Museu Théo Brandão inicia atividades de clube de leitura feminista

Vagas para participação no projeto se esgotaram em poucas horas e o primeiro encontro para debate do livro Calibã e a bruxa ocorrerá em 22 de março
Por Maurício Santana - estudante de Jornalismo
07/03/2024 16h40 - Atualizado em 08/03/2024 às 09h26
Mila Madeira e Fabiana Rechembach: Primeiro encontro do clube discutirá a obra Calibã e a bruxa

Mila Madeira e Fabiana Rechembach: Primeiro encontro do clube discutirá a obra Calibã e a bruxa

O Museu Théo Brandão (MTB), em parceria com a Faculdade de Serviço Social da Universidade Federal de Alagoas (FSSO/Ufal), criou um espaço para debater obras que exploram a questão de gênero na sociedade: o clube de leitura feminista Fogueira de Lilith. O primeiro encontro será em 22 de março, sexta, às 17h, no pátio do Museu, onde as participantes iniciarão a discussão da obra Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva, escrita pela filósofa e ativista feminista italiana Silvia Federici.

“Para nós, da Fogueira de Lilith, o 8 de março é um relevante momento de reflexão acerca das raízes da opressão da mulher e de luta por uma mudança sistêmica que garanta a libertação. Por isso, a escolha do mês para o início das atividades do clube de leitura tem importância simbólica, vez que a leitura e o debate propostos pelo projeto visam, justamente, auxiliar no reconhecimento das estruturas que construíram e constroem a opressão de gênero”, afirmou Fabiana Rechembach, servidora do MTB e uma das coordenadoras do clube.

Além de Fabiana, a servidora Mila Madeira é uma das mentes por trás do clube de leitura. As idealizadoras justificam que a Fogueira de Lilith nasceu com o objetivo de discutir “a história do mundo” a partir de escritoras mulheres e sob a ótica destas em cada tempo, levando em conta a ainda tímida difusão de tais obras em nosso contexto socioespacial. O seu intuito é levar conhecimento a mulheres de diferentes setores da sociedade com culminância em autoconhecimento e pertencimento, bem como no entendimento da luta pela igualdade de gênero.

As quinze vagas inicialmente disponibilizadas foram preenchidas em menos de três horas do começo da divulgação, com o formulário de inscrições tendo sido fechado 24 horas após a sua abertura. “Ainda assim, recebemos o triplo de respostas em relação à oferta inicial de vagas do clube, o que evidencia o acerto da proposta”, disse Fabiana.

Também foi explicado que, por se tratar de uma obra de conteúdo razoavelmente denso, o fluxo de leitura de Calibã e a bruxa será de aproximadamente meio capítulo por mês. Sendo assim, as integrantes do clube se encontrarão mensalmente até meados de dezembro, em reuniões mediadas pela professora doutora Elvira Simões Barretto, da FSSO, para discutir as questões abordadas na leitura e assuntos relacionados a tais temáticas.

Quanto às integrantes da Fogueira de Lilith, elas foram selecionadas por ordem de inscrição, sem nenhum tipo de distinção ou recorte. Apesar disso, o clube conseguiu reunir participantes que abrangem diversidade racial, etária, de escolaridade e de renda, criando um espaço para discussões que consideram diversas vivências, além de perspectivas individuais e coletivas. Essa diversidade de realidades e pontos de vista era exatamente o que Mila Madeira tinha em mente quando concebeu o projeto.

“Ele surge da vontade de algumas amigas de entender melhor a história da mulher no mundo, culminando em uma conjunção de vontades: ler o livro com outras mulheres. As amigas comentaram com outras amigas e, de repente, muitas mulheres manifestaram interesse. Com isso temos, ao mesmo tempo, extensão, promoção da cultura, disseminação do conhecimento, empoderamento das mulheres e diversão”, contou Mila.

Para a museóloga Hildênia Oliveira, diretora do espaço onde ocorrerão as reuniões mensais da Fogueira de Lilith (pátio do Museu Théo Brandão), fazer parte deste projeto é motivo de enorme alegria e satisfação. “A partir da quantidade de inscritas de forma tão rápida, a gente percebe que existe uma demanda reprimida para espaços de discussão como esse. O Museu Théo Brandão, que é um espaço de vanguarda, está trazendo para o seu pátio a pauta das discussões feministas, que são tão importantes para nos compreender enquanto sociedade”, finalizou Hildênia, expressando o desejo de que a Fogueira de Lilith sirva como exemplo para que mais espaços como este sejam promovidos.