Pesquisa sobre crianças da orla lagunar é entregue ao Ministério Público


04/05/2009 15h22 - Atualizado em 13/08/2014 às 00h41
Professores entregam relatório final à promotora Alexandra Beurlen

Professores entregam relatório final à promotora Alexandra Beurlen

Barbara Esteves - jornalista

Uma comissão, formada por professores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), representantes do movimento social e lideranças das comunidades lagunares, realizou uma visita formal à Vara da Infância e Juventude do Município de Maceió para entregar o relatório de um projeto de extensão à Promotora de Justiça, desta vara, Alexandra Beurlen.

A pesquisa de campo foi solicitada pelo Ministério Público e desenvolvida através da Pró-Reitoria de Extensão da Ufal. Resultou da execução de uma sentença judicial autuada pelo juiz da 28º vara cível, Fábio José Bittencourt Araújo, contra a Prefeitura de Maceió, que não cumpriu os pontos estabelecidos pelo órgão para proteção da infância.

O trabalho apresenta um diagnóstico das condições de vida e riscos sociais das crianças residentes na orla lagunar de Maceió.  O levantamento foi realizado pelos professores Maria de Fátima Albuquerque, Josineide Francisco, Thereza Angélica e Jairo Calado, da Faculdade de Medicina, Élcio Gusmão, do Centro de Educação, e Mara Rejane Ribeiro, da Faculdade de Serviço Social, com a consultoria psicológica de Lincoln Villas Boas.

Segundo a coordenadora da pesquisa, professora Fátima Albuquerque, foram convocados mais de 30 estudantes das graduações de Medicina, Serviço Social e Pedagogia, para auxiliar no desenvolvimento coleta dos dados. A professora conta, ainda, que o trabalho só aconteceu graças à parceria das lideranças comunitárias. “Foi um projeto muito delicado de se realizar. Sua concretização veio através da ajuda dos integrantes da comunidade”, afirmou.

A prática de campo, feita nos meses de dezembro de 2008 e janeiro de 2009, consistiu na aplicação de questionários e realização de oficinas com os moradores das comunidades: Muvuca, Sururu de Capote e Mundaú. “Realizamos visitas e fizemos perguntas para identificar as violações de direitos humanos nas diversas áreas: moradia, assistência médica, educacional, segurança alimentar entre outros pontos. O que foi notado é que estes moradores, principalmente os menores de idade, estão expostos a toda forma de violação”, lamentou a professora.

Vânia Teixeira, líder comunitária da Orla Lagunar, acredita na melhoria da condição social dos moradores da região, com o desenvolvimento e apresentação desse diagnóstico. “Para quem vivia abandonado, essa pesquisa é muito importante. Nunca podemos perder a esperança e devemos acreditar que as coisas irão mudar”, afirma.

No final da reunião, a Promotora de Justiça, Alexandra Beurlen, agendou uma Audiência Pública para o dia 8 de junho, na sede do Ministério Público. Na ocasião os resultados da pesquisa serão apresentados, publicamente, às secretarias municipais e estaduais. Vão participar da audiência, também, moradores das comunidades pesquisadas, pesquisadores envolvidos e diversos representantes da sociedade civil organizada.