Medicina Nuclear do HU pode aumentar em 50% a produção de cintilografias


05/08/2009 11h24 - Atualizado em 13/08/2014 às 06h54
HU dispõe de um dos mais modernos equipamentos para realização das cintilografias

HU dispõe de um dos mais modernos equipamentos para realização das cintilografias

Tamara Albuquerque - jornalista

A crise que se instalou nos serviços de saúde do Brasil em função da empresa canadense MDS Nordion ter suspendido o fornecimento do molibdênio, material radioativo indispensável à realização dos exames de cintilografia, não afetou o Hospital Universitário Professor Alberto Antunes da Ufal. O setor de Medicina Nuclear do hospital continua a atender usuários do SUS sem racionamento na produção desses exames e ainda com capacidade de aumentar a sua demanda em 50%.

O molibdênio é a matéria-prima do Tecnécio o radioisótopo aplicado no paciente que vai se submeter à cintilografia e que torna possível a visualização do órgão que será avaliado. Cerca de 90% dos exames de medicina nuclear dependem do Tecnécio, que é o elemento-base para os exames de cintilografia.

Segundo acredita o diretor-geral do Hospital Universitário, Paulo Teixeira, a instituição não sofreu redução no recebimento do material radioativo porque a demanda pelos exames de cintilografia ainda é relativamente pequena, em média 100 por mês. A maioria desses exames é realizada em pacientes do próprio hospital, especialmente os portadores de patologias cardíacas e câncer. O diretor afirma, no entanto, que o hospital pode ampliar o acesso a esses exames para mais 50 pessoas, em média, por mês, sem correr o risco da falta do material radioativo. Para ter acesso ao exame basta o paciente se encaminhar ao Setor de Medicina Nuclear do hospital com a solicitação do médico e fazer o agendamento.

A cintilografia é um exame que revela dados sobre a anatomia e a função dos órgãos. Segundo explica o físico do HU, Arnos Oliveira, ao contrário dos exames radiológicos, que mostram apenas a estrutura anatômica, a cintilografia pode detectar precocemente anormalidades na função ou estrutura de um órgão, possibilitando que algumas enfermidades sejam tratadas nos estágios iniciais. A Medicina Nuclear do HU dispõe de um dos mais modernos equipamentos do Estado para a realização das cintilografias, tanto pela precisão quanto por reduzir à metade o tempo gasto no exame.

Desde que a MDS Nordion, principal fornecedora do material radioativo ao Brasil, suspendeu o envio do produto, há cerca de dois meses, pelo menos 5 mil pacientes por dia estão sem dispor do exame de cintilografia no país. Na avaliação dos médicos, a ausência do exame causa um prejuízo incalculável para o estado de saúde dos pacientes, que deixam de ter acesso a um dos métodos mais modernos de diagnóstico usado em várias áreas clínicas como nefrologia, cardiologia e, especialmente, oncologia.

O material radioativo é distribuído para mais de 300 clínicas e hospitais no Brasil pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) e 70% da produção mundial desse material é produzido pelo Canadá.