Documentário dirigido por franceses sobre Guerreiro é lançado no Théo Brandão

Evento conta com a presença da diretora Christine Douxami
Por Jacqueline Batista - jornalista
08/11/2022 14h45 - Atualizado em 08/11/2022 às 14h46

O documentário “Os guerreiros do Guerreiro”, dirigido por Christine Douxami e Philippe Degaille, será lançado e exibido no pátio do Museu Théo Brandão (MTB) na quinta, dia 10 de novembro, às 19h30. A produção mostra as dificuldades e a força de vontade dos integrantes do grupo Treme Terra.

A ideia do documentário surgiu a partir de viagens dos diretores, juntamente com o fotógrafo Celso Brandão e grupos de folguedos, ao interior de Alagoas. Dessas experiências, há vinte anos, teve início a produção desse trabalho, exibindo uma viagem, com os membros do Guerreiro Treme Terra, a várias cidades alagoanas.

Segundo Christine, os diretores passaram um mês acompanhando os brincantes. “Dormindo nas feiras, nas escolas, nas casas abandonadas, nos açougues, da mesma forma que os membros do folguedo fazem. Desde então, voltamos regularmente para visitar os brincantes no período natalino, quando deixam suas casas e vão pelas estradas para se apresentarem em cidades do interior como Coité do Nóia, Campo Grande e Limoeiro de Anadia, e em povoados como Lagoa do Félix (em Igaci) e Mata Limpa (em Lagoa da Canoa)”, contou a pesquisadora.

Guerreiro é objeto de estudo e de registro audiovisual

Amantes da cultura popular nordestina, os franceses Christine Douxami e Philippe Degaille moram entre o Brasil e a França, sendo o Guerreiro objeto de estudo e de registro audiovisual. Christine. é artista e pesquisadora em Antropologia da Arte no Instituto dos Mundos Africanos (IMAF) e professora em artes cênicas na Universidade de Franche-Comté. Atualmente desenvolve pesquisa no IRD (Institut de Recherche et développement) e realiza o intercâmbio entre a UFF e a Universidade Federal da Bahia (UFBA). No Brasil, a pesquisadora francesa também trabalha com questões políticas e artísticas relacionadas ao Patrimônio Imaterial. Em 2010, ela co-dirigiu um longa-metragem na terceira edição do “Festival Mundial de Artes Negras'', realizado no Senegal.

O trabalho de Christine busca “considerar formas de artes engajadas e especificamente as relacionadas às questões da negritude, do pan-africanismo e das questões afro-ameríndias na junção entre cinema, teatro e antropologia”, destacou a cineasta. O trabalho de campo é feito especialmente na África (Burkina Faso-Senegal) e no Brasil. “Por meio de vários festivais e manifestações, tanto no palco, em lugares oficialmente dedicados à arte, quanto na rua”, explicou Christine, que desde 2006, tem organizado um seminário no EHESS (Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales), enfocando o tema do engajamento artístico no continente africano e na sua diáspora. Na tese de doutorado, defendida em 2001, analisou o teatro negro no Brasil e sua vivacidade na atualidade.

Philippe Degaille se formou em Cinema documentário pela universidade de Poitiers e como diretor de fotografia na Escola Louis Lumière. Desde então, trabalha tanto como diretor de documentários, cameraman, diretor de fotografia e editor. Ele co-dirigiu com Christine Douxami o filme “Fesman 2010 do Leste a loueste, do Norte ao Sul”.

Vibração pela arte

A admiração dos cineastas pelos brincantes é revelada no documentário, como explica Christine. “O filme retrata com carinho a luta desses verdadeiros guerreiros do Guerreiro. Passando por muitas dificuldades, eles vibram pela sua arte e cada dia é um caminho novo até inesperadas formas de liberdade e de criatividade. Do índio Peri, até o Lobisomen, o boi, o Mateus e os seus palhaços passando pela poesia do finado mestre Zé Laurentino (José Laurentino Sirilo), o filme narra o orgulho de ser ‘gente de Guerreiro’, brincantes insaciáveis e movidos pela coragem”, descreve.

Após o lançamento do documentário no MTB, a exibição do trabalho segue no dia 11, às 20h (na Praça da Colina, no Tabuleiro dos Martins) e no dia 12, às 19h (no povoado Lagoa do Félix, em Igaci, agreste alagoano).