Tribos indígenas participam de curso pré-vestibular a distância


17/08/2009 13h37 - Atualizado em 13/08/2014 às 06h47
Aula Inagural na Tribo Xokó

Aula Inagural na Tribo Xokó

 

Diana Monteiro - jornalista

O Processo Seletivo de 2010  contará com candidatos indígenas da Tribo Xokó, localizada em Porto da Folha, à margem do Rio São Francisco, fronteira de Alagoas com o estado de Sergipe. Com esse objetivo teve início esta semana o Cursinho Pré-Vestibular na modalidade a distância. Dessa tribo participam do cursinho 63 indígenas, em sua maioria jovens concluintes do ensino médio,  que vêem nessa ação da Universidade Federal de Alagoas a oportunidade de alcançar o tão almejado sonho: ter acesso ao ensino superior.

A atividade de extensão é resultado de um projeto coordenado pelo professor José Nascimento, da Faculdade de Serviço Social. O projeto foi elaborado pelo Grupo de Pesquisa “Cultura, Identidade e Movimentos Sociais” em parceria com o Programa “Organização e Mobilização Comunitária”, dentro do Conexões dos Saberes sob a responsabilidade  da Pró-reitoria de Extensão.

O professor Nascimento informa que também será iniciado ainda este semestre, na modalidade a distância, um cursinho pré-vestibular na tribo Wassu Cocal, em Joaquim Gomes. Como diz o coordenador do projeto, esse apoio para o ingresso em cursos de graduação da Ufal,  que é uma universidade pública e federal,  é fundamental e consiste em  mais uma ação para contribuir com a consolidação da expansão  da instituição para o interior .  Nascimento diz ainda que as aulas  de todas as disciplinas são gravadas no Campus Maceió e  ministradas aos alunos por quatro monitores indígenas, preparados para as ações  do projeto.

 “Essa atividade dentro da Educação a Distância conta com três equipes: uma central, uma local e uma de monitores. A partir do ingresso na universidade, haverá, sem dúvida, por eles mesmos, uma maior preservação e fortalecimento de sua cultura e da relação entre o saber acadêmico e o popular”, afirma Nascimento.

Projeto

A Universidade Federal de Alagoas, através do Grupo de Pesquisa “Cultura, Identidade e Movimentos Sociais”, vem desenvolvendo o projeto nas tribos Xokó e Wassu Cocal  desde 2008 e, conta com uma equipe formada por profissionais e alunos: Luiz Carlos Oliveira, Roberta Michelline Porfírio da Costa, Natália Alves Rodirgues, Nícia Celcy (africana de Cabo Verde), Paulo Correia Filho e Marta Ferreira da Silva.

O professor Nascimento informa que a tribo Xokó é formada por cerca de 300 pessoas e essa comunidade vem se empenhando para produzir um documentário sobre a sua história. “Infelizmente, por falta de recursos de uma forma geral, as filmagens estão interrompidas. Essa mesma tribo tem produzido textos para peças teatrais, músicas religiosas, utilizando a língua nativa”, diz o coordenador.

Uma grande festa está marcada para o dia 9 de setembro na tribo Xokó. É comemorado o Dia da Retomada, em comemoração aos 30 anos de reconquista da terra onde vive.  “Essa reconquista gerou muitos conflitos e após muitas lutas a tribo conseguiu retomar o que já era dela. A festa bastante animada é aberta a sociedade e é um momento ímpar, pois há preservação de todos os ritos da comunidade indígena”, afirma José Nascimento.

Veja também: Índios Wassu Cocal realizam, a partir de 20 de agosto, um festival cultural em Joaquim Gomes