Nutrição realiza estudo de condição alimentar do sururu


04/05/2009 16h20 - Atualizado em 02/05/2024 às 16h01
Profª. Cristina Normande, coordenadora do projeto

Profª. Cristina Normande, coordenadora do projeto

Avanny Oliveira – estagiária de Jornalismo

O laboratório de microbiologia da Ufal realiza estudo para levantar os valores nutricionais do sururu. Por ser um produto tipicamente alagoano, o sururu tem uma importância fundamental na sustentação alimentar de comunidades de baixa renda, mas também é apreciado por pessoas de todas as classes sociais. O molusco é rico em proteínas de alta qualidade, que têm a função de formação e recuperação dos tecidos, é de fácil digestão e tem baixo teor de gordura em relação a outros animais. No entanto, estes benefícios estão sendo prejudicados com a poluição do meio ambiente e o mau manejo do produto.

A pesquisa com o molusco foi iniciada há 10 anos e no final do ano passado foi realizado um novo estudo. O que chamou a atenção dos pesquisadores foi que não houve mudanças significativas acerca da poluição encontrada no alimento. As análises foram realizadas com o produto ainda in-natura, ou seja, retirado direto da lagoa. Fatores mostraram que o produto já é contaminado por águas de esgotos despejados diretamente na lagoa tanto de residências quanto de fábricas. Além da poluição ambiental que contamina o sururu, a manipulação em péssimas condições de higiene, agrava a contaminação.

Cristina Normande, coordenadora do projeto, orienta que, nessas condições, é melhor adquirir o molusco na concha, porque reduz o nível de contaminação. Mas Normande alerta que, para resolver o problema, é preciso investimento público. “É necessário proteger nossas lagoas da poluição ambiental e também realizar a capacitação dos pescadores e marisqueiras, que manipulam o molusco,” diz a professora. “Além disso, os comerciantes de baixa renda que vendem sururu precisam de apoio para adquirir equipamentos de refrigeração, para que o produto não seja exposto sem nenhuma proteção como acontece atualmente”, ressalta.

A professora comenta ainda que, já foi implantado um mercado de sururu, na margem da Lagoa Mundaú, mas agora resta apenas a sucata, porque a população que utilizava este local não foi devidamente informada sobre como melhorar o condicionamento do molusco.

A contaminação adquirida pelo produto por conta da manipulação inadequada em todo o processo, desde a pesca à chegada a mesa, poderá, além de reduzir o valor nutritivo do produto, diminui o tempo de vida útil dele. A manipulação incorreta e a poluição das lagoas geram prejuízos econômicos e à saúde da população. A contaminação pode atingir o organismo humano com bactérias patogênicas, como a salmonela e o cólera (Vibrio cholerae), além de toxinas estafilocócicas, vírus da hepatite A, entre outras.

“O sururu precisa ser visto com outros olhos. Ele é um alimento nobre, que traz vários benefícios”, explica a professora. Enquanto não for resolvido o problema da poluição e da manipulação sem condições de higiene, o consumidor tem que redobrar os cuidados. “Um cozimento em temperatura de 75° já garante uma grande segurança e pode eliminar os microorganismos que causam a contaminação”, orienta Normande.  

O laboratório

O laboratório de Microbiologia, coordenado pela professora Cristina Normande, além desta pesquisa realizada com o sururu,  também tem estudos com ostras, leite in-natura, mel, queijo, farinha de mandioca, caldo de cana, água de coco, sorvetes e polpas de frutas.

O laboratório foi inaugurado em 1994, através de uma parceria entre a UFAL e a GTZ (Deutsche Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit GmbH) uma instituição alemã. O laboratório é pioneiro na área de microbiologia de alimentos em Alagoas.