Brasil e Portugal ampliam parceria para intercâmbio de doutorandos

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT) e a Universidade de Coimbra (UC), a mais antiga de Portugal, criada em 1290, assinaram no dia 12 de agosto, Carta de Entendimento para promover e estimular a participação de estudantes dos dois países em programa de intercâmbio de doutorandos, tipo sanduíche.

13/08/2009 12h45 - Atualizado em 13/08/2014 às 06h46
Assinatura do acordo

Assinatura do acordo

Por CNPq

Um dos principais objetivos é fortalecer a pesquisa nas áreas de Biologia Celular e Molecular, Direito e Neurociências, campos de interesse estratégico para o Brasil e Portugal. O documento foi assinado pelo presidente do CNPq, Marco Antonio Zago (centro), o reitor da UC, Fernando Jorge Seabra Santos (esquerda) e o presidente da Associação Grupo de Coimbra das Universidades Brasileiras, Naomar Monteiro de Almeida Filho (direita), na sede do Conselho, em Brasília. Além do Conselheiro Cultural da Embaixada de Portugal, Adriano Jordão, e da 1ª vice-presidente da Andifes, Ana Dayse Dórea, vários reitores e representantes das universidades associadas ao Grupo estiveram presentes à cerimônia.

O presidente do CNPq classificou o acordo como um ato representativo de uma iniciativa na área científica e tecnológica entre os dois países, a exemplo do que já existe nas áreas comercial e cultural, e que o formato de cooperação adotado, a concessão de bolsas de doutorado sanduíche, “parece ser o ideal, já que exige um acordo entre os grupos de pesquisa brasileiro e português acerca do programa a ser desenvolvido pelos doutorandos”.

A professora Wrana Panizzi, vice-presidente do CNPq, ressaltou a importância da internacionalização da educação superior nesse momento de globalização, e que uma universidade se faz forte incentivando a Iniciação Científica: “a integração da graduação e da pós-graduação com a iniciação científica júnior prepara o aluno do ensino médio, ou pelo menos lhe proporciona o primeiro contato com a pesquisa científica e tecnológica”, disse ela.

Antes da assinatura da Carta, Naomar Monteiro de Almeida Filho disse que Associação Grupo de Coimbra das Universidades Brasileiras, criada em novembro de 2008, é uma iniciativa que vai facilitar atividades de cooperação em educação, ciência e tecnologia em nível internacional. Inspirada no Grupo Coimbra de Universidades Européias, criada em 1985, o modelo brasileiro conta com 50 universidades fundadoras, englobando estaduais, federais, comunitárias e confessionais.

A 1ª vice-presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Ana Dayse Dórea, disse que esse é um momento ímpar de possibilidades e que as universidades precisam ser empreendedoras. “Num mundo globalizado, discutir a internacionalização do ensino é mais do que necessário. A exemplo desse, que outros grupos possam se formar para que possamos trabalhar juntos transferindo conhecimento”.

O reitor da UC, Fernando Jorge Seabra Santos, ressaltou a necessidade de cooperação para o progresso de Brasil e Portugal, e que o primeiro grande passo é a assinatura desta Carta de Entendimento, que garantirá a integração: “o conhecimento tem que ultrapassar as fronteiras e com base nele temos que construir a riqueza de nossos países. As universidades têm que desempenhar um papel central e perceber que a globalização é um processo inevitável. Devemos proporcionar aos estudantes uma ampla formação e uma instigação científica  sobre uma plataforma internacional”.

Cooperação

O programa oferece bolsas, pagas pelo CNPq, a estudantes brasileiros que queiram desenvolver parte de suas teses de doutoramento na UC. Da mesma forma, os alunos portugueses podem participar de programas brasileiros em instituições reconhecidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), com financiamento da UC. A concessão das bolsas deverá estar vinculada a um projeto de pesquisa desenvolvido em conjunto por pesquisadores dos dois países.

Cada país poderá conceder até 10 bolsas por ano, por período entre 6 e 12 meses. Durante a vigência da bolsa, o estudante selecionado deverá assumir a atividade de “Monitor de Ensino”, com carga horária semanal de 4 horas. Após a conclusão do estágio, o aluno retornará ao país de origem para defesa da tese. A oferta das bolsas será divulgada por meio de chamadas realizadas pelas duas instituições. A Associação Grupo de Coimbra de Dirigentes de Universidades Brasileiras coordenará a agregação de bolsas anuais de doutorado sanduíche. Inicialmente o acordo será válido por três anos.

Essa parceria entre Brasil e Portugal vem se somar à outra que já está em vigor, com a Universidade do Porto, para estudantes da área das engenharias, que está com as inscrições abertas até o próximo dia 16 de outubro. Os acordos são frutos de visita que Marco Antonio Zago fez a Portugal no início de abril, onde conheceu instituições de pesquisa e discutiu novas possibilidades de cooperação entre os pesquisadores dos dois países.