia infantil está abaixo do esperado em pelo menos 60 municípios alagoanos. Na primeira etapa da campanha de vacinação, realizada em junho deste ano, esses municípios não alcançaram o percentual de 95% da cobertura, preconizada como ideal pelo Ministério da Saúde. A estimativa do Núcleo do Programa de Imunização do Estado é de que mais de cinco mil crianças com idade até cinco anos não receberam as duas gotinhas que têm mantido o País sem registro da doença há cerca de 20 anos.

Os indicadores insatisfatórios de vacinação contra a poliomielite preocupam os técnicos do Programa de Imunização porque expõem Alagoas à situação de risco para a doença, já que o estado recebe turistas de todo o mundo, inclusive dos países onde a poliomielite não está erradicada.

A doença ainda é considerada endêmica pela Organização Mundial da Saúde na Nigéria, Índia, Afeganistão e Paquistão. Existem perspectivas de erradicação, mas elevado número de pessoas que deslocam de e para áreas endêmicas fazem com que o risco de reintrodução da poliomielite seja preocupante e, enquanto existirem áreas endêmicas no mundo, permanente. Entre 2003 e 2005, a doença foi reintroduzida, através de casos importados, em 25 países de onde fora anteriormente eliminada.

O Ministério da Saúde lança este mês a 2ª   Fase  da  Campanha  Nacional  de  Vacinação Infantil contra a poliomielite. Devem participar todas as crianças menores de cinco anos. O Dia D de vacinação será em 22 de agosto, em todo o território nacional, mas as vacinas serão distribuídas até o dia 28. O slogan da campanha é “Não dá pra vacilar. Mais uma vez, tem que vacinar” e o objetivo é manter a erradicação da paralisia infantil no país.

Pelos dados do Programa de Imunização do Estado, dos 60 municípios alagoanos com cobertura vacinal inadequada, sete tiveram um desempenho satisfatório em 2008, superando as metas estabelecidas para vacinação: Santana do Mundaú, Limoeiro de Anadia, Olho D`Água do Casado, Santana do Ipanema, Olho D`Água Grande, Roteiro e Flexeiras. Este ano, esses municípios não conseguiram vacinar os 95% do seu público-alvo. Outros 24 municípios não conseguem atingir suas metas deste o ano passado, apesar da vacinação ter registrado um crescimento médio de 5% este ano.

A situação preocupante e considerada um alerta pelos técnicos do Programa de Imunização é que o município de Feira Grande, que vacinou 81,39% das crianças menores de cinco anos, registrou em junho um caso de paralisia flácida em membros inferiores num adolescente. Os resultados dos exames que vão revelar a identidade do vírus que provocou a doença ainda não estão disponíveis para o Estado. Em outros 29 municípios alagoanos o percentual de crianças vacinadas em 2008 foi maior que o registrado este ano.

Na avaliação da gerente do Núcleo do Programa de Imunização, Leila Araújo Moraes, entre os fatores que podem ter contribuído para a cobertura insatisfatória da vacinação está a deficiência na divulgação no período de campanha e na distribuição das vacinas nas unidades e postos. Em nota técnica endereçada à Secretaria Estadual da Saúde, onde avaliou o desempenho da campanha no Estado, a médica recomendou maior atenção à fase preparatória das campanhas, reconhecendo as dificuldades do município e da população com a finalidade de garantir estratégias para solucionar as dificuldades apresentadas. Também sugeriu antecipação da vacinação nas áreas de difícil acesso, aumento no número de postos fixos e volantes e maior envolvimento dos gestores municipais.

Os municípios que não conseguiram atingir suas metas de vacinação no Estado foram:

Santana do Mundaú, Limoeiro de Anadia, Olho D`Água do Casado, Santana do Ipanema, Olho D`Água Grande, Roteiro e Flexeiras, Tanque D`Arca, Arapiraca, taquarana, Mata Grande, Santa Luzia do Norte, Carneiros, São Sebastião, Jacuípe, Penedo, Feira Grande, Porto de Pedras, Palestina, Pão de Açúcar, Palmeira dos Índios, São José da Tapera, Estrela de Alagoas, Poço das Trincheiras, Belém, Oliveira, jaramataia, Craibas, Coite do Nóia, Campo Alegre, Campestre, Batalha, Dois Riachos, Branquinha, Matriz de Camaragibe, Igreja Nova, Porto Real do Colégio, São Bras, Japaratinga, Pindoba, Mar Vermelho, São Luis do Quitunde, Água Branca, Traipu, Belo Monte, Jundiá, Paulo Jacinto, Girau do Ponciano, Ibateguara, Capela, Atalaia, Monteirópolis, Lagoa da canoa, Senador Rui Palmeira, Feliz Deserto, Jacaré dos Homens, Piaçabuçu, Olho d´Água das Flores, Maribondo e Minador do Negrão.