O concreto que se transforma em telas de arte

Projeto Intervenção supervaloriza o espaço físico antes considerado inexpressivo, pelo menos do ponto de vista estético

05/06/2009 17h27 - Atualizado em 13/08/2014 às 00h49

Josenildo Torres – site TudonaHora

Você já deve ter se perguntado se as pixações encontradas em prédios públicos podem ser consideradas obras de arte, assim como defendem o seus autores. O fato é que elas estão espalhadas, quase sempre, por todas as grandes cidades do Brasil e, para tentar evitar a sua proliferação, os gestores utilizam cores marcantes para pintar paredes de prédios públicos. Alternativa que foi estudada pela artista plástica Ana Ruas, onde o concreto monocromático pode se transformar em verdadeiras telas de arte, segundo atesta a exposição lançada por ela na Pinacoteca da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

Por meio de sua obra, que pode ser visitada até o próximo dia 26 de junho, a artista repagina o que antes era visto como um mero prédio público, se utilizando para isso de cores com tons fortes, além de levar beleza às construções sisudas, que na maioria das vezes serviam apenas como espaço para pixações ou eram vistas como outdoors públicos, onde cartazes são colados desregradamente. Assim, àqueles que percorrem às cidades, verificam que esses espaços podem abandonar os tons gerados à base de cimento e brita, vestindo-se com nova roupagem, sempre colorida e multifacetada, cuja idéia foi batizada de Projeto Intervenção, nascido em 2004, no Museu de Arte Contemporânea do Mato Grosso do Sul.

Por meio desta inovação, Ana Ruas desperta um novo olhar àqueles que passam por estes monumentos e nunca os vislumbraram como obras de arte, criando com essa provocação, um diálogo poético entre o espaço de concreto e a paisagem onde ele está inserido. Uma produção artística que está envolta no contexto da estética neoclássica, uma vez que a exposição Nas Ruas com Ana traz à tona uma estreita ligação entre a arte e o lugar onde ela foi produzida, supervalorizando o espaço físico antes considerado inexpressivo, pelo menos do ponto de vista estético.

Quem é ela

Ana Ruas é formada em Artes Plásticas pela Universidade de Passo Fundo–RS (UPF), é especialista  pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Durante 6 anos morou em São Paulo e em 1996 radicou-se em Campo Grande (MS), destacando-se no cenário das artes locais e pelos projetos voltados à arte-educação. Levou sua pintura para telas, fachadas e viadutos de superfícies de alvenaria e concreto, participando, em 2004, do projeto Intervenção no Museu de Arte Contemporânea (Marco), pintando uma parede interna do Museu.

Criou em 2001 o projeto a Cor das Ruas, oferecendo oficinas de pintura mural aos adolescentes dos bairros da periferia de Campo Grande. Em 2003, Levou a arte para as crianças que estudam em escolas pantaneiras, no coração do Pantanal Sul Matogrossense e criou recentemente o projeto A Cor da Idade, que abrange a terceira idade.

Serviço

O QUE: Exposição Ana Ruas

ONDE: Pinacoteca da Ufal – Espaço Cultural – Praça Sinimbu, 206 – Centro

HORA:

3ª e 4ª – 8h30 às 12h

2ª e 4ª – 14h00 às 20h

2ª, 5ª e 6ª – 8h às 12h

3ª, 5ª e 6ª – 14h às 17h