O Museu Théo Brandão (MTB) sediou a primeira edição do Desapego Milanur, evento de moda circular idealizado pela advogada Mila Madeira e por Manur Afazelo, diretor criativo da marca Derravera. Além de incentivar a prática da moda circular, a ocasião levantou discussão sobre consumo consciente, moda sustentável e as problemáticas do mundo da moda.

“O objetivo da moda circular é prolongar a vida útil das roupas, evitando o desperdício e a poluição. Essa prática nada mais é que o desapego de roupas em bom estado e que não estão sendo utilizadas, roupas essas que serão trocadas com outras pessoas que também têm peças na mesma situação”, explicou Mila Madeira.

O evento também teve um bate-papo com a professora e pesquisadora Pollyana Isbelo, representante do Fashion Revolution, movimento mundial de ativismo voluntário, com o objetivo de promover a moda sustentável. Pollyana apresentou o manifesto do movimento, que consiste em dez tópicos, abordando assuntos sobre sustentabilidade e questões de raça e gênero na seara da moda.

A pesquisadora também levantou uma crítica ao sistema de produção de moda que visa unicamente o lucro, ignorando questões como o bem estar humano e as condições de trabalho às quais são submetidas as pessoas que produzem as peças. “Trabalhar sustentabilidade não é apenas uma tendência passageira, mas uma necessidade global. Precisamos levar conscientização sobre novas formas de consumo que não colaborem com a destruição do planeta, como a moda circular abordada em eventos como esse”, pontuou Pollyana Isbelo.

No Desapego Milanur, cada uma das 20 participantes levou cinco peças de roupa para serem trocadas, possibilitando a circularidade de até cem peças. Segundo a organização do evento, outras edições já estão sendo planejadas devido ao sucesso desse primeiro evento.

Apesar deste ser o primeiro evento voltado à moda circular realizado em Maceió, ocasiões semelhantes já aconteceram em outros estados do Nordeste. A jornalista Maria Villanova, que já participou de um encontro de circularidade no Maranhão, relatou que a questão da sustentabilidade é a principal razão que a leva a frequentar tais espaços.

“Eu sou apaixonada por moda, mas acredito na reutilização e reciclagem das roupas, trazendo uma moda sustentável. A moda circular, além de trazer consciência ambiental, também traz muita felicidade quando imaginamos que toda roupa tem histórias, e novas histórias serão vividas por peças que um dia já fizeram parte das nossas. Isso é realmente lindo”, afirmou Maria.

Ao fim do evento, Manur Afazelo revelou a felicidade pelo encontro de moda circular ter saído melhor que o esperado. "Idealizamos o evento por muito tempo, então tínhamos boas expectativas sobre como seria na prática. Ter visto todo mundo trocando as roupas entre si, discutindo o tema e levando conscientização sobre a moda sustentável superou tudo o que imaginamos. Foi a concretização de um propósito", contou Manur.

Já a museóloga Hildenia Oliveira, diretora do Museu Théo Brandão, ressaltou a importância de abrir as portas do MTB para as diferentes formas de cultura. “É uma felicidade imensa sediar esse evento aqui, pois quando falamos de moda, falamos do fazer alagoano. Moda também é cultura, e como o Museu Théo Brandão é a casa da gente alagoana, nossa moda também cabe nesse espaço”, concluiu Hildênia.